Bitcoin sobe, sobe, sobe…. Quem dá mais?

Analistas em desacordo quanto ao valor da bitcoin no curto, médio e longo prazo. Há previsões para todos os gostos e apostas para daqui a uma década. Spoiler alert: o valor é alto.

Analistas sem consenso quanto ao verdadeiro potencial da bitcoin

A bitcoin renovou máximos históricos na semana passada, com a moeda a bater o pico dos 4.477 dólares. A divisa virtual, nascida nos confins da internet, mantém-se assim na boca do povo e, por isso, todos têm uma palavra a dizer. Mais propriamente sobre o valor que vai atingir nos próximos meses. Há estimativas de todas as formas e feitios, o que leva à pergunta: quem dá mais?

Não há grande consenso. As previsões variam no valor e no prazo, mas dão arrepios a quem tem vertigens. Juntando a alta volatilidade deste ativo, parece impossível prever quanto valerá uma bitcoin no final do ano, ou mesmo daqui a três ou dez anos. De acordo com a Bloomberg, o único ponto de convergência entre os analistas parece ser o de que haverá “alguma resistência” entre os 4.500 e os 4.800 dólares. A moeda deverá recuar para ganhar balanço e, depois, continuar a ascensão.

A agência falou com alguns dos analistas que já assumiram posições face à moeda virtual e descentralizada, que escalou cerca de 180% nos primeiros seis meses deste ano. No curto prazo, a Fundstrat Global Advisors e o GFI Group preveem que a moeda encerre o ano a valer 6.000 dólares.

Estendendo o prazo, a Standpoint Research coloca a bitcoin a valer 7.500 dólares em 2018. Mas, em contrapartida, para GFI Group, nessa altura a moeda já valerá 10.000 dólares, indica a agência.

No longo prazo, a Fundstrat Global Advisors estima que a moeda escale até aos 25.000 dólares em 2022. E há também quem faça previsões para 2027: para a Standpoint Research, uma bitcoin deverá valer 50.000 dólares daqui a uma década.

No início de julho, o Goldman Sachs previa que a bitcoin ainda ia dar um trambolhão antes de registar novos recordes, o que não se materializou concretamente. Ainda assim, as estimativas mais recentes do banco mantêm-se apertadas, com Sheba Jafari a alertar para a hipótese de a divisa desvalorizar 40% antes de chegar aos 4.827 dólares.

A bitcoin tem vindo a beneficiar da sua própria popularidade. Com uma oferta muito limitada e uma procura que parece não ter fim, o preço tem vindo a subir a uma velocidade estonteante, havendo também quem tema estar perante uma bolha prestes a implodir.

De qualquer forma, segundo a Bloomberg, vêm aí melhorias à tecnologia em novembro. O objetivo será acelerar a velocidade do processamento das transações, um dos problemas que a comunidade tem vindo a enfrentar nos últimos tempos.

Bitcoin ultrapassou a fasquia dos 4.000 dólares

Fonte: Bloomberg

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Corrupta, desigual, pouco competitiva. Angola nos rankings

  • Juliana Nogueira Santos
  • 21 Agosto 2017

Segundo diversos rankings mundiais, Angola é um país corrupto, desigual e pouco competitivo. Afinal, onde é que Angola se localiza por entre os outros países?

Na hora de se apresentar ao mundo, como é que Angola se pode retratar? São várias a instituições externas que se apressam a pintar o retrato deste país no que diz respeito à economia, ao ambiente empresarial e ao desenvolvimento político e social, não querendo isto dizer que seja o retrato que Angola quer mostrar ao mundo.

Segundo os rankings mundiais de instituições tão variadas como o Banco Mundial ou as Nações Unidas, Angola é um país corrupto, desigual e pouco competitivo. Há outras até que a inserem na categoria dos países autoritários e de fraco desenvolvimento, afirmando que menos de 5% da população está verdadeiramente contente com as suas condições de vida. O ECO reuniu cinco rankings para localizar, em concreto, Angola por entre os diversos países.

140.º na competitividade empresarial

Os últimos dados da competitividade empresarial angolana são relativos ao Relatório de Competitividade Global do Fórum Económico Mundial de 2014, no qual o país ocupava o 140.º lugar, por entre 144 países. Desde então, a instituição não tem conseguido recolher informação suficiente para posicionar o país entre as outras economias mundiais

O índice de competitividade empresarial do Fórum Económico cruza 12 pilares de competitividade, desde a educação e formação da força de trabalho até à capacidade de inovação. Para este, a economia angolana caracterizava-se por estar entre uma economia que apenas se serve dos seus recursos naturais — principalmente o petróleo — e de mão-de-obra pouco qualificada para produzir, e uma economia em que já se pensa mais na eficiência dos processos de produção, bem como na qualidade dos mesmos.

O ambiente macroeconómico do país e a extensão do seu mercado eram apontados pela instituição como os fatores que mais contribuem para a competitividade empresarial do mesmo. Pelo contrário, a parca educação e formação da força de trabalho, a necessidade de inovação e sofisticação e as dificuldades no acesso ao financiamento atiravam Angola para o fundo da tabela da competitividade.

O Fórum Económico considerava que o país tinha “uma oportunidade única de investir as receitas [das matérias-primas] em medidas de melhoria da competitividade”. Contudo, o fraco estado de desenvolvimento das infraestruturas, a ineficiência dos gastos públicos e a corrupção latente tanto nas instituições públicas como nas privadas retêm o país na sua escalada pela competitividade.

Ainda assim, os últimos reparos a Angola foram deixados na edição de 2017 do Relatório de Competitividade para o continente africano. Neste, o Fórum Económico Mundial considerava existir um desencontro entre o crescimento expectável do país, que se prevê forte, e as políticas sociais consideradas fracas, o que poderá vir a resultar em “vulnerabilidades demográficas”.

164.º na perceção de corrupção

Como é sublinhado pelo Fórum Económico Mundial, a corrupção é um dos fatores que se tem tornado um grande obstáculo para o desenvolvimento da democracia e para a revitalização económica e empresarial do país. No entanto, não é só esta instituição que tal afirma.

A Transparency International, uma associação que mantém as suas atenções concentradas na luta pela transparência dos governos, das empresas e da sociedade em geral, organiza anualmente os países por ordem de perceção de corrupção, em que o primeiro classificado é percecionado como a nação mais limpa e transparente e o último exatamente o contrário. Angola está a 12 posições de ser percecionada como a nação mais corrupta do mundo. E porquê?

Angola está entre os 20 piores países no que diz respeito à corrupção.Transparency Internacional

A associação não oferece uma análise individual dos países, contudo, justifica que os países com pontuações mais baixas — como é o caso de Angola que regista uma pontuação de 18 pontos em 100 — “estão infestados de instituições públicas que não são de confiança nem funcionam bem, como a polícia e o sistema judicial”. E mesmo naqueles em que as leis anticorrupção “estão nos livros”, estas são “muitas vezes contornadas ou ignoradas”, com os cidadãos a enfrentarem situações de extorsão, suborno e apropriação ilegal de fundos, seguidas de indiferença por parte das autoridades.

Na análise geral da região da África Subsariana, a Transparency chama à atenção dos políticos que chegaram à liderança firmados em valores anticorrupção, sendo que estes “precisam de cumprir os seus juramentos e garantir serviços livres de corrupção aos seus cidadãos”, entre os quais “sistemas eleitorais que permitam aos cidadãos reeleger ou escolher uma alternativa livremente”.

Para a associação, a continuidade destas políticas fará com que se entre num ciclo vicioso muito difícil de quebrar: “a corrupção leva a uma distribuição desigual do poder numa sociedade que, por sua vez, se traduz numa distribuição desigual da riqueza e das oportunidades”.

182.º na facilidade de fazer negócio

Ainda no que diz respeito à competitividade e à facilidade de fazer negócio, o Banco Mundial redige anualmente o seu Relatório “Doing Business”. Angola ocupa o 182.º lugar desta lista de 190 países, mas não são os aspetos negativos que são destacados pela instituição, mas sim os pontos que o tornaram um melhor país para fazer negócio.

As melhorias dizem respeito à abertura de um novo negócio, à carga fiscal e à regulação do mercado de trabalho. No primeiro campo, o Banco Mundial destaca a eliminação de um capital social mínimo no momento de estabelecimento de uma empresa, enquanto no segundo é agora mais fácil e menos penoso pagar os impostos, com a diminuição da frequência de pagamento de impostos e o aumento de despesas dedutíveis.

No que diz respeito à regulação do mercado de trabalho, os contratos de trabalho a termo certo foram alargados para 120 meses e os bónus por trabalho noturno e em feriados foi reduzido. No entanto, as melhorias trazidas por estas medidas contribuíram menos para o resultado final, que continua a ficar aquém do resto do mundo.

130.º na qualidade da democracia

Se até então só tínhamos localizado Angola nos rankings empresariais e económicos, é através do Índice de Democracia elaborado pelo Departamento de Inteligência do The Economist que se consegue ter uma perceção de como funciona o aparelho político e social do país.

José Eduardo dos Santos é presidente de Angola desde 1979.PEDRO PARENTE / ANGOP / LUSA

Ainda que os analistas da revista não deixem qualquer comentário especialmente focado na situação angolana, estes colocam-na no 130.º lugar por entre 167 países, com uma pontuação que corresponde a um sistema autoritário. Nestes, o pluralismo não existe ou está muito restringido, as eleições, quando existem, não são livres e justas e os meios de comunicação são controlados pelo Estado ou por grupos ligados ao regime.

Por entre as cinco categorias analisadas pelo The Economist, Angola consegue um resultado positivo na que diz respeito à participação política – 5,56 em 10 –. Por outro lado, fica muito aquém na categoria relativa ao processo eleitoral e ao pluralismo político, precisamente aqueles que serão postos em prática neste dia 23 de agosto.

150.º no desenvolvimento humano

A reiterar o fraco investimento social e humano expresso pela The Economist está também a Organização das Nações Unidas. No seu último Relatório de Desenvolvimento Humano, que controla a magnitude com que as nações estão a cumprir os objetivos de desenvolvimento propostos pela mesma instituição, Angola fica em 150.º lugar, entre 188 países.

A pontuação angariada em elementos como a esperança média de vida, a taxa média de literacia, entre outros, faz com que Angola seja considerado um país com fraco desenvolvimento humano, onde se destacam os baixos gastos públicos com a educação e a saúde.

Com cerca de 2% do Produto Interno Bruto alocado às despesas com a saúde, regista-se em Angola uma elevada taxa de mortalidade nos homens (36,9%), marcada por números elevados de suicídio entre os mesmos indivíduos (20,7%). A esperança média de vida está nos 52,7 anos.

A fatia do PIB alocado à educação é de 3%, com a taxa de literacia global a localizar-se no 71% e a taxa de desistências no ensino primário a registar valores de 68%.

Em termos gerais, apenas 3,8% da população angolana diz-se totalmente satisfeita com as suas condições de vida.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Tribunal de Contas aceita: STCP pode passar para municípios

  • Lusa
  • 21 Agosto 2017

Agora os municípios servidos pela STCP - Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Maia, Valongo e Gondomar - podem passar a gerir a empresa que no verão de 2015 esteve para ser concessionada.

O Tribunal de Contas (TdC) deu hoje “luz verde” à passagem da Sociedade de Transportes Coletivos do Porto (STCP) para gestão das autarquias, revelou o coordenador da área dos transportes da Área Metropolitana do Porto (AMP), Marco Martins.

Em causa está o visto que faltava no processo e cuja atribuição, na prática, permite que os municípios servidos pela STCP – Porto, Matosinhos, Vila Nova de Gaia, Maia, Valongo e Gondomar – passem a gerir a empresa que no verão de 2015 esteve para ser concessionada.

“[A chegada do visto significa na prática] que podemos concluir o processo de passagem da empresa. Não é possível adiantar datas precisas, mas julgo que durante o mês de setembro será possível concluir o processo, nomeando uma nova administração pelos municípios que passam a gerir a STCP como é vontade das populações”, referiu, em declarações à agência Lusa, marco Martins.

O também presidente da Câmara de Gondomar recordou que o processo tem dois anos, tendo gerado muitas reuniões com Governo, STCP e autarquias sobre como se devia proceder à gestão da empresa. Na redação final do processo de passagem para as Câmaras, lê-se que ficou combinado que as autarquias, numa primeira fase, fazem a gestão operacional por um período de sete anos, cenário aplaudido pelo responsável pela mobilidade na AMP.

“As autarquias conhecem melhor as necessidades, conhecem as realidades e os problemas, têm proximidade. O processo teve muitas reservas invocadas pelo TdC e, recentemente até regressou às câmaras e às assembleias municipais para mais deliberações, mas o visto há muito aguardado chegou e em boa hora”, disse Marco Martins.

“Este foi provavelmente o processo que me deu mais trabalho, mais cabelos brancos, a liderar e a gerir mas valeu a pena e quem sairá a ganhar são as populações”, vincou, por fim, Marco Martins.

Em agosto de 2015 o Ministério da Economia confirmou o novo lançamento do concurso de subconcessão da STCP, mas o processo acabou por ser travado e a passagem será feita a seis Municípios da AMP servidos pela rede. Ainda este mês o Presidente da República promulgou o diploma que altera o decreto que determinou “a descentralização, parcial e temporária, da gestão operacional”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Michel Temer confunde Paraguai com Portugal

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

O Presidente brasileiro confundiu Paraguai com Portugal num almoço com o Presidente paraguaio, Horácio Cartes.

O Presidente brasileiro Michel Temer cometeu uma gafe e fez referência à relação entre “Brasil e Portugal” num almoço com o Presidente do Paraguai, Horácio Cartes, no Palácio dos Arcos, sede do ministério dos Negócios Estrangeiros brasileiro.

Em declarações citadas pela Folha de S. Paulo, Michel Temer disse: “Na nossa Constituição, há um dispositivo especial que determina que toca e qualquer política pública do país se volte para a integração latino-americana de nações. Portanto, quando fazemos isso, fazemos pelo apreço que temos na relação Brasil e Portugal.” Temer queria dizer Paraguai.

De acordo com o jornal brasileiro, esta não é a primeira vez que Michel Temer confunde nomes de países. A Folha recorda o dia em que o Presidente viajou para a Noruega e disse que ia visitar o rei da Suécia. Ambos os países possuem uma rivalidade histórica, sublinha a Folha.

À semelhança de Temer, o discurso do chefe de Estado do Paraguai também assentou na união de esforços entre os dois países. “Há uma firme determinação em unir esforços para dar mais segurança aos nossos cidadãos, através dos nossos órgãos de segurança, combatendo o crime organizado de onde quer que ele seja”, disse Horácio Cartes.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maus créditos: Gestores de conta vão ver “bónus” diferido

  • Rita Atalaia
  • 21 Agosto 2017

Para pôr um travão à cedência de créditos à habitação, os gestores de conta vão ver a remuneração variável escrutinada. "Bónus" podem nem ser pagos se os créditos se revelarem desadequados.

Tal como acontece com vários CEO de grandes empresas, que passaram a ver o pagamento dos bónus diferido no tempo para garantir que apenas recebiam este “prémio” se a sua gestão resultasse em lucros sustentados, o mesmo vai agora acontecer aos gestores de conta. O Banco de Portugal colocou em consulta pública uma proposta para diferir a componente variável das remunerações destes gestores, com a possibilidade de não virem a receber esta parte se concederem créditos considerados desadequados.

O regulador quer responsabilizar os gestores de conta na comercialização de créditos à habitação, prevendo a aplicação de sanções aos funcionários que “vendam” créditos que venham a entrar em incumprimento. Uma medida que já tinha sido apresentada pelo Governo. No documento divulgado, o banco central liderado por Carlos Costa prevê o “diferimento do pagamento da componente variável por um período de tempo que seja suficiente à verificação rigorosa do cumprimento dos critérios definidos para a sua atribuição”. Ou seja, caso o crédito cedido entre em incumprimento, o gestor de conta não terá direito à componente variável. Segundo o Banco de Portugal, está prevista a “possibilidade de a componente variável de remuneração não ser atribuída quando tal seja adequado”.

"Prever o diferimento do pagamento da componente variável por um período de tempo que seja suficiente à verificação rigorosa do cumprimento dos critérios definidos para a sua atribuição.”

Banco de Portugal

O banco central refere que pretende “assegurar um equilíbrio entre as componentes fixa e variável da remuneração, sempre que se preveja atribuição destas duas componentes”. Esta proposta vem transpor parcialmente a diretiva relativa ao Crédito Hipotecário (2014/17/UE) que foi adotada a 4 de fevereiro de 2014. As regras previstas nessa diretiva têm como objetivo precisamente introduzir práticas mais responsáveis na concessão de empréstimo hipotecários aos consumidores por parte dos bancos, e em concreto dos seus funcionários, ao prever que estes estejam precisamente sujeitos a registo público e ao cumprimento de deveres de conduta, podendo ser diretamente sancionados em caso de violação do quadro normativo aplicável.

Este reforço das regras à comercialização de crédito já tinha sido anunciado pelo Governo em maio deste ano. A aprovação desta proposta permitiu que o acesso à comercialização de crédito à habitação passasse a ser regulado, através da criação de um registo público dos funcionários dos bancos habilitados a realizar este tipo de operações. Isto significa que caso seja comprovada a comercialização de um produto desadequado ao perfil do cliente, o gestor de conta que o tenha concretizado será responsabilizado direta e individualmente, e alvo de sanções.

O objetivo desta medida é garantir que os clientes dos bancos tenham a assistência adequada e que não lhes sejam concedidos financiamentos que coloquem em risco a sua estabilidade financeira, isto depois de anos em que muitas famílias entraram em incumprimento nos empréstimos contraídos para a compra de casa. Entretanto, o número de famílias em incumprimento caiu para um mínimo histórico no primeiro semestre deste ano, de acordo com os dados da central de responsabilidades de crédito do Banco de Portugal. E o total do malparado está a diminuir. Apesar desta quebra, e em especial nas empresas, os mais de 15 mil milhões de euros em situação de incumprimento ainda são um valor bastante elevado.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Governo quer apresentar Orçamento a 13 de outubro

O Executivo de António Costa está a trabalhar para entregar o Orçamento de Estado para 2018 dois dias antes do prazo. Isto porque dia 15 de outubro calha a um domingo. Mas data ainda pode derrapar.

O Governo quer entregar o Orçamento de Estado (OE) para 2018 no dia 13 de outubro, dois dias antes de acabar o prazo. Apesar de o Executivo querer entregar o documento na Assembleia da República até essa data, a entrega poderá derrapar até à segunda-feira seguinte. Entretanto, as negociações com os parceiros políticos sobre o Orçamento vão ser retomadas esta semana.

Segundo confirmou o ECO, e como já tinha sido avançado pelo Jornal de Negócios, o Executivo de António Costa está a trabalhar no sentido de ter o Orçamento pronto a apresentar no dia 13 de outubro. Mas esta data ainda não está fechada, uma vez que o prazo definido pela Lei de Enquadramento Orçamental termina no dia 15 de outubro. Ou seja, um domingo. O Governo pode, por isso, apresentar até sexta-feira ou na segunda-feira seguinte, no limite.

Esta semana arrancam as negociações entre as esquerdas para o Orçamento do Estado e os partidos começam a delinear as suas estratégias. O Governo já tinha dito que queria os principais dossiês do OE fechados até ao final de junho mas as negociações foram interrompidas por causa dos incêndios. Há ainda vários pontos quentes que têm de ser trabalhados entre os diferentes partidos até à apresentação da proposta na Assembleia da República.

Ao ECO, Joana Mortágua deixou claro que o “acordo não está esgotado”. E que a medida “mais gritante, e mais pesada, é a do desagravamento fiscal através do IRS”. A deputada do Bloco de Esquerda reconhece porém que há medidas que foram “escrupulosamente cumpridas.” E outros princípios pelos quais o partido terá de continuar a lutar. Até porque há ideias que não foram especificamente detalhadas no acordo, mas que o Bloco vai continuar a levar para cima da mesa. É o caso do descongelamento de carreiras da função pública, ou do financiamento dos serviços públicos, com destaque para o Serviço Nacional de Saúde.

Contactada pelo ECO, fonte oficial do PCP frisou apenas que “o exame comum do Orçamento do Estado para 2018, já iniciado e que prosseguirá nos próximos dois meses” será norteado, da parte dos comunistas, “pelo objetivo de assegurar a consolidação e novos avanços no caminho da reposição e conquista de direitos.”

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Secretas sem dinheiro para continuar a proteger Trump

Mais de 1.000 agentes já atingiram o limite de salário e horas extraordinárias para este ano. Centenas estão em risco de nem receberem por trabalhos já feitos. Serviços pedem maior dotação orçamental.

Viagens, propriedades e família numerosa de Trump conduzem Serviços Secretos a problemas de liquidezDonkeyHotey/Wikimedia Commons

Instalou-se a crise financeira nos Serviços Secretos dos EUA. As “secretas” norte-americanas estão sem dinheiro para continuar a garantir a segurança de Donald Trump, em larga medida por causa da família numerosa do Presidente e vasto rol de propriedades.

A informação foi apurada pelo USA Today. Segundo o jornal, mais de mil agentes já atingiram o limite máximo de ordenado e horas extraordinárias para todo o ano, pelo que já estarão em curso discussões para subir este valor de 160.000 para 187.000 dólares anuais durante este mandato. Mesmo assim a medida é insuficiente, deixando 130 agentes veteranos em risco de não serem pagos por trabalho já realizado.

Os Serviços Secretos têm de proteger continuadamente 42 pessoas ligadas à Administração Trump, sendo que 18 são familiares do Presidente. Na era de Barack Obama, esse número fixava-se nas 31 pessoas a proteger. No entanto, a agravar o problema estão as muitas viagens efetuadas, muitas delas pelo próprio Presidente, que se desloca todos os fins de semana entre as suas diferentes moradas nos Estados norte-americanos da Florida, Nova Jersey e Virgínia.

Em entrevista exclusiva ao jornal, o diretor das “secretas”, Randolph Alles, reconhece que que “o Presidente tem uma família grande” e que a proteção a todas estas pessoas é “requerida por lei”. “Não posso mudar isso. Não há flexibilidade”, indica. Segundo o USA Today, as constantes viagens e a elevada carga de trabalho dos agentes tem espoletado um êxodo de agentes dos serviços, que reclamam agora maior margem orçamental.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Angola: Tolerância de ponto e comboios parados nas eleições

  • Lusa
  • 21 Agosto 2017

O Presidente José Eduardo dos Santos declarou tolerância de ponto, enquanto o Caminho-de-Ferro de Luanda optou por dar dispensa aos seus funcionários e suspender a circulação na quarta.

O Presidente de Angola, José Eduardo dos Santos, decretou hoje para todo o país, tolerância de ponto no dia das eleições gerais, quarta-feira, mas que não abrange os trabalhadores em regime de turnos.

Uma nota de imprensa da Casa Civil do Presidente da República hoje distribuída refere que a tolerância de ponto obedece ao definido pela Constituição angolana e a Lei Orgânica sobre as Eleições Gerais.

Para os trabalhadores em regime de turno, é obrigatória a sua dispensa pela entidade empregadora, pelo tempo necessário para que possam exercer o seu direito de voto, nos termos da legislação em vigor.

Caminho-de-Ferro fecha para funcionários votarem

O Caminho-de-Ferro de Luanda anunciou hoje a suspensão, na quarta-feira, dia das eleições gerais angolanas, para permitir que os seus funcionários exerçam o seu direito de voto. Em nota de imprensa, o Caminho-de-Ferro de Luanda salienta que este procedimento é semelhante “a situações anteriores”, ficando suspensa a circulação de todos os comboios ao longo da totalidade do traçado ferroviário de Luanda à província de Malanje.

O comboio de longo curso, Luanda-Malange, que regularmente circula à quarta-feira, passa para quinta-feira, e no percurso inverso, passa para sexta-feira.

Angola vai realizar eleições gerais a 23 de agosto deste ano, às quais concorrem o Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Convergência Ampla de Salvação de Angola – Coligação Eleitoral (CASA-CE), Partido de Renovação Social (PRS), Frente Nacional de Libertação de Angola (FNLA) e Aliança Patriótica Nacional (APN).

A Comissão Nacional Eleitoral de Angola constituiu 12.512 assembleias de voto, que incluem 25.873 mesas de voto, algumas a serem instaladas em escolas e em tendas por todo o país, com o escrutínio centralizado nas capitais de província e em Luanda, estando 9.317.294 eleitores em condições de votar.

A Constituição angolana aprovada em 2010 prevê a realização de eleições gerais a cada cinco anos, elegendo 130 deputados pelo círculo nacional e mais cinco deputados pelos círculos eleitorais de cada uma das 18 províncias do país (total de 90).

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Terrorismo pressiona bolsas europeias. Lisboa acompanha quedas

Os receios dos investidores em torno das tensões geopolíticas estão a arrastar as principais praças europeias. Lisboa acumula a terceira sessão de quedas.

A bolsa de Lisboa somou a terceira sessão consecutiva no vermelho, numa altura em que as praças europeias estão a ser pressionadas pelos receios dos investidores em torno das tensões geopolíticas.

O PSI-20 encerrou esta segunda-feira a cair 0,37%, para os 5.166,77 pontos, com cinco cotadas em alta e as restantes em queda.

A penalizar o principal índice acionista nacional esteve o setor energético e o financeiro. Na banca, o BCP perdeu 0,65%, para os 22,85 cêntimos. Isto numa altura em que, como lembra o Jornal de Negócios na edição desta segunda-feira, se aproxima o prazo para que a Sonangol reforce a sua posição no banco português.

Na energia, a EDP recuou 0,53%, para os 5,23 euros por ação, e a EDP Renováveis caiu 0,17%, para os 6,84 euros. Já a REN desvalorizou 0,96%, para os 2,80 euros por ação.

Em sentido contrário seguiu a Galp Energia, que fechou acima da linha de água, a subir 0,07%, para os 13,87 euros. Isto apesar de o petróleo estar a afundar mais de 2% nos mercados internacionais, com o barril de Brent, negociado em Londres, a cair abaixo dos 52 dólares.

A impedir maiores quedas do PSI-20 esteve a Jerónimo Martins, que avançou 0,34%, para os 16,45 euros, e a Corticeira Amorim, que valorizou 0,49%.

No resto da Europa, as principais praças fecharam todas em queda. Os investidores têm mostrado receio depois dos atentados terroristas que ocorreram, na semana passada, em Barcelona e na Finlândia. O Stoxx 600 já acumula três sessões de quedas e fechou a cair 0,44%, para os 372,55 pontos.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rolex apoia o Portugal Masters

  • ECO
  • 21 Agosto 2017

A Rolex continua o seu compromisso com o golfe sendo, pelo segundo ano consecutivo, Official Timekeeper do Portugal Masters, o mais importante torneio nacional de golfe.

Pelo segundo ano consecutivo, a Rolex é o Official Timekeeper, uma espécie de “guardador do tempo” do Portugal Masters, que decorre de 21 a 24 de setembro, no Dom Pedro Victoria Clube de Golfe, em Vilamoura, Algarve.

A relação da Rolex com o golfe celebra 50 anos e, há mais de 30 que a marca tem o privilégio de ser parceira e relógio oficial do The Open, o mais antigo torneio de golfe do mundo. Durante as últimas cinco décadas, a marca tem apoiado ativamente as maiores competições e instituições, bem como os jogadores mais prestigiados do mundo do golfe. Além do torneio nacional, a marca de relojoaria suíça é, ainda, parceira dos principais circuitos de golfe e torneios profissionais, nomeadamente os três Majors masculinos que os melhores jogadores sonham vencer todos os anos — Masters do Augusta National Golf Club (E.U.A.), o U.S. Open e o The Open (Reino Unido) –, e os cinco Majors do golfe feminino — The Evian Championship (França), o ANA Inspiration (E.U.A.), o U.S. Women’s Open (E.U.A.), o Ricoh Women’s British Open (Reino Unido) e o KPMG Women’s PGA Championship (EUA).

A Rolex está igualmente associada aos jogadores mais prestigiados deste desporto, alguns dos quais reforçaram a sua relação com a marca enquanto Embaixadores, como Jordan Spieth, Jason Day e Rickie Fowler, os campeões Tiger Woods e Phil Mickelson, que venceram os Majors repetidamente, a lendária Annika Sörenstam, bem como Lydia Ko, Rolex Player of the Year no golfe feminino, em 2015. Esta relação segue uma tradição nascida com três grandiosos representantes do golfe moderno: Arnold Palmer, Jack Nicklaus e Gary Player, que formam o trio conhecido pelo nome de ‘The Big Three’.

Os laços entre a Rolex, o desporto e a superação dos limites remontam às próprias origens da marca, criada por Hans Wilsdorf em 1905. Depois de se revelar pioneira na precisão do relógio de pulso, a Rolex inventou, em 1926, o Rolex Oyster, o primeiro relógio de pulso impermeável do mundo, graças à caixa equipada por um engenhoso sistema patenteado com luneta, fundo e coroa rosqueados. No ano seguinte, para testar a sua criação, Hans Wilsdorf confiou um Oyster a Mercedes Gleitze, uma jovem nadadora inglesa que se preparava para atravessar o Canal da Mancha: após mais de dez horas de imersão, o relógio continuou a funcionar perfeitamente.

Foi assim que Mercedes Gleitze, ao comprovar o desempenho excecional do Oyster, se tornou na primeira embaixadora Rolex. A Rolex continua a avaliar o Oyster em condições reais utilizando o mundo como verdadeira plataforma de testes, demonstrando em diversas ocasiões a sua fiabilidade e desempenho nas condições mais extremas. Este compromisso com o desempenho excecional manifesta-se igualmente na excelência desportiva, domínio no qual a Rolex, parceira valiosa, investe ativamente.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Angola: Quem está no boletim de voto e que economia querem?

  • Marta Santos Silva
  • 21 Agosto 2017

"Diversificação" é a palavra chave dos programas dos candidatos que querem agarrar numa economia presa ao petróleo. Mas por que meios? Conheça os candidatos e as propostas antes de Angola ir a votos.

O herdeiro político de José Eduardo dos Santos vê-se contra dois herdeiros políticos de Jonas Savimbi, cada um mais carismático do que o candidato do regime e dispostos a coligarem-se. Mas o que planeiam estes candidatos para a economia angolana? Todos falam em diversificação — em explorar outras avenidas para o desenvolvimento económico que deixem o país menos dependente do petróleo. No entanto, nem todos avançam medidas concretas para o fazer.

São seis os principais partidos no boletim de voto angolano, e os eleitores vão ter de escolher, na quarta-feira dia 23, quais os que respondem melhor às suas preocupações. Segundo o jornalista e analista Reginaldo Silva, que falou à edição lusófona da Deustche Welle, os três partidos mais pequenos, o FNLA, o APN e o PRS, correm riscos por terem poucos meios e pouca visibilidade. “Em termos de resultados, eu até receio que algum desses três pequenos partidos possa não conseguir ultrapassar a cláusula dos 0,5% dos votos expressos, o que significaria que poderá pender sobre eles a ameaça de extinção”, acrescentou o especialista.

Sobram os três partidos na linha da frente. O candidato do MPLA, João Lourenço, o candidato da UNITA, Isaías Samakuva, e o candidato do novo partido CASA-CE, Abel Chivukuvuku. Quem são, e o que querem para Angola?

João Lourenço: O “escolhido” de Eduardo dos Santos

O antigo ministro da Defesa, vice-presidente do MPLA, prepara-se para prolongar o legado de José Eduardo dos Santos.MANUEL DE ALMEIDA/LUSA

João Lourenço, de 62 anos, foi o número dois do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) durante anos, companheiro próximo do presidente José Eduardo dos Santos. Atual ministro da Defesa, João Lourenço mostra-se como moderado para se tentar diferenciar do passado do MPLA, que governa o país desde a independência. Mas não se espera que, se for eleito, traga uma grande mudança à forma como as coisas se têm passado em Angola.

Ao canal francês France24, o analista Alex Vines, do think tank Chatham House, afirmou que “José Eduardo dos Santos e Lourenço são da mesma geração. Há 15 anos, Lourenço mostrou vontade de chegar ao poder, e José Eduardo dos Santos impediu-o. Mas agora dá-lhe confiança”. O especialista explicou, porém, que não se espera “que ele seja rapidamente um grande democrata. Não vão haver mudanças rápidas. É aquilo a que em Angola se chama ‘gradualismo’, uma progressão por etapas curtas”, continuou o analista.

No campo da campanha eleitoral, João Lourenço tem grandes vantagens sobre os seus adversários na área da logística, especialmente no acesso a meios técnicos e aos meios de comunicação. Mas a insatisfação popular tem crescido e os candidatos da UNITA e do CASA-CE são mais carismáticos do que o escolhido pelo MPLA.

No discurso de apresentação do programa de Governo do MPLA, João Lourenço abordou um pouco da perspetiva económica que o guia. As palavras mais importantes foram as de sempre: “uma economia forte, dinâmica, diversificada, geradora de empregos”. Defendeu a “economia social de mercado”, a “livre iniciativa dos cidadãos” e o papel do Estado para “promover o equilíbrio entre todos os agentes que participam no processo de competição económica”.

"O MPLA reafirma, neste programa de governação, seu compromisso na luta contra a corrupção, contra a má gestão do erário público e o tráfico de influências.”

João Lourenço

Candidato do MPLA

No entanto, o que mais domina o discurso de João Lourenço é o combate à corrupção. Posiciona-se como um candidato anticorrupção, mesmo vindo de um regime que tem sido afetado por vários escândalos desse foro. “O MPLA reafirma, neste programa de governação, seu compromisso na luta contra a corrupção, contra a má gestão do erário público e o tráfico de influências”, afirmou no seu discurso, levando o site de esquerda liderado pelo ativista angolano Rafael Marques, Maka Angola, a apelidá-lo de “esquimó louco”. “João Lourenço faz lembrar um esquimó louco no Ártico que prometia acabar com o gelo no Pólo Norte… Evidentemente, este compromisso de João Lourenço não é para levar a sério”, lê-se no artigo.

Abel Chivukuvuku: Erradicar a pobreza em dez anos

Abel Chivukuvuku saiu da UNITA para fundar o partido CASA-CE em 2012, e é um dos herdeiros de Jonas Savimbi a competir nestas eleições.EPA/PAULO NOVAIS

Abel Chivukuvuku é saído da UNITA e um dos herdeiros do estilo e discurso de Jonas Savimbi, afirma à Deutsche Welle o analista Reginaldo Silva. “Claro que as pessoas ligadas à UNITA têm esta herança no quadro da oratória”, afirmou. “Os gestos, a linguagem, a forma como se fala”. O líder de 59 anos juntou-se à UNITA em 1974, e lá ocupou muitas posições, desde militares a diplomáticas, passando por ser assistente de Jonas Savimbi. A partir de 2010, quando as suas diferenças com o líder do partido, Isaías Samakuva, foram crescendo, a saída de Chivukuvuku começou a tornar-se clara. Em 2012 foi fundada a Convergência Ampla de Salvação em Angola, ou CASA-CE.

O programa de governo do partido traz 20 compromissos, entre eles a erradicação da pobreza extrema em dez anos, através de um planeamento e implementação rigorosos das medidas previstas. No entanto, numa entrevista à Renascença, Chuvukuvuku descreveu a sua visão para este trajeto, que não é a da distribuição da riqueza.

“A riqueza não se distribui. Criam-se filosofias e políticas que permitam o acesso às oportunidades. E as oportunidades passam por vários níveis. Se um cidadão não puder ter acesso à educação, gratuita, até um determinado nível, com a possibilidade de ir para a universidade e potenciar-se para concorrer e competir na vida, não tem oportunidades”, afirmou o candidato que quer a escolaridade gratuita. “Se um cidadão é empresário e não pode ter acesso a crédito bancário, por não ser membro do partido do poder; não consegue ver os seus projetos viabilizados pelos velhos esquemas montados pelo sistema. O importante é rigor e transparência no uso dos recursos públicos pelo governo.”

O Governo cessante transformou o Estado angolano em maior empregador, maior fornecedor, maior comprador, maior devedor; reativando assim o modelo de economia centralizada, dirigista e excessivamente intervencionista na atividade económica, típico de Estados totalitários e omnipresentes que asfixiam a iniciativa privada.

CASA-CE

Programa de Governo

O partido promete ainda chegar à autossuficiência alimentar em produtos básicos em cinco anos, e “apostar no crescimento económico sustentado através de um sistema de economia de mercado e de livre iniciativa privada”, assim como “melhorar o ambiente de negócios e estruturar sistemas de suporte ao crescimento económico que tenham em consideração fundamental as comunicações, a circulação, a energia, a água e a terra.”

O programa de Governo do CASA-CE não deixa de fazer uma crítica mordaz ao MPLA de José Eduardo dos Santos e que herda João Lourenço — é da insatisfação que deve agora capitalizar se quer sair por cima nas eleições. “O Governo cessante transformou o Estado angolano em maior empregador, maior fornecedor, maior comprador, maior devedor; reativando assim o modelo de economia centralizada, dirigista e excessivamente intervencionista na atividade económica, típico de Estados totalitários e omnipresentes que asfixiam a iniciativa privada“, lê-se no documento. “A nossa convicção é de que são as pessoas, as empresas e os agentes económicos privados que criam, fundamentalmente, riqueza e empregos”.

Isaías Samakuva: A apontar a Angola em 2030

Isaías Samakuva lidera a UNITA e também ele apela à “diversificação” da economia, chavão que está na boca de todos.MANUEL DE ALMEIDA / EPA

Isaías Samakuva, de 71 anos, é o presidente da UNITA desde 2003, tendo sido sucessivamente reconduzido para o lugar. O programa de Governo com que chega às eleições de 2017, enfrentando não só o antigo rival MPLA como também o seu antigo colega Abel Chivukuvuku, olha para Angola em 2030. Mais comedido do que o seu adversário na CASA-CE, mas mais carismático do que João Lourenço, também Samakuva tem juntado apoiantes, tendo mesmo dito recentemente que estaria aberto a coligar-se com o partido mais novo se os resultados eleitorais mostrarem que isso lhes seria favorável.

O longo programa de Governo da UNITA, que leva como tema “Governo Inclusivo e Participativo” (referido como GIP), começa por esclarecer aquele que considera ser o principal problema da economia angolana: “A sua concentração num só grupo político e social. É o mesmo grupo que controla o poder político e faz a gestão das finanças públicas. Este grupo criou barreiras para falsear ou impedir a concorrência”. Em troca, propõem “soluções estruturais que passam pela (…) profunda reestruturação” da economia política que existe no país.

O GIP quer aumentar a competitividade das empresas e da economia, e traz medidas concretas para tal, incluindo a liberalização de recursos do setor estatal para o setor privado, a redução das despesas com a defesa e a segurança para fazer espaço para atividades produtivas, reduzir o tamanho e os privilégios das empresas estatais e liberalizar os preços, “mesmo que de uma forma gradual e controlada”.

Num comício, Samakuva resumiu a perspetiva da UNITA em relação ao governo MPLA que precede estas eleições. “Nas lojas, nas empresas, quando se arranja um gerente para gerir a loja damos-lhe um período, findo o qual se faz um balanço. E vê-se se a loja lucrou ou se a loja deu prejuízo”, disse o dirigente do partido, num dos largos da cidade de Mbanza Congo, citado pela Lusa. “Há cinco anos, o MPLA e o Presidente José Eduardo dos Santos ficaram gerentes do nosso país, dos nossos haveres e das nossas vidas”. E perguntou aos apoiantes: “A loja deu lucros ou prejuízos? Se o gerente leva a loja à falência o que fazemos ao gerente? Vai para fora, é demitido. O nosso gerente, nos últimos cinco anos, comeu a loja”. A reação dos apoiantes, segundo a Lusa, foi efusiva. Falta saber o que acontece nas urnas.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Há menos beneficiários do RSI. São quase 211 mil

  • Lusa
  • 21 Agosto 2017

No mês de julho foram menos 256 as famílias a receberem o Rendimento Social de Inserção, diz o Instituto de Segurança Social.

O número de indivíduos e famílias beneficiários do Rendimento Social de Inserção (RSI) diminuiu ligeiramente em julho face ao mês anterior, havendo atualmente perto de 211 mil pessoas a receber esta prestação social e quase 95 mil famílias.

De acordo com os dados mais recentes do Instituto de Segurança Social (ISS), no mês de julho registaram-se 210.822 pessoas beneficiárias do RSI, menos 256 quando comparando com o mês de junho, o que representa uma diminuição de 0,12%.

Comparando com o período homólogo de 2016, a queda é mais abrupta, já que nessa altura havia 214.921 indivíduos a receber esta prestação social, o que significa uma diminuição de 1,9% e em termos absolutos menos 4.099 pessoas.

Nas famílias, a tendência é igual e depois de, em junho, o RSI ter chegado a 95.267 agregados familiares, em julho esse número desceu para 94.687, ou seja, menos 580 (-0,6%). Olhando para julho do ano passado, a quebra é de 2,8%, já que há um ano havia 97.434 famílias a receber esta prestação social. Olhando para a dispersão geográfica, e continuando uma tendência de há vários anos, a maioria dos beneficiários concentra-se nos distritos do Porto, Lisboa e Setúbal.

O distrito do Porto concentra 62.219 indivíduos e 28.579 famílias beneficiárias, logo seguido de Lisboa, com 36.371 indivíduos e 16.708 famílias, e de Setúbal, com 18.919 indivíduos e 8.594 famílias. Em termos de valores médios mensais auferidos, o valor que cada indivíduo recebeu desceu 0,15 euros entre junho e julho, enquanto nas famílias essa quebra foi de 0,59 euros.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.