Em cada seis novas empresas, uma é restaurante ou alojamento

  • Margarida Peixoto
  • 8 Fevereiro 2018

Em 2016, o setor do alojamento e restauração destacou-se como um dos mais dinâmicos. O número de empresas deste segmento subiu 6,2% e representou 17,4% da criação líquida de empresas.

Fazendo as contas às empresas que abriram e que fecharam, em 2016 havia mais 33.020 empresas não financeiras do que no ano anterior. Destas, 17,4% eram restaurantes ou estavam classificadas como alojamento. Os dados foram revelados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e mostram o forte dinamismo do setor.

Em 2016, foram criadas, em termos líquidos, 33.020 empresas não financeiras, o que corresponde a um acréscimo de 2,8% face a 2015. As empresas também viram o seu Valor Acrescentado Bruto (VAB) crescer (6%), bem como o seu volume de negócios (2,7%) e o excedente bruto de exploração (8,4%).

Os resultados foram positivos na generalidade dos setores — só na energia e água houve uma redução do volume de negócios — mas o do alojamento e restauração destacou-se pela positiva. Os números mostram que a par do aumento do número de empresas (foram criadas, em termos líquidos, 5.736, a maior subida em termos absolutos) o volume de negócios cresceu 14,8%, o valor acrescentado bruto aumentou 21,4% e o excedente bruto de exploração disparou 41,5%.

Nenhum outro setor de atividade registou dados tão expressivos e o INE adianta que “esta evolução traduziu sobretudo a dinâmica das empresas classificadas nas atividades de restaurantes e estabelecimentos hoteleiros com restaurante“. 2016 foi o ano em que, a partir de julho, os restaurantes contaram com uma taxa de IVA mais baixa, de 13%. Ainda assim, note-se que foi o setor do comércio que mais contribuiu para o aumento global do volume de negócios.

Como evoluiu o valor acrescentado bruto de cada setor de atividade?

Fonte: INE

Mas a atividade de restauração e alojamento também se destacou no emprego criado. Registou um aumento de 8,3%, o que corresponde a mais 24.330 postos de trabalho. Esta criação líquida de emprego refletiu-se na evolução dos gastos com pessoal, que cresceram 10,9%. Comparando com o comércio, por exemplo, os restaurantes e alojamento criaram mais emprego, já que no comércio o número de pessoas ao serviço aumentou 1,8%, o equivalente a mais 13.336 postos de trabalho.

Há cada vez mais gazelas, mas ainda não são tantas como em 2008

Em 2016, eram 5.553 as sociedades consideradas de elevado crescimento — as chamadas gazelas. O INE adianta que este número recuperou pelo terceiro ano consecutivo, mas continua, ainda assim, abaixo do que era registado em 2008. Além disso, o valor acrescentado bruto destas empresas perdeu peso no total: representava 16,8%, menos 0,7 pontos percentuais do que em 2015.

O INE nota também que entre 2008 e 2016 o peso das empresas exportadoras no volume de negócios das sociedades não financeiras aumentou cinco pontos percentuais, mas o valor acrescentado bruto das exportadoras cresceu menos em 2016 do que o das restantes empresas. Esta diferença — que mostra um desempenho mais difícil das exportadoras face às que não têm este perfil — manifesta-se tanto nas empresas de grande dimensão, como nas pequenas e médias empresas.

Segundo o organismo de estatística, a explicação poderá estar, “em larga medida”, nos diferentes comportamentos dos preços. Enquanto o deflator do PIB português em 2016 foi e 1,4%, o das exportações foi e -2,2%.

Número de empresas de energia dispara com microprodutores

O número de empresas no setor de energia e água disparou: em apenas um ano, mais do que duplicaram as entidades enquadradas nesta atividade, atingindo em 2016 as 5.206. Também o número de pessoas ao serviço destas empresas aumentou (11,8%), embora o volume de negócios não tenha crescido: antes pelo contrário, caiu 2,2%.

O INE explica o que aconteceu: “O setor da energia e água registou um aumento de 110,7% no número de empresas, justificado pelo elevado número de novos empresários individuais naquele setor, associados à microprodução de energia elétrica”.

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BCE diz ter um sistema de pagamentos melhor que a blockchain

  • Juliana Nogueira Santos
  • 8 Fevereiro 2018

Pela voz de Yves Mersch, o BCE aumenta as expectativas em relação ao seu novo sistema de pagamentos. Promete ser mais rápido e mais barato que a blockchain.

Com a blockchain a ser apontada como o futuro dos pagamentos, o Banco Central Europeu (BCE) já deu sinais de que não vai deixar que isto aconteça sem dar alguma luta. Em entrevista citada pela Bloomberg, Yves Mersch, membro executivo do BCE, afirmou que o regulador vai conseguir fazer bem melhor com o seu TIPS – Target Instant Payments Settlement.

O BCE prepara-se para lançar um novo sistema de pagamento, o TIPS, em novembro deste ano, que permitirá realizar transações em tempo real. “O TIPS demora dez segundos e custa 0,2 cêntimos. As transações com DLT [blockchain] custam, no melhor cenário, 30 euros e demoram, pelo menos, uma hora”, afirmou Mersch.

"Temos o objetivo de criar sistemas de pagamento eficientes e é pela eficiência que vamos optar. Não estamos vinculados a tecnologias, estamos vinculados a resultados.”

Yves Mersch

BCE

“Temos o objetivo de criar sistemas de pagamento eficientes e é pela eficiência que vamos optar. Não estamos vinculados a tecnologias, estamos vinculados a resultados”, apontou ainda o membro do BCE. Para além de trazer o tempo de espera entre as transferências e as receções para valores atuais — como acontece com os emails ou as notícias –, esta tecnologia promete ainda fazer com que seja possível utilizar o dinheiro instantaneamente.

Moedas virtuais trazem problemas “entre mundos”

Mersch aproveitou também esta circunstância para confirmar que o Banco Central Europeu está atento às moedas virtuais e que prevê já riscos para a economia. “Se temos cada vez mais pontes entre o mundo virtual e o mundo real e, de repente, há um colapso no mundo virtual, isso poderá drenar a liquidez do mundo real”, afirmou ainda Mersch. “Isto torna-se uma preocupação para o banco central.”

Ainda que os reguladores tenham tratado as criptomoedas como um ativo especulativo até há pouco tempo, a mais recente escalada e consequente trambolhão da bitcoin e suas irmãs levou muitos órgãos a passarem a tê-las debaixo de olho. “Precisamos de mais informação”, admitiu agora Yves Mersch.

O responsável do BCE apontou ainda medidas que estarão em cima da mesa: “Para mim, uma das obrigações deveria ser forçar as plataformas desreguladas a reportar as transações de uma forma harmonizada aos repositórios para que tivéssemos acesso à informação — e de maneira a criar uma melhor resposta”, considerou.

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Folha de S. Paulo vai deixar de publicar conteúdos no Facebook

  • Rita Frade
  • 8 Fevereiro 2018

O jornal brasileiro Folha de S. Paulo anunciou que vai deixar de publicar conteúdos no Facebook.

O jornal brasileiro Folha de S. Paulo anunciou esta quinta-feira, numa publicação, que vai deixar de publicar conteúdos no Facebook. Em jeito de comunicado, o jornal diz que vai manter a “sua página na rede social, mas não a irá atualizar com novas publicações“.

De acordo com o Folha de S. Paulo, esta decisão surge depois de várias “discussões internas sobre os melhores caminhos para fazer com que o conteúdo do jornal chegasse aos seus leitores“. O jornal considera que as desvantagens em utilizar o Facebook para chegar aos seus leitores se tornaram “mais evidentes, após a decisão da rede social de diminuir a visibilidade do jornalismo profissional nas páginas dos seus utilizadores“.

Recorde-se que Mark Zuckerberg anunciou, em janeiro, que o Facebook iria começar a dar prioridade aos conteúdos publicados por familiares e amigos dos utilizadores, em detrimento dos de empresas, marcas ou meios de comunicação social.

Segundo o Folha de S. Paulo, “em janeiro, o volume total de interações (partilhas, comentários e gostos) obtido pelas dez maiores páginas de jornais brasileiros no Facebook caiu 32%, em comparação com o mesmo mês do ano passado“.

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PSA de Mangualde ameaça sair de Portugal se Governo não mudar sistema de portagens

A fábrica da PSA em Mangualde quer avançar com a produção de um novo modelo, o K9. O diretor da fábrica garante que as limitações impostas pelo sistema de portagens põem a empresa em risco.

Alfredo Amaral, diretor geral da PSA Portugal, diz que as condicionantes impostas pelo sistema de portagens, que limita a altura dos veículos classe 1 aos 1,10 metros, pode ter um “impacto direto no emprego e põe em causa a continuidade da presença da PSA a médio prazo”. A questão está agora do lado do Governo e das concessionárias de autoestradas, estas últimas que considera terem uma postura “oportunista”. “Precisamos de uma resposta antes do final de julho”, avança o diretor.

A produção de um novo modelo, o K9, está agendada para o último trimestre deste ano. “Não é mais cedo porque estamos condicionados da parte das portagens”, diz a PSA. Está prevista a produção de 100.000 veículos, 20.000 no mercado nacional. São estes que levantam o problema: têm mais de 1,10 metros, e os centímetros “extra” colocam o K9 entre os veículos de classe 2, prejudicando as vendas no mercado português.

Caso não existam alterações à regulação, a primeira consequência será ao nível do emprego. O corte da produção em 20.000 veículos poderá eliminar a necessidade do terceiro turno, que foi anunciado para 2018 mas que já só goza de um prazo de seis meses. A médio prazo, Alfredo Amaral admite que a produção possa migrar de Portugal para os países vizinhos: Espanha ou Marrocos.

A PSA participa de um grupo de trabalho que, em conjunto com a ACAP, fez uma proposta, que foi entregue ao Governo. “A resposta deste novo Governo foi apesar de tudo positiva, tentou que o grupo de trabalho produzisse rapidamente as soluções”, conta Alfredo Amaral, ressalvando que até agora a única resposta foi de índole “política”. O Executivo presidido por António Costa, segundo o diretor da PSA, pediu tranquilidade e assegurou que “tudo se vai resolver”.

A crítica recai desta forma sobre as concessionárias, que “de forma oportunista aproveitam os contratos de concessão para tirar benefícios de qualquer alteração“, aponta. “Do ponto de vista jurídico têm todo o direito. Mas há um interesse económico do próprio país que deverá ser tomado em consideração”, defende. Chama ainda as autoridades da concorrência à ação, alegando que “há completas discrepâncias e dificuldades com determinados modelos face a outros”.

Uma solução à medida?

O sistema que todos defendem é que um veiculo ligeiro deveria ter uma classificação, e os pesados outras“, explica o diretor da PSA. Isto porque, da sua perspetiva, não é a altura que dita o desgaste das autoestradas, mas sim o peso. Considera o atual sistema obsoleto, dado que tem quase 30 anos. Rejeita a hipótese de abrir uma exceção, como a que já foi aberta para a Autoeuropa. “Não queremos nenhuma exceção, queremos que a regulação mude”, afirma.

A necessidade de mudar a regulação impõe-se dada a evolução da indústria. “Os automóveis têm evoluído significativamente em termos de arquitetura para responder a necessidades de segurança rodoviária. Rapidamente todos os carros vão ter mais que um metro e dez” diz o diretor da fabricante automóvel, assegurando que não está a impor os interesses do grupo. “Todo este raciocínio não é compreensível. Está fora de qualquer razoabilidade”, acusa Alfredo Amaral.

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Subida gradual da inflação pode não ser suficiente, diz BCE

O economista-chefe do BCE diz que uma subida gradual da inflação não é suficiente para garantir a sustentabilidade da subida dos preços na zona euro e a retirada dos estímulos.

A subida gradual da inflação não é suficiente para assegurar que o rumo dos preços na zona euro apresenta uma tendência sustentável nem uma garantia que suporte mais retiradas de estímulos por parte do Banco Central Europeu (BCE). A declaração foi feita esta quinta-feira por Peter Praet, economista-chefe do BCE, durante uma conferência em Bruxelas.

“Caso o fluxo dos próximos dados confirmasse a expectativa de uma construção gradual da pressão inflacionista, tal não seria necessariamente suficiente a sustentabilidade do ajustamento, atendendo a que as condições de política monetária menos sustentáveis poderiam por em perigo a trajetória da inflação“, defendeu Praet, citado pela Reuters.

Os últimos dados disponíveis, indicam que a inflação na zona euro subiu em dezembro para 1,4%, aproximando-se assim um pouco mais do objetivo de 2% do BCE, fasquia definida pela entidade liderada por Mario Draghi começar a ponderar uma subida de juros.

“Uma vez que o Conselho de Governadores considere que os três critérios para o ajustamento sustentável tenham sido cumpridos, o programa de compras irá terminar, em linha com as nossas orientações“, complementou o responsável do BCE, esclarecendo a posição da entidade liderada por Mario Draghi.

O programa de compras de dívida do BCE está programado para durar até setembro deste ano, sendo que os responsáveis políticos têm debatido se este deve ou não terminar tendo em conta a subida gradual da inflação da zona euro.

Na reunião de janeiro, o presidente do BCE disse haver poucas hipóteses de uma subida das taxas de juro ainda este ano e afastou a ideia de inversão no discurso oficial que sinalizasse o fim dos estímulos monetários. “Ainda não podemos declarar vitória”, sublinhou Mario Draghi na ocasião. Isto apesar de ter adiantado que a economia cresceu a um ritmo “sólido” e que a expansão económica evidenciada na segunda metade de 2017 “foi acima do esperado”.

As declarações de Praet acontecem no mesmo dia em que o BCE divulgou o seu boletim económico, onde antecipa que o crescimento económico continue o seu percurso sustentado, em linha com o outlook revelado pelo banco central na última reunião que decorreu em janeiro. Nesse documento o BCE diz que “se espera que a sólida expansão económica em curso continue para além do curto prazo“, acrescentando que “o forte impulso cíclico dominante pode conduzir a futuras surpresas positivas em termos de crescimento no curto prazo”.

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Moody’s dá cartão vermelho à eficiência da Administração Pública e à competitividade do mercado em Portugal

A agência de rating avisa que o ímpeto reformista em Portugal, e noutros países afetados pela crise, diminuiu recentemente. Administração Pública e competitividade são os pontos fracos.

A eficiência da Administração Pública ou a competitividade do mercado em Portugal melhorou desde a crise? A Moody’s diz que não. Para os analistas da agência de rating o ímpeto reformista diminuiu, contrastando com as reformas implementadas nos primeiros anos da crise. Num evento em Lisboa organizado pela Moody’s, esta quinta-feira, Evan Wohlmann, analista de ratings soberanos, avisa que não houve melhorias nesses campos.

Este cartão vermelho da Moody’s está relacionada com uma preocupação que a agência de notação tem para a zona euro: “A dinâmica de reformas estruturais não se manteve recentemente, em comparação com os primeiros anos da crise”, avisou Evan Wohlmann. O problema não se colocará a curto prazo, mas as pressões demográficas e o legado que se manteve da crise poderá criar um ambiente negativo para os desenvolvimentos a longo prazo.

Para já, a mensagem da Moody’s sobre Portugal e a zona euro é positiva. Até os ‘caracóis’ do crescimento económico aceleraram registando subidas do PIB acima da média, aponta a agência de rating, referindo que apenas a Itália está com perspetivas negativas. E a recuperação tem uma “base ampla”, o que reforça a sua sustentabilidade. Em Portugal, o analista elogia a recuperação do investimento, mostrando confiança de que a tendência vai manter-se nos próximos anos nomeadamente por causa dos fundos europeus.

A dinâmica de reformas estruturais não se manteve recentemente, em comparação com os primeiros anos da crise.

Evan Wohlmann

Analista de ratings soberanos

A agência de notação financeira destacam o crescimento das exportações que está a ser o motor da recuperação económica, o que contrasta com outras recuperações de crises. A Moody’s espera ainda mais melhorias nas balanças comerciais dos países europeus. Além disso, regista a evolução na taxa de desemprego que tem atingido mínimos de muitos anos, como acontece em Portugal. Contudo, Evan Wohlmann assinala que o desemprego jovem continua a ser um problema, o que poderia ser resolvido com mais reformas estruturais.

Apesar de confiar nos Estados-membros para diminuir o seu défice, a Moody’s duvida que a maior parte dos países europeus seja capaz de reduzir o défice estrutural em 2017, face a 2016. Além disso, a dívida também está a estabilizar e a diminuir em alguns países, mas segundo a agência de rating os níveis elevados de endividamento público só desceram aos níveis de 2010 em 40% dos países da União Europeia. Portugal faz parte da outra metade que ainda não chegou lá.

Quanto à cada vez mais perto retirada dos estímulos do Banco Central Europeu, a Moody’s não está preocupada, assinalando que choques provenientes de um menor crescimento económico ou um défice maior seriam mais graves para a dívida pública portuguesa. Para a agência de rating há um tempo entre o fim do programa do BCE e o impacto do choque na taxa de juro de Portugal, dado o trabalho feito pelo IGCP na gestão da dívida.

A Moody’s é a única das grandes agência que mantém o rating português em “lixo”, ainda que com um outlook positivo. A próxima avaliação está marcada para 20 de abril.

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Lucros da Nissan sobem 40% entre abril e dezembro

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2018

A redução dos impostos sobre as empresas nos Estados Unidos teve um impacto positivo de cerca de 1.550 milhões de euros. A Nissan espera fechar o ano fiscal com 5,78 milhões de veículos vendidos.

A Nissan registou, entre abril e dezembro, um lucro de 578.100 milhões de ienes — 4.300 milhões de euros –, numa subida de 39,6% face ao período homólogo, devido ao impacto da reforma tributária norte-americana.

Em contrapartida, o resultado operacional do fabricante japonês caiu 27,6% para 364.200 milhões de ienes — cerca de 2.700 milhões de euros — nos primeiros nove meses do ano fiscal devido às irregularidades no controlo dos automóveis em inspeções no Japão reveladas no final de 2017 e de um crescimento lento de vendas, explicou a empresa em comunicado.

A faturação ascendeu a 8,5 mil milhões de ienes — 63.430 milhões de euros –, o que representa uma subida de 3,2% neste período. A Nissan justificou o aumento sobretudo com o impacto favorável da reforma tributária aprovada pela administração do presidente norte-americano, Donald Trump, no passado mês de dezembro.

A redução dos impostos sobre as empresas nos Estados Unidos teve um impacto positivo de 207.691 milhões de ienes (cerca de 1.550 milhões de euros), informou a Nissan, mercado onde a Nissan vendeu, entre abril e dezembro, um total de 1,177 milhões de unidades, mais 1,1% do que no mesmo período de 2016. No Japão as vendas subiram 9,7% para 378.000 unidades e na Europa e na Rússia aumentaram 0,3% para 544.000 veículos.

A atual expectativa é comercializar 5,78 milhões de veículos globalmente em todo o ano fiscal, que termina no Japão no próximo dia 31 de março.

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Cândida Almeida: dossiê de Manuel Vicente extraviou-se

Sessão de julgamento da Operação Fizz ouviu esta quinta-feira a diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) à data dos factos.

A procuradora-geral adjunta assumiu perante o coletivo dos juízes que “direi a verdade, pese embora o tempo que já passou”. O coletivo de juízes da chamada Operação Fizz ouviu esta quinta-feira a ex-diretora do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), Cândida Almeida, que esteve à frente do departamento do Ministério Público (MP) que investiga a criminalidade económica e financeira complexa e que atualmente está colocada no Supremo Tribunal de Justiça (STJ).

“O Dr. Orlando Figueira era um bom magistrado, era um magistrado que cumpria as datas e eu tinha bastante consideração pelo trabalho dele e via-se que ele tinha muito gosto pelo facto de estar no DCIAP”, sublinhou ainda perante os juízes, advogados, magistrado do MP e uma plateia de jornalistas.

A ex-diretora do DCIAP disse ainda que a única vez que falou com o PGR angolano foi relativamente a um desabafo que fez: “Estão a utilizar os tribunais portugueses para resolver os seus assuntos e depois deixam as investigações a meio”. Desabafo esse que causou mau estar perante o titular de investigação criminal angolano e que até levou a procuradora -geral adjunta a pedir desculpa.

Cândida Almeida, admitiu ainda que o dossiê de acompanhamento do processo de Manuel Vicente “ter-se-á extraviado”. E garantiu nunca ter autorizado que Orlando Figueira entregasse informalmente peças processuais ao advogado que representava na altura o Estado angolano nesses processos e que agora é arguido na Operação Fizz, Paulo Blanco. Negou “perentoriamente” que o Ministério Público português tivesse na altura, como asseguram os arguidos, uma relação de proximidade com o o PGR angolano. Negou ainda a combinação de estratégias de investigação conjuntas com o Procurador-Geral da República daquele país, em processos em que as autoridades angolanas surgiam como queixosas.

O dossier de acompanhamento do processo que deu origem à Operação Fizz, prende-se com a compra de um apartamento de luxo no Estoril pelo ex-vice-presidente de Angola Manuel Vicente por 3,8 milhões de euros

A “Operação Fizz” acusa Manuel de corrupção ativa e ainda do crime de branqueamento de capitais. A acusação alega que o então presidente da Sonangol e ex-vice presidente de Angola terá pedido ao procurador do Ministério Público Orlando Figueira para arquivar inquéritos relacionados consigo, a troco de dinheiro.

A procuradora-geral adjunta explicou que nunca teve reuniões com o Procurador-Geral de Angola. E explicou as relações, à data (2009), entre os dois Ministérios Públicos — de Angola e de Portugal — concretizando com a formação que os magistrados angolanos e portugueses. Programa esse acordado entre o PGR de Portugal, Pinto Monteiro, e o PGR de Angola. “Como elo de ligação tínhamos uma procuradora de nome Leonor e o Dr. Paulo Blanco apareceu nessa fase. Ele tinha uma dupla função, era o advogado do Estado Angolano mas também acompanhou o senhor PGR de Angola para iniciar o protocolo dessa formação”, explicou a ex-diretora do DCIAP. Cândida Almeida disse que foi a Angola apenas uma vez, em 2010: “foi uma visita oficial a convite do senhor PGR de Angola”, referindo-se a uma visita que fez ao país do arguido Manuel Vicente, juntamente com Fernando Pinto Monteiro, Francisca Van Dunem (atual ministra da Justiça) e outros elementos do MP.

Ontem, o Ministério das Relações Exteriores de Angola enviou uma carta ao embaixador de Portugal em Luanda e a todos os embaixadores dos países da CPLP — entregue em mão — sobre a questão de Manuel Vicente no processo da Operação Fizz.

O processo que resultou da chamada “Operação Fizz” está a ser julgado em Portugal, mas a parte relativa a Manuel Vicente foi separada, já que Angola ainda não deu resposta às cartas rogatórias enviadas pelo Ministério Público português. Esta parte separada é que o ex-vice-presidente quer que seja transferida para Angola.

No fim semana, as autoridades judiciárias terão emitido um mandado de detenção para notificar Manuel Vicente em Portugal, por alegadamente ter recebido uma “informação da PSP” de que ele estaria em território nacional. Porém, segundo avançou o DN, Manuel Vicente terá estado não em Portugal mas sim em São Tomé.

Em atualização.

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Moody’s prepara descida do ‘rating’ de Angola

  • Lusa
  • 8 Fevereiro 2018

A agência Moody's acaba de colocar o 'rating' de Angola sob revisão. A decisão foi justificada pela degradação da balança de pagamentos e pela crise da Sonangol.

A agência de notação financeira Moody’s colocou, esta quinta-feira, o rating de Angola sob revisão para descida devido à degradação da balança de pagamentos e ao aumento das necessidades de financiamento resultantes da assunção da dívida da Sonangol.

“A decisão de colocar o rating em revisão para a descida foi desencadeada pela deterioração da balança de pagamentos do Governo e o aumento das necessidades de financiamento, comparadas com as expectativas da Moody’s em outubro de 2017, quando o rating de Angola foi descido para B2″, lê-se na nota que acompanha o anúncio.

O aumento das necessidades de financiamento de Angola é motivado “pela assunção pelo Governo da dívida da companhia nacional de petróleo [Sonangol], reconhecimento significativo de atrasos nos pagamentos e a forte deterioração da moeda nacional no seguimento da introdução de uma taxa de câmbio mais flexível”, acrescenta-se na nota.

A agência de notação financeira, que em outubro do ano passado afundou ainda mais o rating de Angola em território de não recomendação de investimento, ou ‘lixo’, como é geralmente conhecido, diz ainda que o período de revisão do rating “vai permitir uma avaliação da capacidade e da vontade do Governo para lidar com o aumento do peso da dívida e gerir o maior risco de liquidez que Angola enfrenta”.

A Moody’s avisa ainda que, durante o período de avaliação da inclinação para a descida do ‘rating’, vai “considerar a capacidade do Governo cumprir com os seus planos de consolidação orçamental e avaliar os riscos de créditos e as vantagens colocadas pela flexibilização da taxa de câmbio”.

Por outro lado, concluem os analistas, “o período de revisão vai também permitir à Moody’s explorar as implicações potenciais da reestruturação da dívida proposta aos investidores privados”.

Dívida pública de passa os 70% do PIB

A agência de notação financeira Moody’s prevê que a dívida pública de Angola suba para mais de 70% do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre deste ano, crescendo 10 pontos percentuais só desde outubro.

“A dívida global de Angola face ao PIB já subiu 10 pontos percentuais para além do nível que a Moody’s antecipava em outubro de 2017”, quando a agência de notação financeira desceu o ‘rating’ do país para B2, ainda mais abaixo na recomendação de não investimento, escrevem os analistas na nota que acompanha a decisão de colocar a avaliação da qualidade do crédito em revisão negativa.

O aumento da dívida pública angolana deveu-se essencialmente “à depreciação do kwanza face ao dólar e ao apoio financeiro dado às empresas públicas no ano passado”, o que faz com que a Moody’s estime que a dívida pública tenha chegado aos 74 mil milhões de dólares, cerca de 66% do PIB, no final do ano passado”.

Isto, “juntamente com o ajustamento cambial em curso e com a eliminação de 5 mil milhões de dólares em atrasos a fornecedores, [faz com que] o rácio da dívida deva ultrapassar os 70% no final deste trimestre”.

 

O custo dos juros da dívida, ou seja, o valor que Angola paga só em juros sobre o dinheiro que pediu emprestado ou sobre as emissões que fez “chegaram quase a 21% em 2017, subindo face aos 16% de 2016, e a Moody’s estima que vão aumentar ainda mais em 2018″.

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Revista de imprensa internacional

  • ECO
  • 8 Fevereiro 2018

Samsung sofre mais um golpe e magnata americano luta contra Brexit. Inditex não teme confusão política catalã e confusos são os resultados da Disney. Bankia vai despedir menos pessoal do que previra.

Depois do herdeiro da Samsung ter dito ‘adeus’ à prisão, a gigante volta a estar a braços com a Justiça. Desta vez, o alvo da acusação é o próprio presidente da tecnológica. Do outro lado do mundo, nos Estados Unidos, há quem tenha os dedos cruzados para que o Brexit não aconteça de todo… e há mesmo quem dê dinheiro à causa. No setor do entretenimento infantil, a Disney está “em manutenção”. Enquanto constrói uma rival para concorrer com a Netflix, a empresa divulga resultados pouco harmoniosos. Boas notícias só as há mesmo para os trabalhadores do Bankia e para a Catalunha, cuja confusão política não afastou a multinacional Inditex.

Financial Times

Presidente da Samsung acusado de evasão fiscal

Aos 76 anos e a viver num hospital na Coreia do Sul, o presidente da tecnológica Samsung está a ser acusado de evasão fiscal. As autoridades suspeitam que Lee Kun-Lee não pagou 7,5 milhões de dólares (pouco mais de seis milhões de euros), que eram devidos ao Fisco. Para concretizar esta “fuga”, o empresário terá depositado mais de 350 milhões de dólares (283, 8 milhões de euros) em contas bancárias de outras pessoas. Leia a notícia completa no Financial Times (acesso condicionado / conteúdo em inglês).

The Guardian

Magnata americano investe na campanha pela reversão do Brexit

O magnata norte-americano George Soros não deseja apenas que o Reino Unido consiga sair suavemente da União Europa… quer mesmo que esse país se mantenha no bloco, estando, por isso, a apoiar financeiramente a campanha Best for Britain. O movimento que luta pela reversão do Brexit já recebeu do empresário mais de 400 mil libras (451 mil euros). Leia a notícia completa no The Guardian (acesso livre / conteúdo em inglês).

The New York Times

Disney está em manutenção e resultados refletem isso

No relatório trimestral da Disney, os resultados são harmoniosos: há perdas associadas à construção da plataforma de streaming que a gigante do entretenimento infantil está a construir e reduções nos ganhos do seus estúdio, mas também ganhos nas receitas arrecadadas nos seus parques temáticos. Leia a notícia completa no The New York Times (acesso livre / conteúdo em inglês).

Cinco Dias

Inditex compra 22 mil metros quadrados em Barcelona

Apesar do enorme ruído político que se faz sentir na Catalunha, a Inditex acaba de comprar 22 mil metros quadrados em Barcelona. A multinacional ainda não tem um fim fechado para a utilização daquele espaço, mas há quem diga que pode vir a servir de nova sede da cadeia Bershka. Leia a notícia completa no Cinco Dias (acesso livre / conteúdo em espanhol).

El Economista

Afinal, Bankia vai despedir 1.602 trabalhadores, não 2.050

O espanhol Bankia acaba de anunciar a redução do número de trabalhadores que serão dispensados. O banco tinha informado que ia despedir 2.050 colaboradores, mas afinal só 1.602 trabalhadores serão afetados por este corte. A notícia levou à desconvocação da greve marcada para esta segunda-feira, com os sindicatos a exigir que as conversações com o banco continuem. Leia a notícia completa no El Economista (acesso livre / conteúdo em espanhol).

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Número de empresas novas supera as que “morreram” em janeiro

No primeiro mês deste ano foram constituídas 664 novas empresas, o que compara com 627 sociedades que entraram em insolvência no mesmo período.

O número de empresas que entraram em insolvência no primeiro mês do ano aumentou para máximos dos últimos três anos em igual período. Uma subida que, no entanto, foi mais do que compensada pelo número de empresas criadas no mesmo período. Em janeiro 627 empresas ficaram insolventes, enquanto as que foram criadas ascenderam a 664, revelam números da Iberinfor.

Os números divulgados nesta quinta-feira mostram que as insolvências aumentaram 1,8%, em janeiro, com mais 11 empresas a serem consideradas insolventes face ao registado no mesmo mês do ano passado. No total, foram registadas 352 declarações de insolvência, mais 54 que em 2017, “o que resulta no aumento total das insolvências uma vez que os restantes tipos de ações apresentam descidas”, explica a Iberinfor.

Lisboa e Porto foram os distritos com número de insolvências mais elevado, 152 e 140 respetivamente, mas Lisboa registou uma diminuição de 16,5% enquanto o Porto apresentou um aumento de 10,2% face ao período homólogo de 2017.

O Comércio de Veículos foi o setor com maior aumento no número de empresas insolventes no primeiro mês deste ano, mais 38,9% que no período homólogo de 2017. Seguiram-se os setores da Indústria Transformadora (mais 7,5%), Comércio a Retalho e por Grosso (mais 5,3% e 5,1% respetivamente) e construção e obras públicas (aumento de 5,1%). Com diminuição no número de insolvências surgiam os setores de: eletricidade, gás, água (menos 50%), transportes (menos 14,8%), hotelaria e restauração (redução de 11,1%) e outros serviços (menos 7,8%).

O saldo líquido entre as empresas que morreram e as que nasceram foi, contudo, positivo. Em janeiro, as constituições aumentaram 15% em relação a 2017, evoluindo de um total de 4.435 para 5.099 novas empresas constituídas. Ou seja, 664 novas empresas. Em termos acumulados, verifica-se um acréscimo progressivo desde 2016 na criação de empresas.

Lisboa apresentou o número mais significativo de constituições, com 1.758 novas empresas, 34,7% do total em janeiro. Este valor traduz um ligeiro acréscimo de 0,6% no peso do distrito em relação a 2017. O Porto apresenta igualmente um valor elevado (930 novas empresas), responsável por 18,2% do total de constituições em janeiro e um ganho de 0,6% face à sua posição em 2017.

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CGD tem 38 toneladas de papel em cadernetas. São para acabar

O banco público está a focar-se em trazer para o digital cerca de 300 mil clientes com mais de 65 anos e que usam exclusivamente a caderneta como meio de movimentação da conta.

CGD quer uma “transição suave” das cadernetas em papel para as digitais.Paula Nunes / ECO

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) tem toneladas de papel para digitalizar. Mais concretamente, 38 toneladas de papel, sob a forma de cadernetas físicas, que pretende transformar em cadernetas digitais, num processo a iniciar ainda este ano. Em causa estão várias centenas de milhares de clientes, mas o banco público vai focar-se, numa primeira fase, numa parcela de 300 mil clientes: os mais idosos e que só usam a caderneta para movimentar a conta.

O anúncio da criação de uma caderneta digital foi feito esta quarta-feira, durante a conferência Banking Summit, que decorreu em Lisboa e que juntou os presidentes dos cinco maiores bancos portugueses para discutir o impacto da evolução tecnológica sobre a banca. Durante a sua intervenção, Paulo Macedo, presidente executivo da CGD, identificou a “inclusão digital” como um dos desafios que se impõe aos bancos, que têm de assegurar “que não se deixa para trás uma parte significativa dos clientes”. Segundo o presidente da CGD, um décimo dos clientes do banco público ainda tem caderneta. Assim, o banco está “a trabalhar numa caderneta digital, que tem as características de uma caderneta física, mas que reforça a segurança, entre outros aspetos”.

Mais tarde, à margem do evento, Paulo Macedo disse aos jornalistas que são cerca de 300 mil os clientes que ainda usam este documento e que o objetivo da CGD é fazer uma “transição suave” para a caderneta digital, num processo a ser lançado este ano. Fonte oficial da CGD esclarece ao ECO que os 300 mil dizem respeito apenas aos clientes com mais de 65 anos e que usam exclusivamente a caderneta como meio de movimentação da conta. “São estes o nosso foco principal, dado que temos de trabalhar com eles o futuro”, refere.

Questionada pelo ECO, a mesma fonte não quis esclarecer quais os custos que o banco público assume anualmente com a produção de cadernetas, qual o universo total de clientes que utilizam caderneta ou que funcionalidades terá a caderneta digital, remetendo mais detalhes para uma apresentação oficial sobre este novo instrumento, que deverá acontecer ainda este ano.

Certo é que o número de clientes com cadernetas é bastante superior a 300 mil: “Cadernetas há muitas, o que não quer dizer que os clientes a usem”, diz ainda a mesma fonte. Ou seja, há ainda que contar com os clientes com menos de 65 anos e que só usam a caderneta como instrumento para movimentar a conta, bem como com os clientes, de qualquer idade, que têm uma caderneta mas recorrem a um cartão de débito. Mas é na parcela dos 300 mil que a CGD quer focar-se: “São uma franja importante para nós pois têm mais de 65 anos e precisam de um cuidado especial da nossa parte”.

A ideia é também incentivar a utilização do cartão de débito, acabando, gradualmente, com a caderneta. Ao todo, segundo os dados que constam do último relatório e contas disponível da CGD, relativo a 2016, o banco consumiu, nesse ano, “38 toneladas de papel sob a forma de cadernetas”. E o número já tem vindo a reduzir-se: em 2015, era 42 toneladas. “Não podemos esperar que um idoso tenha de mudar para a caderneta digital e que tenha um smartphone”, reconhece fonte oficial da CGD. Quantos aos clientes mais novos mas que, ainda assim, só usam a caderneta, a preocupação é menor: “As pessoas com menos de 65 anos já passaram por muitas alterações tecnológicas na sua vida”.

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