Cheque de 2.500 milhões do Estado já chegou à CGD

O Estado injetou 2,5 mil milhões de euros no banco público. A Caixa está agora "em condições sólidas", assegura o Ministério das Finanças.

Está concluída a segunda fase do processo de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos (CGD). O Ministério das Finanças informa que realizou um aumento de capital, em dinheiros públicos, no valor de 2,5 mil milhões de euros.

“Conclui-se hoje a segunda fase do processo de recapitalização da CGD, com a subscrição e realização do aumento de capital dinheiro pelo Estado Português, no montante de 2.500 milhões de euros”, refere o Ministério das Finanças, em comunicado enviado às redações.

Antes desta injeção, e também no âmbito da segunda fase de recapitalização, a CGD já tinha concluído a emissão, junto de investidores institucionais, de dívida subordinada, no valor de 500 milhões de euros.

Já a primeira fase de recapitalização, concluída em janeiro, implicou um aumento de capital no valor de 1.445 milhões de euros, subscrito integralmente pelo Estado. Este montante foi conseguido através da conversão das obrigações subordinadas de conversão contingente (os chamados CoCo’s) em capital, o que resultou em 945 milhões. Além disso, a totalidade da Parcaixa passou a ser contabilizada no balanço do banco público, permitindo um encaixe de 500 milhões.

Esta recapitalização da CGD, considera o Ministério das Finanças, “assenta num plano de negócio que garante a sua competitividade e a sua rentabilidade de longo prazo, bem como a modernização da sua estrutura comercial e do reforço do seu modelo de governação”.

"Portugal fica com o seu principal banco em condições sólidas, assim contribuindo para o fortalecimento do sistema financeiro do país e para a dinamização da economia portuguesa.”

Ministério das Finanças

Por outro lado, este plano de negócio vai permitir “um retorno adequado para o acionista Estado”. Concluída esta segunda fase, “Portugal fica com o seu principal banco em condições sólidas, assim contribuindo para o fortalecimento do sistema financeiro do país e para a dinamização da economia portuguesa”, conclui o gabinete de Mário Centeno.

Já a administração do banco público refere, em comunicado enviado à Comissão do mercado de Valores Mobiliários (CMVM), que “a conclusão desta importante fase do plano de recapitalização e consequente reforço da sua solvabilidade permitem agora à Caixa concentrar-se na execução do seu plano estratégico 2017-2020”.

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Bernardo Trindade lidera estrutura de missão para captar investimento pós-Brexit

O antigo secretário de Estado e os empresários Chitra Stern e Gonçalo Lobo Xavier são os escolhidos para tentar captar investimentos para Portugal depois do Reino Unidos sair da União Europeia.

O antigo secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, vai ser o novo presidente da estrutura de missão que quer atrair investimentos para Portugal, aproveitando a saída do Reino Unido do projeto europeu.

A Portugal in, estrutura temporária que foi aprovada esta quinta-feira em Conselho de Ministros, vai ainda contar com Chitra Stern, a empresária que detém o Grupo Martinhal, e Gonçalo Lobo Xavier, vice-presidente do Comité Económico e Social Europeu e membro da Associação dos Industriais Metalúrgicos e Metalomecânicos e Afins de Portugal.

Esta estrutura, que está sob a dependência do primeiro-ministro, é temporária. Os responsáveis escolhidos para a comissão executiva, que trabalham em regime pro bono, têm um mandato definido até 31 de dezembro de 2019. A forma de funcionamento desta estrutura será bastante idêntica à estrutura de missão criada para a capitalização de empresas e liderada por José António Barros, antigo dirigente da AEP.

O objetivo, como especifica o comunicado do Conselho de Ministros, é “atrair para Portugal investimentos que pretendam permanecer na União Europeia após a saída do Reino Unido”. Investimentos que são considerados “essenciais para reforçar a competitividade da economia nacional”.

E como atrair estes investimentos? “Através dos fatores de diferenciação e complementaridade que Portugal oferece, nomeadamente ao nível do recursos humanos e da posição geoeconómica do país pretende-se dinamizar capacidade empresarial nacional e a criação de emprego”, explica o comunicado.

Aproveitar oportunidades

A estrutura de missão ainda não teve nenhuma reunião formal, mas o ECO tentou saber junto dos responsáveis desta estrutura como Portugal pode convencer os investidores a apostar no país.

Bernardo Trindade não quis avançar detalhes sobre qual será a estratégia da estrutura de missão. “Ainda é prematuro”, disse ao ECO, acrescentando que “o importante é começar a trabalhar”.

Já Gonçalo Lobo Xavier, falando apenas pela sua experiência e remetendo quaisquer esclarecimentos sobre o Portugal In para Bernardo Trindade, defende que uma das formas como as empresas portuguesas podem beneficiar deste novo cenário é “através de uma eventual participação em consórcios para infraestruturas”, já que “há uma série de investimento previstos para o Reino Unido e Irlanda nas áreas da ferrovia, aeroportos e estradas”.

O responsável da AIMMAP — um setor que exportou 14,7 mil milhões de euros o ano passado e que teve o Reino Unido como o quarto maior mercado de exportação com um crescimento de 20% — defendeu que o Estado português, “deve acompanhar, desde a primeira hora, na linha da frente as negociações de saída” do Reino Unido, uma posição “determinante para depois poder fazer acordos com todos os países”. “Há também oportunidades para fomentar negócios par as empresas portuguesas”, acrescenta. Mas lembra “este é um processo novo e muito longo no qual ainda falta saber quais serão as linhas de negociação”.

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Lone Star ficará impedido de distribuir dividendos do Novo Banco durante 8 anos

  • Margarida Peixoto
  • 30 Março 2017

O acordo alcançado para a venda de 75% do capital do Novo Banco ao Lone Star deverá ser anunciado amanhã. Venda prevê mecanismo para minorar a probabilidade de novos aumentos de capital.

O Lone Star, o fundo que se prepara para comprar 75% do capital do Novo Banco, ficará impedido de distribuir dividendos do banco durante oito anos, apurou o ECO. A medida visa a acumulação de uma almofada de capital que diminua a probabilidade de o banco vir a necessitar de novas injeções de dinheiro.

O acordo para a venda do Novo Banco está praticamente fechado e deverá ser comunicado amanhã pelo Banco de Portugal. Tal como tem vindo a ser noticiado, o Fundo de Resolução deverá ficar com 25% do capital, passando os restantes 75% para o Lone Star. Mas estes 25% levantam uma questão: e se o capital do banco voltar a ter de ser reforçado? Se o Fundo de Resolução entrar em futuros aumentos de capital isso significa um custo acrescido para os contribuintes, já que as despesas do Fundo são consideradas despesas públicas.

Desde logo, ainda não é claro em que moldes é que o Fundo de Resolução pode injetar capital no Novo Banco. À luz do acordo de 3 de agosto de 2014, que decidiu a resolução do BES, esta possibilidade está vedada. Mas tal como o Público adiantou, e o ECO confirmou, estas restrições estão a ser revistas de forma a encontrar condições em que o Fundo possa injetar capital no Novo Banco. O Público diz, na edição desta quinta-feira, que o Fundo se compromete a participar em futuros aumentos de capital, caso os rácios de capital caiam abaixo de um determinado valor mínimo.

Seja como for, para diminuir o risco de virem a ser necessários futuros aumentos de capital, o acordo estabelece que durante oito anos o banco não pode distribuir eventuais dividendos pelos acionistas. O valor dos dividendos deverá, em contrapartida, ser acumulado numa almofada de capital. O acordo não prevê que o Estado assuma qualquer garantia, como chegou a ser exigido inicialmente pelo Lone Star.

Fundo mantém 25% dos direitos económicos

Quando a venda se concretizar, haverá um aumento de capital em dois momentos: primeiro serão injetados 750 milhões de euros, e depois mais 250 milhões. O Fundo não participará nestes aumentos de capital e verá, dessa forma a sua posição diluída dos 25% para 19,8%, porque o capital aumenta dos atuais 3.800 milhões de euros para 4.550 e depois para 4.800 milhões de euros.

Esta participação poderá baixar ainda mais, se houver conversão de obrigações em capital ou novos aumentos de capital. Contudo, o Fundo de Resolução vai manter os direitos económicos de 25% do capital, tal como avançou o Público. Esta medida permite que, numa venda futura, o Fundo continue a ter direito a 25% do valor da venda. O ECO também já confirmou esta informação.

A solução que está a ser desenhada permitirá evitar que se atinja o prazo limite definido pela Comissão Europeia para vender o banco. Findo este prazo, o banco teria de ser liquidado, com custos elevadíssimos tanto para as contas públicas, como para a economia. Com esta solução, consegue-se ainda evitar o recurso a injeções públicas no imediato.

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Global Shapers vão discutir o futuro na Fnac

  • ECO
  • 30 Março 2017

Os eventos, promovido pela comunidade portuguesa dos Global Shapers, vão consistir em discussões abertas de temas da atualidade para tentar alcançar soluções para os problemas dos diversos campos.

Todos os meses, o braço português da rede internacional Global Shapers, um grupo de jovens talentos que quer contribuir para a solução de problemas atuais e futuros do país, organiza as ‘FNAC Shaper Talks’, na loja da marca no Chiado. Serão debates com entrada livre, onde se vão discutir temas como educação, economia, saúde, política, cultura e outros. A primeira acontece já em abril.

Entre os jovens participantes, que já hoje intervêm nestas áreas, contam-se o atual líder dos Global Shapers portugueses, Francisco Goiana da Silva (médico, docente universitário e gestor de saúde), Afonso Reis Cabral (escritor), Alexandre Farto (escultor conhecido por Vhils), Rui Maria Pêgo (apresentador), Inês Relvas (vice-curadora e consultora na Boston Consulting Group), Stephan Morais (fundador do Global Shapers Lisbon Hub e diretor executivo da Caixa Capital), Cristina Fonseca (co-fundadora da Talkdesk), Miguel Santo Amaro (co-fundador da Uniplaces) ou Miguel Nunes (Ator). Esta comunidade, criada a partir do Fórum Económico Mundial, é composta por 27 jovens portugueses dedicados a contribuir para a solução de problemas dentro da sua comunidade.

Francisco Goiana Silva, líder do Global Shapers Lisbon Hub, comentou o evento em comunicado: “Estamos muito entusiasmados por poder dar continuidade ao nosso trabalho e com a possibilidade de partilhar a nossa visão sobre temas que são importantes para as novas gerações, levando o debate de ideias para o espaço da FNAC no centro de Lisboa, onde qualquer pessoa pode juntar-se e discutir connosco”.

Com a Educação como tema desta primeira sessão, Afonso Mendonça Reis, Global Shaper, economista, professor universitário na Nova SBE e fundador das Mentes Empreendedoras e Inspira o teu Professor, contou ao ECO aqueles que considera serem os principais desafios que o panorama educativo enfrenta hoje em dia: “O que falta, primeiro de tudo, é visão clara da missão da educação por parte de todos os agentes e estabilidade do sistema educativo. Falta uma visão que defina objetivos claros, dê estabilidade ao sistema e os meios (técnicos e financeiros) às escolas para cumprir a sua missão. Com base nessa visão seria importante dar liberdade e acompanhamento às escolas para encontrar a melhor forma perante o seu contexto e recursos para atingir essa missão”.

Afonso Mendonça Reis, foi nomeado um Global Shaper pelo Fórum Económico Mundial em julho de 2012.

“Num mundo de mudança exponencial, a mudança e a inovação permanente é uma exigência a todos os níveis da nossa vida pessoal e profissional que se sente na sociedade, estado, empresas sociedade civil, etc.”, acrescentou Afonso Mendonça Reis. Por isso, e porque considera que “todos concordam que são necessárias mudanças, mas falta uma visão clara do que se pretende da educação e qual a estratégia mais adequada para atingir esse objetivo”, defende que é necessário debater o tema.

E é isso que os Global Shapers farão na primeira “FNAC Shaper Talks”, que acontece já a 18 de abril. As restantes ocorrerão nas 3ª terças-feiras de cada mês, pelas 18h30, na FNAC do Chiado, em Lisboa.

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MÈZË, o mediterrâneo à volta e sobre a mesa

Do sul da Europa ao Médio Oriente passando pelo Magrebe, a marca de acessórios de cozinha inspirados na cultura mediterrânica é completamente pensada e produzida em Portugal. Para o mundo.

Rodeado por tachos e panelas desde que se lembra, José Grilo decidiu esperar pelos 50 para realizar um sonho. Envolvido na Grilo Kitchenware, a empresa criada em 1929 e que percorreu três gerações de uma família do Porto, José não descansou enquanto não criou uma marca à sua imagem e ambição. No ano passado, depois de mais de três anos a trabalhar no conceito e nas primeiras peças, lançou a Mèzë, uma marca de acessórios de cozinha e mesa inspirados na cultura mediterrânica criada pela empresa, e que tem como objetivo fundamental fazer crescer o negócio internacionalmente.

Depois de apostar em empresas fora da ‘casa-mãe’, José voltou à empresa a tempo inteiro em 2006. “Prometi que um dia voltaria a fazer um projeto do género. O elemento agregador, que serve como unificador, é o mediterrâneo. A cultura da cozinha, da mesa. Quis apostar na fileira casa, table wear, num segmento premium”, conta José Grilo, em entrevista ao ECO.

Com um investimento de 500 mil euros e o designer, Pedro Sottomayor, escolhido para a tarefa, José Grilo avançou. “Há uma nova realidade de vendas que justifica o valor do investimento”, esclarece.

José Grilo, fundador da Mèze.D.R

E se, em 2012, começava a pensar seriamente no assunto, em 2013 arrancou a estruturação do projeto. O resultado foi a Mèzë, que significa cultura de mesa e de partilha. A marca foi apresentada ao público, pela primeira vez, em fevereiro de 2016, no salão Ambiente de Frankfurt, na Alemanha. Depois, esteve também em exposição no Interior Lifestyle Tokyo, no Japão. O primeiro ponto de venda da Mèzë foi nas Galerias Lafayette, em Pais, e o segundo nas lojas César Porto, em Lisboa e no Porto.

Queria que fosse um projeto com caráter e identidade para se afirmar em todo o mundo.

José Grilo

Mèzë

As peças da coleção tinham como ideia fundamental serem um elemento cultural diferenciado mas que usasse, ao mesmo tempo, design e materiais mais naturais como a cortiça ou a ardósia. Fabricados sobretudo com metal, madeira, cerâmica, vidro, cortiça, vime e pedras, todos oriundos do mediterrâneo, o produto principal da Mèzë é uma linha de acessórios para cozinhar inspirada na ideia do “imenso mar Mediterrâneo”.

Os planos de crescimento da marca passam por continuar a apostar em designers e parcerias internacionais, tirando o maior partido da patente registada pela marca: uma pega magnética que serve de chamariz a muitos dos clientes, um pouco por todo o mundo.

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Sistema financeiro e economia: Centeno em seis pontos

O sistema financeiro continua a ser a prioridade deste Governo: do Novo Banco ao Montepio, passando pelo Banco de Portugal. Em entrevista, Centeno falou ainda do BCE, dos juros e da dívida.

Mário Centeno está menos confiante na saída do PDE, critica as agências de rating pelo excesso de “conservadorismo” e os mercados por se contagiarem por “movimentos que não têm nada que ver” com o país. O ministro das Finanças diz compreender o Banco Central Europeu se Draghi quiser retirar a política de estímulos, referindo que há países com uma situação “mais frágil” do que a portuguesa. Sobre o Novo Banco, Centeno confirmou, na entrevista ao jornal Público, que o Estado ficará com 25%, mas recusa dizer que fique sem poder sobre nada. Já quando o nome do governador do Banco de Portugal vem à baila, Centeno não se pronuncia.

1 – Agências de rating têm um “conservadorismo muito, muito forte”

O ministro das Finanças deixou mais críticas às agências de rating. Apesar de continuar com a classificação de investimento por parte da DBRS (que fará novamente uma avaliação a Portugal no dia 21 de abril), a dívida soberana portuguesa continua fora do radar dos investidores para a Fitch, Moody’s e S&P. Para Mário Centeno os critérios das agências de rating “são bastante discricionários”: “É evidente que há aqui um conservadorismo muito, muito forte destas agências”, acusa.

“Não é só com Portugal, mas com a generalidade das economias europeias, que as agências têm tido uma atitude de grande resistência na reavaliação da situação de rating de cada economia”, argumenta Centeno, que diz existir “um hiperconservadorismo de quem se enganou muito no passado”. Ainda assim, o titular da pasta das Finanças refere que um dos relatórios mais recentes diz que “os riscos do sistema bancário estão em retrocesso”, um sinal positivo.

Mário Centeno admite que esta “sobre-reação” das agências de rating depois da crise de 2007 e 2008 “poderá ter as suas razões fundadas”, mas refere que “enquanto governante” defende uma mudança. Ou seja, Mário Centeno espera que o rating suba nos próximos tempos, justificando essa expectativa com a evolução do sistema financeiro. “Esse é o desejo que temos”, afirmou, referindo existir vários “sucessos que devem merecer a atenção de todos”.

2 – Programa de compras: há países com situação “mais frágil” do que Portugal

O Banco Central Europeu tem vindo a diminuir o seu programa de compras de dívida soberana na zona euro. Esse efeito já foi sentido em Portugal, mas será ainda mais notória caso o governador do BCE, Mario Draghi, veja a inflação e a economia a crescer ainda mais. Contudo, Centeno não se mostra preocupado com os efeitos dessa retirada nos juros que Portugal paga. “Primeiro, se a retirada de estímulos acontecer num contexto em que a economia está a acelerar — e a crescer de forma sustentada —, compreenderemos essa decisão”, afirma Centeno.

A preocupação do ministro das Finanças é “colocar o país, no plano orçamental e no da dívida, numa trajetória sustentável, para que no médio prazo Portugal possa ter indicadores mais positivos”. Quanto a efeitos negativos da futura ação do BCE, Centeno responde com uma comparação: “Há países na Europa em que esse apoio ainda não se atenuou e esses países estarão a prazo mais afetados pela mudança de política do BCE do que Portugal”.

3 – Perdão fiscal sem as grandes empresas? “Nem seria legalmente possível excluí-las, nem economicamente desejável”

Confrontado com o uso do Plano Especial de Redução do Endividamento ao Estado (PERES) por parte de grandes empresas com milhões de euros em lucros anualmente, Mário Centeno justificou que “nem seria legalmente possível excluí-las, nem economicamente desejável“. Em causa estão exemplos como o da EDP, que poupou 20 milhões, e a CGD, que poupou 21 milhões. “As receitas que resultaram do programa Peres significam que 90 mil empresas e famílias puderam ver a sua situação fiscal regularizada”, argumenta, referindo que desta forma “podem aceder mais facilmente a crédito, podem aceder a programas de apoio ao investimento”.

4 – Novo Banco: “Não é verdade que o Estado fique sem poder sobre nada”

Mário Centeno mostra confiança no Lone Star para ficar com o Novo Banco. “Sendo um investidor internacional, tendo presença bancária em mercados europeus, não temos objeção a levantar nessa matéria”, justifica. E, apesar de não revelar qual vai ser o acordo final, o ministro das Finanças garante “não é verdade que [o Estado] não tenha responsabilidades sobre nada no Novo Banco”. Centeno reforçou que a negociação está a decorrer a “bom ritmo” e realçou que continuam a existir “preocupações com o dinheiro dos contribuintes e o envolvimento financeiro que o Estado possa ter”.

5 – Banco de Portugal? Centeno é vago

Não tenho de me pronunciar sobre o lugar do governador do Banco de Portugal“, começa por dizer o ministro das Finanças. Depois de nas últimas semanas Carlos Costa ter estado sob fogo — o culminar foi a audição no Parlamento a pedido do próprio –, Mário Centeno reforçou apenas os “desejos e votos de que cumpram as funções para as quais existem, no quadro institucional nacional”, referindo-se aos novos nomes para o conselho de administração do regulador. Tanto sobre estas nomeações como sobre o nome de Teresa Ter-Minassian para o Conselho de Finanças Públicas, tal como o ECO avançou, Mário Centeno respondeu apenas que garante que “nada disso passou aqui pelo Ministério”.

6 – Dívida pública: “A política sobre a dívida vai ser mantida”

Portugal está na zona euro e, no próximo Orçamento do Estado, a dívida continuará a ser abordada da mesma forma. Até porque o primeiro-ministro tinha dito que uma possível renegociação em bloco só poderá ser falada depois das eleições alemãs, que acontecem no final deste ano. “Portugal é um país do euro desde o início, deve permanecer um país do euro e cumprir as suas obrigações”, argumentou o ministro das Finanças, referindo que o país “deve ter uma posição crítica e construtiva sobre a evolução do euro”.

Sobre a necessária redução da dívida bruta e em percentagem do PIB, Centeno diz que isso só não foi possível em 2016 por causa do financiamento para o Banif e a CGD. Mário Centeno garante que o país continuará a ter excedentes (excluindo os encargos com os juros da dívida) e, assim, Portugal vai “ter uma evolução da dívida compatível com aquilo que é o desejo do Governo no médio prazo, que é que ela reduza”. A exigência e rigor na execução orçamental vai continuar, mas “todo este movimento de upgrade da sua relação com os credores e com os mercados internacionais pode ter também um impacto positivo nas contas públicas“, perspetiva Centeno, referindo-se à saída do PDE.

Contudo, exatamente sobre o Procedimento por Défices Excessivos, Centeno afirma que não vê “como é que essa decisão não possa ser tomada”, mas logo a seguir acautela que “já se percebeu que não se pode dar nada por garantido”, referindo-se ao modus operandi das instituições europeias. Já sobre os problemas do Montepio, o ministro das Finanças recusa fazer grandes comentários: “Estou descansado em relação ao meu trabalho em relação a essas situações”, garante. Na mesma entrevista, Mário Centeno anunciou que em 2018 haverá uma reformulação dos escalões do IRS para beneficiar quem mais precisa.

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Wall Street abre de forma moderada, apoiada pelo petróleo

  • ECO
  • 30 Março 2017

O mais recente relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos trouxe notícias animadoras e os investidores foram às praças. O petróleo também continua a recuperar.

Wall Street fechou a sessão de ontem a meio termo, e a abertura desta quinta-feira continuou a não trazer consenso entre os três principais índices da bolsa de Nova Iorque, com dois deles a abrirem a descer e o terceiro a subir, embora de forma leve. Lá fora, o cenário é idêntico, com um misto de verde e vermelho nas praças europeias, neste que é o segundo dia após o arranque do Brexit. O petróleo, esse, continua a recuperar e, em Nova Iorque, está prestes a passar da linha de segurança dos 50 dólares por barril.

O mais recente relatório do Departamento do Comércio dos Estados Unidos, revelado esta manhã, ainda não teve tempo de animar devidamente os investidores, mas revelou que a economia da maior potência do mundo cresceu mais do que o inicialmente previsto, segundo a Bloomberg (conteúdo em inglês). Ainda assim, à hora de abertura de Wall Street, os índices não estavam ainda todos a subir. O Dow Jones foi, dos três, o único que abriu a sessão a valorizar, mais 0,02% para os 20.663,06 pontos. O Nasdaq, por sua vez, desce 0,01% para os 5.896,68 pontos, e o geral S&P 500 desce 0,02% para os 2.360,75 pontos.

Mais animadoras são as perspetivas do West Texas Intermediate (WTI) para esta sessão. Chegou ao final da última com uma valorização de quase 2%, e esta quinta-feira manteve a tendência de aumentar. Está neste momento a crescer 0,83% e já vai nos 49,92 dólares por barril. Também o Brent, negociado em Londres, está a ter um desempenho verde, subindo 0,29% para os 52,57 dólares por barril.

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Ministro das Finanças explica sexta-feira venda do Novo Banco

  • Lusa
  • 30 Março 2017

Mário Centeno vai dar “todas as explicações relativas ao processo de venda" do Novo Banco, diz Maria Manuel Leitão Marques.

Mário Centeno, o ministro das Finanças, vai dar “todas as explicações relativas ao processo de venda”, anunciou a ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques. Questionada sobre se o contrato com a Lone Star já tinha sido assinado, recusou dar qualquer esclarecimento, remetendo para as explicações de Centeno.

“O Conselho de Ministros e todos os ministros são sempre informados sobre todas as questões relevantes para a gestão administrativa e em matéria financeira. Sobre essa questão específica, amanhã [sexta-feira] o senhor ministro das Finanças dará todas as explicações relativas ao processo de venda do Novo Banco”, anunciou Maria Manuel Leitão Marques.

Perante a insistência dos jornalistas, a ministra da Presidência acrescentou apenas que “até ao fim pode haver outras propostas”, o que “em termos teóricos é obviamente possível”. “Mas esperemos que esta questão fique fechada muito em breve. Temos todo interesse em que isso aconteça. Todos: o Governo, todos os contribuintes e o país em geral e a estabilidade financeira do país é um bem precioso”, defendeu.

Maria Manuel Marques foi ainda interrogada sobre se poderia dizer se o contrato com a Lone Star já tinha sido assinado, tendo apenas respondido: “não posso”.

O processo de venda do Novo Banco está na fase final e a assinatura será feita esta semana, confirmou quarta-feira o ministro das Finanças, Mário Centeno, em Londres. “O processo de venda do Novo Banco está nas fases finais e a assinatura será feita esta semana”, revelou, durante uma palestra intitulada “As Perspetivas para Portugal e para a Europa” realizada no auditório da agência de notícias Bloomberg, em Londres.

O Novo Banco é o banco de transição que ficou com os ativos menos problemáticos do Banco Espírito Santo (BES), alvo de uma intervenção das autoridades em 3 de agosto de 2014, e que está em processo de venda. Desde fevereiro que o Governo está a negociar a venda do Novo Banco em exclusivo com o fundo norte-americano Lone Star.

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7 polémicas no Montepio. Acusações, suspeitas e prejuízos

O ano mal tinha começado e o Montepio vê-se a braços com acusações de burla a Tomás Correia. A partir daí, foi sempre a piorar para a associação e para o banco. Em dia de AG, há muito por explicar.

Não há duas sem… muitas. Está a ser um ano cheio para o Montepio Geral — pelo menos, em número de polémicas. As duas investigações em que Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista e antigo presidente da Caixa Económica, se viu envolvido abriram as hostilidades. Desde então, quase já se perdeu a conta das notícias em volta do Montepio. Do relatório do Banco de Portugal que denuncia o “perfil de risco de nível elevado” do banco, até ao buraco nas contas da Associação Mutualista (a única acionista do banco), passando pelas necessidades de capital e pelas acusações de ajudas ao Grupo Espírito Santo, o Montepio tem muito que explicar.

Para já, as explicações têm sido poucas — e, em dia de Assembleia Geral da Associação Mutualista, os associados têm muitas explicações por receber. Até chegarem, eis o que já sabe sobre o que se passa no Montepio.

Tomás Correia suspeito. Duas vezes

Tomás Correia, presidente da Associação Mutualista Montepio Geral.Paula Nunes / ECO

O ruído começa a fazer-se ouvir no final de janeiro, quando o Expresso noticia que Tomás Correia, presidente da Caixa Económica Montepio Geral entre 2008 e 2015, é suspeito de ter recebido 1,5 milhões de euros do construtor José Guilherme, o construtor conhecido por ter dado um “presente” de 14 milhões de dólares a Ricardo Salgado. Tomás Correia viu-se, por isso, envolvido num inquérito-crime, no qual é investigado por burla qualificada, abuso de confiança, branqueamento de capitais, fraude fiscal e corrupção. Entretanto, já foi constituído arguido, no âmbito de um processo de que resulta da Operação Marquês.

Poucos dias depois, em fevereiro, o Público avançava que Tomás Correia tinha sido constituído arguido num outro processo, juntamente com outras 14 pessoas. Os arguidos, onde se incluem o líder da Martifer, Carlos Martins, e Humberto Costa Leite, ex-presidente do Finibanco, são suspeitos de insolvência dolosa, burla qualificada, emissão de cheques sem provisão, acordos estabelecidos com intuito de não serem cumpridos e venda de terrenos sem que estes tenham sido pagos ao proprietário inicial. Em causa, está a venda de um terreno de 30 hectares, próximo de Coimbra. A aquisição do terreno, em 2010, decorre na mesma altura em que o Montepio lançava uma OPA sobre o Finibanco, numa operação de 341 milhões de euros, 100 milhões acima das avaliações efetuadas.

“Um perfil de risco elevado”… que “não reflete” o Montepio

A partir daqui, já não é fácil acompanhar as polémicas que envolvem o nome Montepio. Começa com nova notícia do Expresso, que teve acesso a um relatório do Banco Portugal sobre a supervisão à Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), onde o regulador dava conta de uma situação preocupante no banco. Em cinco pontos, o relatório pode resumir-se assim:

  1. O Montepio apresenta “um perfil de risco de nível elevado”;
  2. As exposições estratégicas “não garantem uma gestão sólida”;
  3. “A atribuição [de créditos] contraria o parecer dado pela análise de crédito do banco sem fundamentação robusta para a decisão tomada”;
  4. Desde julho de 2015 que o Banco de Portugal “não dispõe de qualquer relatório de monitorização de risco”;
  5. “Após várias solicitações”, as atas das reuniões do conselho de administração e do conselho de gestão “não têm sido remetidas de forma tempestiva”, constituindo esse facto “um entrave ao exercício pleno de supervisão”.

O Montepio respondeu no mesmo dia à notícia, para dizer que todas as falhas identificadas pelo Banco de Portugal que não foram contestadas pela instituição já estão corrigidas, ao mesmo tempo que assegurava que o relatório do supervisor não reflete a situação do Montepio em 2016. Mais tarde, Félix Morgado veio esclarecer que as fragilidades identificadas reportam a 31 de dezembro de 2015 e foram corrigidas ao longo do ano seguinte.

Sobre a não prestação das informações solicitadas, o Montepio explicou ainda que essas se referem a dados que só podem ser fornecidos pela Associação Mutualista Montepio Geral, o acionista do banco. O Montepio vende ao balcão produtos desta associação, sendo que nem a associação nem os produtos são supervisionados pelo Banco de Portugal, mas pelo Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social.

Há um buraco de 107 milhões, mas “não há qualquer insolvência”

Ainda não tínhamos saído da mesma semana e o Montepio já era confrontado com novos dados: a Associação Mutualista fechou 2015 com um buraco de 107 milhões de euros nas contas. Segundo o Público, que avançou a informação, o alerta veio da KPMG, que auditou as contas consolidadas da associação.

Num documento anexo às demonstrações financeiras, a consultora refere mesmo que a associação está em falência técnica e que precisa de uma injeção de fundos. Em 2015, segundo a KPMG, os capitais próprios da Associação Mutualista são negativos em 107 milhões de euros, além de um resultado negativo de 251 milhões imputado aos mutualistas.

"Não qualquer situação de insolvência (…) A Associação Mutualista tem uma situação muito confortável a nível das contas.”

Tomás Correia

Presidente do Montepio Geral Associação Mutualista

A palavra “falência” incomodou Tomás Correia, que, no mesmo dia em que o Público revelou os alertas da KPMG, veio dar explicações. Em conferência de imprensa, o presidente da Associação Mutualista garantiu que “não há qualquer situação de insolvência” e admitiu que a palavra “falência” o “chocou”. Aliás, assegurou, “a Associação Mutualista tem uma situação muito confortável a nível das contas” e caminha para resultados “interessantes” no setor segurador e bancário.

Tomás Correia sublinhou ainda que a Associação Mutualista não precisará de mais aumentos de capital, apesar dos alertas da KPMG. “Não consideramos que haja necessidade de haver novos aumentos de capital por parte da Associação Mutualista”, disse apenas.

A Vogais Dinâmicas, os resultados “positivos” e a idoneidade reavaliada

No meio deste turbilhão, surge uma explicação sobre como é que o Montepio pretendia alcançar resultados líquidos positivos no terceiro trimestre de 2016. A notícia foi dada pelo Diário de Notícias e pelo Expresso, que explicaram que, a 29 de setembro, um dia antes de fechar as contas do trimestre, o Montepio e a Martifer criaram uma sociedade chamada Vogais Dinâmicas, com sede em Oliveira de Frades.

Esta empresa, detida em 32% pelo Montepio, iria ser financiada, também pelo Montepio, para comprar uma participação de 19% na Almina SGPS, empresa mineira que, por sua vez, constava do balanço das contas do Montepio, ou seja, é um ativo do banco.

O banco pediu à consultora E&Y uma avaliação destes 19% e a consultora avaliou-os em 93 milhões de euros. A participação já estava contabilizada no balanço do Montepio do terceiro trimestre de 2016, e ascendia a 69 milhões. Estando os 19%, afinal, avaliados em 93 milhões, e se a operação se tivesse concretizado, o Montepio conseguiria uma mais-valia de 24 milhões nas contas.

Ou seja: o Montepio constituiu uma empresa (a Vogais Dinâmicas, hoje chamada de I’m Mining), na qual é acionista e a quem concedeu financiamento, para comprar uma participação num ativo próprio (a Almina) e, desta forma, simular uma mais-valia e elevar os resultados para positivos.

O negócio, que chegou a ir para a frente, foi depois vetado pelo Conselho de Supervisão do Montepio, depois das dúvidas levantadas pela KPMG. Apesar de o negócio ter sido cancelado, o Montepio acabou mesmo por conseguir um resultado líquido positivo no terceiro trimestre de 2016, no valor de 144 mil euros.

Esta operação já está, entretanto, a ser analisada pelo Banco de Portugal. Ainda não é claro se foi aberto algum processo de investigação ou se poderão ser levantadas questões de idoneidade aos administradores intervenientes na operação, João Neves e João Lopes Raimundo, mas essa é uma hipótese que já está a ser estudada pelo Banco de Portugal.

O supervisor deixa claro que “não se pronuncia sobre instituições individualmente”, mas, segundo o Público, deixa em aberto que esse processo possa ser implementado. “O Banco de Portugal analisa todas as operações relevantes e daí retira as devidas conclusões para o processo de supervisão”, referiu a instituição liderada por Carlos Costa.

Sobre se esta operação poderá levar à retirada de idoneidade, o Banco de Portugal refere ao ECO que “quanto ao requisito de idoneidade, a autorização não será concedida quando à luz do regime legal aplicável existam elementos suscetíveis de colocar em causa o referido requisito de forma objetiva e suficiente“.

O supervisor não esclarece, contudo, se esses “elementos suscetíveis de colocar em causa” a idoneidade dos gestores do Montepio já existem.

Não há aumento de capital, mas pode haver emissão

A Associação Mutualista pode estar longe da insolvência e pode até não precisar de um aumento de capital, como garante Tomás Correia. Já a Caixa Económica Montepio Geral não tem como fugir a reforçar os rácios de capital. O banco tem de reforçar as exigências de capital, impostas pelo Banco Central Europeu, e, para isso, poderá recorrer ao mercado, através da emissão de dívida subordinada, uma operação que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) pretende realizar nas próximas semanas.

“É um problema que se vai resolver ao longo de 2017”, diz Tomás Correia. E o problema deverá resolver-se com a emissão de dívida de elevado risco, com juros que rondam os 8% a 10%.

Em paralelo, como apurou o ECO, o Montepio tem de cumprir quatro ações chave para evitar um aumento de capital. São elas:

  1. Transformação do regime jurídico do banco em Sociedade Anónima. A Caixa Económica Montepio Geral vai ter de mudar de nome, já que o Banco de Portugal exige a separação de marcas com a associação mutualista;
  2. Desalavancagem da exposição aos bancos que tem em Moçambique (Banco Terra) e em Angola (Finibanco Angola);
  3. Cumprimento do plano de venda imobiliário. Esta tem sido uma das boias de salvação da Associação Mutualista. No exercício de 2016, a associação conseguiu uma mais-valia de 46 milhões de euros com a venda de um conjunto de imóveis à Caixa Económica Montepio Geral, o que lhe permitiu escapar ao segundo ano consecutivo de prejuízos.
  4. Venda de ativos NPL (non-performing loans, ou crédito malparado).

As ajudas ao GES

A 20 de março, outra machada. O Jornal de Negócios avançou que Tomás Correia e outros oito antigos gestores do Montepio Geral estão a ser acusados pelo Banco de Portugal de terem financiado o Grupo Espírito Santo (GES) quando este já apresentava dificuldades financeiras.

Segundo o Negócios, os gestores são acusados de violação de concessão de crédito e de irregularidades a nível de controlo interno, assim como da infração a normas e limites no financiamento a partes relacionadas. As coimas por estas infrações podem chegar aos quatro mil milhões de euros.

O processo movido pelo Banco de Portugal implica dois episódios principais. Um está relacionado com o financiamento que a Caixa Económica Montepio Geral concedeu a Paulo Jorge Guilherme (filho do construtor José Guilherme) através do Finibanco Angola. Paulo Jorge Guilherme usou este financiamento para adquirir unidades de participação do Fundo de Participação da CEMG. Mais uma vez, o Montepio concedeu financiamento para que esse montante fosse usado para valorizar os seus próprios ativos.

Já no caso do financiamento concedido a empresas do GES, este foi feito através de várias operações que ficaram acordadas durante o primeiro semestre de 2014 — recorde-se que o GES colapsou em agosto de 2014. O Banco de Portugal concluiu, por isso, que a então administração do Montepio Geral não cumpriu as regras de análise de crédito nem as normas internas.

Esta exposição ao GES acabou por obrigar o Montepio a reconhecer imparidades de 140 milhões de euros, levando o banco a registar prejuízos de 187 milhões de euros em 2014.

A tranquilidade de Tomás Correia

No meio das polémicas, Tomás Correia pronunciou-se para dizer que não sai, mas pode sair. “Se alguma vez se colocar a possibilidade de transitar em julgado algo a meu desfavor, em qualquer tribunal, por quaisquer atos ilícitos, abdicarei do exercício das minhas funções”, escreveu o presidente da Associação Mutualista, em comunicado enviado às redações.

"“Não é difícil contextualizar as notícias num momento em que se questiona a separação da Caixa Económica do património que pertence aos Associados da Associação Mutualista.”

Tomás Correia

Presidente do Montepio Geral Associação Mutualista

“Estou tranquilo relativamente ao desfecho destas, e de outras acusações que me foram dirigidas”, assegurou. “Não é difícil contextualizar as notícias num momento em que se questiona a separação da Caixa Económica do património que pertence aos Associados da Associação Mutualista. É precisamente para nos batermos contra esse tipo de correntes, que em nada favorecem o bom nome do Montepio e dos trabalhadores e gestores que aqui trabalham, que levarei até ao fim o mandato que me foi confiado”, frisou.

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Eleições autárquicas são a 1 de outubro

  • Lusa
  • 30 Março 2017

Depois de receber os partidos para os ouvir sobre a data das autárquicas, o Governo marcou as eleições para o dia 1 de outubro.

O Governo marcou esta quinta-feira as eleições autárquicas para o próximo dia 1 de outubro, anunciou a ministra da Presidência, Maria Manuel Leitão Marques, após a reunião do Conselho de Ministros. “O Conselho de Ministros fixou a data de 1 de outubro de 2017 para a realização das eleições gerais para os órgãos representativos das autarquias locais“, anunciou a ministra na conferência de imprensa a seguir à reunião.

Esta semana, o primeiro-ministro, António Costa, recebeu os partidos com representação parlamentar, bem como a Associação Nacional dos Municípios Portugueses (ANMP) e a Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) sobre a data das eleições autárquicas, tendo todos defendido que as eleições locais se deveriam realizar no dia 1 de outubro.

De acordo com a Lei Eleitoral dos Órgãos das Autarquias Locais, a data das autárquicas é marcado por decreto do Governo com, pelo menos, 80 dias de antecedência. Segundo a lei, as eleições terão de realizar-se entre os dias 22 de setembro e 14 de outubro e terá de recair num domingo ou em dia feriado nacional. Em 2013, o anterior Governo marcou a 13 de junho as eleições para 29 de setembro.

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Saiba a que instituições pode consignar parte do IRS

  • Cristina Oliveira da Silva
  • 30 Março 2017

Contribuintes podem entregar declaração de IRS a partir de sábado. Lista de entidades que podem beneficiar da consignação de parte de IRS ou IVA foi publicada hoje.

Já foi divulgada a lista de entidades que podem beneficiar da consignação de parte do IRS ou IVA. São quase 3.500 as entradas que figuram no documento publicado no Portal das Finanças.

Quando entregam a declaração de IRS — o prazo começa no sábado e decorre até 31 de maio –, os contribuintes podem consignar, sem qualquer perda, 0,5% do IRS liquidado a uma destas instituições. Neste caso, o montante afetado é receita do Estado.

Além disso, o contribuinte pode ainda atribuir o benefício fiscal em sede de IVA a que tem direito por ter pedido fatura no caso de despesas com restauração, alojamento, cabeleireiros, veterinários e reparação de automóveis e motociclos — porém, deixará de receber o valor em causa.

Este ano, passam a ser abrangidas instituições culturais com estatuto de utilidade pública, além de instituições religiosas, IPSS ou pessoas coletivas de utilidade pública, que já antes podiam beneficiar da consignação de 0,5% do IRS e do benefício de 15% do IVA suportado.

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PRIO inaugura o posto com preços mais baixos em autoestrada

  • Juliana Nogueira Santos
  • 30 Março 2017

A marca vai inaugurar o 249º posto em Portugal e vai manter o desconto de 10 cêntimos, mesmo em autoestrada. Prevê-se que sejam vendidos 14 milhões de litros de combustível por ano neste posto.

A cadeia de gasolineiras PRIO vai inaugurar a 1 de abril o seu 249º posto de abastecimento na A16, no troço entre Cascais e Sintra. Este posto que será, de acordo com a marca, “o posto com os preços mais baixos das autoestradas em Portugal”, captará mas de 700.000 abastecimentos nos próximos seis meses.

O novo posto de abastecimento localiza-se no lanço Lourel-Ranholas.Prio

A marca passa assim a estar presente numa das vias com mais tráfego na zona metropolitana de Lisboa, que contabiliza 47 mil veículos por dia. Em declarações ao ECO, Luís Miguel Martins, COO da empresa, afirma que “este posto nasceu para nos a dirigirmos à população de Sintra e Cascais, aos movimentos pendulares e todo o tráfego que aproveita este novo circuito de acesso a Lisboa.”

Localizado no lanço Lourel-Ranholas, o posto será acessível através dos dois sentidos da autoestrada e os habitantes e utilizadores dos trajetos adjacentes poderão ter acesso ao posto sem terem de pagar portagem, visto que este está afastado de praças. Luís Miguel Martins garante que o posto vai receber cerca de 55 mil clientes por mês, totalizando vendas anuais de 14 milhões de litros.

Neste vão ser praticados os preços habituais da marca tanto nos combustíveis, que costumam ser 10 cêntimos mais baratos que as referências médias do mercado, como nos preços da loja de conveniência. “Nós levamos para a autoestrada os preços da conveniência pura a preços de cafetaria local”, confirma o COO da PRIO.

O fator ambiental também não será descurado naquele que será o 11º posto da marca no distrito de Lisboa. Será instalado um ponto para carregamento de veículos elétricos e, a curto prazo, painéis fotovoltaicos em regime de autoconsumo. A PRIO quer dar também o seu contributo para a economia circular, através da recolha de óleos usados, como já acontece em outros postos da marca.

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