Subida do euro já começa a incomodar? O que fará Mario Draghi na reunião de hoje?
Mario Draghi junta hoje os seus governadores para a reunião mensal do BCE. O prato forte é a valorização do euro que começa a prejudicar as empresas exportadoras. O que fará o BCE?
A poucas horas do encontro de política monetária do conselho de governadores do Banco Central Europeu (BCE), muitas são as especulações que pairam no ar sobre o que dirá Mario Draghi durante a conferência de imprensa. A maioria dos analistas espera que a valorização do euro seja um dos temas que farão parte dessa reunião. Mas o timing para o fim do programa de compra de dívida também centrará atenções.
Mais de dois terços (67%) dos economistas consultados pela Bloomberg esperam que o presidente do BCE aborde a apreciação do euro. “A minha expectativa é que Draghi tente um equilíbrio entre dizer que alguma da apreciação [do euro] é apropriada — refletindo o baixo risco político e uma economia mais forte — enquanto, ao mesmo tempo, fará alertas sobre os movimentos bruscos da divisa”, explica o analista chefe para a Europa da Nordea Markets, em Copenhaga, à Bloomberg.
O euro tem estado a negociar em torno dos 1,20 dólares, bastante acima dos 1,04 dólares a que estava em janeiro. Desde o início do ano o euro valorizou-se mais de 13% face à moeda dos EUA, numa altura em que as 19 economias da Zona Euro mostram sinais de revitalização económica. A subida expressiva do euro levou o BCE a lançar o alerta sobre os perigos de uma moeda muito forte para a economia da região, travando a subida, mas em Jackson Hole, nos EUA, evitou o tema. Resultado? Euro voltou a valorizar. Está nos 1,1942 dólares.
Euro aprecia mais de 13% desde o início do ano
Este euro forte é uma preocupação para Mario Draghi que continua a defender a necessidade de dar apoio à recuperação. “Precisamos de ser persistentes, pacientes e prudentes” para defender a necessidade de manter uma política monetária acomodatícia que suporte a taxa de inflação.
Para os economistas está na altura do BCE perceber o que terá falhado nos estímulos que deveriam gerar uma inflação suficiente e sustentada. Depois da subida até aos 2%, a inflação voltou a cair, com os preços do petróleo a deixarem de ter uma influência tão expressiva no aumento dos preços. Na última atualização, a inflação na Zona Euro estava em 1,3%.
Para além da valorização do euro, em foco, para os investidores, estará o futuro do programa de compra de ativos, conhecido como alívio quantitativo (QE), no momento em que Draghi falar. Contudo, 52% dos economistas inquiridos pela Bloomberg acredita que Draghi não dará grandes pistas sobre o tema nesta reunião, adiando-o para a reunião seguinte, que acontecerá a 26 de outubro.
De acordo com uma sondagem da Reuters, três quartos dos economistas inquiridos preveem que o BCE apenas anuncie a redução dos estímulos monetários em outubro, e que este apenas entre em vigor a partir de janeiro.
Economistas do JPMorgan Chase esperam que a estratégia adotada pelo BCE se inicie em janeiro e demore seis meses até ser concluído. Já por parte do Goldman Sachs, a expectativa é de que a estratégia de saída do programa seja anunciada pelo Conselho do BCE em outubro, mas até dezembro não serão dados mais detalhes sobre a forma como esta será feita. O Morgan Stanley crê que a redução dos estímulos seja anunciada em outubro e iniciado apenas em janeiro.
De um modo geral, os economistas inquiridos pela Bloomberg acreditam que o BCE irá diminuir gradualmente a compra de dívida ao longo de nove meses, com início em janeiro –– o BCE tem reduzido de forma expressiva a compra de dívida nacional, sendo que no último mês gastou pouco mais de 400 milhões em títulos de dívida nacional.
"Não estabelecemos datas. Precisamos de pensar. Precisamos de muitos dados que não temos hoje. Há muita incerteza. E não tomamos decisões sem termos uma informação completa.
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