Direita acusa esquerda de ter medo que se saiba o que aconteceu na CGD
PSD e CDS acusam a maioria de esquerda de não querer que se saiba o que aconteceu na CGD. Mas a esquerda devolve a acusação.
A direita acusou esta quinta-feira a esquerda parlamentar de ter medo que se descubra a verdade sobre os negócios da Caixa Geral de Depósitos. E a esquerda devolve a acusação e diz que são PSD e CDS que temem que os portugueses fiquem a conhecer as conclusões sobre a má capitalização do banco público, realizada em 2012.
“PS, BE e PCP têm medo que se saiba o que aconteceu na CGD”, atirou esta quinta-feira o deputado social-democrata, Hugo Soares, numa declaração nos Passos Perdidos, na Assembleia da República. Para PS, BE e PCP terem tomado esta “decisão atentatória dos direitos parlamentares”, somou João Almeida, porta-voz do CDS, “é porque o que têm a esconder é certamente muito forte.”
"PS, BE e PCP têm medo que se saiba o que aconteceu na CGD.”
Em causa está a decisão da comissão parlamentar de inquérito, tomada pela maioria de esquerda contra a vontade da direita, no sentido de recusar a suspensão dos trabalhos da comissão, à espera que cheguem as decisões definitivas dos tribunais sobre a divulgação da lista de devedores da CGD. Os documentos em causa foram pedidos pela comissão parlamentar de inquérito, com o aval de todos os grupos parlamentares, mas as entidades recorreram da decisão da justiça que tinha validado a divulgação da informação.
Para os grupos parlamentares da direita, sem estes documentos não é possível continuar a fazer as audições, confrontar alguns dos responsáveis ouvidos com factos que os contradizem ou tirar qualquer conclusão sobre a responsabilidade das necessidades de recapitalização do banco público. “As conclusões serão sempre mancas”, defendeu Hugo Soares.
"O que PSD e CDS propuseram de suspensão é uma proposta para que os trabalhos e as conclusões não se tornem públicos.”
“Não passa de uma tentativa de instrumentalização da comissão de inquérito”, respondeu Miguel Tiago, deputado do PCP. “A comissão tem hoje elementos que lhe permitem concluir o que aconteceu”, garantiu. “O que PSD e CDS propuseram de suspensão é uma proposta para que os trabalhos e as conclusões não se tornem públicos”, acrescentou Moisés Ferreira, do BE. Para João Paulo Correia, do PS, “a deficiente capitalização de 2012” é “a grande razão” para as necessidades de recapitalização identificadas em 2016.
Ou seja, no entendimento da esquerda este pedido de suspensão dos trabalhos da comissão à espera de decisões judiciais visa “secundarizar” o parlamento face aos tribunais — nas palavras de Moisés Ferreira — e impedir que as conclusões que já podem ser tiradas sejam tornadas públicas.
Os três deputados da esquerda frisaram que os trabalhos da comissão já vão longos — dura quase há um ano, já fez 19 audições e recolheu dois depoimentos escritos — e garantem que já há material suficiente para produzir o relatório. A menos que a documentação em causa chegue ao parlamento até 3 de julho, as conclusões serão assim retiradas sem que se tenha analisado a lista dos maiores devedores do banco público.
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