Falta de dinheiro dita o fim da Sefin

  • Lusa
  • 24 Março 2017

A associação de defesa dos consumidores de serviços financeiros foi extinta. Dificuldades financeiras levaram ao fim da Sefin.

A Sefin – Associação Portuguesa dos Utilizadores e Consumidores de Serviços e Produtos Financeiros está extinta e já não vai dar os seus pareceres ao Governo e parlamento, disse o ex-presidente, António Júlio Almeida, à Lusa.

“Era [à Sefin] difícil subsistir, tanto em termos de organização como em termos financeiros”, explicou aquele responsável, que se tornou há 10 anos um dos fundadores da associação, da qual foi presidente.

“Os associados da Sefin não eram muitos”, contou aquele responsável, precisando que foi a falta de pagamento de quotas que prejudicou o suporte financeiro do projeto.

“Justifica-se ainda a existência da Sefin”, afirmou António Júlio Almeida, lembrando “o papel muito importante” da associação, em matéria como a aplicação abusiva de arredondamento às taxas de juro das prestações de crédito à habitação cobradas pelos bancos até 2006, ano em que foi constituída a associação.

A sefin foi criada em 2006, por iniciativa de “cidadãos e amigos motivados” que acreditavam ser necessário ajudar os consumidores financeiros a combater as “imperfeições e desequilíbrios” dos sistema e mercado financeiros português.

António Júlio destacou o “muito importante” papel de apoio aos consumidores desempenhado pela associação em Portugal nos últimos dez anos, e lembrou que é a assimetria de informação, de conhecimento, de poderes e de representação entre as instituições financeiras e os consumidores, favorável aos operadores financeiros, que é o grande responsável por um desequilíbrio.

“Foi nessa missão, de equilibrar a relação com os consumidores de produtos e serviços financeiros, nomeadamente ao nível da informação, formação e representação, que a Sefin desempenhou um “papel fundamental” de esclarecimento dos direitos e deveres dos consumidores financeiros portugueses, concluiu o ex-presidente.

A associação deixa pareceres, declarações públicas e intervenções em comissões parlamentares, sobre questões como a não remuneração de depósitos a prazo, que contestou, a cobrança de comissões “excessivas” pela banca, também contestada, ou a defesa de contas à ordem gratuitas e de serviços bancários mínimos, que defendeu ser muito necessária.

O atual presidente da associação, até à extinção, era Octávio Viana, também presidente da ATM – Associação de Investidores e Analistas Técnicos do Mercado de Capitais.

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Brexit: uma “tragédia” que custará 58 mil milhões de euros

Jean-Claude Juncker classificou o Brexit de uma "tragédia", mas alertou que o Reino Unido vai ter de pagar a fatura da saída. Em causa estão os compromissos já assumidos.

Em entrevista à BBC, o Presidente da Comissão Europeia admitiu que o custo do Reino Unido sair da União é cerca de 58 mil milhões de euros (50 mil milhões de libras). Jean-Claude Juncker vai receber a carta de divórcio na próxima quarta-feira, tal como anunciou Theresa May esta semana, mas o valor final da separação deverá ainda ser “calculado cientificamente”. Esta fatura não deve ser vista como uma “multa”, adverte o líder da CE, referindo que não se pode fingir que o país nunca foi um Estado-membro. No entanto, há algo que Juncker tem a certeza: o Brexit é uma “tragédia” e um “falhanço”.

“Não se pode fingir que nunca se foi um membro da União”, alerta Jean-Claude Juncker, referindo que o Governo britânico e o Parlamento acertaram responsabilidades com os Estados-membros que devem ser honradas. “Isto não é um castigo ou uma sanção contra o Reino Unido“, garantiu na primeira entrevista após o anúncio de que a primeira-ministra britânica vai acionar o Artigo 50. Em causa estão os projetos com os quais os britânicos já se comprometeram e que não podem ficar a meio. Além disso, existem as pensões dos funcionários da UE durante o tempo em que o Reino Unido foi (e ainda é) Estado-membro.

As negociações começam a partir do momento em que o Artigo 50 entra em ação. O chefe da Comissão diz que quer encarar as conversações de uma forma “amigável”, mas sem “ingenuidade”. Para Juncker é necessário, acima de tudo, garantir o futuro dos 4,5 milhões de europeus que vivem no Reino Unido e de britânicos que vivem nos Estados-membros. “Esta questão não é uma questão de negociação, é uma questão de respeitar a dignidade humana“, argumentou, deixando avisos para os próximos dois anos de negociações entre Londres e Bruxelas.

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BCP continua a valorizar. Bolsa em alta

A bolsa nacional está a ganhar terreno na última sessão da semana. Está a contrariar as quedas das pares europeias, beneficiando da manutenção da tendência positiva do BCP.

A bolsa nacional está a valorizar. A praça portuguesa mantém a tendência positiva da última sessão, contrariando a evolução dos índices europeus à boleia da subida dos títulos do BCP. O banco liderado por Nuno Amado avança mais de 1%, animado pela avaliação do CaixaBI.

O PSI-20, que já na última sessão tinha valorizado, arrancou a última sessão da semana com uma valorização de 0,17% para 4.675,68 pontos. Nos restantes índices europeus a tendência é negativa, embora as perdas sejam ligeiras. Registam-se descidas em torno de 0,1% e 0,2%.

Para esta valorização da bolsa nacional, que está prestes a sair do vermelho em 2017, volta a contribuir o BCP. O banco, que já na última sessão disparou, está a ganhar 1,38% para 0,18 euros, continuando a ser animado pela nota de investimento do CaixaBI em que avalia as ações em 0,25 euros.

A contribuir para os ganhos está também a Mota-Engil ao somar 1,93% para 1,74 euros, com os investidores a anteciparem um forte crescimento dos resultados do ano passado. CTT e Nos também puxam pelo índice numa sessão em que as energéticas estão estáveis.

A EDP soma 0,03%, já a EDP Renováveis está inalterada. A Galp Energia desce 0,63%, impedindo uma maior subida da bolsa, isto apesar da valorização das cotações do petróleo nos mercados internacionais.

(Notícia atualizada às 8h13 com mais informação)

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Capital recuperado pelos lesados do BES terá isenção fiscal

  • ECO
  • 24 Março 2017

Os lesados do papel comercial do GES que aceitem a solução do veículo financeiro que está a ser criado terão isenção fiscal sob o capital recuperado. Haverá uma alteração ao Código do IRS.

Os lesados do Banco Espírito Santo (BES) terão isenção fiscal sobre o capital recuperado através do mecanismo de indemnização que está a ser preparado. De acordo com a edição desta sexta-feira do Jornal Económico, que cita “fonte próxima do processo”, será feita uma alteração legislativa ao Código do IRS para permitir que o investimento recuperado não seja tributado em sede de IRS.

A solução para ressarcir estes investidores não qualificados que compraram papel comercial do Grupo Espírito Santo (GES) assenta num fundo privado de, no máximo, 286 milhões de euros emprestados pelos bancos sob garantia do Estado. Aos lesados que aceitarem a solução, este veículo financeiro irá comprar o papel comercial em troca de abrirem mão dos processos em tribunal contra o GES e antigos administradores do grupo. O fundo tentará, depois, recuperar os valores em litigância.

Segundo O Jornal Económico, o anteprojeto para a isenção fiscal sob o capital recuperado (que deverá situar-se entre 50% e 75% do total investido aos balcões do BES) deverá estar pronto já na próxima semana. Logo no início de abril, os cerca de 4.000 lesados deverão receber documentação que lhes permitirá decidir, individualmente se aceitam ou não esta solução. De acordo com o semanário, terão um mês para tomar a decisão.

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Bruxelas quer proibir cigarros na praia e estádios

  • ECO
  • 24 Março 2017

A Comissão Europeia quer apertar mais a regulação dos locais onde se pode fumar, proibindo outros locais públicos como as praias e os parques infantis. Portugal está melhor na luta contra o tabagismo.

A Comissão Europeia quer reforçar a lista de locais públicos onde já é proibido fumar nos Estados-membros. Em causa estão as declarações desta quinta-feira do comissário europeu da Saúde e Segurança Alimentar, Vytenis Andriukaitis, na VII Conferência Tabaco e Saúde, organizada pela Liga Portuguesa contra o Cancro, no Porto, avança o Correio da Manhã. O objetivo da Comissão Juncker é proibir o consumo de tabaco em praias, parques infantis e de equipamentos desportivos.

“É necessário que todos trabalhem em conjunto para tornar a Europa uma zona livre de tabaco”, alertou Andriukaitis, na mesma conferência. Para que isso aconteça são várias as sugestões do comissário, a começar pela proibição do consumo de tabaco em mais espaços públicos como as praias, parques infantis e de equipamentos desportivos. Para o comissário europeu da Saúde são necessárias “mais medidas e a aplicação das leis existentes para uma mudança real no terreno”.

Por isso, sugere também que é preciso fixar uma idade mínimo para o consumo de tabaco, além de aumentar a circulação de informação e consciencialização dos alunos nas escolas. Entre as medidas de controlo está também a utilização de cigarros eletrónicos, um método que para o comissário deverá equiparar-se a quase um medicamento. “Estes cigarros são vistos como uma alternativa para deixar de fumar. Se o são, devem ser autorizados como produtos farmacêuticos e vendidos em farmácias“, afirmou.

É necessário que todos trabalhem em conjunto para tornar a Europa uma zona livre de tabaco.

Vytenis Andriukaitis

Comissário europeu da saúde e segurança alimentar

Portugal passou do 24.ª para o 15.º lugar na tabela dos Estados-membros que melhor controlam o consumo de tabaco, a “Escala de Controlo de Tabaco”. O elogio vem também do próprio comissário que felicitou Portugal por ter sido um dos primeiros países europeus a aplicar a diretiva comunitária que proíbe o tabaco com sabores.

Também presente na conferência, a Associação das Ligas Europeias contra o Cancro pediu que fosse proibido o consumo de tabaco dentro de todos os carros que viajem com crianças a bordo, segundo o Público.

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Trump faz ultimato aos republicanos: “É hora de votar”

  • Lusa
  • 24 Março 2017

Na quinta-feira, a reforma do Obamacare não reuniu consenso entre os conservadores e a votação foi adiada. Esta sexta-feira, Donald Trump lançou um ultimato ao partido: "É hora de votar."

O Presidente dos EUA fez um ultimato à bancada republicana na Câmara dos Representantes para votar hoje o novo plano de saúde nacional, que na quinta-feira não reuniu acordo entre os conservadores, levando ao adiamento da votação.

Este foi o primeiro revés legislativo de Donald Trump desde a sua chegada à Casa Branca em janeiro e no seio do seu próprio partido. O novo plano de saúde vai revogar e substituir a lei do anterior Presidente, Barack Obama, conhecida como Obamacare. Após o adiamento da votação, Trump enviou Mick Mulvaney, diretor do Gabinete de Orçamento da Casa Branca, para advertir a bancada republicana na câmara baixa do Congresso dos Estados Unidos de que o Presidente está disposto a manter a lei de Obama caso não haja acordo.

“Amanhã [hoje] é hora de votar”, afirmou também o porta-voz da Casa Branca, Sean Spicer, em declarações à Fox News. “Esta é a oportunidade pela qual as pessoas têm esperado durante anos, para ver a revogação e a substituição do Obamacare”, sublinhou o porta-voz. De acordo com o The Hill, que cita fontes do Congresso, a Casa Branca aceitou tirar uma das principais reivindicações do Freedom Caucus, o grupo ultraconservador de deputados que tem estado a obstaculizar o acordo sobre o plano de saúde.

A ala mais radical do partido exigia à Casa Branca que deixasse cair os chamados “benefícios essenciais” que, entre outras coisas, cobrem a assistência em urgências ou os cuidados relativos à maternidade. Trump reuniu-se na manhã de quinta-feira com o Freedom Caucus para tentar encontrar uma base de acordo.

Esta é a oportunidade pela qual as pessoas têm esperado durante anos, para ver a revogação e a substituição do Obamacare.

Sean Spicer

Porta-voz da Casa Branca

“Vamos continuar a debater, porque não temos os ‘sins’ suficientes. Estamos a considerar a situação, houve progressos, mas precisamos que [para a Casa Branca] isto não seja apenas para cumprir uma promessa de campanha mas que baixe realmente o custo dos seguros para todos os norte-americanos”, afirmou Mark Meadows, presidente do Freedom Caucus.

Após a suspensão da votação, o presidente da Câmara dos Representantes e um dos principais impulsionadores do diploma, o republicano Paul Ryan, cancelou por duas vezes a sua comparência diante dos meios de comunicação social para abordar o assunto. Com os democratas unidos no objetivo de impedir a revogação do Obamacare, se pelo menos 22 republicanos votarem contra a proposta de lei, o diploma não conseguirá os 216 apoios de que precisa para ser aprovada.

Os ultraconservadores ocupam cerca de três dezenas de assentos. Acabar com o Obamacare foi uma das promessas da campanha presidencial de Trump.

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PSD disputa eleições “para ganhar” e também em Lisboa

  • Lusa
  • 24 Março 2017

Pedro Passos Coelho garante que está "a disputar as eleições para as ganhar". E diz que a escolha para Lisboa não podia ser mais forte.

O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje que o partido vai disputar as próximas eleições autárquicas “para ganhar” e manifestou a convicção de que esse resultado também é possível em Lisboa.

“Partimos para estas eleições como quem está a disputar as eleições para as ganhar, não alterámos o nosso objetivo”, assegurou Passos Coelho na sua intervenção inicial no Conselho Nacional, hoje aberta à comunicação social, ao contrário do que é habitual.

Num discurso de cerca de 45 minutos, o líder do PSD deixou as autárquicas para o fim e fez questão de dizer que desde “o concelho mais pequeno ao concelho de maior dimensão urbana”, o PSD fez escolhas para ganhar.

Destacando a escolha de “um independente com valor” no Porto, Álvaro Santos Almeida, Passos Coelho fez questão de salientar também a candidatura do PSD a Lisboa, um processo que se arrastou por alguns meses e que não foi isento de polémica.

“Quero dizer que, ao nível da própria Comissão Política Nacional, não podíamos ter escolhido de forma politicamente mais intensa e mais forte no caso de Lisboa com a Teresa Leal Coelho, que é minha vice-presidente há mais de um mandato e que tem todas as condições para disputar as eleições em Lisboa para as poder ganhar”, afirmou, recebendo aplausos dos conselheiros nacionais.

Passos ressalvou que “não há vitórias eleitorais antecipadas”, mas que esse princípio é válido tanto para o PSD como para os outros partidos e deixou um recado aos críticos dentro e fora do partido.

“Eu sei que há umas pessoas que têm o convencimento de adivinharem o resultado das eleições e que acham que os resultados vão ser maus. Isso acontece no espaço público com origem em muitos adversários nossos, mas às vezes também aparecem transmitidas por pessoas que conhecem melhor a nossa realidade”, afirmou.

E acrescentou: “Queria dizer aos de dentro e aos de fora que estamos nestas eleições com os dois pés assentes na terra, que temos escolhas muito boas e estamos convencidos que iremos ter um bom resultados eleitoral”.

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5 coisas que tem de saber antes de abrirem os mercados

O INE vai esta sexta-feira notificar Bruxelas do défice orçamental português de 2016. Holofotes estarão virados para o BCP e há mais dados económicos importantes que vão ser revelados.

É um dia fulcral para a economia portuguesa. Esta sexta-feira, o INE irá emitir uma primeira notificação a Bruxelas do défice orçamental de 2016 e que irá indicar se Portugal sai ou não do Procedimento por Défices Excessivos (PDE). Os investidores estarão atentos também ao BCP (renovará máximos?) e ao evoluir do preço do petróleo.

Portugal sai ou não sai do PDE?

Esta quinta-feira, o Instituto Nacional de Estatística (INE) notificará o Eurostat do valor do défice orçamental de 2016. Bruxelas quer um défice à volta de 2,5% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto as estimativas do Governo apontam para 2,1%. Esta primeira notificação do INE, que poderá sofrer alterações a posteriori, será essencial para perceber quão posicionado está o país para deixar o PDE, que obriga Portugal a apresentar um défice inferior a 3%.

Vai o BCP renovar novos máximos?

Na sessão desta quinta-feira, os títulos do Banco Comercial Português (BCP) encerraram em máximos desde o aumento de capital concluído em fevereiro. As ações do banco dispararam quase 5%, depois de o CaixaBI ter retomado a cobertura do título, ao qual atribui um potencial de valorização de 50% até ao preço alvo de 0,25 euros. Na sessão desta sexta-feira, os holofotes estarão voltados para os títulos da instituição, que poderão renovar novos máximos.

Petróleo em mínimos. É para continuar?

Numa semana em que o preço do petróleo afundou para mínimos e em que se soube que as reservas norte-americanas estão bem cheias, a divulgação do relatório semanal da Baker Hughes sobre o número de poços em exploração nos EUA deverá permitir perceber se a queda é para manter. Os Estados Unidos estão a produzir a ritmo elevado, é certo, e alguns analistas temem que isso ofusque o corte de produção acordado pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) no ano passado. A desvalorização fez-se sentir nas bolsas — que o digam as petrolíferas.

Como está a economia na Zona Euro?

A Markit divulgará esta sexta-feira o índice dos gestores de compras para a Zona Euro, um indicador que permite medir o pulso à economia e respetiva solidez. Estima-se que o índice compósito se tenha fixado nos 55,8 em março. No campo dos serviços e da manufatura, ter-se-á fixado nos 55,3.

EUA: Novas pistas sobre os estímulos?

Depois de, em março, a Fed ter subido os juros de referência pela segunda vez desde dezembro do ano passado, para o intervalo entre 0,75 e 1%, o mercado ficou ainda mais certo de que mais duas subidas poderão acontecer ainda este ano. James Bullard, o presidente da Reserva Federal de St. Louis, estará no Economic Club of Menphis e poderá dar pistas importantes relativamente à política monetária da maior economia do mundo, nomeadamente sobre eventuais alterações ao ritmo de subida do preço do dinheiro. Isto acontece numa altura em que a Administração Trump ainda não tomou uma posição clara relativamente aos estímulos económicos prometidos durante a campanha eleitoral.

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Pensava que o PDE era complicado de perceber? Prepare-se para o que aí vem

  • Margarida Peixoto
  • 24 Março 2017

As regras do Procedimento por Défices Excessivos já são complexas: usam indicadores que não existem e dão pano para mangas. Mas se Portugal sair mesmo do PDE, o que aí vem é ainda mais confuso.

Acha as regras do Procedimento por Défices Excessivos (PDE) — o programa corretivo da Comissão Europeia que obriga Portugal a ter um défice abaixo de 3% — complicadas? Então prepare-se: se Portugal sair mesmo do PDE, as regras para o défice, a dívida e a despesa pública serão ainda mais difíceis de acompanhar.

Esta sexta-feira o Instituto Nacional de Estatística divulga a sua primeira estimativa do défice orçamental de 2016. O número será determinante para convencer a Comissão Europeia a fechar o Procedimento por Défices Excessivos, que abriu a Portugal em 2009. O limite de Bruxelas é um défice de 2,5% do PIB e o Governo tem apontado para um “resultado não superior a 2,1%”. Se o resultado apurado pela autoridade estatística for bom, Portugal fica bem colocado para sair do PDE. E entrar em todo um novo conjunto de regras.

Até agora, o país tem estado obrigado a reduzir o défice para menos de 3% do PIB e corrigir o saldo orçamental estrutural — que desconta os efeitos do ciclo e as medidas extraordinárias — a um ritmo de 0,6 pontos percentuais ao ano. Por causa dos impactos do ciclo, a Comissão foi suavizando as metas e dando mais tempo para que fossem cumpridas. Por isso, na prática, o país não cumpriu estes ritmos de correção do défice, com a autorização de Bruxelas.

Só estes dois critérios têm dado pano para mangas, como mostraram as negociações entre o ministro das Finanças, Mário Centeno, e as autoridades comunitárias no âmbito do Orçamento do Estado para 2017.

Por estar dentro deste procedimento, Portugal não tem sido sujeito a regras relativas à dívida: o Conselho Europeu tem deixado recomendações e orientações, mas não um valor específico de redução. Se se confirmar a saída do PDE, o país fica sujeito a um nível de vigilância menor, mas continua a ter de cumprir um conjunto de regras de finanças públicas. E não são mais fáceis de acompanhar.

Conforme explicou o Conselho de Finanças Públicas em 2014, quando ainda se desconhecia que o Banif teria de ser sujeito a uma medida de resolução e se assumia a possibilidade de Portugal sair do PDE em 2015, assim que o país passar para o braço preventivo do Pacto de Estabilidade e crescimento, fica sujeito a três tipos de controlo: orçamental, de dívida e de despesa pública. Preparado?

Controlo orçamental

Aqui mantém-se o que já estava em vigor durante o PDE. O país não pode superar os 3% do PIB de défice, descontando eventuais ajudas à banca, e tem de caminhar para o objetivo de médio prazo. No caso português significa caminhar para um excedente orçamental estrutural de 0,25% do PIB, a um ritmo de melhoria de 0,6 pontos percentuais por ano. Este objetivo foi revisto em 2015 e é válido para o período de 2017 a 2019. Portugal ficou com o segundo objetivo de médio prazo mais exigente, logo a seguir à Eslovénia, que tem como meta 0,3% do PIB.

O resultado final depende do ponto de partida — se se confirmar o valor esperado pelo Ministério das Finanças no OE2017, respeitar a melhoria de 0,6 pontos por ano significa colocar o saldo num excedente em 2019. Mas se a Comissão Europeia estiver mais próxima do número que será apurado pelo Instituto Nacional de Estatística e pelo Eurostat, em 2019 Portugal continua com um défice estrutural, mesmo que cumpra esta regra.

Em 2015 Portugal não conseguiu baixar o défice estrutural e em 2016 este indicador terá ficado inalterado — o que mostra a dificuldade que o país tem tido em melhorar o número. Uma coisa é certa: Portugal terá implementar medidas de consolidação ainda durante vários anos até atingir o objetivo. O próximo gráfico mostra os valores mínimos exigidos para o saldo estrutural, consoante os diferentes pontos de partida.

Fonte: Ministério das Finanças, Comissão Europeia, ECO

Regra da dívida

Apesar de sair do braço corretivo do Pacto de Estabilidade e Crescimento, Portugal não vai ficar já sujeito à regra de redução da dívida do Tratado Orçamental — a que obriga a reduzir 1/20 do valor que excede os 60% de dívida sobre o PIB, por ano. Como em 2011, quando esta regra foi introduzida pelas autoridades comunitárias, o país já estava sob Procedimento por Défices Excessivos (tinha sido aberto em 2009) Portugal goza de um período transitório de três anos.

E é aqui que tudo se complica. Neste período transitório, aplica-se a regra menos exigente das seguintes três:

  1. Ajustamento linear mínimo calculado com base no passado (2017-2019);
  2. Ajustamento linear mínimo calculado com base no futuro (2019-2021);
  3. Ajustamento linear mínimo corrigido do ciclo (é calculado com base nos anos de 2017-2019, mas é feito um ajustamento de acordo com o PIB potencial).

Primeiro: o que é o ajustamento linear mínimo? É o ajustamento mínimo que será necessário fazer à dívida para que esta não suba. Para calcular este valor, assume-se que o saldo orçamental estrutural conseguido no ano de saída do PDE (no caso português, assumindo a previsão de Inverno da Comissão Europeia, um défice de 2,2%) fica inalterado nos três anos seguintes. Depois, calcula-se a média desse desvio. É este número que vai corresponder ao ajustamento mínimo exigido.

Para saber se o país cumpriu a regra da dívida, basta que numa daquelas três formas de cálculo (passado, futuro e corrigido do ciclo) tenha conseguido o valor mínimo de ajustamento na dívida.

Pode acontecer que para cumprir este valor de ajustamento mínimo na dívida seja exigido, no final das contas, um esforço menor de contenção orçamental do que o exigido por via da regra do Objetivo de Médio Prazo. Neste caso, o que conta é o ajustamento mínimo para o OMP (os 0,6 pontos percentuais) porque cumprindo-se esta regra, a da dívida fica também automaticamente respeitada.

Regra da despesa

A regra de despesa tem de ser observada a partir do ano em que o país já não está no Procedimento por Défices Excessivos — assumindo que Portugal sai, será a partir de 2017. De acordo com esta regra, o crescimento da despesa fica sujeito a um limite. Para apurar qual é o limite, deve ter-se em conta três parâmetros:

  1. O agregado de despesa relevante. Não são todos os gastos públicos que contam para esta regra. Há que descontar as despesas com juros; as relativas a programas da União Europeia (UE) inteiramente cobertas por receitas e fundos da UE; os gastos não discricionários com subsídios de desemprego; e as despesas de investimento do ano presente. Depois, soma-se a média da despesa de investimento dos últimos quatro anos.
  2. A taxa de referência de médio prazo para o crescimento do PIB potencial.
  3. A margem de convergência para países que ainda não atingiram o Objetivo de Médio Prazo.

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Carlos Costa garante que Montepio “cumpre rácios prudenciais”

O governador do Banco de Portugal sublinha que "tudo está a ser feito para assegurar a estabilidade do sistema financeiro". E diz que "estamos a ir no bom caminho".

Carlos Costa foi ao Parlamento para prestar esclarecimentos sobre a atuação do Banco de Portugal junto do Grupo Espírito Santo, mas o PSD escolheu o momento para questionar o governador sobre a situação do Montepio. Carlos Costa garantiu apenas que o banco cumpre os rácios prudenciais e que “tudo está a ser feito para assegurar a estabilidade do sistema financeiro“.

“O Banco de Portugal está a acompanhar a situação do Montepio?”, perguntou o social-democrata Carlos Silva. “O Banco de Portugal é o supervisor da Caixa Económica, não se pronuncia sobre nenhuma instituição em particular, a não ser para dizer que a Caixa Económica cumpre os rácios prudenciais que foram estabelecidos”, respondeu o governador.

Carlos Silva insistiu, perguntando se Carlos Costa tem alguma informação se o Governo está a acompanhar a situação do Montepio Geral Associação Mutualista, a única acionista da Caixa Económica. “Tudo está a ser feito para assegurar aquilo que é o objetivo último, que é a estabilidade do sistema financeiro. E estamos a ir no bom sentido”, assegurou o governador, escusando-se a falar na associação.

A supervisão da associação está fora do âmbito da entidade liderada por Carlos Costa. É da responsabilidade do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, pasta que pertence a Vieira da Silva. Recentemente, o ministro admitiu que está a ser estudada a mudança da tutela da Associação Mutualista Montepio.

“Essa dimensão está a ser estudada pelo ministérios responsáveis e quando o Governo tiver que tomar uma decisão tomará essa decisão, se for necessário haver alguma mudança“, disse o governante, na mesma altura em que garantiu que os produtos financeiros comercializados pela associação “são fiscalizados e acompanhados pelo Ministério do Trabalho”.

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As três respostas de Carlos Costa à reportagem da SIC

Carlos Costa pediu para ir ao Parlamento defender a sua reputação. Fê-lo esclarecendo três pontos essenciais: a idoneidade de Salgado, o relatório do BPI e a filial do BES no Dubai.

A SIC colocou em causa a atuação do Banco de Portugal no caso do Grupo Espírito Santo (GES) e o governador Carlos Costa pediu para ser ouvido no Parlamento para “defender a sua reputação”. Numa intervenção inicial, deixou esclarecimentos sobre as três principais questões levantadas pela reportagem “Assalto ao Castelo”, transmitidas este mês pela estação televisiva e que, segundo o governador, “distorceram gravemente a credibilidade do acompanhamento do Banco de Portugal, desacreditando ostensivamente a função de supervisão do Banco de Portugal”.

Carlos Costa cumpriu o seu “dever de repor a verdade dos factos” e deu “esclarecimentos que as reportagens deliberadamente ignoraram”. Mais concretamente, falou sobre a idoneidade de Ricardo Salgado, sobre o relatório que o BPI fez a situação financeira do ramo não financeiro do GES e sobre a filial do BES no Dubai.

Em discurso direito, e ponto por ponto, aqui ficam as explicações do governador, entretanto publicadas no site do Banco de Portugal.

Por que não foi afastada a administração do BES mais cedo?

“A lei atribui ao Banco de Portugal competência para avaliar se os órgãos de administração e de fiscalização das instituições de crédito reúnem condições de idoneidade, disponibilidade e qualificação profissional adequadas para assegurar uma gestão sã e prudente das instituições. O Banco de Portugal acompanha, em permanência, todas as informações relevantes para a avaliação daqueles requisitos. No caso concreto de avaliação de administradores do grupo GES, a nota referida nas reportagens em questão, de novembro de 2013, enquadra-se neste exercício de acompanhamento permanente, tendo sido desenvolvida a pedido do conselho de administração do Banco de Portugal.

“Esta nota envolve informações de natureza pessoal, sujeitas a reserva da vida privada, que chegaram ao conhecimento do Banco de Portugal em consequência da sua função de supervisão, estando sujeita por lei ao dever de segredo profissional. Por este motivo, o documento em causa só poderia ser facultado à comissão parlamentar de inquérito [ao BES, realizada em 2014] com a autorização das pessoas nele referido. Esta foi a única razão pela qual a refere nota não chegou à comissão parlamentar de inquérito.

“Esta nota é a demonstração de que o Banco de Portugal estava a apreciar todas as situações que pudessem influenciar a avaliação da idoneidade de membros do órgão de administração do BES.

“Contudo, como tenho vindo insistentemente a sublinhar, as decisões do Banco de Portugal que impeçam o exercício de funções profissionais estão sujeitas a apertadas condições legais, que se traduzem na exigência de determinados pressupostos legais e, simultaneamente, na observância das regras gerais de procedimento, comprovação e fundamentação aplicáveis ao exercício da autoridade pública.

No final de 2013, o Banco de Portugal não dispunha da indispensável comprovação factual que permitisse abrir um processo formal de reavaliação de idoneidade dos administradores em causa. Isso mesmo é expressamente referido na nota citada na reportagem, ao mencionar que a informação existente à data tinha de ser devidamente verificada e confirmada para efeitos de eventuais ações ao nível da idoneidade. Em nenhum momento essa informação recomendou o imediato afastamento de qualquer administrador do BES, ou sequer a imediata abertura de um processo nesse sentido.

“O que importa salientar é que, na sequência daquela e de outras informações, foram desenvolvidas pelos serviços competentes do Banco de Portugal diligências para obter a confirmação de factos potencialmente relevantes para a avaliação da idoneidade, nomeadamente através de troca de correspondência escrita e da realização de reuniões presenciais.

No âmbito deste processo de avaliação, o Banco de Portugal não aprovou os pedidos de registo para o exercício de funções em outras entidades do grupo BES, o que veio a culminar com a retirada desses pedidos pelos próprios em março e abril de 2014.

“Recordo e sublinho que o conselho de administração do BES integrava 25 pessoas, a larga maioria das quais com longa experiência no setor bancário, e incluía representantes de outros acionistas de relevo para além do GES. De entre as ações desenvolvidas, destaco as múltiplas diligências desenvolvidas junto do Crédit Agricole, acionista de referência, exigindo um plano de sucessão para o órgão de administração do banco, com nomeação de uma administração independente.

“Tudo isto foi claramente documentado na informação transmitida à comissão parlamentar de inquérito”.

Que sequência foi dada ao documento entregue pelo BPI ao Banco de Portugal, sobre a situação financeira do ramo não financeiro do GES?

“No dia 1 de agosto de 2013, o BPI entregou ao Banco de Portugal uma avaliação económica do GES, com especial incidência na Espírito Santo International. A afirmação de que o Banco de Portugal colocou este documento na gaveta é falsa.

“A informação foi incorporada no âmbito das diligências de supervisão que estavam a ser desenvolvidas na Espírito Santo Financial Group e no contexto do ETRICC 2, que no início de agosto de 2013 estava a começar a ser preparado pelo Banco de Portugal. Em resultado das conclusões das três ações de supervisão transversais levadas a cabo desde 2011, o Banco de Portugal decidiu aprofundar a avaliação dos planos de negócio dos principais grupos económicos devedores do sistema bancário de modo a confirmar que os mesmos assentavam em pressupostos robustos.

“Este exercício foi, na altura, um exercício inédito no panorama europeu, em termos do seu alcance e grau de profundidade. Entre os 12 grupos económicos analisados, encontrava-se o ramo não financeiro do GES. Foi em resultado deste exercício que, no final de novembro de 2013, se detetou que as contas até então divulgadas publicamente pela ESI não refletiam a sua verdadeira realidade financeira.

“Esta desconformidade contabilística não tinha sido até aí reportada por ninguém.

“Tudo isto, incluindo a avaliação do BPI, foi oportunamente partilhado com a Assembleia da República no contexto da comissão parlamentar de inquérito [de 2014].

Qual foi a atuação do Banco de Portugal relativamente aos problemas de controlo interno na filial do ESFG no Dubai?

“Sendo a ES Bankers Dubai uma filial do ESFG no Dubai, o Banco de Portugal não tinha competência para exercer a sua supervisão, em base individual, mesmo estando esta filial incluída no perímetro de supervisão em base consolidada. A filial estava unicamente sujeita à supervisão da autoridade de supervisão bancária do Dubai.

“Contudo, no quadro do processo de cooperação entre autoridades de supervisão, o Banco de Portugal estabeleceu, por sua iniciativa, vários contactos com a autoridade de supervisão bancária do Dubai, que informou o Banco de Portugal de deficiências no mecanismo de controlo interno implementados na filial do Dubai e de dúvidas sobre a origem dos fundos investidos em entidades do GES.

“Para além disso, a autoridade do Dubai transmitiu as medidas corretivas impostas. Com estas informações, o Banco de Portugal pediu à Espírito Santo Financial Group um ponto de situação sobre a implementação destas medidas corretivas. Em paralelo, foram mantidos contactos com a autoridade de supervisão do Dubai que permitiram acompanhar a concretização das medidas corretivas impostas.

“Para terminar, quero sublinhar que, apesar das limitações existentes, na época, aos poderes do Banco de Portugal em matéria da retirada da idoneidade, em todos os momentos o Banco de Portugal fez uso empenhado e atento dos meios permitidos pela lei. A posteriori, com o conhecimento e a informação que temos hoje, é fácil e é tentador questionar a supervisão. Contudo, estou convicto de que a supervisão merece o reconhecimento de que agiu sempre de modo diligente e com determinação”.

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QSP Summit: Balsemão ataca Google e Facebook

O debate entre produtores e distribuidores de conteúdos esteve animado no painel de debate que marcou o fim do QSP Summit. O CEO da Impresa disparou baterias à Google e ao Facebook.

O encerramento da 11ª edição do QSP Summit fez jus ao mundo dos marketeers. Num painel onde o tema era informação, os produtores de conteúdos e os distribuidores marcaram presença, para uma luta que se previa “feroz”. E Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa, que juntamente com Gonçalo Reis, presidente da RTP, alinhava pela equipa dos produtores de conteúdos, não se fez rogado e atacou os distribuidores de conteúdos — a Google –, que também fazia parte do painel através de Bernardo Correia, country manager da empresa em Portugal, — e o Facebook –, por absorverem a fatia de leão das receitas publicitárias. Na equipa de distribuidores de conteúdos alinhava ainda, o CEO da Nos, Miguel Almeida.

Para Balsemão, a solução passa por “uma harmonização de condições para todos e por uma maior transparência fiscal” e “pagamento de direitos de autor”. O CEO da Impresa insistiu que há uma dicotomia entre o que são os media tradicionais e os novo media, e garantiu que “não somos os dinossauros com a carga pejorativa do nome e o contraponto são os cachorros fofinhos da Scottex”. Balsemão lembrou que os “media estão sempre na linha da frente da inovação e das alterações tecnológicas”.

"Sem os nossos conteúdos de qualidade não haveria Google e Facebook, eram umas páginas amarelas com uns gatinhos a tocar piano.”

Francisco Pedro Balsemão

CEO do grupo Impresa

“Sem os nossos conteúdos de qualidade não haveria Google nem Facebook, eram umas páginas amarelas com uns gatinhos a tocar piano”, criticou, acrescentando que “é preciso dignificar o nosso contexto” de modo a “criar um ecossistema credível para todos”.

Gonçalo Reis apontou também baterias para os distribuidores de conteúdos afirmando que estes serão “mais ricos e mais atrativos se tiverem uma produção de conteúdos com maior qualidade”.

Bernardo Correia, country manager da Google em Portugal, e a quem estavam apontadas as baterias, afirmou concordar com a necessidade de criar “um ecossistema credível e sustentável de apoio à inovação“. E lembrou que a “Google contribuiu com 3,6 milhões de euros para a área da informação através do fundo Digital News Initiative (DNI)”.

Para o country manager da Google, “há grandes ideias em Portugal e a Google tem orgulho de trabalhar com esses players“.

"Vai haver uma disrupção tecnológica e regulatória.”

Miguel Almeida

CEO da NOS

Miguel Almeida, CEO da NOS, defendeu que “vai haver uma disrupção tecnológica e regulatória”. E lembrou que “sem rede de comunicações não é possível aceder a conteúdos através do telemóvel e televisão”. Miguel Almeida frisou que “há desequilíbrios nos conteúdos mas que nunca tivemos tantos conteúdos como hoje”. Para o presidente da NOS, “os mercados vão ter que se ajustar para criar um modelo ajustado” e, se isso não for possível através do mercado, “terá de ser via regulação”.

E para não destoar, apontou também baterias à Google afirmando que este mostra as notícias que “têm mais visualizações e não as que têm maior qualidade”. O ceo da NOS defendeu que a “curadoria é fundamental desde que obedeça a uma certa regulação, até porque é muito fácil criar notícias falsas”.

Miguel Almeida lembrou ainda que a “informação livre, independente e credível é um pilar da democracia”, para justificar a razão pela qual não se pode dar aos consumidores apenas a informação que querem. “Estou certo que esse não é o caminho”, referiu.

Uma opinião partilhada pelo presidente da RTP que afirmou que “não podemos fazer apenas o que os consumidores mais pedem, no imediato até pode dar resultados, mas a prazo não acrescenta nada e estamos a perder personalidade”.

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