Parlamento chama gestão da Caixa por causa do fecho de balcões

  • Lusa
  • 21 Setembro 2022

Comissão de Orçamento e Finanças aprovaram por unanimidade um requerimento do PS para uma audição da comissão executiva da Caixa sobre o encerramento de 23 balcões.

Os deputados da Comissão de Orçamento e Finanças (COF) aprovaram esta quarta-feira por unanimidade um requerimento do PS para ouvir a comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD) sobre o encerramento de 23 balcões.

“A CGD, enquanto banco público, tem um dever especial de garantir o acesso da população aos serviços bancários essenciais, primeiramente e sobretudo nos casos em que, de outra forma, não possa a população aceder a tais serviços, seja por não ter acesso à internet e ao homebanking, seja por obstáculos à mobilidade” lê-se no texto do requerimento do PS.

Assim, e ainda que considerem imperativa que a gestão da CGD seja “orientada por princípios de racionalidade e sustentabilidade”, os socialistas querem que a gestão liderada por Paulo Macedo venha ao parlamento esclarecer a “decisão já confirmada” pelo banco de encerrar 23 balcões.

No dia 08 de setembro, a COF votou um requerimento do PCP para uma audição do ministro das Finanças sobre encerramento de balcões pela CGD, mas este foi chumbado com o voto contra do PS.

Na ocasião, o deputado socialista Miguel Cabrita justificou o sentido de voto com o facto de a questão poder ser colocada ao ministro das Finanças na audição regimental que estava marcada para dia 14 e por entender que o tema em causa exigia uma audição à comissão executiva da CGD, indicando que iria apresentar um requerimento nesse sentido.

“Com efeito, além de ser imperioso perceber se o anunciado encerramento destes 23 balcões foi precedido de uma avaliação que sustente o encerramento dos balcões em causa e, em caso afirmativo, quais os pressupostos em que assentou a decisão de encerrar esses balcões, importa ainda que sejam prestados esclarecimentos sobre as consequências do encerramento destes balcões para os trabalhadores que neles se encontram a prestar atividade”, salienta o requerimento hoje votado e aprovado.

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Portugal é o país europeu com menos mulheres na administração de bancos

Análise da DBRS mostra que bancos portugueses têm apenas 23% de mulheres nas suas administrações, a taxa mais baixa na Europa. "Ainda há trabalho a ser feito”, aponta a agência.

Portugal é o país da Europa com menos mulheres na administração de bancos, de acordo com uma análise da DBRS. Os bancos portugueses têm apenas 23% de gestoras nos cargos de topo da banca, a taxa mais baixa entre os pares europeus. Compara, por exemplo, com os níveis de paridade de género dos conselhos de administração dos bancos nórdicos.

A agência diz que “ainda há trabalho a ser feito” para encontrar um maior equilíbrio de género nas administrações dos bancos do Velho Continente. Mas isto é especialmente verdade para Portugal, que está na cauda da tabela.

“A diversidade de género continua a ser um desafio para a indústria bancária. (…) Em 2021, média, usando uma amostra de 43 bancos europeus, as mulheres representam apenas 37% dos assentos nos conselhos de administração, um número que desce para 26% se considerarmos as mulheres nas equipas de gestão executiva” adianta a DBRS.

Mulheres no topo da banca

Os dados da agência mostram uma evolução positiva, mas com muito caminho por fazer: em 2014, a média de mulheres nos boards da banca era de 22%, subindo para 32% em 2019 e 35% em 2020.

Para Portugal, foram tidos em conta os conselhos de administração de três bancos: Caixa Geral de Depósitos, BCP e Novobanco, que tiveram mudanças recentes. No final do ano passado, estas instituições tinham 23% de mulheres tanto no board como na comissão executiva.

A Alemanha é o segundo país europeu onde se regista maior diferença entre homens e mulheres na administração de bancos: 29% de mulheres integram o conselho de administração e apenas 16% exercem funções de gestão executiva.

Do lado oposto da lista estão os bancos dos países nórdicos: na Dinamarca até há mais mulheres do que homens na administração de bancos (55%), enquanto Noruega (50%) e Suécia (48%) apresentam praticamente uma paridade de género.

A DBRS dá conta ainda da falta de mulheres nos cargos de CEO ou de chair dos boards dos bancos. Apenas cinco bancos da amostra têm uma mulher como CEO: DNB, Handelsbanken, NatWest, Nationwide e Bank of Ireland. E apenas quatro tinham um conselho de administração presidido uma mulher: DNB, Rabobank, Santander e BMPS.

A agência nota ainda que elevados níveis de diversidade no local de trabalho contribuem para melhores resultados, tanto em termos de inovação ou de envolvimento os trabalhadores, como em termos de desempenho financeiro. E mostra que há uma correlação positiva entre a representação feminina na administração e os ratings dos bancos, embora “a causalidade não seja clara”.

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Trabalhadores da CGD querem que Governo trave encerramento de mais 23 agências

  • Lusa
  • 2 Setembro 2022

Comissão de Trabalhadores do CGD considera que decisão de encerrar mais 23 agências é "desprovida de sentido para a sustentabilidade" do banco, "pondo em causa a missão de garantir o serviço público".

A Comissão de Trabalhadores (CT) da Caixa Geral de Depósitos (CGD) apelou à intervenção do Governo, “enquanto tutela” do banco, para reverter a decisão de encerramento de mais 23 agências.

“Conclui e defende a CT […] a reversão desta decisão, apelando ao Governo intervenção enquanto tutela da CGD”, lê-se num comunicado divulgado esta sexta-feira.

De acordo com a CT, “o encerramento de mais 23 agências a ocorrer no final do mês de agosto de 2022” foi aprovada no passado dia 06 de julho pela Comissão Executiva (CE) da CGD, órgão que acusa de persistir “na aplicação de medidas que visam o emagrecimento da estrutura da CGD, mesmo depois do plano de reestruturação imposto pela DGComp [Direcção-Geral da Concorrência], concluído em dezembro de 2020 e que implicou uma redução de cerca de 200 agências”.

Para a Comissão de Trabalhadores, este é um “ato de gestão desprovido de sentido para a sustentabilidade da Caixa pública, pondo em causa a missão de garantir o serviço público bancário a que está obrigada”.

“A CGD é um banco público com missão específica de cumprimento do serviço público bancário e tem uma enorme responsabilidade perante as populações (particulares e empresas) no assegurar desse serviço que não pode ser ignorada pela Comissão Executiva e pelo Governo”, salienta.

Segundo sustenta, “neste momento é visível o abandono das populações e a completa privação destas no acesso ao serviço bancário presencial e de proximidade como sempre foi apanágio da CGD, sem sinais de intervenção do Governo, que detém o poder e o dever para o fazer, considerando ser a CGD um Banco 100% capitais públicos”.

Manifestando-se “solidária com as manifestações flagrantes de desagrado das populações e de movimentos cívicos, bem como do poder local”, a CT considera que configuram “prova cabal que clientes e entidades institucionais não aceitam a decisão dos encerramentos e que esta medida está a provocar também um grave prejuízo à notoriedade e imagem da CGD”.

Debaixo das críticas da Comissão de Trabalhadores está ainda o facto de a decisão de encerramento das 23 agências apenas lhe ter sido transmitida a 08 de agosto, numa “ilegalidade” que acusa a CE de repetir “de forma recorrente e reiterada, violando o estabelecido no artigo 427º nº. 4 do Código do Trabalho (Lei 7/2009), que impõe o procedimento da solicitação de consulta prévia obrigatória à CT sobre esta matéria”.

Neste sentido, a CT diz ter requerido a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), “pela forma como foi ignorado o previsto na lei e pela sonegação de informação relevante” e “para permitir, de forma completa e fundamentada, o exercício de um parecer que a lei determina ser um direito inalienável das comissões de trabalhadores”.

“A CT não concorda com a decisão de gestão e emitiu parecer negativo relativamente à mesma. Fê-lo também fundamentando que um conjunto de informações fulcrais para a emissão desse parecer não foram facultadas e sem esses dados essenciais, apenas se releva a arbitrariedade da decisão”, reitera.

Para o órgão representativo dos trabalhadores, a decisão de “encerrar agências que apresentam rentabilidade positiva” é ainda “inaceitável” e desprovida de “qualquer fundamento” num contexto em que “a CGD anunciou lucros de 486 milhões no primeiro semestre de 2022”, podendo “colocar em causa, no médio prazo, o futuro e sustentabilidade da CGD”.

Ainda destacado pela CT é o impacto da decisão “nas agências integradoras que recebem o negócio, mas que não veem o quadro de pessoal, já por si deficitário, aumentado na mesma proporcionalidade”.

“Esta é uma mudança que implica um acréscimo de volume de trabalho para todos os trabalhadores, que já se encontram neste momento sujeitos a uma enorme sobrecarga de trabalho em agências integradoras com um enorme fluxo de clientes, com longos períodos de espera no atendimento, algumas com espaço físico limitado onde esta sobrecarga irá aumentar os problemas estruturais existentes e diminuir a qualidade do serviço bancário”, enfatiza.

Também referidas pela CT são as “repercussões na vida pessoal e profissional de imensos trabalhadores que são transferidos e recolocados em outros Órgãos de Estrutura”, a que acresce, “nalguns casos, o impacto negativo nas suas carreiras, devido à imponderabilidade de assegurar manutenção das suas funções nos OE de destino”.

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Caixa prepara-se para fechar mais 23 balcões, denuncia sindicato

  • ECO
  • 12 Agosto 2022

Denúncia partiu do sindicato: o banco público vai encerrar mais 23 agências, localizadas na maioria na região do Porto, Coimbra e Lisboa. Reestruturação prossegue apesar dos lucros semestrais.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) prepara-se para encerrar mais 23 balcões durante o mês de agosto. A denúncia partiu do STEC, o sindicato mais representativo dos trabalhadores do banco público. A maioria dos encerramentos ocorrerá nas regiões urbanas de Porto, Coimbra e Lisboa.

O banco liderado por Paulo Macedo levou a cabo nos últimos anos uma dura reestruturação, por conta dos dinheiros públicos que recebeu em 2017 e no âmbito do acordo entre o Governo e Bruxelas, que passou também pela redução de pessoal e da rede comercial. Mas o ajustamento, ainda que a um ritmo menos intenso, continua, apesar de o banco ter acabado de anunciar lucros de 486 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano.

No final de junho, a instituição financeira tinha 539 agências, espaços Caixa e gabinetes de empresa na atividade em Portugal, empregando 6.035 trabalhadores. Desde 2016, porém, já foram encerrados quase 200 balcões, enquanto reduziu cerca de 2.000 nos quadros de pessoal.

Contactado pelo ECO, o banco ainda não esteve disponível para comentar a denúncia do sindicato.

Pedro Messias, presidente do STEC, diz ao ECO que “tem vindo a alertar o Governo e os grupos parlamentares que a Caixa não deve estar no mercado em igual de circunstâncias com os outros bancos privado”. “Entendemos que a Caixa não tem de dar prejuízos, mas não pode estar na mira do lucro pelo lucro. Estão mais fechos na calha? Não sabemos. Paulo Macedo disse que não ia ficar nos sítios onde não fosse rentável. Mas a Caixa é um banco público, tem um papel na coesão territorial e o Governo não pode querer apenas os dividendos“, acrescentou este dirigente sindical.

"Estão mais fechos na calha? Não sabemos. Paulo Macedo disse que não ia ficar nos sítios onde não fosse rentável. Mas a Caixa é um banco público, tem um papel na coesão territorial e o Governo não pode querer apenas os dividendos.”

Pedro Messias

Presidente do STEC

Em comunicado, o sindicato lembra os encerramentos e redução de pessoal na última década na Caixa e que estes fechos agora anunciados internamente vão levar a um “inevitável congestionamento dos balcões” mais próximos, “apesar destes já não conseguirem atualmente dar uma resposta adequada ao serviço”.

Das mais de duas dezenas de balcões que vão ser encerrados, 16 localizam-se na região da capital e outros seis no Porto.

No final de junho, após anunciar um resultado de quase 500 milhões de euros, Paulo Macedo rejeitou a ideia de ter lucros excessivos. “Lucros excessivos? Até agora zero”, disse o CEO do banco do Estado aos jornalistas.

(Notícia atualizada às 9h56)

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Banca lucra mais 75% no primeiro semestre. Os lucros estão a cair do céu?

Espanha avançou com uma taxa sobre os proveitos caídos do céu da banca e energia. Por cá, os lucros dos bancos aumentaram para 1.000 milhões no primeiro semestre. Banqueiros declinam novo imposto.

Os principais bancos em Portugal lucraram 1.002 milhões de euros na primeira metade do ano, o que representa uma subida de 75% em relação ao ano passado. Mas os banqueiros não consideram que os resultados sejam “expressivos”, rejeitam a ideia de os lucros estarem a cair do céu e alertam que ainda há muito caminho a percorrer até serem rentáveis. Nem querem ouvir falar de um imposto extraordinário como aquele que Espanha acabou de anunciar sobre o setor.

O tema dos “lucros caídos do céu” está a aquecer no país vizinho, depois de o governo ter avançado um imposto extraordinário sobre as receitas dos bancos com juros e comissões. A medida visa ainda o setor energético.

Esta sexta-feira, o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa não descartou a possibilidade de termos também uma taxa sobre os lucros excessivos em Portugal.

Esse é um caminho que os banqueiros portugueses já disseram que não gostariam de ver por cá. Por várias razões. Uma é que os bancos já pagam muitos impostos, entre contribuições para os fundos de resolução e adicional de solidariedade que foi introduzido na pandemia e ainda não caiu. A outra é que a rentabilidade do negócio continua muito aquém do custo de capital.

Ainda assim, os bancos nacionais viram os seus resultados melhorarem significativamente nos seis primeiros meses do ano. O lucro do BCP disparou 500% e o do Santander Totta subiu 200%. Já esta sexta foi a vez de o BPI anunciar um aumento de 9% do lucro e a Caixa revelar que os resultados subiram 65%. O Novobanco apresenta as contas na segunda.

Lucros dos bancos sobem

Fonte: Bancos

Cada banco enfrenta a sua realidade. No BCP e Totta, por exemplo, o disparo dos resultados deve ser entendido à luz da reestruturação que fizeram em 2021 e cujos custos extraordinários foram contabilizados no exercício semestral do ano passado. Razão pela qual, livres agora desses encargos, assistiram a uma subida acentuada dos lucros.

No que diz respeito ao BPI, metade do resultado de 214 milhões veio de Angola. Na Caixa, uma grande parte do lucro de 486 milhões veio de recuperação de crédito e de provisões, ou seja, de perdas que registou no passado.

Ter lucro não é sinónimo de rentabilidade, argumentam os banqueiros. Esses indicadores parecem dar-lhes razão. No BCP, a rentabilidade dos capitais próprios (ROE) está nos 2,8%, depois de ter obtido um lucro de 74,5 milhões, o mais baixo dos grandes bancos. O BPI e o Totta contam com um return on tangible equity (ROTE) de 6,4% e 10,5%. A Caixa tem o ROE de 10%. Apenas o Totta e o banco público apresentam rentabilidades capazes de cobrir o custo de capital, o que deixa os outros bancos a dizerem que ainda “há muito trabalho a fazer” para serem atrativos para os investidores.

O que dizem os banqueiros?

Apesar da melhoria dos resultados na primeira metade do ano, o nível de lucros ainda não satisfaz a banca. “Podem parecer expressivos, mas em termos relativos não são”, disse o líder do BPI, explicando que, além de o ROE não cobrir o custo do capital, os bancos continuam a ter avaliações em bolsa completamente esmagadas em relação ao valor contabilístico (book value).

O BCP, o único banco nacional cotado em bolsa, tem transacionado no mercado com um desconto de 50% em relação ao book value nos últimos anos. O seu CEO, Miguel Maya, também rejeitou liminarmente a ideia de “lucros caídos do céu”. “Estamos com ROE abaixo de 3%, é manifestamente baixo. O que digo é que temos resultados extraordinários por baixo”, argumentou.

“Lucros excessivos? Até agora zero”, disse o presidente da Caixa. Até mostrou um slide com as avaliações que os investidores estão a dar aos bancos espanhóis, alemães e franceses entre os 0,32 e 0,54 vezes o book value. “Que os bancos vão aumentar os resultados, irão, mas o mercado não acredita que os bancos tenham lucros extraordinários, senão isso estaria refletido nas avaliações. É que temos outros riscos: de recessão, de diminuição de rendimento disponível com risco de aumento de malparado”, explicou. Ou seja, “o mercado vê tudo menos uma banca com lucros sorridentes”.

Além da baixa rentabilidade, também lamentam a elevada carga fiscal que pesa sobre a sua atividade – mais elevada do que nos outros países e que “mina a competitividade dos bancos nacionais” no mercado europeu, salientou Miguel Maya. Além de pagarem para o fundo único de resolução europeu, também têm de pagar para o Fundo de Resolução nacional e ainda a contribuição extraordinária sobre o setor bancário, que existe desde 2011, e o adicional de solidariedade criado na pandemia.

Por isso, o CEO do Totta, Castro e Almeida, até ironizou sobre se via o Governo português a acompanhar o espanhol na criação de uma taxa sobre receitas excessivas: “Mais impostos? Só se for retirar. Quando se fala de impostos, se calhar está na altura de os tirar. Em Espanha, eles estão a querer introduzir, em Portugal, não sei se vão retirar o imposto que já existe”.

Já Oliveira e Costa não vê essa taxa espanhola a ser replicada em Portugal e destacou que os bancos portugueses já demonstram uma “solidariedade significativa” com a sociedade, citando os 48,3 milhões de euros de contribuições para os fundos de resolução e adicional de solidariedade.

Comissões e margem de juros sobem mais de 10%

A nova taxa extraordinária em Espanha aplica-se às receitas com comissões e margem financeira dos bancos com faturação acima dos 800 milhões de euros. O Governo espanhol quer travar proveitos “excessivos” com a subida dos juros e o impacto nas famílias e empresas.

Por cá, uma parte da subida dos lucros dos bancos nacionais deve-se exatamente à melhoria da margem de juros e das comissões, que são o core da atividade bancária.

No seu conjunto, os bancos viram a margem financeira, que resulta sobretudo da diferença dos juros cobrados nos empréstimos e os juros pagos nos depósitos, aumentar quase 17% para 2.180 milhões de euros. O comissionamento aumentou quase 13% para 1.078 milhões.

Explicações? Não são receitas a caírem do céu, dizem os banqueiros. A subida deve-se ao aumento dos volumes de crédito concedido à economia e ao maior número de transações (devido à abertura da economia após a pandemia e ainda aos negócios dos seguros e mercados financeiros) e não à subida dos spreads dos empréstimos ou do preçário, argumentam.

Margem dos bancos aumenta

Fonte: Bancos

O administrador financeiro do Santander Totta, Manuel Preto, lembrou que a subida dos juros ainda vai demorar no repricing dos contratos e que 30% do funding do banco vem dos mercados (e não depósitos), que já estão a cobrar mais por via do aumento dos spreads da dívida pública. Por isso, espera que a pressão na margem continue até final do ano.

Para o BCP, que se destaca no aumento da margem financeira, o desempenho deve-se em grande parte ao banco na Polónia, onde o banco central iniciou o ciclo de subida dos juros mais cedo do que o BCE.

Todos lembram ainda que vivemos um período anormal de juros muito baixos e que ainda não regressamos a níveis normais. E “não será com a Euribor a 2% que há lucros anormais”, atirou Paulo Macedo.

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Caixa vende Esegur e quer relançar venda do banco em Cabo Verde

Caixa e Novobanco venderam a empresa de segurança Esegur aos espanhóis da Trablisa esta semana. Paulo Macedo conta relançar processo de venda do banco em Cabo Verde no próximo mês.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) e o Novobanco fecharam a esta semana a venda da empresa de segurança Esegur, revelou o presidente do banco público. Paulo Macedo anunciou ainda que conta relançar no próximo mês, se o Governo assim decidir, o processo de venda de um dos dois bancos que tem em Cabo Verde.

Em relação à Esegur, a empresa foi vendida esta quinta-feira aos espanhóis da Trablisa, que teria oferecido um preço de 30 milhões de acordo com a imprensa espanhola. “Foi uma operação que teve muitos meses para ser trabalhada. (…) O efeito em capitais é positivo, mas é marginal”, disse o líder da Caixa, que tinha 50%, sem revelar o valor do negócio.

Sobre a venda do banco cabo verdiano Banco Comercial do Atlântico, Paulo Macedo disse que tem a expectativa de que o processo seja relançado no próximo mês, mas depende da decisão do Conselho de Ministros.

“A nossa expectativa é que, estando o processo a decorrer há algum tempo, parecendo que é relativamente pacífico que não faz sentido a Caixa ter dois bancos em Cabo Verde, e havendo interessados no processo, o processo seja rapidamente despachado. O timing será o Governo que definirá”, declarou o gestor.

Outro dos negócios que a o banco público tem para venda é a Caixa Brasil, mas está numa fase diferente em relação ao processo do banco em Cabo Verde.

A Caixa registou lucros de 486 milhões de euros no primeiro semestre, uma subida de 65% em relação ao mesmo período do ano passado.

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Resultado da Caixa dispara 65% para 486 milhões. “Lucro excessivo? Zero”, diz Paulo Macedo

Banco público viu os lucros subirem 65% para 486 milhões na primeira metade do ano. Prevê dividendos de 198 milhões. "Lucros excessivos? Até agora zero", diz o CEO Paulo Macedo.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 486 milhões de euros no primeiro semestre, uma subida de 65% em relação ao mesmo período do ano passado, à boleia da redução das provisões e imparidades e do crescimento do negócio internacional. Ainda assim, o presidente do banco rejeita que seja um resultado excessivo. A instituição do Estado prevê dar dividendos de 198 milhões de euros referente aos lucros dos primeiros seis meses do ano.

“Lucros excessivos? Até agora zero”, respondeu esta sexta-feira Paulo Macedo na conferência de apresentação de resultados. “Não temos lucros excessivos, nem na margem [financeira]. Tivemos felizmente várias áreas do banco a correr bem”, acrescentou, lembrando, por seu turno, que “a Caixa e os outros bancos todos os anos que tiveram prejuízos pagaram o imposto extraordinário”.

Quais foram as áreas em que correu bem? “A área internacional correu bem, a área de recuperação de crédito correu bem”, explicou Macedo aos jornalistas.

De acordo com o banco, a subida dos lucros do semestre “reflete um menor custo do risco de crédito no período após a fase mais aguda da pandemia Covid-19 e a venda de alguns ativos não core, bem como o contributo da atividade internacional para o resultado líquido do grupo, no valor de 109 milhões de euros, cerca de 22% do total, um crescimento de 77% face ao primeiro semestre de 2021″, diz o banco público liderado por Paulo Macedo.

A instituição destaca a redução de provisões e imparidades no valor de 334,7 milhões de euros. As imparidades de crédito caíram 197 milhões de euros, “correspondente a uma redução parcial dos níveis de imparidades adicionais constituídos em contexto de pandemia entre 2020 e 2021”.

Os indicadores de negócio mostram uma evolução muito positiva nos seis primeiros meses do ano: margem financeira subiu 21,6% para 600 milhões de euros e os resultados com comissões subiram 22,5% para 306 milhões de euros. No global, o produto da atividade aumentou 17,3% para 1.025,9 milhões de euros.

O crédito a clientes subiu 2,7% para 51,6 mil milhões de euros e os recursos de clientes, incluindo depósitos, cresceram 4,5% para 83,4 mil milhões de euros.

Banco contacta clientes mais expostos à inflação

O banco adianta que está a atuar proativamente junto das empresas dos setores mais vulneráveis ao aumento dos preços dos fatores produtivos, em particular a energia, como transportes, têxteis, metalurgia e indústria alimentar, entre outros. “Queremos aferir o grau de pressão e dificuldade e o que esperam na relação creditícia connosco”, explicou a administradora financeira, Maria João Carioca.

Do contacto com os clientes mais vulneráveis, 85% dos clientes não esperam impactos significativos do atual contexto, com 15% a merecerem monitorização continuada por parte do banco.

Para já, não há sinais de deterioração da carteira. Pelo contrário, pois o rácio de NPL (non performing loans) caiu para 2,58%, totalizando os dois mil milhões de euros.

(Notícia atualizada às 18h56)

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Prestação da casa vai aumentar, mas Caixa confia que “não haverá incumprimentos generalizados”

Subida dos juros vai aumentar os encargos das famílias com a casa. Macedo diz que banco está a monitorizar a situação, mas considera que Portugal está em melhores condições do que na anterior crise.

A prestação da casa vai aumentar nos próximos tempos, mas a Caixa Geral de Depósitos (CGD) está confiante e acredita que “não haverá incumprimentos generalizados” junto das famílias portuguesas, como aconteceu na anterior crise.

“Há uma monitorização de perto do que está a acontecer, mas com Portugal a manter crescimentos económicos significativos este ano, e estando num ponto de partida melhor [do que na anterior crise], há razões para estarmos prudentes, cautelosos, mas confiantes”, sublinhou Paulo Macedo na apresentação de resultados.

Vários fatores vão ajudar a mitigar o risco da subida dos juros que se perspetiva no novo ciclo da política monetária do Banco Central Europeu (BCE), os quais também contribuem para o otimismo manifestado pelo CEO do maior banco em Portugal.

Macedo deu conta da situação de quase pleno emprego no mercado laboral em Portugal. “Ao não haver uma situação de desemprego elevada, logo o incumprimento das famílias não atingirá os níveis do passado”, apontou.

Por outro lado, as Euribor continuam em terreno negativo, “quando na anterior crise as taxas estavam nos 400 pontos”, não havendo previsão de que possam chegar agora perto desse valor, admitiu ainda.

Adicionalmente, as famílias acumularam poupanças nos últimos anos. Só nos últimos dois anos, a Caixa viu os depósitos aumentarem 12 mil milhões. “Estão numa situação de poupança mais confortável”.

Macedo também lembrou que os bancos têm novas práticas de concessão de crédito. Aplicam taxas de esforço mais exigentes e já não financiam a 100% do valor da casa. Mais: as próprias habitações valorizaram-se e dão mais garantias às famílias para o que aí vem.

Tudo somado, o líder da Caixa assume que poderá haver mais incumprimento e que haverá prestações crescentes para as famílias, mas “não vemos um incumprimento de valores generalizados”, disse aos jornalistas.

A Caixa registou lucros de 146 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa uma subida de 80% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os resultados foram penalizados pelo reforço das imparidades para a pandemia.

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Governo ainda só ocupa 3.200 metros na sede da Caixa. Banco terá 30 mil disponíveis

Paulo Macedo diz que quer reduzir os “custos significativos” com o edifício central que o banco ocupa em Lisboa e partilhar encargos com o Governo.

O Governo está a mudar-se para a sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), mas ainda só ocupa 3.200 metros quadrados, revelou Paulo Macedo esta quinta-feira. O CEO do banco público adiantou que ainda irá disponibilizar mais 30 mil metros até ao próximo ano e que quer reduzir os “custos significativos” que tem com um edifício que está sobredimensionado para os serviços centrais da Caixa.

Ocupa “uma parte pequena de uma ala”, foi assim que Macedo se referiu à atual presença do Governo no edifício no Campo Pequeno durante a apresentação dos resultados do banco público.

Mas a instituição tem a intenção de ter disponível mais cerca de 30 mil metros no próximo ano, acrescentou. “Depois, a velocidade a que vão ser ocupados, se vão ser ocupados, etc depende de quem vai ocupar”.

Macedo reiterou que o tamanho do edifício não se justifica para os serviços centrais do banco e quer, por isso, arrendar e partilhar os encargos. “Este edifício de 90 mil metros quadros não se justifica para os serviços centrais. Há vontade da Caixa em ocupar um espaço menor dos que os 90 mil metros quadrados, há a parte do governo e há que estudar”, disse o CEO da Caixa.

Questionado sobre o valor da renda que o Governo paga à Caixa, Paulo Macedo não quis desvendar informações, mas assegurou que o banco “não tem qualquer dúvida que quer deixar de ter o custo significativo que tem” com o imóvel e que “será ressarcida [pelo Governo] do valor da renda e custos de utilização do espaço”.

Relativamente à possibilidade de o Governo abdicar de dividendos da Caixa para financiar uma eventual aquisição do edifício, uma notícia avançada pelo Correio da Manhã, Macedo respondeu que “são hipóteses e alternativas”, mas que não conhece a existência de documentos sobre isso.

A Caixa registou lucros de 146 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa uma subida de 80% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os resultados foram penalizados pelo reforço das imparidades para a pandemia.

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Lucro da Caixa dispara 80% para 146 milhões no primeiro trimestre

Banco público dá conta de uma melhoria generalizada do negócio no arranque do ano, apesar do impacto da guerra na Ucrânia, com receitas e volume de negócios a aumentarem em toda a linha.

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) registou lucros de 146 milhões de euros no primeiro trimestre do ano, o que representa uma subida de 80% em relação ao mesmo período do ano passado, quando os resultados foram penalizados pelo reforço das imparidades para a pandemia.

O banco dá conta de uma melhoria generalizada do negócio no arranque do ano, apesar do impacto da guerra na Ucrânia, com a margem financeira a subir 14% para 272 milhões de euros e os resultados com comissões a aumentarem 16,7% para 147 milhões de euros.

As unidades em Moçambique e Angola ajudaram, mas também a atividade doméstica, segundo a Caixa, que demonstrou “evidentes ganhos de produtividade comercial evidenciados pelo crescimento do crédito nos segmentos de empresas e particulares e, neste último, nas vertentes habitação e consumo”. Aliás, o lucro em Portugal mais do que duplicou para 118 milhões, enquanto a atividade internacional aumentou os resultados em 28,7% para quase 38 milhões.

Os financiamentos às empresas e famílias aumentaram 1,8% para 51,1 mil milhões de euros (habitação avança 20% e consumo dispara 67%), e os recursos de clientes também subiram 1,7% para 81,1 mil milhões.

Sobre as comissões, o aumento das receitas deveu-se sobretudo às comissões associadas à colocação de fundos de investimento (+5,4 milhões de euros) e seguros financeiros (+3,9 milhões de euros) e ao aumento das transações com os diversos meios de pagamento, dada a progressiva reabertura da economia, explica o banco.

ROE a alinhar-se com Europa

A ajudar ainda nos resultados estiveram os ganhos nos outros resultados de exploração, que aumentaram 25,6 milhões, graças à venda de um terreno em Lisboa, na zona de Marvila. “Este ganho não recorrente ajudou a compensar o aumento dos custos de supervisão e resolução registados no primeiro trimestre de 2022, face a março de 2021″, refere a Caixa. Os custos regulatórios para o ano de 2022, num total de 73,5 milhões de euros, foram contabilizados na íntegra no primeiro trimestre, adianta o banco.

A instituição liderada por Paulo Macedo diz que o resultado permitiu subir a rentabilidade dos capitais próprios (REO) em três pontos percentuais para os 7,2% no final de março, “um nível já mais em linha com o que é verificado a nível europeu”, lembrou a administradora financeira, Maria João Carioca, na apresentação dos resultados.

Do lado dos custos, os encargos com pessoal aumentaram 20% para 194,3 milhões de euros.

Imóveis em mínimos desde 2008

Olhando para a qualidade da carteira de crédito, o rácio de malparado baixou 0,8 pontos percentuais, passando dos 3,6% para 2,8% no final de março. O rácio de malparado líquido manteve-se nos 0%. E isto enquanto os imóveis detidos para venda reduziram 8,2% para 368 milhões de euros, o valor mais baixo desde 2008, assinala a Caixa.

“O contexto reserva cautela e atenção para manter este desempenho” na qualidade do crédito, disse Carioca aos jornalistas.

Quantos aos rácios de solvabilidade, o rácio CET 1 melhorou 0,2 pontos percentuais para 18,2%. A Caixa dispõe de uma posição de solidez financeira acima dos níveis em Portugal e Europa.

O banco acabou de anunciar um dividendo de 241 milhões de euros ao Estado relativamente aos resultados do ano passado. Em março avançou com a recompra de títulos AT1 no valor de 500 milhões de euros e que vai permitir poupanças de quase 50 milhões por ano e aumentar a capacidade de a Caixa gerar lucros.

(Notícia atualizada às 17h43)

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Cheque para Medina: Caixa paga dividendo de 241 milhões ao Estado

Boas notícias para o novo ministro das Finanças: o banco público vai pagar um dividendo de 241 milhões de euros relativos aos lucros que registou no ano passado.

Boas notícias para o novo ministro das Finanças, Fernando Medina. A Caixa Geral de Depósitos (CGD) aprovou o pagamento de um dividendo de 241 milhões de euros depois dos lucros obtidos no ano passado.

As Finanças já contavam com dividendos da parte do banco de Estado, com o Orçamento do Estado a prever um cheque de 200 milhões de euros. Mas Medina vai ter um “bónus” de cerca de 40 milhões.

Os dividendos dizem respeito aos resultados do ano passado. A Caixa registou um resultado consolidado de 583 milhões em 2021, o que representou uma subida de 18,7% em relação a 2020. Já o resultado individual foi de 441 milhões de euros. Foi com base nas contas individuais que deu luz verde ao dividendo de 241 milhões. Outros 88,3 milhões vão para a reserva legal e outros 112,2 milhões serão incorporados na rubrica “Outras reservas e resultados transitados” do balanço, conforme revela o relatório e contas do banco liderado por Paulo Macedo.

A Caixa lembra que o Banco Central Europeu (BCE) decidiu levantar, a partir de setembro de 2021, as restrições relativas à distribuição de dividendos que estiveram em vigor durante a pandemia. Tendo em conta essa decisão e “a avaliação realizada ao enquadramento em que a instituição desenvolve atualmente a sua atividade”, administração de Paulo Macedo entendeu que estavam “reunidas as condições para retomar a política de distribuição de dividendos em vigor”.

Estes dividendos somam-se aos 583,6 milhões de euros que a Caixa já pagou ao Estado desde que implementou o plano de reestruturação em 2017, com Paulo Macedo a cumprir a promessa de que quer devolver aos contribuintes o dinheiro público injetado no banco nessa altura.

Além disso, o banco também procedeu em março passado ao reembolso de uma dívida de 500 milhões de euros que contraiu para que Bruxelas desse luz verde ao plano estratégico. O exercício da call da emissão AT1 permitiu poupanças anuais de 54 milhões de euros, segundo o banco, “com reflexo já em 2022, de cerca de 40 milhões nos últimos nove meses”.

A implementação do plano de reestruturação 2017-2020 foi um compromisso assumido pelo Governo português junto de Bruxelas a troco de uma recapitalização do banco público no valor de 4,9 mil milhões de euros, dos quais 3,9 mil milhões resultaram do esforço dos contribuintes e outros mil milhões foram financiados pelos investidores.

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Governo muda-se para sede da Caixa. Ministérios com o PRR são os primeiros inquilinos

O novo Executivo de António Costa vai mesmo concentrar-se na sede da Caixa, em Lisboa, com os ministérios com responsabilidade direta pela execução do PRR a serem os primeiros inquilinos do banco.

Sede da Caixa, em Lisboa, começou a ser construída em 1987DR

O novo Governo de António Costa vai mudar-se mesmo para a sede da Caixa Geral de Depósitos (CGD), em Lisboa, confirmou o primeiro-ministro esta quarta-feira. Os ministérios com responsabilidade direta na execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) serão os primeiros inquilinos do banco público no edifício do Campo Pequeno, devendo instalar-se lá até final do ano, cabendo a coordenação dessa mudança à Presidência do Conselho de Ministros.

Esta alteração de modelo funcional permitirá a redução de dezenas de cargos e serviços intermédios“, explica António Costa num comunicado enviado às redações sobre a estrutura orgânica que terá o seu Executivo.

Nada é dito sobre quais os ministérios que vão mudar-se para sede do banco do Estado nesta primeira fase. O ECO sabe que o Ministério da Coesão Territorial é um dos que vai para o edifício da Caixa. O decreto que estabelece o modelo de governação do PRR, que está na alçada do Ministério da Presidência, deixa algumas pistas: “A Comissão Interministerial é composta pelo primeiro-ministro, que preside, e pelos membros do Governo responsáveis pelas áreas da economia, da transição digital, dos negócios estrangeiros, da presidência, das finanças, do planeamento, do ambiente e da ação climática“.

O novo elenco governativo será composto por 17 ministros e 38 secretários de Estado, “menos 20% de governantes do que no Executivo precedente”, informa o primeiro-ministro.

Estado pode comprar sede

A ideia de concentrar os ministérios no edifício da Caixa já era conhecida. António Costa já tinha assumido recentemente essa intenção, pois “permitirá muitas sinergias, com uma melhor articulação do trabalho em equipa” e “poupar muitos recursos ao nível do funcionamento da ação do Governo”.

O banco realizou obras no edifício nos últimos anos para recuperar os “vários pisos em más condições, designadamente o chão dos andares”, antes de avançar com o arrendamento dos espaços, segundo explicou o presidente da Caixa, Paulo Macedo, em fevereiro, tendo dado conta que havia mais interessados além do Governo, incluindo reguladores, a Autoridade Tributária e grandes empresas.

Para já, numa primeira fase, a Caixa libertará um piso, um piso e meio ao longo deste ano. “Depois, poderemos, se for esse o interesse, vir a trabalhar para mais metros quadrados, passar dos 20 mil para os 30 mil metros quadrados ou mais” ou, num cenário colocado por Paulo Macedo, até mesmo disponibilizar todo edifício, ou seja, o banco deixar a sede.

“Em princípio, a Caixa vai continuar neste edifício. (…) A acontecer qualquer coisa, a sair deste edifício, nunca acontecerá antes de 2026 ou 2027”, admitiu. Quando vendeu o imóvel ao fundo de pensões em 2010, a Caixa assegurou um contrato de arrendamento por 20 anos (terminará no final desta década).

Como avançou o ECO no mês passado, o Estado pode vir comprar a sede à Caixa (que foi vendido pelo banco ao fundo de pensões em 2010 por 250 milhões de euros) ou, em alternativa, realizar uma permuta de imóveis públicos que ficarem desocupados ou vir a ser coproprietário do imóvel.

São várias as opções que estão em cima da mesa neste momento e os estudos estão em curso, pelo que o modelo da operação ainda está em aberto. A decisão final caberá ao próximo ministro das Finanças.

A sede da Caixa começou a ser construída na década de 80 do século passado, tendo sido inaugurada em 1993. Os custos com as obras ascenderam a 200 milhões de euros.

(Notícia atualizada às 15h13 com mais informação)

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