Clinton na Casa Branca. Investidores agradecem
As últimas sondagens dão quase como garantida a entrada de Hillary Clinton na Casa Branca, uma expetativa que está a puxar pelos mercados acionistas e pelo dólar e a aliviar a cotação do ouro.
A notícia do encerramento da investigação do FBI aos emails de Hillary Clinton e as novas sondagens que apontam para uma vitória da candidata democrata nas eleições presidenciais norte-americanas estão a funcionar como um bálsamo para os mercados. O arranque da semana está a ser marcado pelo retomar do apetite pelo risco por parte dos investidores, espelhado por ganhos nos mercados acionistas, pela valorização do dólar norte-americano e do peso mexicano. Ao mesmo tempo, no mercado de commodities, as cotações do petróleo avançam, enquanto os preços do ouro aliviam perante os menores receios dos investidores.
São várias as sondagens que colocam a candidata democrática em posição de vitória. Uma das mais recentes foi divulgada esta manhã pela Bloomberg. A agência de notícias coloca Hillary Clinton com três pontos de vantagem face ao opositor Donald Trump, com 44% e 41% dos votos, respetivamente. De salientar que esta sondagem foi levada a cabo entre o final do dia de sexta-feira e a tarde deste domingo, ainda antes de o diretor do FBI, James Comey, ter anunciado a decisão de que Hillary Clinton não iria ser acusada pelo uso do email pessoal para assuntos relacionados com o cargo de secretária de Estado que ocupou.
Aquela que parece ser agora a quase certa passagem de testemunho entre Barack Obama e Hillary Clinton, na presidência dos EUA, é o cenário que mais parece servir os interesses dos investidores. O Citigroup, que atribui uma probabilidade de 75% à vitória da candidata democrata, alerta que caso a corrida presidencial fosse ganha por Donald Trump iria representar um “risco não negligenciável” para os mercados. Os analistas do JP Morgan consideram que perante este cenário, o índice S&P 500 poderia recuar até aos 2.150 pontos, e provocar uma desvalorização entre 3% e 4% nos mercados de ações europeu e emergentes. Já o Deutsche Bank considera que uma vitória do candidato presidencial poderia conduzir a um recuo ainda mais acentuado para as ações europeias – entre 5% e 10% às ações europeias – devido ao aumento da incerteza política nos EUA.
Assim, depois de terem apresentado o pior registo semanal desde fevereiro e o mais extenso ciclo de sessões sem ganhos desde 1994 (11 sessões), face às sondagens que apontavam para a possibilidade de uma vitória de Donald Trump nas presidenciais dos EUA, ações europeias acompanham os ganhos acima de 1% registados nas principais praças bolsistas da Ásia. O Stoxx Europe 600 recupera de mínimos de quatro meses ao valorizae 1,23%, para os 332,86 pontos, tendo todos os setores a negociarem no verde, com os investidores a verem agora com mais clareza uma vitória de Hillary Clinton na corrida presidencial. “O mercado está a ver as últimas notícias sobre Hillary Clinton como positivas, pelo menos no curto prazo”, afirmou Richard Sichel, diretor de investimentos da Philadelphia Trust, citado pelo Bloomberg.
"O mercado está a ver as últimas notícias sobre Hillary Clinton como positivas, pelo menos no curto prazo.”
O dólar e o peso são dos ativos que mais benefício estão a tirar partido destas notícias de última hora. A divisa norte-americana avança para níveis que os analistas do mercado cambial, vistos como mais certeiros, a vislumbravam no caso de uma vitória de Hillary Clinton nas eleições presidenciais. O dólar avança 0,68%, face ao euro, para se fixar nos 0,904 euros. Já o peso mexicano acelera 1,72% face à nota verde para se fixar nos 0,534 dólares – o maior ganho desde o final de setembro – recuperando face às perdas registadas em cada uma das duas semanas anteriores, período em que as sondagens apontavam para a grande proximidade dos dois candidatos presidenciais.
Dólar recupera face ao euro
Já no mercado de matérias-primas, a cotação do petróleo acelera pela primeira vez após seis sessões a perder terreno, apesar de também estar a ser puxado pelo progresso nas negociações entre os países da OPEP que visam um corte de produção. Em Londres, o barril de brent valoriza 1,34%, para os 46,19 dólares, enquanto em Nova Iorque o concorrente crude soma 1,70%, para os 44,82 dólares por barril. O alívio do sentimento dos investidores é visível sobretudo na quebra das cotações do ouro. O preço do “metal amarelo” recua 1,29%, para os 1.285,28 dólares a onça, para a cotação mais baixa do último mês.
"O dólar dos EUA está a subir, o que em compensação está a pesar nos preços do ouro. Podemos ver, de alguma forma, também um rally de alívio no mercado de ações.”
“Parece que o mercado está a esmagadoramente a atribuir a vitória a Clinton”, afirmou Vyanne Lai, economista do National Australian Bank, citada pela Bloomberg. “O dólar dos EUA está a subir, o que em compensação está a pesar nos preços do ouro. Podemos ver, de alguma forma, também um rally de alívio no mercado de ações”, acrescentou a mesma responsável.
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