Desigualdade de salários: Mulheres trabalham 61 dias grátis por ano
"Seria como se a partir de 1 de novembro as mulheres deixassem de ser remuneradas pelo seu trabalho, enquanto os homens continuavam a receber até ao final do ano".
As mulheres portuguesas trabalham, em média, mais 61 dias por ano sem remuneração, em comparação com os homens, apesar dos progressos conseguidos em termos de habilitações académicas e experiência profissional.
Esta é a conclusão da Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE), que hoje assinala o Dia Europeu pela Igualdade Salarial, e pretende alertar para o número de dias em que as mulheres trabalham, por comparação com os homens, sem remuneração.
De acordo com os dados do Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério do Trabalho e Solidariedade Social (GEP-MTSS), os salários médios das mulheres são inferiores em 16,7% aos dos homens, o que corresponde a menos 61 dias de trabalho remunerado.
Ou seja, de acordo com a CITE, “seria como se a partir de 1 de novembro as mulheres deixassem de ser remuneradas pelo seu trabalho, enquanto os homens continuavam a receber o seu salário até ao final do ano”.
Apesar de a diferença salarial entre géneros ter diminuído de 17,9% para 16,7%, entre 2013 e 2014, as desigualdades salariais persistem entre homens e mulheres. “Uma das principais razões para esta redução terá sido o aumento do salário mínimo nacional, em outubro de 2014, uma vez que a proporção de mulheres abrangidas pelo salário mínimo é consideravelmente superior à dos homens”, destaca a CITE.
No entanto, a Comissão chama a atenção para o facto de esta “desvalorização salarial ocorrida em 2014 poder também ter contribuído para a redução da disparidade salarial de género, por ter incidido com maior acuidade nos salários dos homens, tendencialmente mais elevados”.
A este propósito, os dados apontam que a remuneração média mensal base dos homens diminuiu 0,9% em 2014, o equivalente a menos 9 euros por mês, face ao ano anterior, enquanto a das mulheres sofreu uma redução de 0,5%, ou seja, menos 4 euros por mês.
A CITE estima, contudo, que “o acordo relativo à atualização do salário mínimo nacional, com efeitos desde 1 de janeiro de 2016, possa ter um impacto positivo do ponto de vista da redução da disparidade salarial de género”.
Já ao nível europeu, dados da Comissão Europeia (CE) indicam que o salário médio por hora das mulheres na Europa é 16,7% mais baixo do que o dos homens, ou seja, “as mulheres trabalham de graça durante 16% do ano”. A CE adverte que “ao ritmo atual, as disparidades salariais entre homens e mulheres estão a diminuir tão lentamente que até 2086 as mulheres não auferirão o mesmo que os homens”.
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