Pressão na banca italiana com Monte dei Paschi no centro do furacão

O banco mais antigo do mundo continua a provocar a desconfiança dos investidores, arrastando todo o setor italiano. As ações caem mais de 10%.

Depois do Deutsche Bank, agora é o Monte dei Paschi que está no olho do furacão dos mercados. As ações do banco mais antigo do mundo estiveram esta terça-feira a cair mais de 20% e a disparar mais de 25%. Entre a euforia e a desconfiança em relação ao Monte dei Paschi, cujas ações estavam a descer há momentos mais de 10%, o setor financeiro italiano é arrastado com tanta volatilidade. O Unicredit e o Ubi Banca, por exemplo, perdiam mais de 3%.

Isto acontece no dia em que Marco Morelli, CEO do banco italiano há apenas seis semanas, apresentou um novo plano para regressar aos lucros. Entre as medidas prioritárias está a eliminação de 2.600 postos de trabalho, o fecho de 500 agências e a venda do negócio relacionado com cartões de crédito. O objetivo é convencer os investidores de que o objetivo de ter lucros à volta dos mil milhões de euros em 2018 é possível.

Montanha-russa das ações do Monte dei Paschi

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Fonte: Bloomberg (valores em euros)

“O relançamento do negócio comercial será baseado na aceleração do processo de digitalização e no maior foco no retalho, pequenos negócios”, revelou o banco. Mas o otimismo inicial dos investidores com o plano acabou por passar a desconfiança. E a fatura está a ser paga na bolsa, com as ações a variarem quase 40% numa só sessão.

Em Itália, os bancos lidam com cerca de 360 mil milhões de euros provocados pelo aumento do malparado, crescimento económico fraco e taxas de juro em mínimos recorde. O Monte dei Paschi, que foi considerado o banco mais vulnerável a choques económicos nos testes de stress europeus, está a tentar obter capital junto dos investidores num plano de restruturação que permita a sua sobrevivência

"O relançamento do negócio comercial será baseado na aceleração do processo de digitalização e no maior foco no retalho e pequenos negócios.”

Monte dei Paschi

Como parte da reestruturação, o Monte dei Paschi já tinha anunciado que pretendia vender a sua carteira de crédito malparado, avaliado em 28 mil milhões de euros, estando em negociações com a Atlante, o fundo de resgate do banco italiano, para alienar parte destes ativos.

Adicionalmente, vai avançar para um aumento de capital na ordem dos cinco mil milhões de euros para fazer face às perdas com o crédito em risco. Esta operação deverá ficar concluída até final do ano e será realizada em várias tranches, incluindo uma troca de dívida por capital e ainda uma parte reservada a potenciais investidores de referência. Os acionistas aprovam no dia 24 de novembro o plano de capitalização.

Desde o início do ano, o banco já perdeu três quartos do seu valor de mercado, registando atualmente uma capitalização bolsista de 900 milhões de euros.

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