BPI abaixo da OPA do CaixaBank. Mas porquê?
Há meses que as ações do banco liderado por Fernando Ulrich registam poucas alterações. Mas esta tendência parece estar a mudar, inclinando-se para uma descida. Mas porquê? Incerteza e menor liquidez.
Há meses que as ações do banco liderado por Fernando Ulrich registam poucas alterações. Mas esta tendência parece estar a mudar, inclinando-se para uma descida. Isto numa altura em que estamos perto da conclusão da oferta pública de aquisição (OPA) que o Caixabank lançou sobre o banco. Mas porquê? Os investidores preveem um bom resultado para a instituição espanhola e estão a excluir do seu portefólio uma ação que terá menos liquidez.
Parece haver uma mudança no horizonte das ações do BPI. Os títulos negociavam há meses com poucas alterações. Mas a tendência está a mudar. Os títulos estão a deslizar, baixando mesmo do valor da OPA com a aproximação da conclusão… da OPA. A queda não está relacionada com a incerteza dos investidores em torno do sucesso da oferta que o acionista espanhol lançou ao BPI. Muito pelo contrário. Os analistas estimam que o resultado será positivo para o CaixaBank.
O banco espanhol transmitiu este otimismo quando apresentou os resultados: “Esperamos que o resultado da OPA, que termina na próxima semana, seja satisfatório“, afirmou Gonzalo Gortázar, o presidente executivo do CaixaBank, sublinhando a confiança do banco catalão na instituição portuguesa, nomeadamente na equipa de gestão liderada por Fernando Ulrich.
BPI afunda mais de 5%
O problema parece ser o que se segue quando esta primeira fase estiver concluída, o que está para breve. A oferta decorre até às 15h30 de dia 7 de fevereiro. A queda pode estar relacionada com “o final do período da oferta do CaixaBank e a incerteza que poderá seguir-se: OPA potestativa ou manutenção da negociação dos minoritários em bolsa num contexto de menor liquidez?”, refere a Patris Investimentos ao ECO.
“A segunda fase será novamente alvo de especulação, uma vez que representa o ponto de partida para um processo de transição e integração que irá determinar o futuro da instituição pois irá marcar as intenções da nova administração para o banco”, explica Eduardo Silva, gestor da XTB. Mas também realça: não se devem tirar muitas conclusões destas oscilações intradiárias na fase final da OPA.
"A segunda fase será novamente alvo de especulação, uma vez que representa o ponto de partida para um processo de transição e integração que irá determinar o futuro da instituição pois irá marcar as intenções da nova administração para o banco”
Para a equipa de research do BiG, o movimento parece “injustificado”, podendo estar relacionado com a “necessidade de liquidez de algum investidor maior que não esteja disposto a esperar até que seja feito o pagamento da OPA”. Os investidores também podem estar simplesmente a desfazer-se de uma ação que terá menos liquidez.
Abaixo da OPA. Faz sentido?
Nem por isso. Os analistas do BiG referem que não faz sentido que o valor esteja abaixo do preço da OPA do CaixaBank — os catalães oferecem 1,134 euros por cada ação do BPI e os títulos seguem perto dos 1,118 euros. Uma opinião partilhada pela XTB. Eduardo Silva nota que “alguns investidores que estejam preocupados com a especulação de curto prazo poderão estar interessados em garantir que vendem as ações ao melhor preço atual possível. O otimismo é realista considerando as necessidades limitadas de aquisição e a evolução do preço nas últimas semanas. Assim, receios de última hora parecem infundados”.
O valor das ações em bolsa está dependente da OPA, mas também de uma eventual OPA potestativa. Ou seja, se os restantes acionistas forem obrigados a vender as suas ações ao CaixaBank. A Patris Investimentos explica que “se houver uma OPA potestativa, o mercado irá concentrar-se no preço dessa mesma oferta. Se não houver OPA potestativa, e uma vez concluída a oferta do CaixaBank, a cotação do BPI voltará a transacionar com base nos ‘fundamentais’ do banco, nomeadamente no que se refere às expectativas de evolução dos seus resultados para os próximos anos”.
E se não vender as ações?
Pode ser arriscado não vender na OPA. A Patris diz que “conservar as ações do BPI (ou seja, não as entregar na oferta do CaixaBank) pode ter como implicações ser posteriormente sujeito a uma oferta potestativa ou, na sua ausência, manter uma posição no capital do banco aceitando a menor liquidez que poderá haver em bolsa na sua negociação”.
E quanto maior a participação que o CaixaBank conseguir adquirir do BPI, maior o risco para o investidor que não vender as ações, esclarece a equipa de research do BiG. Os analistas dizem que as “as ações correm o risco de ficar com um free float muito baixo, o que tem implicações para a liquidez de negociação e consequentemente para a atratividade das ações para os investidores institucionais. Um baixo free float acaba por ter um impacto negativo no preço da ação”.
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