Santos Silva: “O Tratado de Lisboa foi ‘porreiro, pá’”

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2017

O ministro recordou a expressão do então primeiro-ministro, José Sócrates, ao cumprimentar o, à época, presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso.

O chefe da diplomacia portuguesa defendeu que a União Europeia é “a única força que resta” para compensar o retraimento na cena internacional do Reino Unido e dos EUA, graças ao Tratado de Lisboa, que “foi ‘porreiro, pá”’.

“Temos razões para achar que o Tratado de Lisboa foi ‘porreiro, pá’”, afirmou Augusto Santos Silva, durante um debate evocativo do décimo aniversário do tratado, que decorreu na Assembleia da República.

O ministro recordou assim a expressão do então primeiro-ministro, José Sócrates, ao cumprimentar o, à época, presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, quando foi anunciado o acordo sobre o tratado, no dia 13 de dezembro de 2007.

Antes, o chefe da diplomacia portuguesa tinha recordado que era, naquela data, ministro dos Assuntos Parlamentares do Governo de Sócrates e, como tal, “testemunha presencial do enorme esforço, trabalho e dedicação que exigiu ao primeiro-ministro, ao ministro dos Negócios Estrangeiros [Luís Amado] e a outros ministros e consultores diretamente envolvidos o processo de negociação final”, salientando também o papel do então representante permanente de Portugal junto da União Europeia, embaixador Álvaro Mendonça e Moura, e do então diretor-geral dos Assuntos Europeus, embaixador Nuno Brito.

Foi uma equipa que conseguiu resolver várias das pontas soltas que a presidência alemã [do Conselho Europeu, durante o primeiro semestre de 2007] tinha deixado e conseguiu fazer com que no dia 13 de dezembro de 2007 o tratado fosse assinado”, salientou.

Dez anos depois da assinatura do Tratado de Lisboa – que só entraria em vigor em dezembro de 2009 -, Santos Silva destacou os seus aspetos positivos, entre os quais a sua longevidade – é o único tratado europeu que em dez anos não foi revisto, ao contrário dos seus antecessores.

“Basta ver o atual retraimento anglo-saxónico, com o ‘Brexit’ e com as novas linhas de política externa da administração norte-americana para perceber que a força que resta para compensar esse retraimento é a União Europeia e a sua política externa e de segurança, tal como o Tratado de Lisboa o definiu”, disse. Uma das inovações do acordo foi a criação do cargo de alto representante da União para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, atualmente desempenhado por Federica Mogherini.

Nesta sessão estiveram também o ministro dos Negócios Estrangeiros da altura e o então representante do Parlamento Europeu Paulo Almeida Sande. O jornal i noticiou que o PSD propôs a presença de Durão Barroso, que não pôde participar por ter um compromisso internacional, mas o nome de José Sócrates “nunca chegou a ser uma hipótese real nos convites ponderados pelos partidos da comissão dos Assuntos Europeus”, que organizou a iniciativa.

O antigo ministro dos Negócios Estrangeiros Luís Amado considerou que o Tratado “inovou ao procurar responder ao problema do poder no sistema internacional, em rápida mudança, e procurou criar condições para que a União Europeia se tornasse um ator de relevância no sistema internacional”.

Mas, sublinhou, “falhou a forma como ele foi implementado”, classificando como “absolutamente dramática a forma como foi gerida a relação com algumas regiões de vizinhança e como foi gerida a política externa na última década, pela ausência de uma visão estratégica dos interesses comuns europeus que pudesse congregar a vontade das instituições e a vontade dos Estados-membros”.

O professor universitário Paulo Sande concordou com Santos Silva ao sustentar que a “grande oportunidade” da UE se encontra “na espécie de vazio nas relações internacionais que decorre deste retrocesso na posição americana em termos de globalismo e de relações comerciais”.

O especialista em temas europeus mencionou que “o problema mais sério” que a Europa enfrenta hoje é a forma como se ajusta “a uma tão rápida transformação que se verifica na sua vizinhança geopolítica”, considerando que a UE está “num processo de isolamento e de dificuldade de relação com as suas relações de vizinhança absolutamente impressionante”, nomeadamente com a Rússia, Turquia, Arábia Saudita e Irão e na relação transatlântica.

A presidente da comissão parlamentar de Assuntos Europeus, Regina Bastos, realçou “o papel que o Tratado confere aos parlamentos nacionais, como garante do bom funcionamento da UE e reconhece que os governos nacionais são democraticamente responsáveis perante eles”.

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Yellen dá gás a Wall Street. Bitcoin cai 7%

O verde domina os índices norte-americanos esta quarta-feira. O acordo dos republicanos na reforma fiscal e a decisão da Fed de aumentar a taxa de juro contribuíram para o otimismo dos investidores.

O mercado dava como certa a subida da taxa de juro que a Fed veio anunciar esta quarta-feira: a subida de 25 pontos base levou o intervalo para de 1,25% a 1,5%. A decisão, assim como o acordo dos republicanos no corte de impostos, deram gás a Wall Street com os índices a quebrarem novamente recordes. Os futuros da bitcoin, criptomoeda que Yellen criticou, estão a desvalorizar mais de 7%.

O Dow Jones valorizou 0.33% para os 24.585,43 pontos e o Nasdaq subiu 0,2% para os 6.875,80 pontos. Contudo, o S&P 500 fechou na linha de água com uma ligeira derrapagem de 0,05% para os 2.662,85 pontos. Já os futuros de janeiro da bitcoin transacionados no CBOE estão a desvalorizar mais de 7%, após a presidente da Fed ter classificado a bitcoin de “um ativo altamente especulativo”.

A decisão da Fed de subir a taxa de juro veio com uma atualização de previsões que revê em alta o PIB para o próximo ano. A entidade ainda liderada por Janet Yellen vê a economia norte-americana a crescer 2,5% em 2018, acima dos 2,1% inicialmente estimados. Nesse ano a Reserva Federal prevê que existem mais três subidas na taxa diretora. Contudo, o mercado de trabalho vai arrefecer e os problemas com a inflação continuam, apesar de a meta de 2% estar mais perto de ser alcançada.

A contribuir negativamente esteve um dado económico: o Departamento do Trabalho norte-americano tinha anunciado esta quarta-feira que a inflação desacelerou, ao contrário do esperado. A inflação core continua aquém do objetivo de 2% da Fed. Durante este ano, a inflação apenas foi igual ou superior a 2% no primeiro trimestre. Até novembro a inflação foi desacelerando e fixou-se nos 1,7%.

Além dos juros, os investidores ficaram a saber que os republicanos já chegaram a acordo para avançar com uma reforma fiscal que deverá ser votada na próxima semana. O plano prevê um corte nos impostos para as empresas e particulares, mas a entidade que avalia o Orçamento já veio dizer que quem vai sofrer são os mais pobres. Além disso, a diminuição da receita fiscal aumentará o défice dos EUA em biliões de dólares.

O dia ficou ainda marcado pelo resultado das eleições no Alabama. O democrata Doug Jones (49,9%) conseguiu vencer por uma margem muito curta o republicano Roy Moore (48,4%), o candidato apoiado por Donald Trump que foi acusado de ter encontros com menores. Há 25 anos que nenhum democrata conseguia ser eleito para o Senado naquele estado. Esta eleição encurta a vantagem que o Partido Republicano tem no Senado (51-49).

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May derrotada. Parlamento britânico votará acordo do Brexit

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2017

O acordo final entre o Reino Unido e a União Europeia terá de ser votado no parlamento britânico, ao contrário do que Theresa May pretendia.

Theresa May, U.K. prime minister, arrives for a European Union (EU) leaders summit at the Europa building in Brussels, Belgium, on Thursday, June 22, 2017. EU leaders are expected to reaffirm their commitment to “robust” free trade and the Paris Agreement on climate change when the two-day meeting concludes on Friday. Photographer:Jasper Juinen/Bloomberg

O governo britânico foi derrotado esta quarta-feira numa votação no parlamento que determina que o acordo para a saída do Reino Unido da União Europeia tenha de ser aprovado pelos deputados antes de passar a lei. Uma pequena maioria de quatro votos, 309 contra 305, garantida com o apoio de alguns deputados do próprio partido da primeira-ministra, Theresa May, foi suficiente para aprovar a emenda proposta pelo antigo procurador-geral Dominic Grieve.

A votação aconteceu durante o debate em especialidade da proposta de lei que revoga a lei de adesão do Reino Unido à Comunidade Europeia em 1973 e que transfere as normas europeias para o direito britânico. Esta foi a primeira derrota do governo de Theresa May relacionada com esta proposta de lei, que já tinha cedido noutras ocasiões para evitar confrontos, inclusivamente ao prometer que o resultado das negociações seria objeto de uma proposta de lei independente.

Grieve argumentou que esta foi uma forma de evitar “uma espécie de caos constitucional” que aconteceria se a proposta de lei fosse aprovada na sua forma original, e que permitiria ao governo aplicar o acordo sem consultar o parlamento.

O ministro para o ‘Brexit’, David Davis, tinha tentado dissuadir durante o dia os potenciais “rebeldes” do partido Conservador, reiterando que o governo pretendia apresentar levar ao parlamento tanto o acordo para a saída como os termos da relação com a UE no futuro.

A lei da Saída da UE foi aprovada na generalidade por 326 votos contra 290 em setembro e está agora a ser analisada na especialidade por uma Comissão com membros das duas câmaras do parlamento, dos Comuns e dos Lordes.

O governo foi confrontado com cerca de 400 propostas de alteração, que continuam a ser analisadas.

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Bitcoin? É “um ativo altamente especulativo”, diz Janet Yellen

A presidente da Fed desvaloriza a euforia em torno das criptomoedas. Janet Yellen diz que têm um papel reduzido no sistema de pagamentos, sendo um ativo "altamente especulativo".

Há um clima de euforia em torno das criptomoedas, especialmente a bitcoin que tem registado fortes valorizações. Subidas expressivas que atiraram o valor de cada bitcoin para mais de 17 mil dólares, movimento que criticado por Janet Yellen. A presidente da Fed diz que se trata de “um ativo altamente especulativo”.

“A bitcoin, neste momento, tem um papel muito reduzido no sistema de pagamentos. Não é uma reserva de valor. É um ativo altamente especulativo“, disse a presidente da Fed na conferência de imprensa em que anunciou uma subida da taxa diretora dos EUA em 25 pontos base para o intervalo de 1,25% a 1,5%.

“A Fed não tem qualquer papel regulador sobre a bitcoin além de o de garantir que as entidades financeiras por si supervisionadas estão a gerir de forma apropriada quaisquer relações entre os investidores e esse mercado”, bem como o de fazer cumprir as regras de combate ao branqueamento de capitais, esclareceu.

A bitcoin, a mais conhecida de todas as criptomoedas, tem brilhado nos mercados. Em apenas uma semana, mais do que duplicou de valor, passando dos 17 mil dólares no momento em que começaram a ser transacionados na CBOE contratos de futuros sobre a divisa virtual. Uma escalada que tem atraído mais investidores, mas também feito aumentar os alertas por parte de banqueiros, mas também de banqueiros centrais.

Questionada sobre se a subida expressiva da bitcoin pode, de alguma forma, ser associada a uma bolha, e se haverá também uma bolha nos mercados acionistas norte-americanos — que têm atingido recordes consecutivos — Janet Yellen afastou quaisquer comparações.

“Claro que o mercado acionista dos EUA registou uma forte valorização, este ano. Temos, nos últimos meses, caracterizado a avaliação da generalidade dos ativos como elevada”, disse. No entanto, Yellen não vê nas ações a euforia a que se assiste com a bitcoin.

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Ex-Secretário de Estado da Saúde diz que se demitiu por grave violação da sua privacidade

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2017

Manuel Delgado diz que o seu pedido para sair do Governo tinha o “intuito de não perturbar nem criar qualquer tipo de embaraço ao normal funcionamento do Governo".

O ex-secretário de Estado da Saúde, Manuel Delgado, disse que se demitiu por “grave violação da privacidade” da sua vida pessoal e diz nunca ter recebido “qualquer favorecimento por qualquer relação pessoal”.

Numa nota divulgada na sequência da sua demissão na terça-feira devido ao envolvimento no caso Raríssimas, o ex-governante refere que o seu pedido para sair do Governo, apresentado ao primeiro-ministro e ao ministro da Saúde, tinha o “intuito de não perturbar nem criar qualquer tipo de embaraço ao normal funcionamento do Governo”.

“O que motivou a minha demissão foi a grave violação da privacidade da minha vida pessoal em termos e circunstâncias inadmissíveis e que ultrapassaram todos os limites, já que foram muito além do âmbito e contexto sobre as eventuais suspeitas de irregularidades de gestão que foram cometidas naquela entidade”, refere a nota de Manuel Delgado.

Na sequência de uma reportagem emitida pela TVI no fim de semana, na qual se denunciavam práticas de gestão danosa da instituição particular de solidariedade social (IPSS) Raríssimas, e que envolviam o seu nome, Manuel Delgado deu na terça-feira uma entrevista ao canal em que disse ter posto o seu lugar à disposição do ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, que, segundo o ex-secretário de Estado, lhe respondeu que não via “razões objetivas” para o retirar de funções.

Na nota divulgada, Manuel Delgado afirma também que enquanto secretário de Estado da Saúde não teve “nenhuma intervenção em processos de apoio à Associação Raríssimas” e que não recebeu “qualquer favorecimento por qualquer relação pessoal”.

Reafirma ainda que a remuneração que recebeu se deve à prestação de um serviço para o qual foi contratado, tendo a contratação acontecido antes da sua entrada para o Governo e “respeitou na íntegra todo o quadro legal e ético”.

Paula Brito e Costa anunciou na terça-feira ao Expresso que se demitia do cargo de presidente da Raríssimas, depois da reportagem emitida no sábado pela TVI sobre a gestão da associação, financiada por subsídios do Estado e donativos.

A investigação mostra documentos que colocam em causa a gestão da instituição de solidariedade social, nomeadamente da sua presidente, Paula Brito e Costa, que alegadamente terá usado o dinheiro em compra de vestidos e vários gastos pessoais.

Elementos da Inspeção-geral do Ministério do Trabalho, da Solidariedade e da Segurança Social estiveram hoje na Associação Raríssimas, disse à agência Lusa fonte oficial do Ministério.

O Ministério Público estava também já a investigar a instituição, após uma denúncia anónima.

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PS pede empréstimo de dois milhões ao Novo Banco

  • ECO
  • 13 Dezembro 2017

O partido, que vive um "cenário preocupante em termos económico-financeiros", deu como garantia uma hipoteca sobre 27 imóveis.

O Partido Socialista (PS) pediu empréstimos de dois milhões de euros ao Novo Banco, para liquidar um outro crédito e reforçar a situação de tesouraria, dando como garantia uma hipoteca sobre 27 imóveis detidos pelo partido. A informação foi avançada, esta quarta-feira, pela revista Sábado.

Segundo a revista, que teve acesso à escritura da hipoteca, os imóveis estão avaliados em 1,1 milhões de euros, valor que cobre apenas 55% do montante do empréstimo. A hipoteca garante as obrigações de dois contratos de financiamento: um de 500 mil euros e outro de 1,5 milhões.

O empréstimo de montante mais elevado destina-se à “liquidação de responsabilidades de apoio à tesouraria“, isto é, o empréstimo vai servir para liquidar outro contraído anteriormente. O segundo empréstimo, de 500 mil euros, resulta de uma alteração a um contrato já existente entre o Novo Banco e o PS, tratando-se de um reforço do montante emprestado.

O PS tinha, no final de 2016, um passivo de 942 mil euros. No relatório e contas desse ano, o partido reconhecia o “cenário preocupante em termos económico-financeiros”. Ainda assim, nesse ano, o PS pagou mais de 1.335 milhões de euros de dívidas a fornecedores, além de ter cumprido 27 planos de liquidação de dívida antiga. Este ano, restavam apenas seis destes planos para cumprir.

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Costa diz em Bruxelas que 2017 foi “saboroso” e ironiza com mudança no Eurogrupo

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2017

“Se nenhuma outra vantagem tiver, uma seguramente terá: não teremos um presidente do Eurogrupo com uma visão idêntica à que o atual tinha sobre os países do sul da Europa", disse o primeiro-ministro.

O primeiro-ministro considerou, esta quarta-feira, perante funcionários portugueses das instituições em Bruxelas, que 2017 “foi um ano particularmente saboroso para Portugal” e ironizou com um dos momentos do ano, a eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo.

“Se nenhuma outra vantagem tiver, uma, pelo menos, seguramente terá: não teremos um presidente do Eurogrupo a ter uma visão idêntica à que o atual [Jeroen Dijsselbloem] tinha sobre os países do sul da Europa”, disse, arrancando risos às muitas dezenas de pessoas presentes na receção natalícia oferecida pela representação permanente de Portugal junto da União Europeia (UE).

Na sua intervenção, António Costa recordou que se celebram agora 10 anos sobre a assinatura do Tratado de Lisboa, lembrou as presidências portuguesas da União Europeia, todas elas “marcantes”, e defendeu que aquilo “que tem permitido sempre a Portugal afirmar-se”, apesar de haver muitos Estados-membros com dimensão económica e política superior, “é nunca se ter conformado na sua posição, e pelo contrário, ter percebido sempre que tem de ser particularmente ativo”.

“E é assim que, ao longo destes 30 anos, já tivemos um português eleito e reeleito presidente da Comissão [José Manuel Durão Barroso], os comissários, a começar pelo atual [Carlos Moedas, presente no evento], têm sido sempre reconhecidos pela excelência do seu desempenho e, nas diferentes instituições, sempre temos marcado positivamente a nossa presença e é esse esforço que temos de continuar a fazer e que diariamente temos de fazer”, disse.

Apontando que “este ano foi um ano particularmente saboroso para Portugal”, António Costa lembrou como o cenário mudou ao longo dos últimos 12 meses, recuando ao evento semelhante realizado há um ano na “embaixada” de Portugal junto da UE.

“Há um ano estávamos aqui, apesar de tudo, já a celebrar não nos terem sido aplicadas sanções, estávamos aqui com alguma esperança de que iríamos conseguir mesmo sair do procedimento por défice excessivo. Mas a verdade é que podemos olhar para o ano de 2018 já sem receio de sanções, já sem receio de termos de ter novas discussões sobre décimas nominais ou estruturais para o procedimento de défice excessivo e até encarando já com normalidade que o ministro das Finanças português possa ser o próximo presidente do Eurogrupo”, referiu.

Introduzindo então a sua nota irónica sobre a diferença de perspetivas do atual e futuro presidentes do fórum informal de ministros das Finanças da zona euro sobre os países do sul da Europa, numa alusão às polémicas declarações de Dijsselbloem sobre os países do sul não terem legitimidade para pedir dinheiro depois de o gastarem em “álcool e mulheres”, António Costa, num tom mais grave, comentou que tal mudança “não é de somenos e significa claramente que algo de novo está a acontecer na Europa”.

“Há uma nova vontade, depois de anos muito difíceis e em que muitas divisões existiram entre os diferentes países europeus, de seguirmos em conjunto, reagindo positivamente. Se calhar o choque do ‘Brexit’ foi excessivo para o que era necessário, mas o que é verdade é que desde esse momento há com que uma nova vontade de a Europa se construir”, regozijou-se.

António Costa chegou esta quarta-feira a Bruxelas para participar, na quinta e sexta-feira, no último Conselho Europeu do ano.

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Hedge funds ganham mais de 1.500% com as moedas digitais

Os hedge funds que investem em moedas virtuais apresentam retornos superiores a 1.500% este ano. Os restantes não vão além dos 7,5%.

As criptomoedas continuam a dar que falar, desta vez nos hedge funds. Estes fundos, diferentes dos tradicionais, registam retornos superiores a 1.500% até novembro deste ano, à boleia das moedas virtuais, conseguindo uma vantagem substancial face às restantes estratégias de investimento.

Os hedge funds, ou fundos de cobertura, constituem uma forma de investimento alternativa aos fundos tradicionais, nomeadamente nos graus de risco variados e nas poucas restrições. O objetivo de investir em hedge funds passa por reduzir os riscos do mercado, permitindo ao investidor lucrar, independentemente da situação atual do mercado.

No último balanço feito pelo Financial Times (acesso condicionado), os hedge funds que negoceiam criptomoedas tiveram um retorno de 1.640% até novembro deste ano, batendo qualquer outro tipo de estratégia apresentado por estes fundos.

Por sua vez, os hedge funds que investem em moedas virtuais ou blockchain apresentaram retornos de 1.522%, de acordo com a Hedge Fund Research (HFR), que anunciou esta quarta-feira o lançamento de novos índices para refletir “o crescimento explosivo do interesse dos investidores” neste tipo de estratégia. Em comparação, os hedge funds que adotam outras estratégias conseguem um retorno de apenas 7,5% este ano.

Só no último mês, a bitcoin mais que duplicou de valor, ao passar dos 7.074 dólares a 7 de novembro para os 16.320 deste dia 7 de dezembro. Na passada sexta-feira, voltou a tocar um novo máximo ao superar a fasquia dos 17 mil dólares.

O interesse dos investidores em recursos que oferecem uma exposição a tecnologias blockchain e criptomoedas aumentou nos últimos meses, uma vez que essas inovações continuam a ganhar popularidade”, diz Kenneth Heinz, presidente do HFR.

No entanto, ainda que o desempenho recente deste tipo de estratégia seja aliciante, os investidores devem manter-se alerta. É que estes investimentos apresentam “elevada volatilidade e riscos, tanto reais como estruturais“, acrescentou ao FT. Tidjane Thiam, CEO do Credit Suisse, diz que “o único motivo, hoje, para comprar ou vender bitcoin é ganhar dinheiro”.

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Veja o sobe e desce dos preços da agricultura em 2017

Fique a saber em quanto aumentaram ou baixaram os preços de dez tipos de produção agrícola neste ano.

Num ano que está prestes a chegar ao fim, é ocasião de fazer balanços. A produção agrícola é uma dessas áreas. Num ano marcado pela baixa precipitação, pela seca e pelos incêndios, os efeitos fizeram-se sentir sobre o resultado final das culturas e a criação de animais. Nuns casos os resultados foram negativos, mas há situações em que o saldo é positivo.

Fique a conhecer quanto subiram ou caíram, em 2017, os preços no produtor em dez áreas de produção agrícola, com base em estimativas do Instituto Nacional de Estatística divulgadas nesta quarta-feira, 13 de dezembro.

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Fed sobe taxa de juro pela terceira vez em 2017. Vê mais três subidas em 2018

A última reunião do ano da Reserva Federal trouxe mais uma subida da taxa de juro. O aumento de 25 pontos base leva a taxa de juro para o intervalo entre 1,25% e 1,5%.

Janet Yellen está prestes a deixar o cargo, mas ainda antes de sair aumentou novamente a taxa de juro. A subida de 25 pontos base, já prevista pelos economistas, leva a taxa de juro para o intervalo entre 1,25% e 1,50%. O seu sucessor, escolhido por Donald Trump, Jerome Powell, também já defendeu a subida da taxa de juro. E a mensagem dos governadores para o próximo ano é clara: há mas três subidas em carteira.

A economia recupera — o PIB subiu mais de 3% no terceiro trimestre –, os mercados valorizam — Wall Street tem batido recordes constantemente — e a normalidade volta à política monetária, após um período de empréstimo mais fácil para dinamizar a economia norte-americana pós-crise. A fechar o ano, a Reserva Federal decidiu aumentar de novo a taxa de juro com sete votos a favor e dois contra — estes dois governadores consideram que a economia ainda não não está preparada, dado que a inflação não descola. Os governadores confirmaram ainda a diminuição do balanço tal como estava agendado.

A inflação deste ano continua a desiludir, tal como os dados desta quarta-feira sobre a inflação core mostraram. A realidade continua aquém do objetivo de 2% da Fed. Durante este ano, a inflação apenas foi igual ou superior a 2% no primeiro trimestre, segundo os dados do Departamento do Trabalho norte-americano. Até novembro, a inflação foi desacelerando e ficou-se pelos 1,7%.

Esta quarta-feira a Fed atualizou várias previsões económicas: o desemprego deverá descer para os 3,9% em 2018, o PIB dos EUA deverá crescer 2,5% em 2018 (acima da estimativa inicial de 2,1%) e a inflação do próximo ano deverá atingir os 1,9%, mantendo-se abaixo da meta anual da Fed. Uma das mudanças face aos textos anteriores é uma omissão, segundo a Bloomberg: a Fed prevê que as melhorias no mercado de trabalho desacelerem.

Nem o mercado de trabalho, nem a inflação, impediram os governadores da Reserva Federal de aumentarem a taxa de juro por duas vezes durante este ano: a primeira foi em março (altura em que já prometia mais duas subidas este ano) e a segunda em junho. A ideia é retirar os estímulos de forma gradual e moderada para evitar a criação de bolhas na economia. Na avaliação desta quarta-feira, a Fed considera que o estímulo da reforma fiscal e a desregulação podem impulsionar a economia no curto prazo, mas a longo prazo prevê uma desaceleração da economia norte-americana.

Os mercados continuam no verde após o anúncio da decisão. O Dow Jones valoriza 0,44% para os 24.613,57 pontos, o S&P 500 sobe 0.16% para os 2.668,27 pontos e o Nasdaq aumenta 0.29% para os 6.882,50 pontos. Além da Fed, os investidores ficaram a saber que os republicanos já chegaram a acordo para avançar com uma reforma fiscal que deverá ser votada na próxima semana.

Na despedida, Yellen elogia Powell

Janet Yellen deu aquela que se espera que seja a sua última conferência de imprensa às 19h30 (hora de Portugal). A atual presidente sairá em breve do cargo e será substituída por Jerome Powell, ao qual deixou elogios: “Estou confiante de que [Powell] estará profundamente comprometido como eu tenho estado com a vital missão pública da Reserva Federal“.

Quanto à economia, Yellen repetiu a análise que saiu da reunião de dois dias: o mercado de trabalho vai melhorar, mas menos; a compreensão das forças que influenciam a inflação é “imperfeita” e a reforma fiscal terá pouco impacto na economia, ainda que preveja um impulso no consumo e no investimento. Janet Yellen considera que a taxa de juro continuará a subir gradualmente até aos 3%.

“Isto é algo que eu venho dizendo há muito tempo: eu estou pessoalmente preocupada com a situação da dívida [pública] dos EUA“, avisou a presidente da Fed numa altura em que o presidente norte-americano quer cortar os impostos, o que vai juntar mais biliões ao défice do país. Yellen considera que a dívida pública em percentagem do PIB não é “extraordinariamente alta”, mas aconselhou à sua diminuição.

(Notícia atualizada pela última vez às 20h11)

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BE defende redução dos descontos nos recibos verdes como “opção política”

  • Lusa
  • 13 Dezembro 2017

O deputado José Soeiro reconhece que o acordo alcançado com o Governo "não é tudo" mas é "um passo de gigante para muitos milhares de trabalhadores".

O Bloco de Esquerda (BE) respondeu, esta quarta-feira, à direita, que acusou os bloquistas de prometerem “o paraíso” aos trabalhadores a recibos verdes, afirmando que o acordo para reduzir os descontos para a Segurança Social é uma “opção política”.

Num debate no parlamento, o deputado bloquista José Soeiro fez a defesa do acordo com o Governo que permitirá a mais de 250 mil trabalhadores a recibos verdes passarem a descontar menos para a Segurança Social, afirmando que “não é tudo”, mas é “um passo de gigante para muitos milhares de trabalhadores” com direitos esquecidos.

“Não é o paraíso, trata-se de distribuir o esforço contributivo”, afirmou José Soeiro, que acusou os partidos de direita, PSD e CDS, de terem sido o Governo que lançou a “maior perseguição” aos trabalhadores a recibos verdes.

Este acordo prevê uma diminuição de 29,6% para 21,4% da taxa contributiva do trabalhador, aumentando-se as contribuições das entidades empregadoras e dos trabalhadores com maiores rendimentos. E serão cerca de 9.000 os trabalhadores, num universo de mais de um milhão de pessoas, que passarão a descontar mais para “reforçar a sua pensão futura”.

Para o Bloco, com esta solução o Governo reparte “a responsabilidade contributiva entre o trabalhador e a entidade que contrata”, dado que hoje as empresas estavam, em grande parte, dispensadas dessa contribuição.

O PSD, através de Adão e Silva, acusou os bloquistas de estarem a “prometer o paraíso” aos trabalhadores a recibo verde e António Carlos Monteiro, do CDS-PP, atacou-os por “estarem a enganar os trabalhadores”.

O novo regime vai entrar em vigor ao longo do próximo ano e os seus efeitos só serão sentidos pelos trabalhadores em 2019. Tanto o PS como o PCP manifestaram-se a favor desta medida.

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TAP reaproveita materiais antigos e abre loja na internet

  • ECO
  • 13 Dezembro 2017

Companhia aérea portuguesa abre a sua primeira loja online com mais de meia centena de artigos. Conceito assenta também na reutilização de materiais antigos para fabricar e vender merchandising.

A TAP lançou esta quarta-feira a sua primeira loja na internet, onde comercializa mais de 50 produtos de merchandising e utilitários para viajantes, entre outros artigos. Num comunicado, a companhia aérea portuguesa refere que a compra dos produtos poderá ser feita no site da TAP Store através de cartão de crédito ou de débito, ou com recurso a milhas do programa Victoria.

O lançamento da TAP Store surge em plena contagem decrescente para o Natal. As encomendas podem ser entregues “em qualquer parte do mundo”, exceto Brasil, Estados Unidos e Canadá. A empresa tenciona ainda “alargar a sua plataforma de vendas a espaços físicos e, inclusivamente, a bordo dos seus aviões”, já “a partir do início do próximo ano”. O objetivo da TAP, para além de construir uma nova fonte de receita, é também tirar partido “dos seus 72 anos de história e da sua rica iconografia”, indica numa nota.

A empresa vai ainda apostar no conceito de upcycling para a elaboração dos produtos que passa agora a vender. Trata-se de “um conceito inovador de reciclagem de materiais já sem utilização na operação regular da companhia”, como “peles, cintos de segurança e estruturas de cadeiras, entre outros”, que “serão convertidos em novos produtos de assinatura, que integrarão a lista de produtos da TAP Store”, refere.

Visitando o site da nova loja da TAP, é possível encontrar produtos tão variados como um baralho de cartas da empresa a cinco euros, água de colónia antiga a 20 euros ou uma pequena maquete de um avião da empresa, a 69,90 euros. A empresa está ainda a vender outros produtos de assinatura, como um candeeiro feito de materiais reutilizados, que custa 1.970 euros.

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