Ulrich: Tendência de crescimento “está no princípio”

O chairman do BPI considera que quem anda pelo país sente que a economia está melhor. António Mexia partilha do mesmo otimismo, mas alerta que produtividade e investimento são fatores "essenciais".

Os administradores da EDP, BPI e Nos concordam numa coisa: o crescimento económico divulgado pelo Instituto Nacional de Estatística é uma boa notícia. A economia portuguesa avançou 2,8% no primeiro trimestre deste ano. À margem do lançamento do movimento MUDA, os líderes dessas empresas consideraram que a aceleração da economia é o mais importante para Portugal, principalmente por ser um país pequeno e dependente da conjuntura externa.

“Os números do PIB são uma boa notícia para todos”, afirmou o presidente executivo da EDP, António Mexia, em declarações aos jornalistas após a criação do MUDA na sede da elétrica nacional. Mexia espera que essa trajetória se mantenha uma vez que “o mais importante para Portugal é o crescimento porque cria estruturalmente emprego, tal como a digitalização que falamos aqui hoje”.

Quem já sente esse crescimento no país é o chairman do BPI, Fernando Ulrich: “Andando pelo país sente-se que a economia está melhor”, declarou, destacando o caso do turismo em Lisboa e no Porto. Estes números dão “ânimo para o futuro e Portugal bem precisa de crescer”, defendeu. Questionado sobre se estes números são sustentáveis, Ulrich referiu que “há uma tendência de crescimento que está no princípio“. “Penso que nós estamos numa subida, numa aceleração do crescimento em Portugal”, concluiu, referindo que os défices “estão bem controlados”.

António Mexia defendeu também que a aceleração da economia está aí para ficar — apesar de reforçar a necessidade de reformas estruturais “fundamentais” — devido às várias coisas “muito positivas” que estão a acontecer em Portugal, nomeadamente a Web Summit. O presidente executivo da EDP argumentou que Portugal é “muito dependente” da conjuntura externa, mas que “a realidade externa atualmente favorece-nos, nomeadamente no que diz respeito às taxas de juro” baixas patrocinadas pelo Banco Central Europeu (BCE).

Do lado da Nos, o administrador João Ricardo Moreira também viu com “agrado” os números divulgados, demonstrando esperança para o futuro breve: “Estamos à espera que haja de facto uma continuidade e que trimestre após trimestre se consiga demonstrar que esses números são sustentáveis“. O administrador da empresa de telecomunicações assinalou a evolução da confiança dos consumidores como o mais importante.

“A confiança dos consumidores trará perspetivas mais otimistas”, afirmou, referindo que a economia portuguesa terá “certamente” de passar pelo digital. “A capacidade de um país geograficamente periférico conseguir estar no centro da economia e de conseguir inovar seguramente passa pelo digital“, argumentou. O mesmo destaque dado à economia digital para Portugal é feito por Fernando Ulrich. Porquê? Porque é o digital que dá a oportunidade às empresas portugueses para terem clientes e fornecedores em todo o mundo. Essa dimensão internacional, de um “país pequeno”, “é absolutamente indispensável para todos”, defendeu.

Já o líder da EDP destacou a produtividade e o investimento como fatores essenciais e disse que a EDP contribuirá para esses avanços: “Nós como maior investidor em Portugal e o maior investidor português no estrangeiro estamos obviamente a contribuir para esse crescimento”.

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PIB: PSD reclama crédito, CDS com dúvidas. E o PCP também

  • Lusa e ECO
  • 15 Maio 2017

O crescimento de 2,8% deixou todos satisfeitos, mas cada um faz a sua leitura. O PSD reclama crédito pelas medidas, o CDS duvida da sustentabilidade. E o PCP pede "prudência".

Ninguém ficou indiferente ao forte crescimento da economia nacional no arranque do ano. Desde o Presidente da República ao primeiro-ministro, António Costa, mas também à oposição, todos se congratulam com os 2,8%. Mas o PSD defende que só houve este crescimento devido às suas políticas, isto ao mesmo tempo que o CDS alerta para o risco de o ritmo não ser sustentável. Até o PCP pede “prudência”.

“Estamos contentes com a recuperação do PIB [Produto Interno Bruto] neste trimestre, que se deve às reformas realizadas pelo anterior Governo, à conjuntura internacional e na União Europeia mais favoráveis”, declarou à Lusa a deputada social-democrata Inês Domingos. Estes valores refletem “o esforço das empresas e das famílias que levaram a economia para a frente, apesar de o Governo ser inerte e ter revertido reformas”.

"Esperamos que a economia continue a crescer a um ritmo superior a dois por cento para tentar recuperar uma parte do que foi perdido.”

Inês Domingos

Deputada do PSD

A deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto também salientou que os números “são positivos e isso é positivo para o país e com aquilo o que for positivo com certeza o CDS se congratula”, mas tal como a deputada social-democrata, também lembrou os receios quanto à sustentabilidade do crescimento.

“Esperamos que a economia continue a crescer a um ritmo superior a dois por cento para tentar recuperar uma parte do que foi perdido”, disse Inês Domingos. “Oxalá este seja um modelo sustentado”, refere a deputada do CDS-PP Isabel Galriça Neto. “É preciso apostar nas exportações e no investimento público e não se comprometa o investimento público e não se inviabilizem reformas que permitiram que se chegasse aqui e que não é de agora”, declarou.

Enquanto PSD e CDS olham para o passado para explicar o crescimento atual, deixando alertas, o PCP explica o resultado com o corte que o atual Executivo, liderado por António Costa, fez com as políticas do anterior governo. Estes “dados inseparáveis da inversão com o rumo imposto pelo governo PSD/CDS e das medidas, ainda que limitadas, de reposição e conquista de direitos e rendimentos”, dizem os comunistas em comunicado.

O Bloco de Esquerda, através de Mariana Mortágua, considera também que este número derrota as políticas da direita. “O projeto político de PSD e CDS faliu, está provado que não funciona, e compreende-se assim algum desespero nas reações destes dois partidos”, referiu. “É tempo de recuperar o investimento perdido e a par da devolução de rendimentos, por exemplo, no IRS, essa é uma das prioridades do BE para o próximo ano”, nota.

O PCP salienta, no entanto, que “os números agora conhecidos, dos que não se conformam com a derrota do governo anterior e da sua política, devem entretanto ser lidos com a prudência que resulta de uma conjuntura internacional favorável (designadamente baixo preço do petróleo, desvalorização do euro e baixas taxas de juro) e de não estarem solidamente sustentados numa trajetória de crescimento económico liberto dos constrangimentos que se colocam à soberania nacional”.

(Notícia atualizada às 18h38 com a reação do Bloco de Esquerda)

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Emprego no Estado aumentou 1% em março

O Estado tem mais 6.761 postos de trabalho a 31 de março. Contratação de professores, médicos e enfermeiros justificam o aumento de 1%.

O Estado voltou a engrossar. De acordo com a Síntese Estatística do Emprego Público (SIEP), o número de funcionários públicos, a 31 de março, ascendia a 669,3 mil, o que corresponde a um aumento homólogo de 1%. Ou seja, os dados apontam para mais 6.761 postos de trabalho nas administrações públicas, seja ao nível da Administração Central, seja da Local.

“Em comparação com o final do trimestre anterior, o emprego nas administrações públicas cresceu 5.416 postos de trabalho (0,8%), em resultado do aumento do emprego na Administração Central (mais 4.319 postos de trabalho correspondente a um crescimento de 0,9%), em particular no Ministério de Educação e no Setor Empresarial do Estado”, esclarece o comunicado da Síntese Estatística do Emprego Público.

Este aumento é reflexo da contratação de trabalhadores, em particular docentes para os estabelecimentos de educação e de ensino básico e secundário do Ministério da Educação — contratação essa feita na maior parte dos casos através de contratos a termo para substituir professores ausentes — e de médicos e enfermeiros nos estabelecimentos de prestação de cuidados de saúde, Empresas Públicas e Agrupamentos de Centros de Saúde do Ministério da Saúde, justifica ainda o SIEP, um organismo que está sob a alçada do Ministério das Finanças.

Emprego das administrações públicas por cargo/carreira/grupo

A síntese estatística revela ainda que “os movimentos dos trabalhadores registados no Ministério da Educação, no primeiro trimestre 2017, representaram mais de 32% do total das entradas e de 27% do total das saídas do subsetor administração central e perto de 50% do saldo líquido global do subsetor”.

O emprego público está a aumentar há três trimestres consecutivos. E se o Estado central tem mais 4.836 funcionários do que no final do primeiro trimestre de 2016 (+1%), nas autarquias, o aumento homólogo foi de 1,3% com a entrada de 1.473 funcionários. Estes dados surgem num contexto em que se mantém a regra do “dois por um”, ou seja, por cada dois funcionários que saem para a aposentação, apenas pode entrar um. Além disso, o Executivo de António Costa manteve o compromisso junto de Bruxelas de reduzir o número de funcionários públicos.

De sublinhar que, no futuro, a dimensão do Estado poderá engordar ainda mais tendo em conta o programa de integração dos precários do Estado, e o objetivo do Executivo de haver uma convergência com a Função Pública das novas regras de aposentação a aplicar à Segurança Social que estão a ser discutidas que só permitem a saída dos trabalhadores para a reforma, sem penalizações, aos 66 anos de idade e 40 de descontos.

Estado maior e a ganhar mais

A reversão das políticas de cortes na Função Pública tem um reflexo no aumento das remunerações médias mensais, pelo menos desde outubro de de 2015. De acordo com a Síntese Estatística do Emprego Público (SIEP), em média um funcionário público ganhava 1.457,5 euros por mês.

“Em janeiro de 2017, o valor da remuneração base média mensal dos trabalhadores a tempo completo no setor das administrações públicas situava-se em cerca de 1.457,5 euros, correspondendo a uma variação global média de 0,5% em relação ao mês de referência do trimestre precedente (outubro); e a uma variação homóloga de 2,9%, por efeito conjugado do impacto das políticas remuneratórias”, seja “a redução progressiva das reduções remuneratórias, da atualização do valor da retribuição mínima mensal garantida e atualização do subsídio de refeição”, e “da entrada e saída de trabalhadores com diferentes níveis remuneratórios”.

o ganho médio mensal das administrações públicas é estimado, para janeiro de 2017, em 1.682,7 euros, o que revela uma variação global no trimestre de 1%, e a variação homóloga de 3,7%.

Por ganho mensal entende-se o “montante ilíquido (antes da dedução de quaisquer descontos) em dinheiro e/ou géneros pago mensalmente com caráter regular pelas horas de trabalho efetuadas, assim como o pagamento das horas remuneradas mas não efetuadas. Inclui para além da remuneração de base todos os prémios e subsídios ou suplementos regulares, bem como o pagamento por horas suplementares ou extraordinárias”. Já o conceito de Remuneração base mensal inclui apenas “o montante ilíquido (antes da dedução de quaisquer descontos) em dinheiro e/ou géneros pago com caráter regular e garantido aos trabalhadores no período de referência e correspondente ao período normal de trabalho”.

O relatório trimestral conclui que “o emprego no setor das administrações públicas representa, no final do primeiro trimestre, cerca de 12,9% da população ativa e de 14,4% da população empregada”, sendo que aumenta o peso na população total. A 31 de março de 2017 representava 6,5% da população total e no trimestre anterior o peso era de 6,4%. O agravamento foi ao nível das mulheres (de 7,3% passou para 7,4%).

Mulheres têm mais peso na população ativa

Fonte: INE, IP- Estatísticas do Emprego , 1º trimestre de 2017; DGAEP – SIOE (dados disponíveis a 1/5/2017); DGAEP/DEEP

Em cada dez trabalhadores das administrações públicas, seis são mulheres. “Na mesma data, as mulheres trabalhadoras nas administrações públicas representam 15,8% da população ativa do mesmo sexo”, acrescenta a SIEP.

Finalmente, nada mudou em termos de estrutura. “O emprego por subsetores das administrações públicas manteve uma estrutura idêntica à do trimestre anterior: 76,3% dos trabalhadores encontram-se em entidades da administração central, 16,6% na administração local e 5,6% na administração regional autónoma”, frisa o documento.

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Economia acelerou mas a bolsa ficou para trás

Portugal registou o maior crescimento da década e, quiçá, do século. Mas o entusiasmo na bolsa esbarrou na EDP, que negociou após destacado o dividendo.

A economia cresceu 2,8% no primeiro trimestre do ano, superando todas as estimativas dos analistas. Ainda assim, a bolsa nacional apresentou um comportamento bastante mais tímido. Salvaram-se as cotadas mais ligadas ao ciclo económico, como as retalhistas Jerónimo Martins e Sonae e até a construtora Mota-Engil. A EDP travou os ganhos com o destaque do dividendo.

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Infografia: Como funcionou o ataque de ransomware?

Passo a passo, descubra como funcionou o ataque de ransomware de sexta-feira, que infetou mais de 200.000 computadores e 10.000 empresas em 150 países – Portugal incluído.

A última sexta-feira vai ficar para a história da cibersegurança como o dia em que uma vulnerabilidade, conhecida e reparada há um par de meses, fez reféns mais de 200.000 computadores em 150 países, incluindo Portugal. O vírus informático WannaCry, já com várias estirpes, bloqueia os dados dos utilizadores e obriga ao pagamento de 300 dólares em bitcoin para os desbloquear.

O ECO já explicou aqui como funciona, no geral, um ataque de ransomware. Mas como funcionou este concretamente? Tudo começou com um email de uma origem desconhecida. Nesse email seguiu um anexo ou um link para descarregar um ficheiro — o vírus. Ao ser executado, os computadores ficaram infetados, infetando ainda outros sistemas vulneráveis na mesma rede como se fosse uma bola de neve.

Encriptados os dados, os utilizadores e empresas só podem agora escolher um de três caminhos: pagar o resgate dos dados em troca da chave, assumindo os riscos de, na verdade, nunca lhe ser enviada essa chave (não recomendado pelas autoridades); reverter o sistema para uma cópia de segurança mais antiga, assumindo a perda dos dados até ao momento do ataque; ou, no caso de ausência de backup, não pagar o resgate e assumir a perda completa da informação.

Veja o processo, em traços gerais, na infografia abaixo. E lembre-se: as autoridades recomendam que não pague o resgate. Convém também atualizar sempre o seu sistema e guardar cópias de segurança atualizadas, para evitar problemas futuros.

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MUDA quer 85% dos portugueses a usar a internet em 2020

Atualmente, 26% da população nunca teve nenhum contacto com o digital. Para mudar isso, o movimento MUDA, criado esta segunda-feira com o apoio do Presidente da República, vai fazer um 'road show'.

Pode ser tão simples como criar um email. Mas também pode passar pela banca online ou o e-commerce. A ambição de um movimento que nasceu esta segunda-feira é significativa: em 2020, o MUDA quer que 85% dos portugueses usem a internet. Atualmente, 26% da população nunca teve contacto com o digital. Para chegar a estes cidadãos, o MUDA vai embarcar num road show.

Não é só uma questão ambiental, mas também de tempo e até de eficiência. O movimento que nasceu esta tarde na sede da EDP pretende introduzir, de forma mais profunda, o mundo digital na rotina dos portugueses. E para lá chegar conta com o apoio do Presidente da República que, apesar de não ter estado presente, destacou o seu assessor para os assuntos económicos, Luís Ferreira Lopes, que começou por sublinhar a coincidência do evento com a divulgação de importantes indicadores macroeconómicos: “Tivemos mais e melhores indicadores que esperamos que sejam sustentados relativamente ao crescimento da economia”.

Marcelo Rebelo de Sousa, na mensagem que deixou, revelou querer apoiar o desenvolvimento da economia digital no país porque isso vai “permitir ao país queimar etapas nas alterações que ocorrem a um ritmo vertiginoso”. Para o Presidente da República “esta é a altura de acelerar”, destacando que “é preciso mudar hábitos e mentalidades”.

O projeto foi apresentado por Alexandre Nilo Fonseca, o diretor executivo do MUDA, que garante que “os portugueses não estão alheios a estas alterações” tecnológicas, ainda que, na generalidade, estejam atrás dos países europeus. Nilo Fonseca prevê uma “transformação enorme” no digital para o setor da saúde, por exemplo, o que indica que a mudança tem de ocorrer também ao nível dos cidadãos.

Eis alguns números destacados por Alexandre Nilo Fonseca:

  • 71% dos portugueses utiliza a internet
  • 26% dos portugueses nunca utilizou
  • 29% utiliza banca online
  • 59% procura produtos e serviços online
  • 45% usa os serviços públicos digitais
  • 52% utilizam redes sociais
  • 31% faz compras online
  • 28% tem competências digitais avançadas
  • 40% faz uma utilização muito básica da internet

Para o líder deste movimento, o maior acesso à internet vai permitir que os cidadãos tomem melhores decisões, mas também que trabalhem à distância, “uma das grandes mudanças do século XXI”. “O Twitter já elege presidentes”, relembrou Alexandre Nilo Fonseca. Para que a internet chegue a todos — mesmo aos 26% que não acedem atualmente — o MUDA vai ser itinerante: entre os meses de junho e outubro, o movimento vai passar pelos 18 distritos com experiências digitais para demonstrar a utilização digital.

Um quarto dos portugueses não aproveita a internet na sua rotina. É perante esta premissa que este movimento nasce. O objetivo? Mudar as estatísticas, promovendo o acesso à internet junto dos portugueses. Para o fazer o movimento irá divulgar várias iniciativas, nomeadamente um road show pelos vários distritos para estar em contacto com a população. O site do MUDA está disponível em muda.pt e tem disponível um quizz para colocar à prova os seus conhecimentos digitais.

Esta iniciativa nacional é ainda promovida por várias empresas — onde se encontram a EDP, o BPI, o BCP, o Santander Totta, a Microsoft, a Google, a NOS, a MEO e a Vodafone — universidades e associações. O objetivo é fazer de Portugal “um país mais produtivo, avançado e inclusivo”.

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Economia cresce muito, bolsa nem por isso

Portugal apresentou maior crescimento da década, mas bolsa registou uma subida tímida, tudo por causa de uma EDP. O destaque do dividendo pesou nas ações da empresa liderada por António Mexia.

A economia portuguesa cresceu 2,8% no primeiro trimestre do ano, superando todas as estimativas, mas os investidores nacionais estiveram pouco entusiasmados com os números que apontam para o maior crescimento económico de Portugal na última década — ou século, como salienta o Governo.

O PSI-20, o principal índice português, ficou quase inalterado, fechando em alta de 0,12% para 5.243,60 pontos. Cotadas mais ligadas ao ciclo económico até deram bem conta de si na primeira sessão desta semana, caso das retalhistas Jerónimo Martins (+2,66%) e Sonae (1,79%), dos CTT (1,33%) ou da construtora Mota-Engil (3,91%). Ainda assim, a sessão foi amplamente condicionada pelo destaque do dividendo da EDP, que levou a elétrica a ceder mais de 6%.

No total, 14 cotadas encerraram acima da linha de água. Outra nota de destaque vai para a Sonae Capital, cujas ações valorizaram 4,39% para 1,00 euros, naquele que foi o melhor desempenho em Lisboa. Também a Galp (+,122%) deu um forte contributo para o fecho ligeiramente positivo, acompanhando o disparo dos preços do petróleo nos mercados internacionais.

Do lado das perdas, além da EDP, também a Corticeira Amorim deslizou 1,36% para 11,24 euros, depois de ter apresentado uma subida de 24% do lucro para 17,2 milhões de euros.

EDP vai ao fundo sem dividendo

“O mercado nacional encerrou praticamente inalterado, no dia em que foi publicado o dado sobre o crescimento da economia portuguesa durante os primeiros três meses do ano”, referem os analistas do BPI. “A Sonae os CTT, empresas com uma elevada exposição ao mercado doméstico, encerraram em alta”, acrescentaram.

Lá por fora, os ganhos nas principais bolsas europeias também foram ligeiros. Milão e Madrid conseguiram fechar em alta de 0,6%, mas as subidas nas restantes praças não foram além de 0,3%. Wall Street também negoceia em alta.

Explicam os analistas do BPI que “os investidores acabaram por superar os eventuais efeitos do ataque informático que usa o vírus “WannaCry”, bem como o mais recente teste de mísseis na Coreia do Norte”.

(Notícia atualizada às 17h01)

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Tribunal da Madeira decide não levar a julgamento arguidos do processo “Cuba Livre”

  • Lusa
  • 15 Maio 2017

O Tribunal decidiu não levar a julgamento os sete arguidos, entre eles o ex-presidente do Governo Regional Alberto João Jardim. Em causa estava a alegada ocultação da dívida da Madeira.

O Tribunal Judicial da Comarca da Madeira decidiu não levar a julgamento os sete arguidos do processo “Cuba Livre”, relativo à alegada ocultação da dívida do arquipélago, incluindo o ex-presidente do Governo Regional Alberto João Jardim.

A decisão de não pronúncia dos arguidos foi comunicada aos jornalistas por fonte do tribunal.

O processo envolve crimes de abuso de poder, violação de execução orçamental e prevaricação com dolo e na forma tentada. No debate instrutório, o Ministério Público defendeu o arquivamento.

Além de Alberto João Jardim (presidente do Governo da Madeira entre 16 de março de 1978 e 20 de abril de 2015), são arguidos João Carlos Cunha e Silva (vice-presidente do Governo Regional entre 2000 e 2015), José Ventura Garcês (secretário regional do Plano e Finanças entre 2000 e 2015), Luís Santos Costa (secretário regional do Equipamento Social entre 2000 e 2015), Amélia Gonçalves (diretora do Gabinete de Gestão e Controlo Orçamental), Dulce Veloz (diretora dos serviços do Orçamento e Conta) e Ricardo Rodrigues (diretor regional do Orçamento).

O caso “Cuba Livre” teve por base um inquérito mandado instaurar a 28 de setembro de 2011 pelo então procurador-geral Fernando Pinto Monteiro.

O valor da dívida pública total da região apurado foi de 6,3 mil milhões de euros, dos quais 1.100 milhões terão sido ocultados.

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Investir para inovar, inovar para internacionalizar

Sem inovação não há sucesso. Este parece ser o lema das empresas que vão estar reunidas no 14.º Encontro Nacional de Inovação promovido pela COTEC esta terça-feira. O ECO dá-lhe a conhecer três casos.

“Inventar o futuro — liderar pela inovação colaborativa” é o tema de fundo do 14.º Encontro Nacional de Inovação levado a cabo pela mão da COTEC. Inventar o futuro é aquilo que as empresas — aquelas que inovam — fazem constantemente. O ECO falou com três das empresas que vão estar presentes nesta iniciativa da COTEC, que terá lugar, terça-feira, dia 16 de maio para constatar o óbvio: sem inovação não há sucesso.

Aliás, o estudo “Destino: crescimento e inovação” chama a atenção para o facto de as PME mais inovadoras apresentarem desempenhos económico-financeiras superiores às das restantes empresas de pequena e média dimensão.

Mas vamos aos casos concretos.

Paulo Barradas Rebelo, CEO da farmacêutica Bluepharma, adianta em declarações ao ECO que teve de “apostar na empresa em pilares como a inovação e a internacionalização“.

A empresa, que iniciou a sua atividade em 2001, através da compra da unidade da multinacional Bayer em Coimbra, que se preparava para desinvestir em Portugal, tem como lema “investir para inovar, inovar para internacionalizar”.

Hoje, 16 depois, a Bluepharma tornou-se num grupo com 20 empresas, que fatura 35 milhões de euros e emprega mais de 450 trabalhadores altamente qualificados.

“A dimensão do nosso país não se compadecia com a nossa atividade pelo que tivemos de ir para fora, mas para isso era preciso fazer diferente e apostar na qualidade, fazer bem e depressa e apostar em parcerias em áreas como o I&D, industrial e comercial”, sublinha Paulo Barradas Rebelo.

A Bluepharma está presente com escritórios em oito países, tem agentes em outros dez e exporta para mais de 40 mercados. Mais de 80% do que é produzido pela Bluepharma é canalizado para os mercados externos. Paulo Barradas diz mesmo que “dentro de quatro a cinco anos” estará a “exportar para mais de 80 países”.

“Tudo assente no pilar da inovação, e onde a COTEC teve um papel muito importante, nomeadamente ao nível da certificação da inovação”, acrescentou.

O grupo farmacêutico conta com uma laboratório próprio de investigação e desenvolvimento ao qual afeta, anualmente, 20% do seu volume de negócios e cerca de 100 investigadores.

O presidente da Bluepharma destaca que 90% dos funcionários “trabalham em desenvolvimento e 10% trabalham em investigação” e relembra que “paralelamente a isto apoiámos um conjunto de empresas ligadas ao meio universitário” e que os “complementam”.

Com uma vocação fortemente exportadora, o grupo farmacêutico olha com preocupação para o mercado nacional. “Costumo dizer que ganhamos dinheiro lá fora para perder cá dentro”, sublinha o presidente e argumenta: “O setor farmacêutico foi dos mais afetados pela crise e é um dos que continua a ter dores”. Aliás, foi “nesse ambiente de dificuldades que a Bluepharma cresceu e apostou em medicamentos genéricos e chegou à inovação”, afirma.

De resto, a Bluepharma tem “a ambição de satisfazer as necessidades médicas ainda não satisfeitas, nomeadamente nas áreas da oncologia, o que pode acontecer dentro de quatro ou cinco anos”.

O grupo com sede em Coimbra está a investir 20 milhões de euros em Portugal, numa nova unidade industrial. A par disso tem vindo a fazer investimentos na Colômbia.

Com mais de 250 trabalhadores e ativos superiores a 40 milhões de euros, o grupo de Coimbra já não é considerado uma PME. Paulo Barradas Rebelo diz que “isso não os impede de recorrer a financiamento quer dos programas de incentivos, quer bancário”.

Sobre a situação da economia portuguesa, o CEO da Bluepharma mostra-se preocupado com o facto de Portugal estar “outra vez mais virado para o aumento do consumo e da despesa pública, parecemos mais virados para gastar mais do que aquilo que produzimos“, refere.

Celoplás: “Inovamos todos os dias”

A inovação surge como nota dominante das empresas que estarão presentes no Encontro da COTEC.

João Cortez, presidente da Celopás, um grupo que detém três fábricas de componentes de engenharia em materiais poliméricos garante que inova “todos os dias”.

Considerada uma referência mundial na produção de peças plásticas de elevada precisão para a indústria doméstica, automóvel, militar e da saúde com a fabricação de dispositivos médicos inovadores o grupo Celoplás recorreu ao Innovation Scoring, um instrumento de apoio às empresas que visa estimular o desenvolvimento da inovação de forma mais sistemática, eficiente e eficaz.

O presidente do grupo de Barcelos relembra que, “em média, no grupo, 10% dos produtos são substituídos todos os anos, isto implica que ter de arranjar 2,5 milhões de euros de novos negócios anualmente“.

Mas deixa um aviso: “A inovação tem a ver com os recursos humanos” e isso “exige que se formem recursos humanos, porque nesta área das indústrias de elevada precisão temos ainda uma décalage muito grande face a outros países, como por exemplo a Alemanha”.

A Celoplás, que fatura 25 milhões de euros, projeta, desenvolve e fabrica por injeção cerca de 200 milhões de componentes técnicos de precisão por ano. E tem como clientes empresas como a Bosch, Tyco, Daimler, Leica, Yazaki.

João Cortez refere que o objetivo é crescer em 2017 entre 15% a 20%.

Já o plano de investimento ronda um milhão de euros por ano para investigação e desenvolvimento a que se juntam mais 10% que são canalizados para a renovação do parque de máquinas.

O grupo exporta direta e indiretamente 95% do que produz, sendo o grosso canalizado para o mercado europeu, a que se junta ainda Malásia, China, Índia e África do Sul.

Introsys: “Crescemos pela rentabilidade que a inovação nos proporciona”

Luís Flores, CEO da Introsys não tem dúvidas: as empresas não crescem pela inovação,mas antes pela rentabilidade que esta proporciona. Para o fundador da Introsys, uma empresa portuguesa que atua no setor da automação, enquanto fornecedora de sistemas de controlo para a indústria automóvel, “as empresas crescem pela rentabilidade que a inovação proporciona“.

A empresa — que trabalha para marcas de prestígio como a Volkswagen, a BMW, a Ford, Audi, Seat e que fechou 2016 com 18 milhões de euros de receitas — tem na investigação o seu ex-líbris. Luís Flores adianta: “No nosso caso, a inovação e a organização são fundamentais”.

Para trás ficam os anos mais difíceis da empresa, de 2002 (ano de arranque) até 2009. Até porque o mercado para onde trabalham é altamente conservador à entrada de um novo player. Mas em 2005, a Volkswagen abriu-lhes as portas. A que se juntou em 2010, o novo Q3 da Audi. No entretanto, Luís e o irmão Nuno Flores perceberam que gerir bem era uma premissa importante e montaram uma gestão profissional.

O sucesso veio depois. Hoje exportam 98% do que produzem e têm a Alemanha como principal cliente, sede dos principais clientes. E é através desses clientes que se têm expandido para outros horizontes como por exemplo o México, e a Índia. “Exportámos de acordo com os nossos serviços”, detalha Luís Flores.

Para 2020, a Introsys estima um volume de faturação de 24 milhões de euros.

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A chave do sucesso da HomeIt? Deitar as chaves fora

  • ECO
  • 15 Maio 2017

Para a HomeIt, as chaves são só um acessório: as portas abrem-se com um telemóvel. É um produto português que se está a tornar popular na área do alojamento local e quer habitar ainda mais lares.

O Airbnb está a crescer em Portugal — e há uma startup portuguesa para a qual estas portas se abrem de par em par. A HomeIt convida os turistas a entrarem nas casas que alugam… só com a ajuda de um telemóvel, que nem precisa de ser um smartphone. Um produto que vem simplificar o alojamento local e entra neste mercado com chave de ouro.

André Roque vivia em Londres quando decidiu investir num apartamento em Lisboa. Com a ajuda de um amigo, encarregue da manutenção do apartamento e de entregar as chaves, este parecia um bom negócio. Rapidamente, o simples se tornou insustentável: as horas irregulares das chegadas e partidas, os hóspedes que perdiam as chaves…uma fonte de stress que pedia soluções. O André tentou: escondeu as chaves em pontos estratégicos da cidade combinados com os hóspedes, mas frequentemente se perdiam; um smartlock à distância, mas não abria a porta do prédio.

Não havia uma solução fácil, por isso André decidiu construí-la. Contactou um engenheiro em Lisboa para a desenvolver. Entre 2015 e 2016, os quatro fundadores da HomeIt foram formando o molho: a André Roque juntaram-se Pedro Mendes e Carlos Silva, ambos engenheiros, e Pedro Viana, que trabalhava para a Google Maps em Londres. André deixou o ofício de consultor de cyber segurança na capital inglesa e dedicou-se a desbloquear o potencial deste novo negócio.

Assim nasceu a homeItBOX, o produto da HomeIt. Tal como o nome indica, uma caixa. Arruma-se, convenientemente, no interior da habitação, onde se liga não só à fechadura como ao intercomunicador, apoiada por um transformador e um router. Ocupa pouco espaço, mas poupa muito tempo: permite que o hóspede, o anfitrião e a pessoa encarregada da manutenção tenham acesso imediato ao imóvel através de uma SMS ou, mais recentemente, da app. Veremos o papel de cada um dentro desta família.

Está tudo nas mãos dos arrendatários…

São eles que solicitam o serviço. Não existem parcerias entre a Homeit e as principais plataformas de arrendamento, o Airbnb e o Booking. A mensalidade é de 19,99 euros, quantia à qual acresce um custo fixo de instalação. A mensalidade pode decrescer consoante o número de casas nas quais o sistema seja instalado e existem ainda promoções para quem possa pagar adiantado. A HomeIt instala. A seguir, os arrendatários vão criar as chaves – online – e inscrever os clientes que querem receber: um perfil com nome, número de telefone, datas de entrada e saída. São dados que agora migram automaticamente das plataformas de alojamento.

…Até os hóspedes pegarem no telemóvel

Os hóspedes podem escolher entre a modalidade SMS ou app. Depois, recebem instruções sobre como abrir a porta. No caso da SMS, o hóspede envia uma mensagem de cada vez que a quer abrir e ela destranca automaticamente. A app é recente e ainda só está disponível em IOS, mas apresenta muitas vantagens em relação à SMS. Primeiro de tudo, não tem custos. Depois, tem novas funcionalidades, como um serviço GPS.

E se o telemóvel não funcionar? Por mais inseparáveis que as pessoas sejam do seu telemóvel, também é possível que aconteçam azares: perderem-no, ficarem sem bateria, não terem sinal por ser um país estrangeiro. Nesse caso, ninguém fica fora de casa: a solução é o teclado que se instala em ambas as portas (do condomínio e de casa) e onde o hóspede pode inserir o código associado à sua chave. Novo hóspede, novo código: o acesso limita-se ao tempo da estadia. Ou para evitar o teclado, um contacto com o arrendatário através de outro telefone seria suficiente para este abrir a porta à distância. Para além do mais, se tudo falhar, pode ainda recuar-se para a saída tradicional: a fechadura e respetivas chaves da casa continuam a funcionar independentemente do sistema.

A Caixa de Pandora

“Eu próprio uso o produto na minha casa e não uso chaves”, revela o fundador André Roque. Mas olhando para o mercado, existem questões que poderiam travar o crescimento da empresa. André esclarece porque é que nenhuma delas o preocupa.

Em termos da segurança, “não tem sido uma barreira comercial porque os anfitriões e os hóspedes confiam no produto”, que garante ser “seguro”. Quanto às pressões que o Bloco de Esquerda e a indústria hoteleira têm exercido para limitar o alojamento local, André responde: “Somos um negócio B2B, portanto temos todo o interesse em que haja uma regulação forte na atividade, de forma a evitar problemas” e reafirma o foco nas estadias curtas sem receio.

Por fim, a concorrência não apresenta produtos suficientemente semelhantes para serem uma ameaça. Uma das grandes vantagens da HomeIt é não exigir que se substitua a fechadura, como é o caso na maioria dos hotéis. Na Alemanha, existe uma tecnologia parecida mas focada no serviço de entregas ao domicílio. O mais parecido seria o produto do August Smart Lock, que até tem uma parceria com o Airbnb. Mas “em Portugal e na Europa não funciona porque não fazem a instalação”, adianta um dos colaboradores, Fábio Martins.

Novas portas que se abrem

É já no próximo mês de junho que a HomeIt irá lançar uma campanha de crowdfunding na plataforma luso-britânica Seedrs, com o objetivo de angariar 250.000 euros em cerca de 45 dias, quantia que permitirá a concretização de novos objetivos. A entrada em bolsa através de programas como a Techshare, lançados pela Euronext para captar PMEs, “não faz sentido” para André Roque, porque “há alturas certas” e não será agora, quando a empresa tem pouco mais de um ano. Quanto à opção de entrar no mercado secundário da Seedrs, ainda não existe uma opinião formada, será uma questão a analisar.

A campanha de crowdfunding é uma viagem a dois: a HomeIt contratou outra startup, a britânica Tribefirst, para garantir o sucesso da angariação de investidores mas também um aumento da visibilidade da empresa, a grande vantagem que André vê neste tipo de financiamento em relação às restantes opções. O objetivo é que os anfitriões do Airbnb tomem conhecimento desta campanha, pois serão à partida dos mais interessados no crescimento da HomeIt. E mesmo que não se tornem investidores, sempre podem tornar-se clientes — ou ambos. O ideal seria captar mais de 100 investidores, sendo que a Tribefirst aposta mais no interesse da população inglesa, muito mais presente na plataforma do que a portuguesa.

Segundo John Auckland, o fundador da Tribefirst, “uma empresa tem sucesso quando se acredita no projeto” e por isso mesmo, os investidores serão convidados a fazer um vídeo sobre os motivos que os levam a acreditar na Homeit, de forma a tomarem uma maior consciência do seu investimento e para que outros possam refletir sobre o potencial que encontraram na empresa.

No caso da campanha na Seedrs ser bem-sucedida, André planeia bater às portas de Barcelona e depois Paris (dependendo do volume angariado) ainda este ano. Em 2018, outros destinos estão na agenda, mas para já são um segredo guardado a sete chaves.

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Millennials: a aposta de milhões da Sagres

  • ECO
  • 15 Maio 2017

A Sagres vai investir tanto na nova campanha publicitária "Ninguém para Portugal" como investiu no Euro 2016 como patrocinador oficial da seleção. Uma mudança na imagem mas também na estratégia.

O mercado de cerveja está em recuperação desde 2016 e a Sagres quer ganhar mais espaço. A nova campanha publicitária é um “novo impulso” que tem como protagonistas aqueles a quem se dirige: jovens empreendedores que querem levar o país para frente em várias áreas. Vai ser lançada no final da semana, dia 18 de maio.

Até 2016, o mercado da cerveja estava a perder o gás. O ano passado, a tendência inverteu e este ano está novamente a crescer. Dada a “forte posição da Sagres no mercado”, a evolução da marca terá influência no próprio mercado, defende Filipe Bonina, diretor de marketing na Central de Cervejas e Bebidas. A Sagres quer aumentar a quota pelo segundo ano consecutivo com a nova campanha. O total de investimento na campanha é de 7,5 milhões de euros, a mesma quantia que foi investida no Euro 2016, sendo a marca um dos patrocinadores oficiais da seleção portuguesa de futebol — grupo que arrastou o investimento até à final.

A campanha quer homenagear os millennials, uma geração que confrontada com a “desesperança da crise” responde com “sucessos que estão a aparecer de forma consistente” e portanto encarna a máxima do “ninguém nos para”, explica Filipe Bonina. Vários jovens empreendedores, de áreas que vão desde as artes à solidariedade social, darão a cara por esta campanha. Os apoios ao empreendedorismo deverão prolongar-se, agora “de forma mais estruturada” de acordo com Luísa Motta, responsável pelo marketing da Sagres.

Esta é a imagem da campanha, desenhada por Fábio “Kid” Galindro, um dos jovens a dar a cara pela Sagres e pela sua geração.

A mensagem pretende cativar os jovens sem esquecer os antigos consumidores. “Somos uma marca multitarget” clarifica Luísa Motta, responsável pelo marketing da Sagres, pelo que esta estratégia dever-se-á manter a curto e médio prazo. “Finalmente está a aparecer diversidade no mercado de cervejas” com novas escolhas no portefólio, observa Filipe Bonina, que prevê ainda “um mercado muito diferente daqui a 10 anos”.

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Like & Dislike: modelo vingou ou é a história que se repete

O crescimento da economia surpreendeu tudo e todos. É o triunfo do modelo económico de António Costa ou é a história que se repete?

Depois dos três “efes” do fim de semana — Fátima, o futebol e o Festival — eis que, no arranque da semana, aparece mais um “efe” para se juntar à festa. A Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) disparou e fez com que o PIB em Portugal registasse uma subida expressiva, de 2,8%, o melhor registo desde o quarto trimestre de 2007.

Há dez anos, a última vez que a economia tinha registado tamanho brilharete, o então primeiro-ministro José Sócrates justificava assim o crescimento: “É absolutamente evidente e chama-se investimento”.

Investimento acelera e consumo abranda

O mundo entretanto mudou, mas a justificação de há dez anos continua a ser válida hoje. O INE diz que a procura interna “manteve um contributo positivo elevado”, graças à “aceleração do investimento”.

Os fundos comunitários, que impulsionaram o investimento, não chegam para as 20 estações que Assunção Cristas quer construir em Lisboa, mas permitem a António Costa rumar às eleições de 2019 sem parar em nenhuma estação ou apeadeiro.

Já se percebeu que não é pelo modelo baseado no consumo que a economia vai desatar a crescer. Aliás, o INE alerta, ainda ao nível da procura interna, para uma “desaceleração do consumo privado”, reforçando a tese daqueles que defendem que a política macroeconómica limitada à reposição dos rendimentos é sol de pouca dura.

É sustentável este crescimento?

A ajudar a disfarçar a desaceleração do consumo das famílias — a economia já absorveu o efeito das reposições — esteve a procura externa que surpreendeu pela positiva, com as exportações a aceleraram mais do que as importações, algo que raramente acontece em Portugal.

É uma boa notícia este equilíbrio na balança comercial, mas que poderá ter os dias contados. Primeiro porque a desaceleração do consumo está a impactar negativamente nas importações, que também estão a beneficiar do facto de as empresas estarem a maximizar a capacidade instalada, e não a importar tanto máquinas e equipamentos.

Quando este efeito se esgotar, as importações voltarão a acelerar, levando a procura externa a ter novamente um contributo negativo para o PIB. Como os fundos comunitários são finitos, e com o crescimento do consumo a desacelerar, é provável que seja difícil manter o ritmo de crescimento deste arranque do ano. Até porque, avisam os economistas, o primeiro trimestre beneficia de um efeito base favorável, já que o termo de comparação para se chegar aos 2,8% é o primeiro trimestre de 2016 em que economia estava praticamente estagnada e anémica.

Estamos condenados a crescimentos medíocres?

Há dez anos, quando apareceu triunfalista à frente as câmaras de televisão para justificar o crescimento de 2,8%, José Sócrates dizia que os números do INE vinham confirmar “os fundamentais da nossa economia”.

Poucos meses depois desta frase, a Europa virou e a economia entrou numa recessão profunda que veio a culminar no resgate de 2011. Prova de que os fundamentais da economia eram débeis. O modelo de crescimento assente quase exclusivamente no consumo mostrou as suas debilidades e o facto de as contas públicas estarem presas por arames e com muita desorçamentação mostrou que o país não tinha capacidade para absorver um choque externo.

E se a Europa voltar a virar?

Hoje, o cenário europeu é novamente favorável. A Europa já descolou, Espanha cresce mais de 3%, o BCE mantém as rotativas a funcionar e o petróleo estabilizou nos 50 dólares.

A torneira dos fundos comunitários, — em ano de autárquicas e com o Governo a dar sucessivos bónus pela antecipação do investimento, — está definitivamente aberta e a puxar pelas empresas.

Há uma diferença grande quando se compara a era de José Sócrates com a de António Costa. O atual primeiro-ministro recebeu uma herança — contas públicas mais equilibradas — que, apesar de toda a pressão da esquerda radical, faz questão de preservar.

É uma condição necessária para absorver choques externos e poder ter políticas públicas contracíclicas em momentos de aperto. É uma condição necessária, mas não suficiente.

E qual é a condição suficiente? Parafraseando Sócrates, “é absolutamente evidente e chama-se investimento”. É o quarto “efe”, a Formação Bruta de Capital Fixo. Há vários anos que o peso do investimento no PIB em Portugal ronda os 15%, um registo pobre e que nos coloca na cauda das economias desenvolvidas, só à frente da Grécia e de Porto Rico. Há duas décadas que este indicador não para de cair.

O investimento é o motor de toda a economia e o garante da sua sustentabilidade. Se não conseguirmos reverter esta tendência, estamos condenados a mais duas décadas de crescimentos medíocres, com um brilharete aqui e ali. Passos Coelho ganhou a guerra do défice e António Costa tem de ganhar a batalha do crescimento. Os números do INE mostram que vai bem lançado, e por isso merece um like.

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