Paulo Portas favoreceu a Mota-Engil? “Nem sei de que questão é que estão a falar”

  • Lusa
  • 10 Abril 2017

Questionada pelos jornalistas sobre se o envolvimento de Paulo Portas em questões judiciais poderia prejudicar o partido ou a candidatura a Lisboa, Assunção Cristas disse desconhecer as acusações.

A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, disse hoje desconhecer a acusação feita ao Ministério Público contra o antigo líder centrista e ex-vice-primeiro-ministro Paulo Portas de favorecimento à empresa Mota-Engil. “Não tenho nenhuma informação sobre isso”, começou por afirmar a líder centrista, quando questionada pelos jornalistas sobre se o envolvimento de Paulo Portas em questões judiciais poderia prejudicar o partido ou a candidatura a Lisboa.

No final de um encontro com a imprensa para realizar o balanço de seis meses de pré-campanha autárquica a Lisboa, e perante a insistência dos jornalistas, que perguntaram se o tema seria um embaraço, Assunção Cristas reiterou: “Nem sei de que questão é que estão a falar”. “O meu foco hoje é preparar o tema de Lisboa, preparar esta conversa convosco, explicar o que temos vindo a fazer nestes seis meses, que estamos a seis meses das eleições, vamos intensificar o nosso trabalho para construir um projeto ambicioso, sólido, exequível, com sonho, com amor à cidade”, acrescentou, sublinhando o legado do partido na capital, que foi presidida pelo centrista Kruz Abecassis, entre 1980 e 1990.

O Jornal de Notícias noticiou no domingo que o Ministério Público (MP) recebeu uma denúncia da construtora Tecnorém, que se queixa de “um claro favorecimento da sociedade Mota-Engil” no concurso para a construção da Escola da NATO, em Oeiras, empresa da qual Paulo Portas é atualmente consultor. De acordo com o jornal, a Mota-Engil ficou em segundo lugar no concurso, mas, depois de apresentar uma reclamação, passou para primeiro.

A empresa Tecnorém acusa de favorecimento Paulo Portas, anterior vice-primeiro-ministro, e o diretor-geral de Recursos da Defesa Nacional, Alberto Coelho, que lançou o concurso e preside a um órgão nacional do CDS, o Conselho de Fiscalização do partido, refere igualmente o jornal. Segundo o JN, o concurso público, que a Mota-Engil venceu, foi aprovado a 16 de junho de 2016 e o contrato final foi assinado entre aquela construtora e o Ministério da Defesa no dia 28 de março deste ano.

O jornal Público de hoje cita uma fonte próxima de Paulo Portas, afirmando que a alegação da empresa Tecnorém é difamatória. Ao JN, a assessoria de imprensa da Mota-Engil declara que o processo foi conduzido com lisura.

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Mercados fora da Europa puxam pelas exportações têxteis

Vendas ao exterior das empresas têxteis cresceu 3% para os 869 milhões de euros, nos primeiros dois meses do ano.

As empresas portuguesas do setor têxtil e de vestuário venderam 869 milhões de euros ao exterior, nos primeiros dois meses do ano o que representou um crescimento de 3% em comparação com o período homólogo. Este crescimento terá sido impulsionado sobretudo pelos destinos fora da Europa. Estes números são conhecidos depois de o setor ter registado em 2016, vendas ao exterior no valor de 5.063 milhões de euros, aproximando-se do máximo histórico registado em 2001, de 5.071 milhões de euros.

Apesar deste crescimento, o setor registou em fevereiro, um pequeno arrefecimento. Paulo Vaz, diretor geral da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (ATP) em declarações ao ECO diz que o setor registou “um pequeno arrefecimento da atividade exportadora em fevereiro, mas ainda é muito cedo para dizer o porquê”. “Pode ser o clima, pode ser gestão de stocks, ainda é cedo uma vez que estamos a falar de apenas dois meses”, justificou.

Tivemos um pequeno arrefecimento da atividade exportadora em fevereiro, mas ainda é muito cedo para dizer o porquê. Pode ser o clima, pode ser gestão de stocks, ainda é cedo uma vez que estamos a falar de apenas dois meses.

Paulo Vaz

Presidente da ATP

Paulo Vaz adianta que “o mais significativo é o facto dos mercados extra – comunitários como os Estados Unidos e Angola estarem em recuperação”.

Segundo os dados da ATP, com base na divulgação dos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) relativos aos meses de janeiro e fevereiro, os segmentos com maior destaque foram as exportações de matérias-primas, cujo crescimento foi de 6%, as exportações de vestuário registaram um crescimento de 2% e as de têxteis-lar e outros artigos têxteis confecionados ficaram em linha com os registados em igual período do ano anterior.

Os dados divulgados esta segunda-feira demonstram que as exportações da indústria têxtil para os destinos não comunitários registaram um aumento de 13,4 milhões de euros, mais 11% que em igual período do ano anterior, em contrapartida os destinos comunitários registaram um crescimentos de 9 milhões de euros, um crescimento de 1% face ao período homólogo.

Em termos de mercados, a Alemanha registou o maior crescimento absoluto, tendo inclusive destronado a Espanha, com um acréscimo de 6,7 milhões de euros ou 9%; logo seguida pelos Estados Unidos com um aumento também de 6,7 milhões de euros, ou 16% e pela Holanda com um acréscimo de cinco milhões de euros, mais 15%.

Nos destinos não comunitários, para além dos Estados Unidos, Paulo Vaz destaca em comunicado, o desempenho de Angola que “parece estar a recuperar da queda sofrida nos últimos anos”. Segundo os dados, Angola terá registado um acréscimo de 1,4 milhões de euros, um crescimento de 30%, seguida pelo Canadá com um acréscimo de 1,3 milhões de euros, mais 20% e do Brasil com mais 1,2 milhões de euros, ou mais 119%.

Ainda assim os principais destinos das exportações têxteis nacionais continuam a ser Espanha, França, Alemanha, Reino Unido e Estados Unidos.

As importações registaram uma queda de 1% no período, melhorando a taxa de cobertura da balança comercial do setor para 142% e fixando o saldo em 259 milhões de euros.

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Dijsselbloem pode demitir-se. Mas não por causa de Mourinho Félix

Dijsselbloem confirmou que Mourinho Félix não pediu a sua demissão na sexta-feira passada. Porém, o atual presidente do Eurogrupo admite sair se houver um novo Governo holandês a curto prazo.

O ainda ministro das Finanças holandês deu uma entrevista esta segunda-feira ao jornal holandês De Volkskrant onde aborda a polémica das suas declarações sobre os países do Sul. Jeroen Dijsselbloem admite que “esperava que ele [secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix] pedisse a minha demissão, mas não o fez”. O que, na sua opinião, mostra que, na realidade, Portugal não o queria demitir. A exigência da demissão foi feita antes e depois do último Eurogrupo, na passada sexta-feira, mas não houve menção a esse assunto na reunião.

O presidente do Eurogrupo considera que esses pedidos de demissão fora da reunião dos ministro das Finanças não têm nenhum significado. Tudo se passou na sexta-feira, na última reunião que antecipa o ECOFIN (reunião formal que junta os ministros das Finanças da União Europeia), em que Mário Centeno se fez substituir pelo seu secretário de Estado das Finanças por questões de agenda. Mourinho Félix confrontou Dijsselbloem pessoalmente, entre um aperto de mão, mas não o terá repetido na reunião. O presidente do Eurogrupo respondeu-lhe dizendo que “a reação de Portugal também foi chocante”.

Entretanto, Dijsselbloem já recebeu o apoio, por exemplo, de Schäuble, o ministro das Finanças alemão. O holandês diz na mesma entrevista que no Eurogrupo houve um certo apoio e compreensão do que realmente quereria dizer. Ainda assim, o presidente do Eurogrupo revela também que fez um pedido de desculpas a quem se sentiu ofendido, admitindo que a escolha de palavras não foi a mais acertada, tal como já tinha dito. Tal como Mourinho Félix, também o ministro das Finanças espanhol não terá pedido a demissão, segundo Dijsselbloem.

Confrontado pelo jornal com a acusação de António Costa — o primeiro-ministro classificou-o de “sexista, xenófobo e racista” –, o presidente do Eurogrupo lamentou o ruído à volta da questão. Na mesma entrevista, o presidente do Eurogrupo reforçou a ideia que queria transmitir de direitos e deveres, tal como tinha feito na resposta dirigida aos eurodeputados que pediram a sua demissão: “Como um social-democrata, acho a solidariedade extremamente importante. Mas quem pede ajuda, também tem deveres. Não posso gastar o meu dinheiro em bebidas e em mulheres e, em seguida, pedir apoio. Este princípio aplica-se a nível europeu, regional e nacional”.

Contudo, a realidade pode fazer com que o atual ministro das Finanças da Holanda deixe de presidir o Eurogrupo. Nas eleições holandesas o seu partido teve uma dura derrota, tendo sido ultrapassado por vários partidos, pelo que o mais provável é que não faça parte da futura coligação de Governo, tal como acontecia até agora. Dijsselbloem admite que “se houver um novo Governo na Holanda no curto prazo, então o Eurogrupo deve procurar rapidamente por um novo presidente”. “Caso contrário, deverei ter a oportunidade de terminar o meu mandato”, diz, referindo que os processos de substituição têm sido difíceis. Dijsselbloem admite ver bons candidatos para o seu lugar, mas não referiu quem.

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Conjuntura externa vai deixar de ajudar países emergentes

A degradação da conjuntura externa vai deixar os países emergentes mais desamparados. O alerta é dado pelo Fundo Monetário Internacional esta segunda-feira no World Economic Outlook de abril.

Até este ano, as economias emergentes beneficiaram de um ambiente externo positivo. À medida que estes países foram sendo integrados na ordem mundial, a sua exposição à conjuntura externa também aumentou. Contudo, o advento das forças protecionistas vai colocar em causa a evolução futura das economias a emergir. O aviso é dado pelo Fundo Monetário Internacional esta segunda-feira no Capítulo II do World Economic Outlook de abril.

Uma coisa o FMI tem a certeza: “As condições externas têm um efeito significante no crescimento [económico] nos mercados emergentes e nas economias em desenvolvimento“. E esta premissa vai ter implicações menos positivas (ou mesmo negativas) em breve. Depois de décadas em que a conjuntura internacional beneficiou os países emergentes, dada a globalização, os próximos anos serão de riscos, principalmente nas economias que agora estão mais sensíveis às mudanças da economia global.

O principal fator está relacionado com as complicações de “risco” do lado do protecionismo, o que conduzirá a uma quebra da integração. “É expectável que o crescimento na procura externa, em média, seja mais fraca durante o período de 2017 a 2022, em comparação com o passado“, explica o FMI. A pressão chegará da maior economia mundial, dado que a instituição internacional prevê que as condições financeiras dos Estados Unidos fiquem mais “apertadas” com o aumento da taxa de juro.

O gráfico das projeções do FMI mostra essencialmente a perda de peso do contributo dado pelos termos de troca das exportações das economias emergentes. Esta é a taxa de variação do preço relativo das exportações em termos das importações. Significa assim que estes países vão perder competitividade face ao passado, apesar de, ao mesmo tempo, conseguirem recuperar esse valor pelo lado das importações.

Ainda assim, o efeito de diminuição do fluxo de capitais e do crescimento dos parceiros comerciais (maioritariamente países desenvolvidos) completará o caldo de risco que o Fundo Monetário Internacional traça neste relatório para o futuro das economias emergentes.

Apesar de o cenário entre as economias emergentes ser heterogéneo, este conjunto de países já representa 75% do crescimento do consumo global, “quase o dobro da percentagem registada há duas décadas”. Cada país tem as suas especificidades enquanto economia, mas o FMI faz recomendações para lidar com a desaceleração da procura externa.

Como lidar com a conjuntura externa?

Apesar de fazer este alerta, o Fundo Monetário Internacional também deixa recomendações para que os países implementem reformas estruturais para lidarem com uma conjuntura externa menos positiva. No centro destas políticas tem de estar um sistema legal de alta qualidade e uma proteção mais forte dos direitos de propriedade. Estes são os países que conseguem melhores resultados económicos a médio prazo, diz o FMI.

Mas esta lista de países — onde se incluem parceiros comerciais de Portugal como Angola, Moçambique ou Brasil — pode adotar já medidas que evitem uma desaceleração demasiado forte no seu desenvolvimento, principalmente na qualidade de vida dos cidadãos. O FMI aconselha prudência na gestão orçamental, na política monetária e na inflação para que o Estado seja capaz de dar uma resposta eficaz às mudanças das condições externas. Os conselhos da instituição liderada por Christine Lagarde resumem-se em três:

  • Baixar a dívida externa;
  • Melhorar o saldo comercial para criar excedentes;
  • Criar espaço orçamental para lidar com problemas futuros.

Na base do argumento do Fundo está a confiança dos empresários e dos consumidores: se estes fatores públicos forem estáveis, então as empresas vão continuar a investir e os cidadãos a acreditar no futuro do país.

Em suma, o FMI projeta que as “condições favoráveis excecionais” do início do século dificilmente voltarão a repetir-se para os países emergentes. “Algumas condições podem vir a ser menos favoráveis num futuro próximo, enquanto outras continuam mergulhadas em incerteza”, explica o Fundo. Por isso, as economias emergentes devem começar a planear outras fontes de contributo para o PIB, dado que a conjuntura internacional deixará de impulsionar tanto o crescimento económico como fez até agora.

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Produtividade aumenta mas os trabalhadores não ganham com isso

  • Margarida Peixoto
  • 10 Abril 2017

A fatia do rendimento nacional que fica para os trabalhadores está a encolher. Os ganhos de produtividade conseguidos pela tecnologia e globalização estão a promover a desigualdade, conclui o FMI.

O rendimento está a ser encaminhado para o capital, prejudicando os trabalhadores — podia ser uma observação do PCP, mas não é: a afirmação resulta antes de um artigo de investigação do FMI. A produtividade das economias avançadas está a aumentar. Mas desde a década de 80 que a percentagem do rendimento nacional que serve para pagar aos trabalhadores está a diminuir. A conclusão consta do Capítulo III do World Economic Outlook de abril, revelado esta segunda-feira.

Com o progresso tecnológico e a globalização, as economias avançadas estão a ver a sua produtividade subir. Mas os salários não estão a acompanhar esse aumento de produtividade o que significa que a fatia que fica de tudo o que é produzido para os trabalhadores é mais pequena.

“Nas economias avançadas, a percentagem do rendimento do trabalho começou a diminuir na década de 1980”, lê-se no documento. O ponto mais baixo desta percentagem foi atingido mesmo antes da crise económico-financeira de 2008-2009 e os valores “ainda não recuperaram significativamente” desde então. No caso das economias emergentes há menos dados, mas é possível verificar que nas maiores economias esta percentagem também tem vindo a diminuir.

Como é que isto se explica?

Num artigo publicado no blog do FMI, sobre este capítulo do World Economic Outlook, quatro economistas — Mai Dao, Mitali Das, Zsoka Koczan e Weicheng Lian — ajudam a descodificar as principais conclusões. Os peritos explicam que metade desta tendência de descida pode ser explicada pelo impacto das tecnologias da informação e telecomunicações, na medida em que substituem uma percentagem elevada de empregos que passam a ser automatizados.

Outro fator que contribui é a globalização, que permite explicar cerca de um quarto do declínio observado na percentagem do rendimento do trabalho.

Quais são as consequências?

Há dois tipos de consequências observadas: primeiro, há uma erosão dos empregos de qualificações médias, já que estes são os que mais facilmente são substituídos pela tecnologia. É por isso que é nesta fatia que a partilha dos ganhos é menor. Os empregos tendem por isso a “polarizar-se entre trabalhadores de elevadas qualificações, e de baixas qualificações”, explica o artigo do blog do FMI.

Segundo, há um aumento da desigualdade: “O resultado é que uma porção maior dos ganhos de produtividade têm revertido para o capital”, frisam os economistas. “E como o capital tende a estar concentrado no extremo superior da distribuição de rendimentos, a queda da percentagem do rendimento do trabalho tendem a aumentar a desigualdade de rendimentos”, rematam os autores do post.

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Plano Juncker pode ser financiador das estradas em Portugal

O Parlamento Europeu está a rever as regras do Plano Juncker. O eurodeputado José Manuel Fernandes defende que o FEIE pode complementar o que o Portugal 2020 não pode financiar.

O Parlamento Europeu está a preparar uma nova revisão do Plano Juncker para melhorar a sua aplicação e eficácia. Uma das emendas introduzidas visa permitir que o Fundo Europeu para Investimentos Estratégicos (FEIE) possa financiar estradas que deem acesso a portos ou parques industriais.

“Coloquei uma emenda para podermos financiar as variantes que deem acesso a portos e parques de inovação ou empresariais, porque o nosso Portugal 2020 não tem dinheiro para infraestruturas”, explicou o eurodeputado José Manuel Fernandes, num encontro com jornalistas para explicar as alterações que estão a ser introduzidas.

Coloquei uma emenda para podermos financiar as variantes que deem acesso a portos e parques de inovação ou empresariais, porque o nosso Portugal 2020 não tem dinheiro para infraestruturas.

José Manuel Fernandes

Eurodeputado

José Manuel Fernandes (democrata-cristão) e Udo Bullmann (socialista) são relatores de dois pareceres do Parlamento Europeu sobre a execução do Plano Juncker e sobre a revisão das suas regras, na qual o PE é colegislador e que deverão ser debatidos e aprovados pelo Parlamento Europeu até ao verão.

O eurodeputado português explicou que “este é o conceito de adicionalidade”. “O que os fundos estruturais não financiam pode ser financiado pelo FEIE”, esclareceu. Questionado sobre se já tinha partilhado esta estratégia com o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, José Manuel Fernandes frisou que os seus interlocutores são a Representação Permanente de Portugal junto da União Europeia (REPER) e o embaixador Nuno Brito, acrescentando que está sempre disponível para esclarecer o que for necessário ao Executivo português e pronto para colaborar.

O que os fundos estruturais não financiam pode ser financiado pelo FEIE.

José Manuel Fernandes

Eurodeputado

Portugal está no pelotão da frente em termos de utilização do Plano Juncker — em Portugal, o Plano Juncker já mobilizou mais de 1.000 milhões de euros (até dezembro de 2016) — mas isso não significa, de acordo com os relatores, que não haja espaço para melhorar. Numa comparação em termos de PIB per capita, o país que mais aproveitou o Plano Juncker foi a Estónia, seguido de Espanha e depois Portugal.

A Câmara Municipal de Lisboa é a maior beneficiária do Plano Juncker com um investimento de 500 milhões de euros (250 são comparticipados por Bruxelas), mas José Manuel Fernandes gostaria de ver outras zonas do país, nomeadamente o Norte, apresentarem também projetos de investimento avultados ao Plano.

A maior aposta de Lisboa prende-se, em parte, pela menor fatia de fundo de coesão — muitas vezes atribuído a fundo perdido — que tem à sua disposição, o que a deixa mais atenta a soluções ao nível dos instrumentos financeiros. Mas também por uma questão de dimensão. Poucas câmaras em Portugal têm capacidade para levar a cabo investimentos desta envergadura. A solução, segundo o eurodeputado português, é agregar propostas.

Os dois relatores, cada um da sua família política, defendem a criação de plataformas setoriais ou regionais onde seja possível agregar projetos. O problema é que o Banco Europeu de Investimento só financia diretamente investimos a partir de 50 milhões de euros, salvo raras exceções — é o caso do campus da Universidade Nova (16 milhões de euros). Por isso, segundo o Parlamento Europeu defende que as CCDR e a Instituição Financeira de Desenvolvimento são os players a envolver porque podem gerir o processo pelo Banco Europeu de Investimento.

Além da CML e da Universidade Nova, Portugal tem ainda um projeto de biomassa no Plano Juncker. Mas poderia ter muitos mais. José Manuel Fernandes dá exemplos: projetos de água e saneamento que poderiam ser agregados numa plataforma, adicional ao Fundo de Desenvolvimento Regional as verbas do Plano Juncker para financiar o Plano das Florestas, financiar projetos de aquacultura ou, ainda, financiar a rede de equipamentos sociais, já que “o Portugal 2020 tem pouco dinheiro para isso” ou substituir toda a rede de iluminação pública por soluções mais eficientes.

Portugal compara bem também na janela das PME: são mais de 1500 empresas em Portugal apoiadas pelo Plano Juncker. Contudo, “há um problema de visibilidade já que, das 400 mil empresas apoiadas na Europa com a garantia BEI e o Orçamento da União Europeia por trás nem sequer o sabem”, lamentou o eurodeputado português do grupo do Partido Popular Europeu (democratas-cristãos). Estes projetos são selecionados e aprovados pelos bancos dos diversos países.

Há um problema de visibilidade já que, das 400 mil empresas apoiadas na Europa com a garantia BEI e o Orçamento da União Europeia por trás nem sequer o sabem.

José Manuel Fernandes

Eurodeputado

E é neste ponto que surge mais uma das alterações que os eurodeputados querem introduzir: ter conhecimento da lista de projetos que os bancos rejeitam. “Também queremos conhecer os projetos que não foram selecionados. É o caso do Alqueva, que não está no sistema porque ainda não foi pré-selecionado”, sublinhou José Manuel Fernandes.

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O que fazer a 500 mil carros retomados? A Volkswagen não sabe

  • Juliana Nogueira Santos
  • 10 Abril 2017

A fabricante alemã retomou mais de 500 mil carros nos Estados Unidos, mas a solução sobre o que fazer com eles não está à vista.

O escândalo das emissões poluentes da Volkswagen rebentou em finais de 2015, quando se ficou a saber que 11 milhões de veículos da fabricante alemã — incluindo os das suas subsidiárias Audi, Skoda e Seat — estavam equipados com um software que reduzia as emissões de gases poluentes quando estavam a ser testados. Estudos vieram revelar que os automóveis emitiam 40% mais gases nocivos que o que era permitido por lei.

Em território norte-americano, foram 500 milhões os veículos com este software vendidos entre 2009 e 2016. No final do ano passado, a marca alemã concordou com as exigências destes clientes e não só garantiu que a situação ia ser resolvida através do arranjo ou da retoma, como se juntava a isto uma indemnização de 5.100 a 10.000 dólares.

A empresa reservou mais de 10 milhões de dólares para comprar os veículos afetados, uma fatia dos 23,9 milhões de dólares que serão necessários para resolver totalmente o problema. O CEO da empresa, Matthias Mueller, afirmou há um mês que não vai ser preciso mais dinheiro, ao contrário dos rumores que circulam.

São 15 mil os donos a irem semanalmente aos concessionários para venderem os seus carros e receberem em troca um valor que pode ascender até aos 40 mil dólares. Estes são depois levados para um entreposto, onde ficam estacionados. É assim que surge o problema da marca: o que fazer a meio milhão de carros retomados, que continuam com o mesmo problema? As soluções não são muitas…

Arranjar para poder vender

A marca não poderá voltar a pôr estes veículos em estrada sem que sejam intervencionados. A solução nem sequer passa por exportar estes para países onde a legislação seja menos restrita, visto que esta ação foi proibida logo à partida.

O programa é uma parte importante dos esforços da Volkswagen para resolver os problemas dos nossos consumidores e reconstruir a confiança nos Estados Unidos.

Jeannine Ginivan

Representante da Volkswagen nos Estados Unidos da América

Existem dois tipos de motores neste processo: os que foram vendidos entre 2009 e 2014, os chamados “Geração Um” e os vendidos em 2015. Estes últimos estão equipados com uma tecnologia mais atual e são mais fáceis de reparar, sendo precisos apenas dois passos: uma atualização de software que já está disponível e a reparação das peças, assim que estas estiverem disponível.

No caso dos motores de “Geração Um”, o processo é bem mais complicado. A reparação será feita através da aplicação de um spray purificante no catalisador. Contudo, alguns carros, por serem demasiado pequenos, vão ter de ser modificados para aceitarem este spray, o que pode vir a revelar-se um custo demasiado elevado para um carro usado.

Além disto, não está provado que esta solução seja durável e que não afete em nenhum aspeto a performance do carro. Estima-se que 65% dos veículos afetados sejam deste tipo.

A solução europeia tarda

O programa de retomas nos Estados Unidos da América vai continuar a funcionar até 30 de junho deste ano, data imposta pelas autoridades para que pelo menos 85% dos automóveis afetados estejam a ser intervencionados. Em declarações à Bloomberg, Jeannine Ginivan, representante da marca nos EUA, afirmou que o programa “é uma parte importante dos esforços da Volkswagen para resolver os problemas dos nossos consumidores e reconstruir a confiança nos Estados Unidos.”

Deste lado do Atlântico o processo não tem sido assim tão fácil. A Comissão Europeia juntou-se às associações de defesa dos consumidores e tem pressionado a marca para que seja encontrada uma solução parecida à norte-americana num futuro próximo. A comissária europeia responsável pelos consumidores, Vera Jourova, incentivou as associações a “utilizarem todos os meios à disposição para proteger os consumidores europeus”.

Relativamente ao caso português, a SIVA, empresa importadora da marca, afirmou que a “grande ação vai decorrer em 2017”, estimando que até setembro estará o “assunto resolvido” em Portugal. Serão 125 mil os veículos afetados.

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Comércio: o remédio do FMI para combater o protecionismo

O Fundo Monetário Internacional quer fazer do comércio o motor do crescimento económico para todos. Esta segunda-feira, no World Economic Outlook, dá conselhos para facilitar esse movimento.

A palavra “protecionismo” surge cinco vezes num paper sobre comércio internacional do Fundo Monetário Internacional, realizado em conjunto com o Banco Mundial e o Organização Mundial do Comércio. A expressão tem estado na agenda mediática desde que Donald Trump chegou à presidência dos Estados Unidos. No World Economic Outlook de abril divulgado esta segunda-feira, o FMI reconhece a onda de protecionismo, registada já no início deste século, mas aconselha os Estados a fortalecerem as trocas comerciais se quiserem ter mais crescimento económico.

Recuando ao passado, o FMI faz um retrato sobre como um “integração comercial” maior ajudou as economias a cresceram no final do século passado. Mas reconhece também que a viragem do século abrandou o nível de reformas para fortalecer as trocas comerciais diminuiu, ao mesmo tempo que as pressões protecionistas aumentaram. Contudo, há um detalhe que não escapa ao Fundo nesta análise: “O comércio está a deixar muitos cidadãos e comunidades para trás, mesmo nas economias mais desenvolvidas”. Isso acontece, por exemplo, ao nível do emprego.

Relação entre o crescimento económico e o nível das trocas comerciais, nomeadamente as importações, nas economias desenvolvidas e nas economias em desenvolvimento e mercados emergentes.FMI

O FMI considera que os postos de trabalho foram mais destruídos pelos avanços de tecnologia do que pelo comércio. Ainda assim, admite que os benefícios do comércio acabam por ficar concentrados em vez de serem distribuídos por toda a população. “Com as políticas corretas, os países podem beneficiar das grandes oportunidade que o comércio traz e beneficiar mais os que foram deixados para trás”, afirma o FMI no mesmo documento. Este é o remédio para combater o protecionismo. E quais são essas políticas corretas? O paper alerta que não existe uma solução igual para todos (alerta de que não existe uma estratégia one-size-fit-all), mas recomenda quais devem ser os princípios ativos que os governos apliquem:

  1. Facilitar a mobilidade dos trabalhadores entre empresas, indústrias e regiões para minimizar os custos de ajustamento e promover o emprego. Deste modo, os governos devem aplicar políticas em áreas como habitação, crédito e infraestruturas necessários para tornar fácil a mobilidade;
  2. Este tipo de políticas ativas de emprego, “se bem desenhadas e preparadas à medida das circunstâncias dos países”, podem facilitar a baixar o desemprego, nomeadamente o financiamento de investimento em novas tecnologias ou expansão de setores, principalmente em start-ups;
  3. Deve-se também dar relevo à assistência para procurar emprego e aos programas para melhorar as competências dos trabalhadores. O FMI considera que os sistemas de educação devem estar preparados para dar resposta à procura do mercado laboral moderno, em colaboração com o setor privado;
  4. É importante haver uma rede de proteção social, como haver um subsídio de desemprego, para proteger quem seja afetado pela elevada concorrência e possa assim ter uma oportunidade para ‘renascer’ profissionalmente. Além disso, os programas de educação devem facilitar a aprendizagem constante ao longo da vida;
  5. Adotar políticas específicas para certos locais, dado que pode ajudar a melhorar as condições de vida de uma comunidade afetada negativamente pelo comércio, ainda que isso crie distorções;
  6. Reforçar a transparência das decisões políticas e promover um mercado competitivo ainda que bem regulado para evitar que a opinião pública seja contra o comércio internacional. Assim, deve estruturar as regras do comércio internacional de forma a que a partilha dos seus benefícios seja mais ampla em termos de emprego e qualidade de vida;
  7. Combater as taxas aduaneiras que prejudicam um comércio aberto, principalmente na agricultura e indústria. Além disso, os Estados devem promover a cooperação na adoção de soluções que resolvam desafios partilhados entre vários países;

Esta análise ao comércio internacional revela ainda que as áreas digitais, nomeadamente dos serviços, representam zonas onde uma reforma comercial “pode resultar num particular contributo para um forte crescimento” económico. Mas o FMI não esquece as áreas tradicionais: a agricultura, por exemplo, deve ser um dos focos. Os Estados devem então usar as trocas comerciais para aumentar o crescimento económico, que o Fundo espera que acelere este ano e nos próximos, ainda que sem descolar dos 3%.

Evolução do número de acordos comerciais entre 1951 e 2015.FMI

Para o Fundo Monetário Internacional, a desaceleração do comércio internacional nos anos mais recentes “tanto é um sintoma como um contributo do crescimento baixo”. Apesar da crise financeira, do final da década passada, justificar parte dessa desaceleração, existem outros fatores: houve uma mudança da composição da atividade económica, nomeadamente no decréscimo da liberalização do comércio acompanhado por um aumento de protecionismo. As taxas de investimento e do crescimento económico têm influenciado o comércio, mas o “crescimento recente das trocas comerciais tem oscilado entre um a dois pontos percentuais a baixo do que seria expectável, tendo como base a relação histórica entre o comércio e estes fatores macroeconómicos”, explica o FMI.

O impacto estimado dos acordos comerciais nas exportações, em comparação com uma realidade paralela em que esses acordos comerciais não existem.FMI

Um dos elogios do documento vai para o mecanismo de resolução de litígios da Organização Mundial do Comércio que “tem ajudado países contra ações” que prejudicam o comércio, nomeadamente as barreiras “técnicas” ou os subsídios estatais. O FMI considera que o “sistema de comércio multilateral” tem sido um instrumento de integração e de estabilidade do comércio internacional, tendo ajudado a “prevenir novas ondas de protecionismo”, mesmo perante choques económicos e geopolíticos.

A restrição estimada na área dos serviços em termos de políticas comerciais. Portugal está no conjunto de países com menores restrições.FMI

Perante a nova onda, caberá aos governos responder. Contudo, o FMI alerta que existe uma grande complexidade atualmente no comércio internacional, pelo que a cooperação internacional deve ser ainda mais forte. E, mais do que forte, “sustentável”. O paper recomenda que as abordagens às trocas comerciais sejam mais eficazes e praticáveis, seja ao nível de acordos internacionais seja ao nível de regras internacionais.

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Macedo chamado ao Parlamento para explicar prejuízos da CGD

  • Juliana Nogueira Santos
  • 10 Abril 2017

O presidente do banco estatal foi chamado pelo PSD para justificar os resultados do mesmo em 2016.

Paulo Macedo, líder do banco estatal, vai esta quarta-feira ao Parlamento para ser ouvido sobre os resultados do banco em 2016. Esta audição vai ter lugar na comissão parlamentar de Orçamento Finanças e Modernização Administrativa e foi pedida pelo Partido Social Democrata.

O PSD já tinha afirmado, pelas palavras do deputado Duarte Pacheco, que esta presença ia ser requerida. “Que fique claro, há aqui um agravamento drástico dos resultados e esse agravamento deve ser explicado a todos os portugueses”, justificou o deputado. É também de esperar que o gestor dê um ponto de situação reativamente ao processo de recapitalização do banco.

A Caixa Geral de Depósitos registou prejuízos de 1.859,5 milhões de euros em 2016, um valor explicado pelo elevado montante de imparidades reconhecidas no final do ano passado. Paulo Macedo será ouvido às 18h00, na sessão ordinária da comissão parlamentar.

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Jerónimo de Sousa: “A opção do Governo para o Novo Banco é a defendida pelo PSD e CDS”

  • Margarida Peixoto
  • 10 Abril 2017

Jerónimo de Sousa reforçou que os comunistas estão contra a venda do Novo Banco ao Lone Star e defendeu que este é mais um exemplo da "institucionalização de políticas de concentração de capitais."

Jerónimo de Sousa criticou esta segunda-feira o Governo pela solução que escolheu para o Novo Banco, acusando-o de tomar a opção que o PSD e o CDS defendiam. O secretário-geral do PCP prometeu contestação à entrega da instituição financeira ao Lone Star e reforçou que os comunistas só apoiariam a nacionalização.

“O Novo Banco foi entregue a um fundo especulativo americano, com o afastamento do capital público de qualquer papel decisório e o adiamento por 30 anos dos juros devidos pelos bancos” ao Fundo de Resolução, frisou Jerónimo de Sousa, nas jornadas parlamentares do PCP. “Esta é a opção defendida do PSD e CDS”, reforçou Jerónimo, defendendo que é uma solução que “prejudica o país e o povo” e que, por isso, “o PCP rejeita”. O líder dos comunistas prometeu “oposição” a esta opção e garantiu que o Governo só poderá contar com o PCP “para integrar o Novo Banco no setor público.”

Para Jerónimo de Sousa, a solução escolhida para o Novo Banco é, aliás, mais um exemplo da “institucionalização das políticas de concentração de capitais” promovidas pela União Europeia.

O secretário-geral do PCP aproveitou para deixar avisos sobre o futuro: lembrou que “Portugal beneficia de fatores que não controla e que não estão garantidos”, como é o caso das “baixas taxas de juro”, do “programa do Banco Central Europeu” e de um afluxo de “turistas desviados de outros países”.

Sublinhou que neste momento o “investimento em relação ao PIB é o mais baixo desde a década de 50 do século passado” e que “já não repõe a degradação do aparelho produtivo” e alertou para o aprofundamento do “défice tecnológico”. Mais: “Os excedentes das contas nacionais refletem sobretudo a contenção das importações, com a contenção do consumo”, argumentou.

Para combater esta situação o PCP pede uma “política para aumentar a produção” e que Portugal resista ao “rolo compressor da União Europeia”, afirmando a sua “soberania”. Defende a “concretização da obra hidroagrícola do Baixo Mondego”, pede uma política que inverta a “injusta distribuição do rendimento nacional” e que promova o “investimento para inovação, investigação, grandes projetos produtivos, apoiar as pequenas e médias empresas”. Jerónimo defendeu que é preciso aproximar os preços da energia elétrica, do gás natural e dos combustíveis à média da União Europeia.

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Dijsselbloem sente “tristeza” por ter dedicado tanto tempo com declarações

  • Lusa
  • 10 Abril 2017

Jeroen Dijsselbloem afirmou sentir "tristeza" por ter tido que dedicar tanto tempo a falar sobre a entrevista na qual sugeriu que os países do sul da Europa gastaram dinheiro em "copos e mulheres".

“Entristece-me muito que tenhamos dedicado tanto tempo e energia a uma entrevista enquanto a Grécia cai numa nova crise”, disse em entrevista ao diário holandês “De Volkskrant”, considerando que foi tratado como se tivesse cometido um “crime de guerra”.

Para o também ministro das Finanças holandês, “o problema agravou-se enormemente. É como se tivesse cometido um crime de guerra”, disse.

Em entrevista ao “Frankfurter Allgemeine Zeitung” há várias semanas, Dijsselbloem sugeriu que os países do sul da zona euro gastaram dinheiro em “copos e mulheres”, declarações que lhe valeram duras críticas e pedidos de demissão, sobretudo por parte do Parlamento Europeu.

Ao ministro holandês pareceu-lhe “muito incómodo” que tanta gente se tenha sentido ofendida pelas suas palavras e afirmou que se sentiu cercado pelos eurodeputados.

Dijsselbloem reconheceu que poderia ter sufocado o mal-estar se tivesse apresentado desculpas imediatamente, mas assegurou que se negou a fazê-lo porque “não poderia retratar-se de alguma coisa que não tinha dito, de alguma coisa à qual não se referia”.

Questionado pelo “De Volkskrant” sobre se espera cumprir o seu mandato até janeiro de 2018 à frente do grupo que reúne os ministros das Finanças dos países do euro, o social-democrata disse que, “como a curto prazo haverá um novo Governo na Holanda, o Eurogrupo procura rapidamente um novo presidente“.

Contudo reconheceu que se não se conseguir, ainda tem possibilidades de concluir o mandato.
Dijsselbloem também indicou que, nas discussões com os colegas na reunião informal dos ministros das Finanças da União Europeia em Malta, “não ouviu ninguém apoiar uma presidência fixa” do Eurogrupo.

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Angola precisa do petróleo a 82 dólares para equilibrar orçamento, diz a Fitch

  • Lusa
  • 10 Abril 2017

A Fitch considerou hoje que Angola precisa que o preço do petróleo suba para 82 dólares para ter o orçamento equilibrado, salientando que o aumento da despesa pública elevou este valor.

“Os preços necessários para um ‘break-even’ orçamental desceram para a maioria dos países cujo ‘rating’ soberano é analisado”, citando as medidas tomadas pelos governos na Europa, Médio Oriente e África, escrevem os analistas, mas no caso da Nigéria, Angola e Gabão, o cenário é o inverso.

“Estes ajustamentos atrasaram-se face à queda do preço do petróleo, [por isso] a nossa previsão de ‘break-even’ orçamental para 2017 é substancialmente maior do que em 2015, em parte devido ao aumento da despesa pública”, escreve a Fitch num relatório sobre o impacto da queda dos preços do petróleo nos países da região EMEA — Europa, Médio Oriente e África.

No documento, a que a Lusa teve acesso, os analistas explicam que o ‘break-even’ orçamental é o preço a que o barril de petróleo precisa de estar para que o saldo orçamental seja zero, ou seja, um orçamento equilibrado.
Esta segunda-feira, o petróleo estava a valer 55,45 dólares, um ligeiro aumento face aos 55,11 dólares a que fechou a sessão, na sexta-feira.

Angola deverá registar um défice orçamental de 5,8% do PIB este ano, de acordo com as previsões do Governo.

“A maioria dos países exportadores de petróleo ainda enfrentam pressões por causa dos preços baixos do petróleo, quase três anos do choque petrolífero”, lê-se na nota de análise que não constitui nenhuma ação de ‘rating’, e que salienta que “os preços do petróleo começaram a recuperar, mas continuam abaixo dos níveis que equilibrariam os orçamentos na maioria dos maiores exportadores de petróleo” da Europa, Médio Oriente e África.

Segundo a previsão da Fitch, os preços deverão ficar, em média, nos 52,5 dólares por barril este ano, o que representa uma subida face aos 45,1 dólares do ano passado, “mas ainda abaixo do ‘break-even’ orçamental para 11 dos 14 países a que a Fitch atribui ratings sobre o crédito soberano.

‘Break-even’ orçamental

Nigéria = 139
Barein = 84
Angola = 82
Omã = 75
Arábia Saudita = 74
Rússia = 72
Cazaquistão = 71
Gabão = 66
Azerbeijão = 66
Iraque = 61
Abu Dhabi = 60
Repúb. Dem. Congo = 52
Qatar = 51
Kuwait = 45

Preço do petróleo em dólares
FonteF: Fitch

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