O caminho turbulento do Popular: a pressão em Bolsa, a liderança bicéfala, as perdas milionárias
O Banco Popular deverá registar prejuízos entre os 2,4 e os 2,7 mil milhões de euros este ano, mas descarta a necessidade de um novo aumento de capital.
Primeiro, acordou a rescisão voluntária de mais de 2.600 funcionários. Depois, decidiu afastar o seu presidente, Ángel Ron, para substituí-lo por aquele que é considerado o melhor banqueiro espanhol, Emilio Saracho. Agora, e até alcançar alguma estabilidade, o Banco Popular enfrenta um caminho de turbulências, que incluem a pressão em Bolsa, uma liderança bicéfala — o processo de substituição do atual presidente só fica concluído no primeiro trimestre de 2017 — e possíveis perdas milionárias com crédito malparado e ativos de má qualidade.
Para já, só há uma boa notícia: um novo aumento de capital parece estar descartado. Segundo a edição desta terça-feira do jornal espanhol Cinco Días, o conselho de administração do Popular defende a independência do banco e descarta uma nova injeção de capital — desde 2012, os acionistas já desembolsaram 5.400 milhões de euros em três aumentos de capital, o último em maio deste ano. Isto apesar dos prejuízos esperados para este ano, que deverão situar-se entre os 2.400 e os 2.700 milhões de euros.
A garantia da administração foi suficiente para dar força às ações do Popular POP 0,00% , que chegou a valorizar mais de 2% esta manhã. Ao mesmo tempo, a agência de notação financeira Moody’s elevou a perspetiva do Popular para um nível positivo, graças à melhoria dos níveis de capital e liquidez do banco.
Mas nem por isso a situação do Popular é menos preocupante e isso mesmo tem sido destacado pela imprensa espanhola. O Cinco Días lembra que, apesar da garantia dada agora pelo conselho de administração do Popular, o mercado acredita na necessidade de um aumento de capital entre os mil e os 2.100 milhões de euros para cobrir as perdas de 2016 e reforçar a recuperação.
Por outro lado, salienta o El País, o banco vai ser liderado, até meados do próximo ano, por dois presidentes: um, Ángel Ron, demissionário e sem poderes, e outro, Emilio Saracho, que vem da vice-presidência do JPMorgan para o Popular. Isto porque só em fevereiro, depois de fechadas as contas, é que Ron deixará o banco.
Até lá, uma montanha russa na Bolsa e as potenciais perdas com operações que foram da responsabilidade de Ron. Desde 2012, o Popular vale menos quatro mil milhões de euros em Bolsa. O banco terá ainda 31,5 mil milhões de euros em ativos problemáticos, que exigem provisões que levarão aos prejuízos estimados para este ano.
Pelo meio, um um futuro incerto, que passa pela concretização do plano de negócios desenhado ainda por Ron. Este plano, detalha o Cinco Días, passa por constituir provisões milionárias, criar um banco mau, que está dependente da aprovação dos supervisores e para o qual passariam seis mil milhões de ativos imobiliários, e levar a cabo o processo de rescisão com os 2.600 funcionários.
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