Portugal supera média da OCDE nos testes PISA de literacia a ciências e leitura

  • ECO
  • 6 Dezembro 2016

Portugal conseguiu pela primeira vez resultados “significativamente superiores” à média da OCDE nos testes PISA em ciências e leitura.

Portugal conseguiu pela primeira vez resultados “significativamente superiores” à média da OCDE nos testes PISA em ciências e leitura, afirma o Instituto de Avaliação Educativa face aos dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico hoje divulgados.

O PISA, na sigla em inglês, é um Programa Internacional de Avaliação de Alunos, em que Portugal participa desde 2000 e que se dirige aos alunos de 15 anos, entre o 7º e o 12º ano.

O principal domínio avaliado nesta edição foi a literacia científica e foi aquele em que Portugal mais se destacou, ao obter uma classificação de 501 pontos (459 pontos na edição do ano 2000, 468 em 2003 e 474 pontos em 2006).

Ciências

No relatório hoje divulgado em várias capitais, a OCDE nota que na maioria dos países com dados comparáveis, o desempenho a ciências não sofreu alterações significativas desde 2006, apesar dos avanços científicos e tecnológicos naquele período. Portugal ocupou a 17.ª posição na escala ordenada dos resultados em ciências quando considerados os países membros da OCDE.

“No entanto, o desempenho em ciência melhorou entre 2006 e 2015 na Colômbia, Israel, Macau (China), Portugal, Qatar e Roménia”, lê-se no documento da organização internacional. Portugal atingiu uma pontuação de 493 pontos em 2009 e de 489 em 2012 neste domínio, numa escala de zero a mil.

“Entre os países da OCDE, Portugal tem melhorado mais de sete pontos a cada três anos, em média, e Israel, aumentou cinco pontos” em cada ciclo idêntico, escrevem os relatores internacionais.

Em Portugal, a divulgação do PISA ficou a cargo do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), segundo o qual Portugal tem registado “uma tendência de melhoria significativa dos resultados nos três domínios analisados”, desde o primeiro ciclo do PISA, em 2000.

Em 33 economias e países, incluindo Portugal, a percentagem de alunos de topo a ciências é maior entre os rapazes do que entre as raparigas.

“Entre os países onde mais de 1% dos estudantes tem desempenhos de topo em ciência, na Áustria, no Chile, na Irlanda, em Portugal e no Uruguai, cerca de dois em cada três destes alunos são rapazes”, observa a OCDE.

Apenas a Finlândia tem mais raparigas do que rapazes neste indicador. Nos restantes países, a diferença de género não tem relevância estatística, segundo os peritos.

Leitura

Além dos 501 pontos em literacia científica, os alunos portugueses conseguiram atingir 498 pontos em literacia de leitura e ficaram-se pelos 492 pontos em literacia matemática. O IAVE revela que, na avaliação da leitura, Portugal ocupou a 18ª posição quando considerados os países membros da OCDE.

 

No domínio da leitura, que inclui a capacidade de usar a informação escrita em situações da vida real, o melhor desempenho foi conquistado por Singapura (535 pontos), seguindo-se o Canadá e a Finlândia, com resultados próximos.

O IAVE notou que Singapura obteve os melhores resultados médios nos três domínios avaliados e que Portugal integrou “o segundo bloco de países com resultados, em ciências e em leitura, significativamente acima da média da OCDE”.

Matemática

Em matemática, Portugal ficou na 22ª posição, neste estudo do PISA.

Entre 2012 e 2015, as pontuações médias de Portugal no PISA “aumentaram 12, dez e cinco pontos em ciências, leitura e matemática, respetivamente”, segundo a análise do IAVE.

Os resultados do PISA permitem avaliar o nível de preparação dos jovens para entrar na vida ativa ou prosseguir estudos superiores, à medida que estes se aproximam do fim da escolaridade obrigatória, refere o Ministério da Educação na nota de apresentação dos resultados de 2015.

Alentejo é a região com melhores resultados

Ao longo dos seis ciclos do PISA, a progressão média dos resultados nacionais foi de 2,8 pontos/ano em ciências, de 2,6 pontos/ano em matemática e de 1,8 pontos/ano em leitura, de acordo com o IAVE.

Este estudo envolveu 72 países e economias, 18.000 escolas, 95.000 professores e quase meio milhão de alunos, dos quais 7.325 em Portugal.

O IAVE fez uma análise por regiões, a nível nacional, segundo a qual o Alentejo litoral foi a unidade territorial que registou os melhores desempenhos nos três domínios avaliados.

Os resultados mais fracos verificaram-se na zona do Tâmega e Sousa, Alto Tâmega e Terras de Trás-os-Montes.

Ministro preocupado com chumbos

O ministro da Educação mostrou-se satisfeito com os resultados positivos de Portugal, mas considerou que o país tem de melhorar nos níveis de retenção escolar.

Em Portugal mais de 30% dos jovens com 15 anos já apresentam uma retenção no seu percurso escolar e ainda demasiados deles, demasiados de nós, apresentam mais do que uma retenção”, salientou Tiago Brandão Rodrigues.

“Estamos, infelizmente, numa montra em que não queremos estar, em que não nos podemos dar ao luxo de estar: o dos três países da OCDE que apresentam maior taxa de retenção entre as mais de sete dezenas de países ou economias que este relatório analisa, quase triplicando a taxa média da OCDE, que ronda os 13%”, apontou o ministro.

Artigo atualizado com declarações do ministro Tiago Brandão Rodrigues

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