Ensino Superior: Engenharias superam medicina

  • Lusa
  • 10 Setembro 2017

Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico, voltou a registar a média de entrada no ensino superior mais elevada com 18,8 valores, batendo o registo de 2016, de 18,53 valores.

 

Engenharia Aeroespacial, no Instituto Superior Técnico, voltou a registar a média de entrada no ensino superior mais elevada na primeira fase de colocação, 18,8 valores, batendo o registo de 2016, de 18,53 valores, segundo dados hoje divulgados.

Depois de anos a liderar a lista das médias de entrada no ensino superior mais elevadas, os cursos de Medicina foram, pelo segundo ano consecutivo, relegados para fora do pódio pelos mesmos três cursos: Engenharia Aeroespacial no Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa (18,8 valores), Engenharia Física Tecnológica, da mesma instituição (18,75 valores) e Engenharia e Gestão Industrial, da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (18,43 valores).

Em quarto lugar na lista aparece o curso de Medicina da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, com um registo de 18,33 valores para o último colocado.

Nove cursos registaram médias de entrada superiores a 18 valores: para além dos já referidos, há ainda outros dois cursos de medicina – o do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto e o da Universidade do Minho, Bioengenharia da Universidade do Porto, e Engenharia Biomédica e Matemática Aplicada e Computação, ambos do Instituto Superior Técnico.

Em 31 cursos, o último colocado entrou com uma média de candidatura entre os 9,5 valores e os 9,9 valores, situação verificável para 722 estudantes.

Quase 45 mil alunos ficaram colocados no ensino superior público na primeira fase do concurso nacional de acesso, 49% dos quais no curso da sua preferência, segundo dados da Direção-Geral do Ensino Superior (DGES) hoje divulgados.

Os resultados da primeira fase estão desde hoje disponíveis para consulta no portal da DGES (http://www.dges.gov.pt), podendo ainda ser consultados através da aplicação de telemóvel ES Acesso.

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Entradas no ensino superior são das mais altas dos últimos sete anos

  • ECO
  • 10 Setembro 2017

Número de alunos colocados no ensino superior é dos mais altos dos últimos sete anos. Engenharia Aeroespacial do Técnico registou a média mais alta com 18,8 valores. Medicina perde terreno.

44.914 alunos entraram este ano para o ensino superior, ou seja, 85,7% dos candidatos à primeira fase de acesso ao superior. É o número mais alto desde 2010, segundo os resultados da primeira fase do concurso nacional de acesso, divulgados à meia-noite deste domingo e representa um aumento de 4,6% face ao ano passado.

A esta fase do concurso apresentaram-se 52.434 alunos, o que representa um crescimento de 6% face ao número de candidatos do ano anterior. Do número de alunos colocados, 27.648 entraram na Universidade, e 17.266 entraram nos politécnicos públicos.

Com estes dados mantém-se a tendência de crescimento do número de novos alunos que entram nas universidades nos últimos anos. Segundo dos dados disponíveis entre 2013 e 2017, o número de colocados no ensino superior aumentou 20%, mais 74.99 estudantes.

Para o ministro do Ensino Superior, estes resultados “mostram uma evolução favorável na trajetória de qualificar a população portuguesa”. Apesar do balanço “muito positivo”, Manuel Heitor entende que “o ensino superior tem de crescer”.

“Portugal ainda só tem quatro em cada dez jovens de 20 anos no ensino superior, é uma média ainda baixa face às regiões mais desenvolvidas da Europa”, afirmou o ministro da Ciência, Tecnologia e do Ensino Superior.

Já o presidente do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, António Cunha mostrou-se satisfeito com o aumento de colocações no ensino superior, destacando também a subida das notas mínimas de entrada nos cursos. Em declarações à Lusa, António Cunha adiantou que estes números traduzem “uma evolução positiva, mas expectável”.

Para além do número de alunos de estudantes colocados no ensino superior, o presidente do Conselho de Reitores destacou a evolução “muito, muito positiva na qualidade dos alunos que entram”, dado a subida da média de entrada em vários cursos.

De acordo com os resultados do concurso, que podem ser consultados no site da Direção Geral do Ensino Superior (DGES), praticamente metade dos estudantes entraram na sua primeira opção (49%). Na segunda opção entraram 21,6% e 12,8% na terceira opção.

Para a segunda fase do concurso sobraram 6.225 vagas, o que representa uma diminuição de 22,4% face ao ano passado e é mesmo o menor número de vagas desde o ano de 2009. As candidaturas para a segunda fase começam na próxima segunda-feira e prolongam-se até ao dia 22 de setembro, devendo as colocações ser conhecidas a 27 de setembro. Segue-se depois a terceira fase do concurso pelo que o processo de entrada dos alunos no ensino superior só estará concluído a 13 de outubro, altura em que são divulgados os resultados deste última fase.

As Universidades do Porto e de Lisboa lideram em termos de preferência de alunos.

Medicina cai, engenharias impõem-se

No que respeita às médias de entrada, a tendência do ano passado mantém-se. Medicina volta a perder terreno, com três engenharias a liderarem a tabela das médias mais altas. Engenharia Aeroespacial, do Instituto Superior Técnico, lidera a tabela coma nota do último colocado a atingir os 18,8 valores, seguida por Engenharia Física Tecnológica também do Técnico com 187,5 valores. Em terceiro lugar aparece Gestão e Engenharia Industrial da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Medicina, também da Universidade do Porto, aparece na quarta posição, com a média de 18, 33 valores.

Ainda analisando os dados é possível ver que existem 57 cursos sem alunos. As áreas com maior procura continuam a ser as engenharias técnicas e afins (7664 alunos), seguida por Ciências Empresariais (69001 alunos) e Saúde (6737 alunos).

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Número de mortos provocados pelo sismo no México sobe para 90

  • ECO e Lusa
  • 10 Setembro 2017

O número de mortos devido ao sismo que ocorreu quinta-feira à noite na costa sul do México passou para 90. Só no estado de Oaxaca houve 71 das mortes.

O número de mortos devido ao sismo que ocorreu na quinta-feira à noite na costa sul do México passou para 90, divulgou este domingo a Proteção Civil de Oaxaca, referindo que 71 das mortes se registaram neste estado.

Numa publicação na rede social ‘Twitter’, a Proteção Civil de Oaxaca indica que, “numa reunião de avaliação, o governador [daquele estado], Alejandro Murat, revelou que o número de mortos causados pelo terremoto aumentou para 71”, isto apenas naquele estado do sul.

Além destas mortes, registaram-se 15 no estado fronteiriço de Chiapas e outras quatro em Tabasco. O anterior balanço do sismo de magnitude 8,2 era de 65.

Este tremor de terra, o mais forte do último século no país e que atingiu em particular o sul do México, fez ainda centenas de feridos.

O Presidente do México, Enrique Peña Nieto, declarou três dias de luto nacional pelas vítimas do sismo.

Segundo cálculos preliminares, cerca de 50 milhões de pessoas foram expostas ao sismo no México, cujo epicentro foi registado no sudeste do estado de Chiapas (sul).

Doentes e médicos de um hospital em Villahermosa, no México, permaneciam no exterior depois do forte sismo de magnitude 8,4 na escala de Richter. A imagem foi captada a 8 de setembro. EPA/STR

Agora que o sismo passou, a Proteção Civil mexicana deixa um conjunto de recomendações à população sobre o que deve fazer.

 

Na vizinha Guatemala, o abalo afetou mais de 4.700 pessoas e causou quatro feridos, além de provocar danos em cerca de 200 habitações. Afetou também infraestruturas, como dezenas de escolas e uma ponte.

No México, a passagem do furacão Irma causou ainda dois mortos.

Em setembro de 1985, um sismo de magnitude 8,1 devastou grande parte da capital, Cidade do México, e fez mais de dez mil mortos.

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Critical Software vai contratar 100 engenheiros até início 2018

  • Lusa
  • 10 Setembro 2017

A portuguesa Critical Software, com sede em Coimbra, vai contratar 100 profissionais da área de engenharia eletrotécnica e informática, entre outras, até início de 2018.

A empresa portuguesa Critical Software, com sede em Coimbra, vai contratar 100 profissionais da área de engenharia eletrotécnica e informática, entre outas, até início do próximo ano, numa tentativa de responder às “necessidades do mercado”, anunciou hoje esta entidade.

Em declarações à agência Lusa, o diretor de recursos humanos da Critical Software, Nuno Vinagre, explicou que a empresa procura “pessoas com os mais diversos backgrounds académicos, que estejam ligadas à engenharia de desenvolvimento de ‘software’, como a engenharia eletrotécnica e engenharia informática, embora depois também existam […] outros backgrounds para além destes, mas são programadores, basicamente”.

“Quando partimos para um recrutamento nesta ordem de grandeza é porque, de facto, temos projetos a arrancar ou que virão a arrancar e para os quais precisamos dessas pessoas”, precisou o responsável.

De acordo com Nuno Vinagre, o investimento a realizar não está “balizado”, visto que a empresa pretende crescer “não com base em previsões, mas com base em projetos concretos”.

“Não existe uma lógica de valor a investir, existe uma necessidade de mercado, clientes a necessitar dos nossos serviços”, reforçou.

Em causa está, desde logo, uma aposta nos mercados do Reino Unido e da Alemanha e em novos projetos tecnológicos nos setores automóvel, dos transportes, da aeronáutica, entre outros.

Sediada em Coimbra, cidade onde nasceu em 1998, a Critical Software é especializada no desenvolvimento de serviços para o suporte de sistemas críticos orientados para a segurança e para o negócio de empresas.

Atua em setores como o da aeronáutica, da defesa, da segurança interna, dos transportes, das telecomunicações, das finanças e da energia.

Atualmente, tem escritórios em Lisboa e Porto e marca presença, através de subsidiárias, no Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos da América, Brasil, Moçambique e em Angola.

Já emprega, ao todo, cerca de 500 pessoas, das quais perto de 400 são da área da engenharia.

Este ano, já foram contratados 70 colaboradores.

Quando questionado pela Lusa sobre quando pretende concluir as 100 contratações agora anunciadas, Nuno Vinagre admitiu que a companhia gostaria que “fosse ainda durante este ano”, mas admitiu que o prazo se estenda até “ao primeiro ‘quarter’ [quadrimestre] de 2018”.

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Análise: O que muda para as empresas com o registo central do beneficiário efetivo

  • Maria João Mata e Catarina Santinha
  • 10 Setembro 2017

Vai entrar em vigor em novembro o novo regime de registo do beneficiário efetivo. Da nobreza dos princípios à perniciosidade dos resultados vai uma lei de distância, diz a PLMJ na sua análise.

O ECO pediu à sociedade de advogados PLMJ para ajudar a sintetizar o que de mais importante vai mudar para as empresa com o novo regime de registo do beneficiário efetivo. A análise e as explicações são feitas por Maria João Mata, sócia de Corporate M&A, e Catarina Santinha, advogada associada de Corporate M&A, ambas da PLMJ.

Da nobreza dos princípios à perniciosidade dos resultados vai uma lei de distância

Foi publicada no passado dia 21 de agosto a lei n.º 89/2017 que, entre diversas medidas, veio criar o Registo Central do Beneficiário Efetivo (RCBE), previsto no artigo 34.º da lei 83/2017, de 18 de agosto (Novas medidas de combate ao branqueamento de capitais e ao financiamento do terrorismo) e que veio transpor para a ordem jurídica portuguesa o capítulo III da Diretiva (UE) 2015/849, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 20 de maio de 2015, relativa à prevenção da utilização do sistema financeiro para efeitos de branqueamento de capitais ou de financiamento do terrorismo (“4.ª Diretiva”).

Sendo o passado uma das melhores armas de compreensão do presente e de preparação do futuro, permita-nos o leitor, em jeito de introdução, que revisitemos a nossa infância: lembra-se da tenra idade em que, no início das suas saídas noturnas, era bombardeado com uma infindável lista de perguntas sobre os seus amigos, os pais das criaturas, respetivos ofícios e condição social? Pois bem, imagine agora que as suas respostas eram cuidadosa e meticulosamente passadas a escrito para verificação póstuma e conservação eterna, substitua-se as amorosas e preocupadas figuras materna e paterna pelo Estado – tantas vezes pai, mas aqui polícia –, e não andaremos longe da verdade se afirmarmos que o cenário dantesco que o aterrorizava na adolescência voltará a repetir-se nesta nova era, agora que o leitor, já crescido, é um honesto empresário (ou agente económico, como agora se diz) e bom pai (ou mãe) de família.

Isto porque, na prática, o RCBE não mais será do que uma (gigantesca) base de dados, de acesso parcialmente público, na qual serão armazenados e disponibilizados os dados que o legislador considera relevantes sobre as diversas entidades obrigadas (dados e entidades que poderá consultar aqui) –, entre as quais se incluem as sociedades comerciais – e ainda, claro está, os próprios dados pessoais dos respetivos beneficiários efetivos.

A ideia subjacente é clara e o efeito almejado ainda mais: entende o legislador que, por detrás de uma qualquer entidade, haverá sempre um ou mais rostos, rostos esses que têm de passar a ser facilmente (re)conhecidos e, sempre se acrescente, por quem os queira conhecer, no matter what.

O leque de críticas possíveis, nesta fase ainda tão embrionária em que nos encontramos, será, provavelmente, já tão extenso quanto aquele outro que, estamos certas, surgirá quando a nova lei sair das prateleiras dos ministérios da justiça e das finanças, onde aguarda (serenamente) a sua regulamentação. E a esta ânsia e confusão legislativa, que começa na fraquíssima legística e terminará, adivinha-se, nas dificuldades de implementação e concretização práticas do RCBE e das suas muitas obrigações e sanções, não será certamente estranha a circunstância de, mais uma vez, o Estado Português ter incumprido o prazo previsto para a transposição da 4.ª Diretiva, findo a 26 de junho último.

Como atrás antecipámos, não podemos, desde logo, deixar de realçar o tratamento absolutamente indiferenciado reservado à generalidade das entidades sujeitas (com exceção dos trusts), independentemente da sua natureza, dimensão ou grau de opacidade ou transparência atual, o que nos parece, para lá de gritante, absolutamente injustificado. Se a entidade é a sociedade unipessoal por quotas que tem uma pequena exploração agrícola, pertencente ao Senhor Manuel Santos, geradora de parcos rendimentos, ou se, ao invés, é a sucursal de uma gigantesca sociedade financeira internacional, instalada num grande centro urbano, nada importa. No saco do legislador são misturados e tratados por igual, porque “tratar de forma igual o que é igual e de forma diferente o que é diferente, na medida da respetiva diferença” é um (pré)conceito de justiça que não se aplica fora dos velhinhos bancos dos anfiteatros das faculdades de direito.

Com isto, oneram-se particularmente as micro, pequenas e médias empresas, de recursos tantas vezes já estrangulados, que se veem a braços com novas obrigações, quer internamente, passando a ser obrigadas a manter registos exaustivos sobre os seus beneficiários, quer externamente, vendo-se confrontadas com adicionais obrigação declarativas, a cumprir, não só anualmente, mas também sempre e de cada vez que se verifique uma (qualquer!) alteração aos elementos anteriormente comunicados ao Estado.

Seguindo um raciocínio lógico, depois de determinar quais as entidades sujeitas – e a medida da sujeição – a estas novas obrigações, seria naturalmente de esperar que o legislador se tivesse concentrado em definir, sem margem para dúvidas, o concreto conteúdo dessas obrigações. Contudo, também neste plano antecipamos variadíssimas questões e dificuldades na determinação cabal de alguns dos indivíduos, pessoas singulares, cujos dados terão de passar a ser comunicados pelas entidades sujeitas no âmbito do RCBE, uma vez que a lei, depois de identificar como objeto desta declaração os sócios e outros titulares, diretos ou indiretos, das participações e interesses económicos nas entidades sujeitas, recorreu ainda à fórmula indeterminada que designou de “quem, por qualquer forma, detenha o controlo efetivo das sociedades comerciais e demais entidades abrangidas”, fazendo parecer que tudo (mas mesmo tudo…), tem de ser comunicado.

Ora, dada a especial sensibilidade dos dados pessoais que terão de ser comunicados e passarão a poder ser consultados por a quem aprouver, ditariam a lógica e a prudência que a própria lei devesse definir, de forma muito clara e sem recurso a conceitos indeterminados – porquanto a experiência nos mostra que de indeterminados facilmente passam a indetermináveis – quais os critérios segundo os quais se poderá aferir a identidade dos beneficiários efetivos das entidades sujeitas ao RCBE e, já agora, o que se considera, para este efeito, por controlo efetivo dessas entidades. Repare-se que, pelo menos no que toca ao primeiro conceito, não seria especialmente difícil ao legislador concretizá-lo, uma vez que a própria 4.ª Diretiva se debruça, ao longo de vários parágrafos, em considerações sobre o tema.

E nada estranha à crítica anteriormente tecida é a circunstância de muitas destas informações sobre os indivíduos visados passarem a constar do leque de informação disponibilizada de forma pública no RCBE. Pese embora a inquestionável necessidade de precaver a utilização do sistema financeiro para o branqueamento de capitais e o financiamento do terrorismo, temos dúvidas se essa nobre causa justificará a possibilidade de qualquer um de nós ter direito a aceder, através de uma fácil e expedita consulta num portal online, aos dados de identificação pessoais (incluindo nome completo, mês e ano de nascimento, nacionalidade, país de residência e interesse económico detido) dos beneficiários efetivos das entidades sujeitas ao RCBE. O objetivo principal do regime seria igualmente bem assegurado, estamos em crer, se o direito de consulta se aplicasse apenas às entidades judiciárias, policiais e setoriais, bem como à Autoridade Tributária e, eventualmente – mas neste caso sempre com reservas -, a particulares que demonstrassem ter um interesse legítimo na consulta da referida informação, sem que os agentes económicos fossem publicamente expostos à (mera e injustificada) curiosidade alheia. Também nisto o legislador optou por fazer ouvidos moucos às críticas veiculadas pela Comissão Nacional de Proteção de Dados.

E porque falar de leis sem falar das suas sanções é algo que poucos compreenderão, importa realçar que no plano sancionatório este novo regime é especialmente penalizador, dado que as entidades incumpridoras passarão a estar privadas de praticar uma panóplia alargada de atos, que vão desde a distribuição de dividendos à concessão de serviços públicos, passando pela proibição de celebrar qualquer negócio que tenha por objeto a compra e venda de bens imóveis, ou, ainda, a obtenção de apoios de fundos europeus estruturais e de investimento e outros fundos públicos.

Mas também os beneficiários efetivos – em especial, os das sociedades comerciais – poderão ser penalizados no caso de incumprirem as obrigações que este novo regime lhes reserva. A título de exemplo, atente o leitor que, se for sócio de uma sociedade por quotas e se o seu cartão de cidadão caducar, terá de comunicar esta alteração à sociedade num prazo de 15 dias, para que esta, nos 15 dias seguintes, possa, por sua vez, comunicá-lo ao Estado (que, por acaso, até foi quem lhe renovou o cartão de cidadão…). Já no caso de o leitor estar desavindo com o seu sócio, parece-nos de aconselhar que o cuidado antes referido seja tido em dobro, não vá esse sócio (que, por azar, até é o gerente único da empresa do leitor) querer amortizar a sua quota, o que, adivinhe-se, poderá fazer no caso de o leitor se encontrar ausente por mais de dez dias e, no entretanto, se ter esquecido de garantir que uma qualquer alma piedosa lhe abriria a correspondência durante as suas merecidas férias.

Como não poderia deixar de ser, o Estado-legislador guardou para si, Estado-fiscalizador, a gestão e fiscalização do RCBE: diz a lei que a base de dados do RCBE será gerida pelo Instituto dos Registos e Notariado (IRN). Para quem, como nós, lida numa base quase diária com os serviços públicos de registos e notariado, é fácil de antever a sobrecarga de trabalho a que o IRN terá de fazer face com esta (sua) nova e acrescida responsabilidade de conservar, gerir e fiscalizar esta espécie de escrituração figurativa de todas – e não são poucas – as entidades sujeitas ao RCBE. Resta saber se a ambição de tudo conhecer e controlar não será vencida pelas estruturais (e humanas) limitações dos serviços, e se as consequências do incumprimento das novas obrigações criadas pelo RCBE, tão duras quanto dependentes de prévia validação humana, não se ficarão pelo papiro onde repousa a letra da lei.

Assim, resta-nos concluir que, num período em que tanto se fala de estímulos e revitalização da economia e, em particular, da recuperação do tecido empresarial português, alicerçado sobremaneira nas micro, pequenas e médias empresas, nos parece – no mínimo – incongruente que o legislador venha agora onerar tais empresas com obrigações declarativas adicionais que, na generalidade dos casos, nada de novo vêm dar a conhecer ao Estado. Isto porque, relembramos, no caso de todas as sociedades por quotas, das empresas familiares e dos grupos empresariais menos complexos, é hoje perfeitamente possível, com recurso a instrumentos de acesso simples, conhecer a identidade dos seus reais beneficiários efetivos. No espetro oposto, e atendendo à incapacidade do legislador de identificar com precisão a generalidade dos indivíduos cuja identidade pretende conhecer, receamos que não faltem meios e imaginação às estruturas empresariais mais complexas, para permitir aos seus reais beneficiários efetivos – caso o pretendam – conservar o anonimato.

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O patrão abriu o meu email. O que devo fazer?

  • ECO
  • 10 Setembro 2017

Podem os patrões monitorizar efetivamente as comunicações dos seus trabalhadores? Como agir nestas situações? Saiba as condições contempladas na legislação e o ponto de vista dos advogados.

O tema do direito à privacidade e à personalidade dos trabalhadores tem vindo a marcar a atualidade. O caso mais recente data desta semana: o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos deu como provada a violação do direito à privacidade do romeno Bogdan Mihai Bărbulescu, após a empresa para a qual trabalhava o ter despedido por ter encontrado mensagens de foro privado na sua caixa de correio eletrónico. O Tribunal deu razão ao funcionário, já que a empresa consultou o seu correio sem o avisar previamente. Apesar de ter dado razão a Bărbulescu, o Tribunal abriu uma nova frente de polémica e discussão, já que admitiu como sendo normal que os patrões possam aceder às contas de email dos seus empregados, desde que avisem previamente e apresentem uma justificação plausível e antecipada.

O que diz a lei em Portugal?

Segundo a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT), os trabalhadores gozam de direito à personalidade, isto é, proteção “contra qualquer ofensa ilícita à sua pessoa física ou moral”, conforme se pode ler no seu site e no Artigo 70.º do Código Civil. Neste sentido, a autoridade recorre ao Código do Trabalho e a uma deliberação da Comissão Nacional de Proteção de Dados de forma a estabelecer um enquadramento legal que cubra este direito em contexto de monitorização das comunicações.

O Código do Trabalho prevê no artigo 22.º que o trabalhador tem direito à reserva e à confidencialidade no que toca a mensagens de cariz pessoal e ao acesso a informação de caráter não profissional via email. “Porém”, adverte a ACT, “tal não prejudica o poder de o empregador estabelecer regras de utilização dos meios de comunicação na empresa”.

No âmbito do controlo das comunicações, a Comissão Nacional de Proteção de Dados emitiu, a 16 de julho de 2013, uma deliberação que estabelece os limites dentro dos quais as entidades empregadoras podem proceder a tal vigilância.

"Sejam quais forem as regras definidas pela empresa para a utilização do correio eletrónico para fins privados, o empregador não tem o direito de abrir, automaticamente, o correio eletrónico dirigido ao trabalhador.”

Comissão Nacional para a Proteção de Dados

Deliberação (16/07/2013)

As mensagens não perdem o cunho pessoal ou confidencial por ficarem gravadas num servidor detido pela entidade patronal. A deliberação, contudo, adverte que devem ser criadas pastas próprias dos trabalhadores, devidamente identificadas.

De fora da monitorização patronal ficam as mensagens relacionadas com segredo e sigilo profissionais:

"Também no que diz respeito ao correio eletrónico, o segredo profissional específico que impende sobre o empregado (v.g., sigilo médico, sigilo profissional de advogado, ou segredo das fontes) tem de ser preservado, não devendo o conteúdo das suas mensagens ser acedido em circunstância alguma nem os dados de tráfego reveladores dos remetentes ou destinatários exteriores ser objeto de tratamento para fins de controlo.”

Comissão Nacional para a Proteção de Dados

Deliberação (16/07/2013)

A deteção de um vírus ou software malicioso também não confere automaticamente aos patrões o direito pleno de aceder ao correio eletrónico dos funcionários. Quanto muito, o documento aponta para uma “filtragem” de ficheiros que, pela sua extensão (.exe, .mp3, ou imagens), podem ser alheios à atividade da empresa.

Em caso de preservação de segredo comercial, a empresa pode proceder a eventuais ações de controlo. No entanto, estas só podem incidir sobre as pessoas que têm acesso a tais informações sigilosas e quando existe fundamento de possíveis fugas de informações. Neste contexto específico, o acesso ao email deve ser “o último recurso a utilizar pela entidade empregadora”, e deve ser feito na presença do trabalhador em questão e, preferencialmente, de um representante da comissão de trabalhadores ou alguém indicado pelo mesmo empregado.

"O referido acesso deve limitar-se à visualização dos endereços dos destinatários, o assunto, a data e hora do envio, podendo o trabalhador – se for o caso – especificar a existência de algumas mensagens de natureza privada e que não pretende que sejam lidas pela entidade empregadora.”

Comissão Nacional para a Proteção de Dados

Deliberação (16/07/2013)

Nas situações em que os trabalhadores saem da empresa, a deliberação prevê que seja definido um prazo até ao qual os empregados em questão terão de retirar do arquivo de correio eletrónico todo o conteúdo de foro pessoal e o patrão terá de eliminar a conta. Os empregadores devem também evitar situações de email heritage, em que uma determinada conta de email passa de um funcionário que abandona a empresa para um outro funcionário.

E em caso de má conduta dos patrões?

A advogada Leonor Monteiro, especialista em Direito da União Europeia, refere que, nestes casos, o trabalhador poderá enviar uma carta ou marcar uma reunião com o patrão para o informar que tomou conhecimento da situação e tentar perceber porque tal aconteceu ou se faz parte do regulamento interno da empresa. “Isso pode até gerar uma justa causa de despedimento com direito a indemnização”, diz, considerando que a questão pode ser discutida em tribunal.

A Autoridade para as Condições do Trabalho explica que, caso as entidades patronais violem o direito à personalidade dos seus funcionários, estas podem incorrer na prática de contraordenação punível com coima, prevista pelo Código do Trabalho. Do lado dos empregados lesados pode ser feita uma denúncia no portal da entidade. Após o preenchimento do formulário, a autoridade procede a uma primeira análise da situação, seguindo-se um procedimento de inspeção mais adequado e concreto.

Segundo o Relatório de Inspeção do Trabalho de 2015 da ACT, a entidade enviou 53 advertências em matéria de direitos de personalidade, das quais avançaram duas infrações, com uma moldura sancionatória mínima de 2.244 euros.

“Fica-se pelos tribunais de primeira instância…”

Julgo que a questão se prende com o início da atividade do trabalhador que terá que ter consciência e conhecimento que o patrão irá monitorizar e aceder ao servidor onde constam os emails da empresa”, sublinha Leonor Monteiro. Para a advogada e especialista em Direito da União Europeia é possível que as empresas criem um regulamento no sentido de aceder a comunicações dos trabalhadores, “simplesmente o trabalhador tem de ter conhecimento disso”.

Advogado desde 1999, Ricardo Felgueiras admite nunca ter trabalhado em casos neste âmbito. Olhando para a situação de Bogdan Bărbulescu, o jurista com especialidade em Direito do Trabalho faz o paralelo com o contexto português: “A ideia que tenho é que há muito pouco recurso ao Tribunal Europeu dos Direitos do Homem em Portugal nestas matérias”. O advogado lamenta que muitos casos se fiquem pelas primeiras instâncias. O mesmo considera que a monitorização é “legítima” durante o horário laboral, “desde que isso não colida com os direitos dos trabalhadores”.

Sobre uma possível revisão e alteração da legislação, ambos se mostraram de acordo, alegando que a legislação apresenta imprecisões nestes contextos. Ricardo Felgueiras, por exemplo, refere que “deve haver uma restrição mais forte” no que toca às plataformas a serem monitorizadas pelas entidades patronais, “ou pelo menos uma objetividade maior porque fica tudo muito amplo, abarca múltiplas situações e deve ser mais restringido”.

"Ainda se encontra tudo muito vago, assente nos princípios que regem o Direito de Trabalho, que também são critérios vagos, que têm de ser concretizados na prática (..) Se tivéssemos na lei algo que nos ajudasse a definir o que pode e o que não pode ser feito, seria muito mais fácil.”

Leonor Valente Monteiro

Advogada e especialista em Direito da União Europeia

A advogada conclui referindo um “conflito de valores” entre o direito da empresa em dispor de mão-de-obra produtiva e o direito à privacidade dos trabalhadores.

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Cristas defende baixa de impostos em todos os escalões do IRS

  • Lusa
  • 9 Setembro 2017

Com a "dívida pública a bater recordes, em valores absolutos e em percentagem do PIB", o Governo está "omisso, a fingir que está tudo bem", e "a voltar ao laxismo de outros tempos", acusa Cristas.

A líder do CDS-PP, Assunção Cristas, defendeu este sábado uma baixa de impostos em todos os escalões do IRS, argumentando ser “injusto e imoral defender baixas apenas para alguns”.

“Num país onde 52% das pessoas não pagam IRS – e não pagam porque têm rendimentos muito baixos -, num país onde 11% dos contribuintes pagam 70% do IRS arrecadado, é injusto e imoral defender baixas apenas para alguns, continuando a carregar nos outros. Para nós, não há portugueses de primeira e de segunda”, defendeu Assunção Cristas.

No encerramento da Convenção Autárquica Nacional do partido, a líder e candidata à Câmara de Lisboa nas eleições de 1 de outubro, anunciou também um regresso do tema do Rendimento Social de Inserção (RSI) ao discurso dos centristas, manifestando-se contra “prestações sociais automáticas” sem fiscalização.

Assunção Cristas argumentou que, com a “dívida pública a bater recordes, quer em valores absolutos, quer em percentagem do PIB”, o Governo está “omisso, a fingir que está tudo bem”, e “a voltar ao laxismo de outros tempos”.

“A começar pela alteração à fiscalização do RSI, onde voltaremos a renovações automáticas sem qualquer intenção de fiscalização. É inadmissível e contra tal nos empenharemos, porque somos a favor de prestações sociais dadas a quem delas necessita, mas somos absolutamente contra prestações sociais dadas a quem delas não precisa“, argumentou.

Sobre a carga fiscal, a líder centrista começou por considerar que, “se há margem para mexer nos impostos, então olhe-se para toda a carga fiscal” e “então que se baixe em todos os escalões”.

Assunção Cristas insistiu na degradação dos serviços públicos, que atribui às cativações e também ao aumento da dívida, em áreas como a saúde e a educação. “O ano escolar está a abrir e no primeiro dia voltam as notícias de que há escolas que podem não abrir as portas por falta de auxiliares”, afirmou, referindo que tal se verifica por todo o lado “e toca a todos”, ilustrando com a escola da sua filha mais velha. “E que diz o ministro? Que há concursos em marcha. Não saberá o senhor ministro que o ano letivo começa em setembro”, questionou.

Cristas anunciou que o CDS-PP vai voltar a apresentar em sede de Orçamento do Estado a baixa progressiva do IRC, uma medida do anterior Governo e que chegou a ser consensualizada com o PS, sob a liderança de António José Seguro, e que foi interrompida por António Costa.

Antes do Orçamento, os centristas levarão ao plenário da Assembleia da República uma proposta para a divulgação periódica das cativações, lembrou a líder centrista, que desafiou PCP e BE a viabilizarem a medida (o Bloco anunciou na sexta-feira uma proposta semelhante).

A situação na Autoeuropa foi igualmente mencionada no discurso da líder, tal como havia sido nas intervenções dos dirigentes Nuno Magalhães, Nuno Melo, Mota Soares e Telmo Correia. “É o Governo das esquerdas unidas que quer interferir nas empresas, mas deixa PCP e BE darem um espetáculo deplorável de luta pelo poder na Autoeuropa, quebrando uma paz laboral de 20 anos. Este é o Governo apoiado por quem, à vez, defende Caracas ou Pyongyang”, afirmou.

Ao longo de toda a tarde, num anfiteatro do Centro de Congressos de Lisboa com capacidade para cerca de mil pessoas, falaram os autarcas eleitos pelo CDS-PP – alguns através de mensagens vídeo, como o presidente de Câmara de Ponte de Lima-, e dois candidatos por cada distrito e cada região autónoma.

O presidente da Câmara de Albergaria-a-Velha, António Loureiro, que integrou a lista ao Conselho Nacional de Filipe Lobo D’Ávila, alternativa à de Assunção Cristas, no congresso de março de 2016, falou em tom de elogio à liderança: “Que sorte que nós temos em ter uma presidente como a doutora Assunção Cristas”.

António Loureiro manifestou ainda a certeza de que das eleições autárquicas resultarão “mais presidentes de Câmara no distrito de Aveiro”, no que foi depois secundado pelo líder da distrital, Jorge Pato, taxativo ao afirmar que os centristas vão “ganhar as eleições em Oliveira do Bairro”.

A presidente do partido não estabeleceu metas quantitativas, tendo reiterado o objetivo geral de crescimento do CDS-PP.

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BE quer desdobramento dos escalões do IRS entre 7.000 e 40.000 euros

  • Lusa
  • 9 Setembro 2017

O Bloco propõe a criação de quatro novos escalões no IRS: um entre os 7.000 e os 12.500 euros, outro dos 12.500 aos 20.000, um entre os 20.000 e os 30.000 euros e outro entre 30.000 e 40 mil euros.

O Bloco de Esquerda (BE) quer um desdobramento dos dois escalões atuais do IRS que abrangem rendimentos entre 7.000 e 40.000 euros brutos anuais, disse hoje a coordenadora nacional do partido, Catarina Martins.

“O Bloco de Esquerda tem dito que é preciso recuperar a progressividade do IRS criando mais escalões. É, aliás, um compromisso que está no acordo assinado em novembro de 2015 com o PS e que é preciso pôr em prática”, disse Catarina Martins em Torres Novas, no distrito de Santarém, no final de um encontro do partido no qual foi assumida uma agenda local pela igualdade e pelo combate à violência contra as mulheres.

A líder bloquista precisou que, na negociação do Orçamento do Estado para 2018, o partido propõe a criação de dois novos escalões no IRS (Imposto sobre o Rendimento das Ppessoas Singulares), para que o escalão que atualmente se situa entre os 7.000 e os 20.000 euros seja dividido num escalão entre os 7.000 e os 12.500 euros e noutro dos 12.500 aos 20.000.

O outro escalão a ser criado deverá partir o atual escalão que se situa entre os 20.000 e os 40.000 euros, criando um entre os 20.000 e os 30.000 euros e outro entre os 30.000 e os 40.000 euros.

“Sabemos que as pessoas que ganham anualmente de rendimento bruto até 30.000 euros são aquelas que tiveram maior aumento de impostos com Vítor Gaspar, ou seja, tiveram aumentos de impostos de mais de 150%. Proporcionalmente ao que ganham, foram as que mais perderam com o enorme aumento de impostos do PSD e do CDS”, afirmou.

"Sabemos que as pessoas que ganham anualmente de rendimento bruto até 30.000 euros são aquelas que tiveram maior aumento de impostos com Vítor Gaspar, ou seja, tiveram aumentos de impostos de mais de 150%. Proporcionalmente ao que ganham, foram as que mais perderam com o enorme aumento de impostos do PSD e do CDS.”

Catarina Martins

Líder do BE

Catarina Martins afirmou que o BE “tem feito propostas concretas para efetivar mais escalões de uma forma faseada”, uma vez que o Governo “considera que é complicado fazer tudo num só orçamento”.

“É importante começar a haver propostas concretas em cima da mesa sobre como é que há alívio fiscal do próximo Orçamento do Estado. O Bloco de Esquerda julga que é o momento também de outros partidos fazerem propostas concretas”, acrescentou.

Para a líder bloquista, uma baixa de impostos nos escalões que correspondem a salários entre os 800 e os 1.500 euros mensais, que sofreram o “gigantesco aumento de impostos” durante o Governo PSD/CDS, terá “um efeito positivo nos rendimentos do trabalho também em escalões daí para cima”.

“O que o Bloco propõe é que os rendimentos do trabalho – salários e pensões – têm de ser aliviados. Há outros rendimentos que nunca pagaram o imposto devido, nomeadamente de capital e propriedade, e esses, com o englobamento do IRS, passariam a pagar um pouco mais”, declarou.

Catarina Martins afirmou que o BE “continua a achar que há 1.200 milhões de euros que foram retirados ao trabalho por via fiscal e que devem ser devolvidos ao trabalho”, considerando que, para lá da criação dos dois escalões que o partido propõe, “há outras questões fiscais que devem ser resolvidas”.

Como exemplo referiu o aumento do limiar de subsistência, “ou seja, o momento a partir do qual se começa a pagar IRS”.

Frisando que em Portugal, por muito pouco que ganhe, toda a gente paga impostos (deu como exemplo o imposto sobre o consumo, IVA), Catarina Martins defendeu que seja ajustado o limiar de subsistência, libertando de impostos os salários e as pensões mais baixas, que se situam na linha da pobreza.

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Fogo da Sertã próximo de aldeias

  • Lusa
  • 9 Setembro 2017

O incêndio que lavra no concelho da Sertã está a aproximar-se de várias aldeias e obrigou ao corte do Itinerário Complementar (IC) 8, entre Vale do Pereiro e a Sertã, indicou a ANPC.

O incêndio que lavra no concelho da Sertã está a aproximar-se de várias aldeias e obrigou ao corte do Itinerário Complementar (IC) 8, entre Vale do Pereiro e a Sertã, indicou a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

O comandante da ANPC Paulo Santos disse à agência Lusa que este incêndio do distrito de Castelo Branco está a aproximar-se de várias aldeias do concelho da Sertã, mas ainda não houve localidades evacuadas.

Paulo Santos adiantou que estão a deslocar-se para várias aldeias, como Ribeira da Várzea, Póvoa da Várzea, Hortas e Vale do Pereiro, grupos de apoios com ambulâncias para auxiliar as populações e evacuar as localidades em caso de necessidade.

O comandante da ANPC indicou também que uma casa de habitação em Póvoa da Várzea foi afetada pelo fogo e o IC8 está cortado ao trânsito entre Vale do Pereiro e a Sertã.

Segundo a ANPC, o incêndio lavra desde as 17:35 de sexta-feira e está a ser combatido por 627 bombeiros, 206 veículos e 13 meios aéreos.

Paulo Santos afirmou que houve um reforço de meios, estando o incêndio “bastante intenso” e o combate a ser dificultado devido ao vento forte.

O comandante disse ainda que este fogo é “bastante complexo” e “não está a ceder aos meios” de combate, que “não conseguem acompanhar a frente do fogo”.

O outro incêndio do distrito de Castelo Branco, que teve origem num reacendimento pelas 15:45 de sexta-feira na Covilhã, está em fase de resolução, mas permanecem no local 300 operacionais, apoiados por 90 viaturas e dois meios aéreos.

Paulo Santos afirmou que este fogo “ainda continua a dar trabalho” aos bombeiros e está a ter algumas reativações.

De acordo com a página da internet da Proteção Civil, a Estrada Nacional 343, entre Barco e Telhado, continua cortada ao trânsito devido a este fogo na freguesia de Paul, concelho da Covilhã.

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Jerónimo de Sousa avisa Governo que descongelamento de carreiras é essencial

  • Lusa
  • 9 Setembro 2017

O secretário-geral do PCP avisou hoje o Governo que o OE para 2018 tem de efetivar a medida de todos os trabalhadores da administração pública terem adquirido o seu direito à progressão de carreiras.

O secretário geral do PCP avisou hoje o Governo que o Orçamento do Estado para 2018 tem de efetivar a medida de todos os trabalhadores da administração pública terem adquirido o seu direito à progressão nas respetivas carreiras.

Numa alusão às reservas que têm sido transmitidas por meios governamentais sobre o peso financeiro resultante de um descongelamento não faseado das carreiras na administração pública, o líder do PCP, numa nota de improviso, frisou que “a reposição dos direitos e a progressão das carreiras dos trabalhadores da administração pública é uma medida essencial” no âmbito do Orçamento do Estado para 2018.

“É essencial para valorizar os trabalhadores e os serviços públicos depois de quase uma década de negação desse direito. É uma medida que tem de ir tão longe quanto necessário para dar resposta à reposição de direitos e progredir, assegurando que todos os trabalhadores tenham adquirido o direito à progressão com a sua efetivação em 2018”, reforçou Jerónimo de Sousa, que falava no encerramento de um comício da CDU na Freguesia das Mercês, município de Sintra, integrado na pré-campanha autárquica.

Mas, Jerónimo de Sousa deixou mais um recado ao executivo socialista, referindo-se a matéria acordada nas negociações do ano passado para o Orçamento do Estado para 2017.

É preciso lembrar que esta medida foi inscrita no Orçamento para 2017 por iniciativa e insistência do PCP“, salientou o líder comunista.

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França, Alemanha, Itália e Espanha querem taxar gigantes tecnológicas

  • ECO
  • 9 Setembro 2017

Os ministros das Finanças da Alemanha, França, Itália e Espanha querem taxar as gigantes tecnológicas sobre as receitas que estas realizem na Europa. Carta seguiu para o presidente do Eurogrupo.

Os quatro grandes países do Euro (França, Alemanha, Itália e Espanha) querem obrigar as gigantes mundiais da internet a pagarem mais impostos. A proposta citada este sábado pelo jornal espanhol El País passa por uma harmonização fiscal sobre as multinacionais tecnológicas, como a Google, Apple ou Amazon.
A proposta seguiu, este sábado, através de uma carta assinada pelos ministros das Finanças dos quatro países para o presidente do Eurogrupo, para ser discutida já na próxima semana. A ideia é que esta multinacionais paguem impostos à medida das receitas que realizam em cada país.

“Não temos que aceitar que estas empresas façam negócios na Europa enquanto pagam uma quantia mínima de impostos nas nossas tesourarias”, refere o El País que teve acesso à missiva.

Os ministros das Finanças que assinam a carta salientam que: “A eficiência económica está em jogo, assim como a equidade fiscal e a soberania”.

A iniciativa terá sido impulsionada pela França que pretende assim apertar o cerco sobre os abusos fiscais destas gigantes tecnológicas.

O diferendo entre as receitas e os impostos pagos pelas multinacionais tecnológicos, não é uma matéria nova. Bruxelas tem inclusive uma investigação aberta sobre a Google e outras empresas, tendo mesmo multado o ano passado em 13 mil milhões de euros a Apple, devido ao alívio fiscal de que esta empresa beneficiou na Irlanda, entre 2003 e 2014.

 

 

 

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Fogo da Covilhã em fase de resolução. Sertã continua ativo

  • Lusa
  • 9 Setembro 2017

O incêndio no concelho da Covilhã está em fase de resolução, continuando ativo o outro fogo que lavra na Sertã, também no distrito de Castelo Branco, segundo a ANPC.

O incêndio no concelho da Covilhã está em fase de resolução, continuando ativo o da Sertã, também no distrito de Castelo Branco, segundo a Autoridade Nacional de Proteção Civil (ANPC).

A ANPC adianta que o incêndio da Covilhã, que teve origem num reacendimento pelas 15:45 de sexta-feira, está dominado e permanecem no local 300 operacionais, apoiados por 90 viaturas e dois meios aéreos.

De acordo com a página da internet da Proteção Civil, a Estrada Nacional 343, entre Barco e Telhado, continua cortada ao trânsito devido a este fogo na freguesia de Paul, concelho da Covilhã.

O outro incêndio de grande dimensão continua a lavrar desde as 17:35 de sexta-feira na localidade do Carvalhal, no concelho da Sertã, e está a ser combatido por 602 bombeiros, 192 veículos e 13 meios aéreos, refere a ANPC, indicando ainda que este fogo tem uma frente ativa.

Às 16:50, a ANPC dava conta da existência de 38 incêndios rurais, que mobilizavam um total de 1.851 operacionais, 522 viaturas e 27 meios aéreos.

 

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