BCP não para de cair. Mesmo com maquilhagem
Ações do BCP chegaram ao mercado na segunda-feira a valer mais de 1,34 euros, mas desde então não param de cair. Está tudo à espera dos resultados trimestrais.
Desde que procedeu à fusão de ações, na passada segunda-feira, o BCP só sabe o que é desvalorizar em bolsa. Embora fosse expectável a volatilidade em torno dos títulos com o ajustamento a um novo preço de referência, o banco está esta quinta-feira a desvalorizar mais de 2% e soma a quarta sessão de perdas consecutiva. Se a Fosun estava a puxar pela cotada nas sessões que antecederam o agrupamento acionista, o efeito chinês estará aparentemente em banho-maria até que Nuno Amado apresente resultados no dia 8 de novembro.
O BCP avançou para o reverse stock split depois do grupo Fosun ter colocado essa exigência para entrar no capital da instituição portuguesa. Com as ações a cotarem na casa dos cêntimos, o objetivo era travar a volatilidade em bolsa de uma cotada que tinha mais de 59 mil milhões de títulos. Depois da fusão de ações, desapareceram 58 mil milhões desses títulos. A volatilidade permanece, entretanto. Esta semana os títulos já estiveram a derrapar 8% (terça-feira) e recuperaram ligeiramente, mas, no acumulado da semana, desvalorizam mais de 5% para cotar nos 1,27 euros. Durante a semana, o PSI-20 desvalorizou 0,9%.
BCP continua em queda desde que fundiu ações
“A apresentação de resultados vai ditar uma maior ou menor procura. Se será suficiente para travar as quedas, só saberemos com a publicação dos dados, já que resultados abaixo dos esperado levarão a uma queda ainda maior do preço da ação”, comentou ao ECO Tiago da Costa Cardoso, gestor de ativos da XTB Portugal.
O banco vai reportar as contas relativas ao terceiro trimestre justamente na véspera de a assembleia-geral de acionistas votar mais duas propostas que vão permitir a entrada da Fosun: o aumento do limite de votos de 20% para 30% e ainda o alargamento da administração do banco de 20 para 25 membros.
Sem make-up
Da fusão de 75 ações numa só resultou o fim do título enquanto penny stock. O BCP continuou a valer o mesmo, mas operação mudou a perceção do mercado em relação aos títulos que dantes valiam cêntimos.
Segundo Tiago da Costa Cardoso, a operação “serviu para ‘maquilhar’ um pouco a reputação da empresa, já que ter um banco com ações a 0,01 euros ou a 1,30 euros é totalmente diferente ao nível da confiança que passa ao mercado”. João Queiroz, da GoBulling, lembrou que “existem investidores, sobretudo institucionais como os fundos, que não negoceiam penny stocks”, pelo que é positivo que o título valha agora mais de um euro.
A fusão de ações serviu para ‘maquilhar’ um pouco a reputação da empresa, já que ter um banco com ações a 0,01 euros ou a 1,30 euros é totalmente diferente ao nível da confiança que passa ao mercado.
Ainda assim, com a pressão vendedora sobre o BCP, aumenta a probabilidade de o título voltar a negociar na casa dos cêntimos, sem “make-up”, mesmo com a iminente entrada dos chineses no capital do banco português. Isso é suficiente para contrariar esta tendência negativa?
Pedro Lino, da DifBroker, diz que não. “O interesse da Fosun nas ações do BCP deu algum suporte, mas não será suficiente para inverter o rumo. Será necessário que os resultados operacionais mostrem que o banco é merecedor da confiança dos investidores”, sublinha o gestor.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
BCP não para de cair. Mesmo com maquilhagem
{{ noCommentsLabel }}