Governo cria grupo de trabalho para avaliar possibilidade de produção de lítio

  • Lusa e ECO
  • 1 Dezembro 2016

O Governo criou um grupo de trabalho para identificar os depósitos de lítio em Portugal e também "avaliar a possibilidade de produção" deste metal.

O Governo criou um grupo de trabalho cujo objetivo é “identificar e caracterizar as ocorrências do depósito mineral de lítio em Portugal” e as atividades económicas associadas, bem como “avaliar a possibilidade de produção de lítio metal”, informou a Secretaria de Estado da Energia, em comunicado, esta quinta-feira, após a aprovação do despacho pelo secretário de Estado da tutela, Jorge Seguro Sanches. As conclusões dos trabalhos serão apresentadas até ao final de março de 2017.

 

O lítio é um dos trunfos que Portugal pode usar para atrair o investimento da Tesla para o país, o que tem sido falado nas últimas semanas. Portugal é um importante exportador de lítio, detendo algumas das mais relevantes explorações mineiras desse material que é parte essencial da produção das baterias para os carros elétricos. A criação deste grupo de trabalho pode ser vista como uma investida para convencer o presidente da empresa norte-americana, Elon Musk.

Este organismo – cujas conclusões “deverão ser apresentadas, até 31 de março de 2017” – vai ser coordenado pela subdiretora geral da Direção-Geral de Energia e Geologia, Cristina Vieira Lourenço, e vai contar com representantes do Laboratório Nacional de Energia e Geologia, da EDM – Empresa de Desenvolvimento Mineiro, da Associação Nacional da Indústria Extrativa e Transformadora e da Associação Portuguesa dos Industriais de Mármores e Granitos.

Citado na nota, o secretário de Estado da Energia referiu que “o potencial dos recursos geológicos nacionais como fator de desenvolvimento económico e com uma importância estratégica crescente determina a adoção de medidas de valorização e promoção dos bens naturais existentes em Portugal”.

A tutela adianta também que os minerais de lítio extraídos em Portugal “destinam-se em exclusivo à indústria cerâmica, limitando-se a sua utilização como mero fundentes, conduzindo a poupanças significativas na fatura energética das empresas”.

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Brexit: May não abdica de mercado único europeu

O secretário de Estado de Theresa May responsável pelo Brexit afirmou que o Reino Unido quer permanecer no mercado único europeu. David Davis falou em contribuição para a UE como contrapartida.

O responsável pelo processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE), David Davis, assegurou esta quinta-feira que o Governo inglês está disposto a contribuir para a UE para ter o melhor acesso possível ao mercado único europeu. Contudo, Davis não referiu especificamente se esses contributos seriam pagamentos monetários para o orçamento anual dos Estados-membros.

O secretário de Estado do Brexit, citado pela Bloomberg, referiu que “o principal critério aqui [neste processo] é nós termos o melhor acesso possível aos bens e serviços do mercado europeu”. Foi esta a resposta de David Davis depois de confrontados pelos deputados sobre a possibilidade de o Reino Unido vir a contribuir para a UE de modo a ter acesso ao mercado único livre de tarifas.

O principal critério aqui [neste processo] é nós termos o melhor acesso possível aos bens e serviços do mercado europeu.

David Davis

Secretário de Estado para o Brexit

Essa é, aliás, uma prioridade. O Governo inglês quer garantir que as empresas britânicas consigam continuar a transacionar os bens e serviços sem impedimentos do lado da Europa. É também essa a vontade dos investidores, banqueiros, empresários e dos mercados que reagiram de forma positiva às palavras de David Davis. A libra está a entrar no mês de dezembro a valorizar 1,16% face ao dólar.

Apesar de não indicar de que forma é que esse contributo para a União Europeia pode vir a materializar-se, David Davis garantiu que o objetivo principal do seu mandato é assegurar que os deputados britânicos e os membros do Governo britânico, mais do que os políticos da União Europeia, têm a palavra final sobre como é gasto o dinheiro dos impostos dos contribuintes.

Editado por Paulo Moutinho

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Transferências para offshores têm novas regras a partir de hoje

Os bancos passam, a partir de hoje, a ser obrigados a comunicar ao regulador do setor financeiro as transferências de valores superiores a 15 mil euros feitas para contas em paraísos fiscais.

Vai transferir dinheiro para uma offshore? A partir de hoje, essas operações vão ser alvo de maior escrutínio. Os bancos passam a estar obrigados a comunicar ao regulador do setor, o Banco de Portugal, transações para paraísos fiscais sempre que o valor em causa supere os 15 mil euros.

Foi aprovado no final de setembro um Decreto-Lei que vem aumentar as obrigações de comunicação destas operações por parte dos bancos ao regulador do setor. E essas novas regras arrancam hoje, 1 de dezembro.

A partir de agora, as instituições financeiras terão de “proceder ao registo das operações correspondentes a serviços de pagamento prestados por todas as entidades incluídas no perímetro de supervisão prudencial que tenham como beneficiária pessoa singular ou coletiva sediada em qualquer ordenamento jurídico offshore e comunicá-las ao Banco de Portugal”.

Estas comunicações feitas pelos bancos têm de ser feitas sempre que se verifiquem transações que “apresentem um valor unitário igual ou superior a 15 mil euros”. Mas para ser mais eficaz o controlo, mesmo que o valor seja repartido por várias operações, os bancos terão de comunicar ao regulador.

O Decreto-Lei define que há a obrigatoriedade de comunicação dessas transações sempre que “integrem um conjunto de operações de valor agregado igual ou superior a 15 mil euros que aparentem estar relacionadas entre si”.

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Quer exportar online na Europa? UE vai facilitar pagamento do IVA entre os Estados-membros

Atualmente os negócios online têm de se registar nos sistemas de IVA de todos os Estados-membros onde vendam bens. Mas isso vai mudar com a criação de um portal único.

Atualmente as empresas que queiram vender através da internet têm de se registar nos sistemas de IVA de cada Estado-membro. A Comissão Europeia (CE) vai mudar isso: esta quinta-feira apresentou uma proposta para simplificar o processo unificando tudo num portal único, o VAT One Stop Shop. As novas regras vão também permitir que o IVA pago seja o do país do consumidor final.

A Comissão Juncker quer simplificar as regras no que toca ao IVA relativo à venda de bens e serviços online. Em causa, diz a CE, estão melhorias não só para as pequenas e médias empresas europeias, mas também em termos de receitas para os Estados-membros. A palavra de ordem é simplificação para que os custos dos negócios diminuam.

“Estamos a cumprir a nossa promessa de desbloquear o e-commerce na Europa”, defendeu o vice-presidente da Comissão Europeia para o Mercado Digital Único. Andrus Ansip afirmou que a proposta “não só vai dar um impulso aos negócios, especialmente os mais pequenos e as startups, mas também vai fazer com que os serviços públicos sejam mais eficientes e vai aumentar a cooperação além-fronteiras“.

A Comissão Europeia explica que atualmente os negócios online têm de se registar nos sistemas de IVA de todos os Estados-membros onde vendam bens. “Frequentemente citadas como as maiores barreiras no e-commerce além-fronteiras, estas obrigações com IVA custam às empresas cerca de oito mil euros por cada país da União Europeia onde vendam”, refere o comunicado.

As medidas

  • A Comissão Europeia propõe que as empresas utilizem a VAT (IVA) One Stop Shop. Com este novo sistema os negócios vão ter apenas de fazer “um simples pagamento trimestral para o IVA por todo o território da União Europeia”, deixando de existir a burocracia associada a cada regime de um país;
  • A burocracia para as empresas “será reduzida em 95%, poupando cerca de 2,3 mil milhões de euros no total da União Europeia e aumentando as receitas de IVA para os Estados-membros em sete mil milhões”;
  • O sistema prevê ainda que as empresas que, anualmente, transacionem até 10 mil euros podem cobrar a taxa de IVA do país de origem aos consumidores externos. Quando o valor é até aos 100 mil euros, a empresa verá as regras simplificada para que possa identificar o país de origem do consumidor;
  • Para combater a fraude relativa ao IVA, a Comissão Europeia vai eliminar uma exceção existente: a isenção de IVA para certos produtos aplicável apenas às empresas que não são da União Europeia;
  • Por fim, a CE quer unificar as taxas de todos os Estados-membros relativos à publicação de e-books e jornais online, tornando-as mais baixas ou mesmo acabando com as taxas.

Este sistema já existe nas vendas de serviços online, como por exemplo as aplicações para smartphones, e a Comissão Europeia argumenta que foi uma mudança “bem sucedida”: em 2015 o sistema coletou três mil milhões de euros em IVA.

Editado por Paulo Moutinho

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Popular afasta presidente. Ações sobem 10%

O banco decidiu convocar uma assembleia geral para votar a destituição do presidente. Os investidores aplaudem a medida, levando os títulos a disparar na bolsa espanhola.

O Banco Popular está a disparar em bolsa. Regista uma valorização de mais de 10% depois de ter sido convocada uma assembleia geral extraordinária que visa votar a destituição do presidente da instituição.

Os investidores estão a ser chamados para aprovarem a saída de Ángel Ron da presidência. Ron será substituído por Emilio Saracho, que está há duas décadas na vice-presidência do JPMorgan. Este processo deverá estar terminado no primeiro trimestre de 2017.

A substituição acontece numa altura em que Ron está a ser alvo de críticas por não conseguir colocar em marcha o plano estratégico da instituição. O banco apresentou resultados líquidos no terceiro trimestre e dos nove meses que ficaram aquém do esperado.

Ao mesmo tempo, as ações têm vindo a perder valor desde que o banco realizou um aumento de capital de 2,5 mil milhões de euros, evolução negativa que colocou pressão para a substituição do presidente.

Perante esta decisão, as ações do banco estão a disparar. Avançam 8,71% para 0,899 euros, tendo chegado a ganhar mais de 10%, animadas também por notícias não confirmadas pelo Popular de que o banco está a tentar fundir-se com outras instituições, entre elas o BBVA.

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Parlamento Europeu aprova orçamento de 2017 da UE

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2016

O Parlamento Europeu aprovou o orçamento da UE para 2017, acordado há duas semanas com o Conselho, que contempla aumentos superiores a 10% nas verbas destinadas à segurança e ao crescimento.

Durante a mini-sessão plenária que decorre em Bruxelas esta quinta-feira, os eurodeputados aprovaram – com 438 votos a favor, 194 contra e 7 abstenções – o compromisso acordado a 17 de novembro entre Parlamento e Conselho em torno da proposta da Comissão, que contempla uma verba total para 2017 de 157,86 mil milhões de euros em compromissos e 134,49 mil milhões em pagamentos (contra 155 e 143 mil milhões, respetivamente, em 2016).

Os compromissos são o total de volume de promessas feitas para futuros pagamentos que podem ser realizados em dado ano, enquanto os pagamentos são definidos como o dinheiro pago originário do orçamento para honrar os compromissos.

O orçamento para 2017 prevê 6 mil milhões de euros para fazer frente à crise migratória e reforçar a segurança, o que representa um acréscimo nesta rubrica de 11,3% face a 2016, enquanto as políticas para impulsionar o crescimento e emprego contarão no próximo ano com um total de 21,3 mil milhões de euros, mais 12% relativamente ao ano em curso.

A prioridade do orçamento é clara: é a juventude. Por isso reforçámos o Erasmus+, a Iniciativa Emprego Jovem, mas uma juventude também precisa de uma economia que cresça e daí o reforço da competitividade da União Europeia em programas como a investigação, como a inovação e também ainda, para além do reforço Erasmus+, o reforço do COSME para as pequenas e médias empresas”, sublinhou o eurodeputado português José Manuel Fernandes (PSD), coordenador na comissão parlamentar dos Orçamentos, na sua intervenção em plenário.

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A verdadeira história das avaliações das agências de rating sobre a Caixa

As agências de rating DBRS e S&P revelaram preocupações sobre o futuro da CGD. Será mesmo por causa da demissão de António Domingues ou antecipam riscos mais profundos? Sim, é melhor pensar outra vez.

A DBRS pôs a CGD em vigilância negativa, a S&P mantém uma vigilância positiva, mas deixa avisos para o que está aí ao virar da esquina. Em ambos os casos, para que não haja equívocos, as razões são bem mais fundas, e preocupantes, do que a demissão de António Domingues. As agências de rating estão a olhar para as mudanças de estratégia do governo nos últimos meses, a limpeza do mal-parado já em 2016 e o aumento de capital adiado para 2017. Para onde vão os rácios de capital, as almofadas financeiras? E o que será, afinal, a nova CGD?

Um dia depois de ser conhecida a decisão de António Domingues de pedir a renúncia ao cargo de presidente da CGD, a DBRS, a famosa agência canadiana que está a segurar o rating da dívida pública da República, lançou a bomba:

  • A reavaliação da notação de crédito atribuída à Caixa reflete “os riscos acrescidos que o grupo enfrenta por causa das questões da sua gestão administrativa, a recapitalização planeada, e as dificuldades do grupo em melhorar a sua rendibilidade e a qualidade dos ativos”.
  • “A recente demissão da administração da Caixa coloca, no ponto de vista da DBRS, acrescidos desafios ao grupo para regressar às rendibilidades positivas, reduzir os problemas com a qualidade dos ativos e melhorar a confiança dos investidores no grupo”.

A avaliação da DBRS, tão rápida como surpreendente, foi lida como uma resposta imediata à saída de Domingues. A explicação, como sucede tantas vezes, é mais complexa. E de alguma maneira, mais clara nas notas da S&P.

  • “A S&P mantém o pendor positivo sobre os ratings de longo prazo da CGD. Entendemos que o acordo de princípio [em torno do plano de recapitalização] anunciado em agosto continua em cima da mesa e que o Governo está a trabalhar no sentido de encontrar um substituto para a gestão da CGD”.
  • Vamos monitorizar de muito perto se os recentes desenvolvimentos resultam em qualquer alteração estratégica ou mudanças no plano de recapitalização já anunciado, incluindo o tempo que demorará a ser materializado“.

Lidos de forma direta, os dois comunicados, divulgados em dias seguidos, quase parecem contraditórios. Não são. São complementares, mas acentuam aspetos diferentes da mesma realidade. E qual é essa realidade? A desconfiança dos analistas sobre uma estratégia assente no certo – as imparidades assumidas em 2016, com consequências nas almofadas de capital da Caixa – e no incerto – o aumento de capital para reforçar o balanço do banco público apenas em 2017. Num banco que já tem os seus rácios no limite e, por isso mesmo é que não foi capaz de reembolsar os 900 milhões de euros de empréstimo concedido pelo próprio dono, o Estado. Estranho? Faz parte das regras europeias em que hoje estamos. O Estado, enquanto dono, é igual aos outros donos privados de bancos. E se avança com um empréstimo, tem de recebê-lo de volta. Mesmo quando se trata de um banco que é público.

Afinal, qual seria o impacto desse reembolso? Afetaria negativamente indicadores que a Caixa está obrigada a cumprir, sob pena de ser intervencionada. E com as regras de hoje, uma intervenção num banco, público ou privado, faz-se através de um bail-in, ou seja, envolvendo acionistas, obrigacionistas e depositantes.

Existem dois rácios de capital relevantes, mas há um para o qual os investidores e os supervisores olham com toda a atenção: de acordo com as contas relativas a setembro, o rácio Common Equity Tier 1 Phased-in atingiu os 10,2% e o Fully Implemented [o que conta para investidores] foi de 9,3%.

Há muito se sabia que o banco público tinha de aumentar o capital para reforçar aqueles indicadores, particularmente o ‘fully’ para um valor em torno dos 12,5%. O anterior presidente, José de Matos, já tinha pedido esse reforço ao anterior governo, e o atual assumiu o discurso de que a recapitalização era essencial e, sobretudo, urgente. Para quê? Para a CGD ter um balanço robusto para financiar as empresas, particularmente as falhas de mercado que afetam de forma relevante as PME. É o que se espera de um banco público, certo? Senão, se alinha em tudo com o setor privado, que seja mesmo privado e com dinheiro do dito.

Quanto é que custa esse rácio de 12,5%? Contas grosseiras, cada ponto no rácio de capital da CGD exige cerca de 600 milhões de euros de capital, mantendo-se tudo o resto constante. Note-se, aqui, que as mudanças de regras no que são os chamados ‘ativos ponderados pelo risco’ podem terão alguma influência nestas contas. E, claro, na estratégia implícita da CGD já estava o dinheiro da capitalização, mas também a venda de operações no estrangeiro que ajudam a melhorar esses indicadores e ainda a diminuição da própria atividade. Sim, se der menos crédito, precisa de menos capital.

O plano de reestruturação negociado pelo ministro Mário Centeno e por António Domingues com a direção-geral da Concorrência, em Bruxelas, assenta em vários eixos, dos quais o mais relevante é a capitalização.

  1. Cerca de 2,7 mil milhões de euros de dinheiro público direto, via Orçamento do Estado.
  2. Mil milhões de euros colocado no mercado junto de investidores privados através de duas emissões de 500 milhões de euros. Ainda não se sabe a que preço, mas seguramente, acima de 10%.
  3. Transformação de 900 milhões de euros de empréstimo do Estado, sob a forma de CoCos (obrigações contingentes), em capital. E ainda 60 milhões devidos de juros, também em capital.
  4. Incorporação de 500 milhões de ações da Parcaixa.

As negociações foram duras, mas Bruxelas deu o seu ok a uma recapitalização que escapava ao caráter de ‘ajuda de Estado’. E exigiu contrapartidas: a CGD teria de passar por uma reestruturação profunda, com rescisões, fechos de balcões e vendas de ativos, e teria também de envolver os investidores privados nesta recapitalização, para garantir que a operação seria feita em condições de mercado. Daí a emissão de mil milhões de euros de obrigações que, diga-se, são excecionalmente subordinadas, ou seja, são consideradas próximas do que é a titularidade de ações.

O problema é que, para as agências de rating, o mundo mudou, e não foi por causa da saída de Domingues, foi antes disso. A renúncia só agravou estas mudanças. Ao longo dos últimos meses, ainda com o presidente cessante, o que seria uma operação de aumento de capital de mais de cinco mil milhões de euros para melhorar os rácios de capital passou a incluir outras coisas.

As dúvidas sobre o montante de capitalização levaram o governo e Domingues a defender a narrativa de que seria necessário fazer uma limpeza agressiva das operações de crédito já seriam um buraco efetivo nas contas e não apenas teórico ou potencial. Foi, neste momento, que surgiu a opção anunciada e uma estratégia agressiva de contabilização de provisões já em 2016 – sem efeitos nos rácios e com efeitos muito positivos nos resultados logo a seguir. Já na última semana, soube-se, o aumento de capital que seria feito em simultâneo, afinal, só avançaria no próximo ano. E veremos em que condições.

As informações públicas sobre a estratégia da administração cessante eram limitadas, mas já se tinha percebido que o volume de provisões, para limpar o crédito mal-parado, seria agressivo, superior a mil milhões de euros. Como é que isto funciona? Identificam-se os créditos que já serão de difícil recuperação e aplica-se uma provisão correspondente à percentagem do crédito que o banco dá como perdida. Um empréstimo a uma qualquer empresa poderia, nesta estratégia, passar de uma provisão de 20%, portanto, com a expetativa de reembolso do banco de 80% do crédito em falta, para o oposto: 80% de provisão e apenas 20% de expetativa de recebimento do que ainda está em falta.

Esta operação não melhora os rácios, pelo contrário, manda-os abaixo. Mas se os analistas não esperavam um tal volume de provisões – afinal, o mais difícil já estava feito, dizia a versão oficial, do governo anterior e dos supervisores, além da própria troika -, esperavam ainda menos um adiamento de uma recapitalização, essa sim essencial para melhorar as almofadas da Caixa.

Por outras palavras, agora existem dúvidas sobre a concretização da capitalização da Caixa na dimensão pública, mas sobretudo na dimensão privada. É o que se lê, por exemplo, na análise da S&P: “Uma futura ação em relação ao rating da CGD está dependente da aprovação formal por parte da Comissão Europeia do plano de recapitalização e da avaliação que vão fazer acerca dos detalhes específicos da operação (montantes e forma de uso da injeção de capital público)”. E a DBRS? “A DBRS vê o sucesso da colocação dos instrumentos subordinados no mercado [privado] como desafiante, tendo em conta a presente volatilidade financeira global e o acesso muito limitado da Caixa ao mercado de financiamento sem garantias”.

Afinal, quem estará disposto a investir – melhor, a emprestar – mil milhões de euros na CGD? Com estas confusões, que a saída de Domingues só serve para acentuar, com a politização de um banco que, mesmo em circunstâncias normais, já teria dificuldade em mudar de vida? É bom recordar que nenhum banco português foi ao mercado desde 2011, e não foi por falta de vontade, foi por falta de procura dos investidores.

A DBRS e a S&P estão ‘apenas’ a ser racionais nas suas avaliações. O que vêm justifica as maiores preocupações sobre o futuro do banco público. Não é por acaso que António Nogueira Leite, economista e antigo vice-presidente da CGD, dizia, há dias, ao ECO que o risco de ‘bail-in’, leia-se resgate, do banco público está limitado, mas não está totalmente afastado. Isso está dependente da capitalização.

Bruxelas e o BCE mantêm presente o risco de ‘bail-in’, também porque ajuda à narrativa de necessidade de privatização parcial do banco público, o maior do sistema em Portugal com uma quota superior a 25%. Uma intervenção deste tipo, desta gravidade, será sempre pouco provável, porque é um banco público e isso arrastaria necessariamente a própria dívida pública da República. Logo, voltaríamos a um ambiente de incerteza no euro que ninguém quer. Já basta a Grécia, o Brexit, Trump e os nacionalismos que por aí andam.

Dito isto, as autoridades políticas portuguesas ajudaram à festa com esta gestão da CGD que dura há um ano. Leu bem, um ano em que o banco público está entregue à sua sorte. No mínimo, suscita desconfiança, no máximo pode materializar as avaliações das agências de rating. É isto mesmo que a DBRS e a S&P estão a dizer aos investidores e ao mundo. Querem pior?

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Carros de luxo? China aplica taxa extra de 10%

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2016

A China quer promover o consumo racional. Para isso, lançou uma taxa adicional sobre os automóveis cujo preço de venda ultrapassa 1,3 milhões de yuans (177 mil euros).

A China criou uma taxa adicional de 10% sobre a compra de viaturas de luxo, a mais recente medida para desencorajar a ostentação das elites políticas e económicas, instadas a adotarem um estilo de vida menos extravagante.

O novo imposto, que visa veículos cujo preço de venda ultrapassa 1,3 milhões de yuans (177.000 euros), entrou em vigor hoje.

Este imposto tem como objetivo “orientar o consumo racional” e promover os carros com consumo energético mais eficiente, explicou na quarta-feira um comunicado do Ministério das Finanças.

O Presidente Xi Jinping, que lançou nos últimos anos uma campanha anticorrupção destinada a limpar as fileiras do Partido Comunista, virou-se recentemente para o modo de vida das personalidades políticas e empresários.

Pequim já tinha instituído uma taxa de 25% sobre todos os veículos estrangeiros importados.

A nova medida vai penalizar as marcas automóveis de luxo como a Ferrari, Rolls-Royce ou Lamborghini, bastante apreciadas na China. Mercedes e BMW também serão visadas.

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PCP: “Pode não haver posição conjunta no futuro”

Dias depois de uma sondagem dar um avanço ao PS, mas não ao PCP, Jerónimo de Sousa deixa um alerta ao Partido Socialista: "O PS faria bem em não se embriagar com sondagens de circunstância".

Um ano após os acordos de incidência parlamentar com o PS, o líder do PCP afirma, em entrevista ao jornal Público, que “afastar o PSD e o CDS era uma razão importante” — principalmente para mostrar que havia outra “saída” –, mas “não suficiente”. A posição conjunta assinada “não é nenhuma Bíblia nem nenhuma lei“. Jerónimo de Sousa avisa: “Pode não haver posição conjunta no futuro“.

Dias depois de uma sondagem dar um avanço ao PS, mas não ao PCP, o secretário-geral do Partido Comunista Português deixa um alerta ao Partido Socialista: “O PS faria bem em não se embriagar com sondagens de circunstância“. O comunista refere que a sondagem é “bastante falível”.

Apesar disso, Jerónimo de Sousa refere que “a posição conjunta não está esgotada”, nomeadamente porque um conjunto de medidas do OE2017 precisam de “concretização”. Além disso, o líder do PCP reconhece que houve “um suspiro de alívio” na luta dos trabalhadores, principalmente da CGTP, depois da tomada de posse do atual Governo, mas o comunista defende que “os trabalhadores nunca fizeram a luta pela luta”. Mesmo assim, “a luta não está dispensada. A luta vai ser necessária, independentemente da ação institucional”.

Nova administração da CGD? “Não coloco nenhuma medida cautelar”

O líder comunista adianta que não faz juízos antes de saber quem vai para a Caixa Geral de Depósitos, depois da demissão de António Domingues, desde que seja escolhido alguém “com competência e empenhado no serviço público“. Jerónimo de Sousa ressalva que a escolha é do Governo, mas também que é necessário que a próxima administração tenha em conta uma “componente importante de salvaguarda dos postos de trabalho e dos direitos dos trabalhadores da Caixa“.

O secretário-geral do Partido Comunista Português critica a lei do PSD relativa à transparência dos gestores públicos em instituições de crédito, aprovada por BE e CDS, por ser de um “ato de eficácia inútil“. Apesar de a demissão de António Domingues ter coincidido com a aprovação desta alteração à proposta de Orçamento do Estado para 2017, Jerónimo de Sousa argumenta que essa lei “visa entrar em vigor em janeiro, quando, pelos prazos, o Tribunal Constitucional iria decidir antecipadamente”.

Dívida: É uma “sangria desatada”

Jerónimo de Sousa defendeu ainda que não há contradição entre apoiar um Orçamento que tem como base o Tratado Orçamental e apoiar a saída da União Europeia. O secretário-geral comunista apelida os encargos da dívida de “sangria desatada” que não deixa o país investir e, por isso, crescer.

“A nossa posição não é contraditória. O que nós dizemos é que não perderemos nenhuma oportunidade para repor e conquistar direitos e rendimentos, com a consciência das limitações da solução política encontrada”, respondeu o comunista quando confrontado com essa aparente contradição.

É necessário crescimento económico em Portugal “como [de] pão para a boca” para “aumentar o nosso aparelho produtivo, a nossa produção nacional, para criar mais emprego”, mas isso não é possível com os encargos dos juros da dívida soberana, avisa Jerónimo de Sousa.

Editado por Paulo Moutinho

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Portugal prepara criação de agência espacial

  • Lusa
  • 1 Dezembro 2016

O ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, considera a criação da agência espacial como "um dos principais desafios" para 2017.

Portugal está a preparar a criação de uma agência espacial, indicou hoje à Lusa o ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior, que a considerou como “um dos principais desafios” para 2017.

“Estamos a preparar, com as empresas, naturalmente, a criação de uma agência espacial”, disse Manuel Heitor, sem adiantar pormenores.

“Para nos lançarmos para uma maior e uma mais profunda atividade [na área do espaço], temos de começar a ir para os grupos de países que têm uma agência espacial, com profissionais”, sustentou.

Segundo o ministro, que falava à Lusa na véspera do conselho ministerial da agência espacial europeia ESA, na Suíça, a “evolução no esquema de governança” da atividade espacial, em Portugal, com a criação de uma agência espacial, “vai ser um dos principais desafios em 2017”.

Diria que, nos últimos 15 anos, foi aprender a trabalhar com a ESA, a lançar um conjunto de atividades que eram inexistentes em Portugal [na área do espaço]. Dinamizou-se a atividade científica, mas, sobretudo, a atividade de empresas que não existiam em Portugal e a de empresas que cresceram. Agora, que já demos provas, queremos alargar a participação, lançar novos desafios para o Atlântico, e, para isso, precisamos de ter uma gestão e um sistema de governança mais adequado e moderno”, defendeu.

À Lusa, o presidente da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), Paulo Ferrão, que acompanha o ministro na deslocação, na quinta e sexta-feira, à Suíça, afirmou, igualmente sem pormenorizar, que, “seguramente, no próximo ano”, será estudada “a viabilidade da criação de uma agência espacial” em Portugal.

A concretização do que disse ser ainda uma ideia está “dependente de vários acontecimentos”, como a criação, nos Açores, do Centro de Investigação Internacional do Atlântico.

Portugal é membro da ESA desde 14 de novembro de 2000. A atividade científica e empresarial nacional no setor espacial é, atualmente, gerida num departamento da FCT, o Gabinete do Espaço.

No conselho ministerial da ESA, que se realiza na quinta e sexta-feira, em Lucerna, na Suíça, têm assento ministros dos países-membros com a tutela científica, tecnológica ou industrial.

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Lobo Xavier: Domingues tomou “posição coerente”

António Lobo Xavier diz que Domingues foi coerente na decisão de abandonar, já Pacheco Pereira realça que o governo esteve mal, especialmente o ministro das Finanças e o secretário de Estado.

António Domingues tomou a decisão de sair da liderança do banco público. Foi uma decisão que, diz Lobo Xavier, foi “coerente”, apesar de deixar a CGD numa situação de vazio que tem de ser rapidamente resolvida, na perspetiva de Jorge Coelho. Quem teve a culpa em todo este processo? Pacheco Pereira aponta o dedo ao ministro das Finanças e ao secretário de Estado do Tesouro.

“É muito raro em Portugal ver pessoas que abandonam os lugares em que estão por questões de convicção, dignidade ou de honra. É muito raro. Ninguém larga os lugares. O dinheiro fala sempre mais alto“, disse Lobo Xavier na Quadratura do Círculo, da SIC Notícias. E por isso mesmo, enaltece a decisão que António Domingues tomou de sair da CGD.

É muito raro ver um homem que, enfim, que em relação às suas convicções, às condições que pôs, às que recebeu, toma uma posição coerente e abandonou. Apesar de ter deixado o projeto da sua vida para abraçar o da Caixa, larga-o”, sublinha. A obrigatoriedade de entregar a declaração de património ao Tribunal Constitucional, ao contrário do que lhe tinha sido assegurado, levou Domingues a sair.

A CGD vai ficar sem presidente no final deste mês. Até lá, Domingues ainda vai tratar do malparado, passo essencial para se avançar com a recapitalização do banco. Jorge Coelho diz que a “estratégia esteve e está correta. E espero que continue a ser desenvolvida. Agora, isto correu mal. Correu mal”, notou, acrescentando que “é preciso encontrar rapidamente — não pode haver grandes vazios — outra equipa que formate aquilo que é o objetivo que o Governo definiu”, salientou. Governo que, na perspetiva de Pacheco Pereira, tem culpas neste processo.

O Governo “esteve mal. Esteve pessimamente. Todo o Governo… Quer se queira quer não, houve numa primeira fase uma aceitação de cima a baixo a aceitação para garantir esta equipa de gestão de condições que não eram legais ou claramente constitucionais”, notou.

Portanto, diz Pacheco Pereira, o “Governo tem uma grande responsabilidade no que aconteceu, principalmente o ministro das Finanças, Mário Centeno, e o secretário de Estado [Mourinho Félix] que participou na negociação. Quer se queria quer não, aquele acordo nunca se deveria ter feito nos termos em que foi”.

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Marcelo: Feriado “nunca devia ter sido suspenso”

O Presidente da República começou o discurso no 1º de dezembro criticando a suspensão do feriado. Já o primeiro-ministro aproveitou para falar das relações com Espanha e a necessidade de abrir o país.

O feriado de 1º de dezembro “nunca devia ter sido suspenso“, afirmou o Presidente da República esta quinta-feira de manhã nas cerimónias de comemoração da Restauração de Independência de Portugal. Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou para deixar recados a quem gere o dinheiro público, exigindo independência ética.

Este é um regresso da figura máxima da República Portuguesa às comemorações deste dia de independência para o país, após anos de ausência. O discurso de Marcelo marca também a reversão do feriado nacional, depois da suspensão no Governo PSD/CDS. “O que nos une aqui hoje é Portugal. O Portugal intemporal”, começou o atual Presidente da República.

Marcelo Rebelo de Sousa aproveitou a celebração da independência para pedir que esta se propague à política, às finanças, à economia e até à ética. O Presidente da República alertou para que não existam “sujeições” ou “subserviências” que ponham em causa a soberania do país, apelando a um fortalecimento da independência financeira e económica, nomeadamente na ética com que se gere o dinheiro público.

Sentimento anti-castelhano “não tem sentido no presente”

António Costa, responsável por reverter a eliminação do feriado de 1º de dezembro, celebrou a “restauração do feriado da restauração de 1640”. O primeiro-ministro citou Fernando Pessoa, Antero de Quental e até as conferências do Casino para deixar uma mensagem contra o nacionalismo, a xenofobia e o protecionismo.

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António Costa, primeiro-ministro, na Assembleia da República.Paula Nunes / ECO

No seguimento da visita de Estado dos reis de Espanha a Portugal, António Costa afirmou esta quinta-feira de manhã nas celebrações do 1º de dezembro que o sentimento anti-castelhano “não tem sentido no presente”. “Somos dois países cientes da identidade de cada qual“, assegurou o primeiro-ministro, referindo que há um histórico de colaboração em termos de defesa, com a NATO, na União Europeia e no “vasto universo ibero-americano plural e crescentemente integrado“-

Ciente de que “há interesses que juntos podemos fortalecer melhor”, António Costa apelou à construção de pontes em vez da tentação de construir muros. “Orgulhosamente acompanhados“, apelidou Costa a Portugal, demonstrando o interesse em receber, por exemplo, mais refugiados no país dada “a identidade aberta que bate no coração da nossa língua”.

Editado por Paulo Moutinho

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