Tem até hoje para entregar IRS. Só quem tem declaração automática evita multas que podem chegar a 3.750 euros

Tem até ao final do dia para entregar a declaração de IRS. Atrasos podem resultar em multas até 3.750 euros. Mas estas coimas não aplicam às três milhões de famílias abrangidas pelo IRS automático.

Termina esta sexta-feira o período para entregar a declaração de IRS. Quem falhar este prazo, arrisca-se a ser punido com uma multa que pode ir até 3.750 euros. Porém, se está abrangido pelo IRS automático, há boas notícias: a sua declaração será submetida automaticamente após as 23h59 desta sexta-feira, mesmo se não fizer nada, evitando a penalização.

Mais de três milhões de famílias passaram a estar abrangidas pelo IRS automático em 2018, isto depois de o Governo ter alargado este mecanismo a agregados familiares com dependentes no final do ano passado.

Isto quer dizer que um maior número de contribuintes passou a ter uma declaração de IRS pré-preenchida pela Autoridade Tributária (AT). Assim, muitos tiveram apenas de verificar se o pré-preenchimento estava efetivamente correto e de proceder à validação do NIB (número da conta bancária) para o reembolso.

Mas, para lá de agilizar todo o processo de entrega da declaração, o IRS automático veio trazer uma importante novidade para os contribuintes mais esquecidos: mesmo que não se submetam os papéis do IRS dentro do prazo, a entrega da declaração será feita de forma automática, evitando assim multas por atraso dos prazos.

Estas faltas são punidas com coimas que vão entre os 150 e os 3.750 euros, admitindo-se reduções dos montantes em determinadas circunstâncias em que a regularização é voluntária, de acordo com o Regime Geral das Infrações Tributárias (RGIT).

“A entrega do modelo 3 depois de terminado o prazo legal para a sua apresentação configura-se como uma contraordenação tributária que será sancionada com coima”, sublinha Ana Cristina Silva, da Ordem dos Contabilistas Certificados, ao ECO, socorrendo-se do artigo 29.º da RGIT para expor as situações em que pode haver lugar a uma redução da multa:

  • Se a entrega ocorrer nos 30 dias posteriores, a coima pode ser reduzida para 25 euros;
  • Se ocorrer mais tarde, a coima pode ser reduzida para 37,5 euros.

Porém, “se o contribuinte não tiver qualquer direito a redução da coima, por exemplo, por a AT já ter detetado a infração (levantado auto de notícia) sem que seja cumprida esta obrigação fiscal, o valor mínimo da coima é de 150 euros”, explica a responsável.

Em todo o caso, se tem IRS automático, importa estar atento a eventuais erros que surjam na declaração pré-preenchida, erros que também podem resultar em contraordenação. Neste caso, o contribuinte tem 30 dias para entregar uma declaração de substituição sem penalização.

Quase cinco milhões de contribuintes já tinham entregado as declarações até ao início desta semana, sendo que mais de 90% dessas declarações já tinham sido liquidadas pela Autoridade Tributária, revelou António Mendonça Mendes, secretário de Estado dos Assuntos Fiscais.

Esta segunda-feira, o Governo anunciou a extensão por mais um dia do período para entrega da declaração de IRS devido ao feriado do Corpo de Deus, que este ano coincidiu com o último dia do prazo legal. “Nos termos da lei os prazos que terminam em dia de feriado passam para o primeiro dia útil seguinte. Por isso, de acordo com a lei, o prazo acabará no dia 1 de junho”, explicou Mendonça Mendes.

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Luís Amado contrata Lazard para assessorar resposta à OPA dos chineses sobre a EDP

O Conselho Geral e de Supervisão da EDP, liderado por Luís Amado, contratou assessores financeiros e jurídicos independentes dos que apoiam António Mexia na avaliação da OPA dos chineses da CTG.

O Conselho Geral e de Supervisão da EDP contratou a boutique financeira Lazard, a sociedade de advogados AAA de Gabriela Martins e o professor Pedro Maia, para assessores na Oferta Pública de Aquisição (OPA) dos chineses da China Three Gorges (CTG), apurou o ECO junto de fontes de mercado. Com esta decisão, o Conselho liderado por Luís Amado e no qual têm assento os principais acionistas da EDP, tem uma equipa de assessores diferente daquela que está a assessorar o Conselho de Administração Executivo (CAE) da elétrica, que é presidido por António Mexia.

No dia 11 de maio, a CTG fez um anúncio preliminar para a compra de 100% da EDP — e uma segunda oferta sobre o capital da EDP Renováveis que não é controlado pela empresa-mãe — por 3,26 por ação, e vai esta sexta-feira publicar o pedido de registo da oferta com o plano industrial detalhado que quer aplicar na empresa. A empresa pública chinesa, que já tem mais de 23% do capital, lançou um OPA sobre a totalidade do capital da EDP, mas pôs como condição controlar pelo menos 50%, mais uma ação da empresa. E, recorde-se, há outra empresa pública chinesa, a CNIC, que tem quase 5% do capital da EDP.

Logo nos dias seguintes, o Conselho de Administração Executivo emitiu uma primeira reação à oferta: “O preço oferecido [3,26 euros por ação] não reflete adequadamente o valor da EDP”. No entanto, remeteu uma posição formal para depois do registo da oferta. A partir de hoje, sexta-feira, tem legalmente oito dias para emitir uma posição sobre a OPA. Mas, já nessa altura, a administração executiva tinha contratado o J.P. Morgan e a UBS, além da sociedade MLGTS e Nuno Galvão Teles, para a assessoria da oferta. Já nesse momento, colocou-se uma dúvida: O Conselho Geral e de Supervisão poderia, e deveria, ter assessores próprios? Por razões de boa governação, o entendimento de Luís Amado foi de que o Conselho deveria ter uma equipa de assessores autónoma.

Qual é a função do Conselho Geral de Supervisão? “O CGS tem como principal missão assegurar, em permanência, o acompanhamento e a supervisão da atividade da administração da Sociedade e das Sociedades Dominadas, cooperando com o CAE e com os demais órgãos e corpos sociais na prossecução do interesse social”, lê-se os estatutos da empresa. E quais são as suas principais responsabilidades?

  • Acompanhar em permanência a atividade da administração da Sociedade e Sociedades Dominadas e prestar a respeito dela aconselhamento e assistência ao CAE, designadamente no que concerne à estratégia, consecução de objetivos e cumprimento de normas legais aplicáveis.
  • Emitir parecer sobre o Plano Estratégico da sociedade e sobre as operações referidas no n.º2 do artigo 17º do CS.
  • Emitir parecer sobre o relatório de gestão e contas do exercício.
  • Proceder ao acompanhamento permanente da atividade do ROC e do AE da Sociedade e pronunciar-se, no que ao primeiro respeita, sobre a respetiva eleição ou designação, sobre a sua exoneração e sobre as suas condições de independência e outras relações com a Sociedade.
  • Acompanhar de forma permanente e avaliar os procedimentos internos relativos a matérias contabilísticas e auditoria, bem como a eficácia do sistema de gestão de risco, do sistema de controlo interno e do sistema de auditoria interna, incluindo a receção e tratamento de queixas e dúvidas relacionadas, oriundas ou não de colaboradores.
  • Propor à AG a destituição de qualquer membro do CAE.
  • Convocar a AG quando o entenda conveniente.

A contratação da Lazard — uma boutique financeira com 170 anos de história e com presença internacional — foi decidida no final da semana passada, num concurso limitado em que concorriam pelo menos mais três bancos de investimento internacional, apurou o ECO. Além da Lazard, o Conselho Geral da EDP contratou também o escritório AAA, que tem como uma das fundadoras a advogada Gabriela Martins, que tem o grupo Amorim como o principal e histórico cliente. Finalmente, Luís Amado contratou também Pedro Maia, professor auxiliar da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e especialista em ciências jurídico-empresariais.

O Conselho Geral e de Supervisão (CGS) tem como principal missão assegurar, em permanência, o acompanhamento e a supervisão da atividade da administração da Sociedade e das Sociedades Dominadas, cooperando com o Conselho de Administração Executivo (CAE) e com os demais órgãos e corpos sociais na prossecução do interesse social.

Estatutos da EDP

A contratação de uma equipa de assessores para o CGS tem outro alcance e importância. Quem tem a responsabilidade de responder formalmente em relação à OPA dos chineses é o Conselho de Administração Executivo, em nome da sociedade visada. E, como já se sabe, Mexia considera que o preço oferecido é baixo: mas resta saber se vai considerar a oferta “hostil” ou apenas “não solicitada”. E o ECO sabe que a administração do CTG está na expectativa. Os chineses, diga-se, têm também os seus próprios assessores: os escritórios da Linklaters (com António Soares) e da SLCM (com Luís Cortes Martins), além do Bank Of America Merryl Lynch, que, curiosamente, tem como um dos assessores o advogado António Vitorino, o presidente da Assembleia Geral da EDP.

No entanto, se é a administração executiva que tem de responder, há um entendimento, que juridicamente não é absolutamente consensual, de que o Conselho Geral também tem de se pronunciar sobre o plano estratégico que os chineses da CTG vão apresentar, e anexar esse parecer à resposta da administração executiva. Ora, é esta exigência que torna também necessária a contratação de assessores e consultores autónomos da administração que gere, no dia-a-dia, a empresa.

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Altice mantém “todo o interesse” na compra da Media Capital

Em comunicado enviado à CMVM, a Altice reitera interesse na dona da TVi e diz estar "disponível para prestar todos os esclarecimentos" às autoridades.

A Altice continua interessada em comprar a Media Capital. Em comunicado enviado pela Media Capital à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários, a Altice reafirma a intenção de comprar a empresa dona da TVI, dizendo que está “como sempre esteve, disponível para prestar todos os esclarecimentos às autoridades competentes, e mantendo-se empenhada na concretização da mesma”.

“A Altice Portugal mantém todo o interesse em realizar a aquisição da Media Capital”, refere o comunicado divulgado na madrugada desta sexta-feira pela CMVM.

De acordo com a declaração, a Altice Portugal diz ter recebido, no início da noite de 28 de maio, uma Comunicação da Autoridade da Concorrência no âmbito do procedimento de controlo de concentrações relativo à aquisição, pela sua subsidiária MEO – Serviços de Comunicações e Multimédia, S.A.. Essa comunicação servia para a Autoridade da Concorrência antecipar “que a Decisão Preliminar no âmbito daquele procedimento é a de rejeição dos compromissos que a Altice Portugal se prestou a assumir para a aquisição, pela MEO, da Media Capital”.

No entanto, refere ainda a empresa, “a Altice Portugal aguarda a notificação formal da Decisão Preliminar pela Autoridade da Concorrência, por forma a pronunciar-se ao abrigo do respetivo direito de audiência prévia, antes da emissão de uma Decisão Final”.

A Altice reitera não concordar com o conteúdo da comunicação recebida, “por não refletir o impacto e relevância dos compromissos assumidos pela Altice Portugal para a aquisição, pela sua subsidiária MEO, da Media Capital, em linha com as melhores práticas de mercado e de outras autoridades europeias em transações similares”, sublinhando que a empresa teve oportunidade de referir por por diversas vezes, “os compromissos que considerou razoáveis para que a Autoridade da Concorrência tomasse uma decisão, não estando, por isso, disponível para apresentar quaisquer outros”.

Assim, a Altice reitera que a oferta pública de aquisição obrigatória sobre o capital social da Media Capital anunciada preliminarmente pela MEO mantém-se em vigor, estando o seu registo e lançamento sujeitos às condições regulatórias referidas no anúncio preliminar, incluindo a não-oposição da Autoridade da Concorrência no procedimento de controlo de concentrações acima referido”.

A Autoridade da Concorrência (AdC) chumbou os compromissos propostos pela Altice para comprar a Media Capital, a dona da TVI, e agora cabe ao operador franco-israelita avaliar se apresenta outras medidas que respondam às exigências zdo regulador. A ideia é que estas questões garantam a defesa dos consumidores e a concorrência. Será, de qualquer forma, uma formalidade, porque, na verdade, já ninguém acredita que o negócio venha a fazer-se. É uma telenovela com um final infeliz para os dois protagonistas.

O negócio arrastava-se desde julho de 2017, quando, em conferência de Imprensa, Patrick Drahi e Armando Pereira anunciaram ao mercado a compra da Media Capital por 440 milhões de euros, cm um múltiplo de dez vezes o EBITDA, muito superior às médias de mercado em operações internacionais semelhantes. Logo naquele momento, suscitaram-se dúvidas e os concorrentes da Altice, a NOS e a Vodafone, foram particularmente vocais nos argumentos contra o negócio.

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Liga e 5 Estrelas voltam a propor Conte para primeiro ministro de Itália

Partidos voltam a propor Giuseppe Conte para o cargo de primeiro ministro de Itália, depois de nova ronda de negociações entre a coligação.

O Liga italiana e o movimento 5 Estrelas vão voltar a propor o nome de Guiseppe Conte para formar Governo em Itália e acabar com o impasse político que o país vive, avançaram os partidos em comunicado. Trata-se de uma nova tentativa da coligação para formar Governo.

Uma hora depois do início da reunião entre os dois partidos e, depois de o presidente da República ter dado uma nova oportunidade a um Governo de coligação, a Liga e o 5 Estrelas disseram ter chegado a acordo na nova ronda de negociações.

No passado 27 de maio, Giuseppe Conte anunciava a desistência de formar Governo em Itália, de acordo com agências de notícias internacionais. Na altura, o Governo que estava a ser planeado por Luigi Di Maio do 5 Estrelas e Matteo Salvini da Liga, assumidamente com uma política anti-imigração, assustou a União Europeia e os mercados.

A possibilidade de Itália ter um Governo avesso ao euro levou, na sexta-feira, os juros italianos a subirem, tendo o spread (diferencial) face aos juros da Alemanha atingido um máximo de 2014.

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Bolsas ao fundo com guerra comercial à vista. Lisboa resiste à pressão

Duas bombas derrubaram as bolsas europeias esta quinta-feira. Casa Branca anunciou tarifas alfandegárias à União Europeia, que já prometeu retaliação. Em Espanha, Rajoy está prestes a cair.

O dia nas bolsas estava a ser tranquilo até que duas bombas surgiram ao início da tarde. Em Espanha, o Governo de Mariano Rajoy deverá cair esta sexta-feira depois do anúncio do nacionalistas bascos, que já disseram que vão votar a favor da moção de censura. Logo a seguir, a Casa Branca anunciava tarifas sobre as importações de aço e alumínio da União Europeia, perspetivando-se uma guerra comercial.

Por cá, o PSI-20 chegou a avançar mais de 1%. Mas com a inversão do sentimento lá fora, fechou com uma valorização tímida de 0,17% para 5.452,65 pontos, num dia de liquidez abaixo do habitual por causa do feriado do Corpo de Deus.

Exemplo desta variação de humor em Lisboa: as ações do BCP estiveram a disparar mais de 5% durante a manhã, mas chegaram ao final da sessão em evidente esforço. Feitas as conta, o dia terminou com um ganho de apenas 1,87% com cada ação do banco a cotar-se nos 0,2512 euros.

Lisboa resistiu, mas o mesmo não aconteceu com os principais índices europeus. O IBEX-35 tombou 1,52% para 9.423,9 pontos, depois de saber que o prazo de validade do Governo de Rajoy expira amanhã. Isto depois de o Partido Nacionalista Basco ter informado o Executivo que tenciona votar a favor da moção de censura apresentada pelo PSOE se Rajoy não se demitir antes.

Lisboa resiste à pressão europeia

As más notícias para os investidores não ficariam por aqui. Os EUA anunciaram que vão avançar as tarifas alfandegárias sobre o aço e alumínio da União Europeia, medidas que entram em vigor já a partir da próxima meia-noite. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, já disse que vai haver retaliação europeia, adensando os riscos de uma guerra comercial indesejada pelos mercados.

Em Frankfurt, as quedas ascenderam a 1,4% no índice DAX-30, sinónimo de pouco apetite pelo risco. O índice de referência europeu Stoxx 600 perdeu 0,51%. Do outro lado do Atlântico, Wall Street absorve as notícias com quedas menos pronunciadas. O S&P 500 cede pouco mais do que 0,1%.

“O mercado está preocupado com a retaliação. Os investidores estão a olhar para aquilo que será a resposta da União Europeia”, disse Zhiwei Ren, da Penn Mutual Asset Management, citado pela Reuters. “Mas estas tarifas são uma nova tática de negociação dos EUA. Os norte-americanos querem usar as tarifas como ferramenta para novas negociações”, disse.

Em causa estão tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as importações de alumínio não só da União Europeia, mas também do Canadá e do México, revelou o secretário de Estado do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, esta quinta-feira.

A reação do lado europeu não demorou. “Isto é um mau dia para o comércio mundial”, declarou Juncker num discurso em Bruxelas. “Vamos introduzir imediatamente uma ação legal junto da Organização Mundial do Comércio e iremos anunciar medidas de resposta nas próximas horas”, disse o presidente da Comissão.

“É totalmente inaceitável que um país esteja a impor medidas de forma unilateral no que diz respeito ao comércio mundial”, notou ainda Juncker.

(Notícia atualizada às 17h02)

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TAP pode crescer 10% a 15% ao ano, mas com limites

  • Lusa
  • 31 Maio 2018

“O que estamos a fazer é utilizar aeronaves maiores. [Substituindo] as 330-200 pelas 330-900, [bem como], as 319 velhas por 321", afirmou empresário David Neeleman.

O empresário David Neeleman, que juntamente com Humberto Pedrosa integra consórcio Atlantic Gateway, acionista privado da TAP, defendeu esta quinta-feira, em Lisboa, que a companhia pode crescer entre 10 a 15% ao ano, ressalvando que existem limites associados a essa expansão.

“O que estamos a fazer é utilizar aeronaves maiores. [Substituindo] as 330-200 pelas 330-900, [bem como], as 319 velhas por 321. A única coisa que podemos fazer é criar aeronaves maiores e com isso crescer 10 a 15% ao ano, mas vamos chegar a um limite”.

Para David Neelman o crescimento da empresa não depende apenas do aumento da capacidade das aeronaves, mas da criação de novas infraestruturas aeroportuárias.

As previsões do responsável surgem depois de o seu parceiro no consórcio Atlantic Gateway Humberto Pedrosa ter comentado à Lusa esperar que o Grupo TAP possa multiplicar, pelo menos, por sete vezes, os resultados – uma meta definida pelo presidente executivo, Antonoaldo Neves – em três ou quatro anos.

“Num horizonte de três, quatro anos temos de atingir esses resultados. São resultados que, normalmente, as boas companhias já têm. E a TAP agora com a frota nova que vai entrar, com as rotas novas que tem – apesar da dificuldade no seu crescimento por causa do aeroporto –, vai tentando. Mas, na realidade, no horizonte de três a quatro anos temos que estar a atingir o que o Antonoaldo [Neves] propôs atingir”, disse Humberto Pedrosa, em 14 de maio, em resposta à Lusa.

Na mensagem enviada aos trabalhadores da TAP em abril, Antonoaldo Neves destacou também que o lucro de 21,2 milhões de euros em 2017 alcançado pela TAP SGPS foi “o melhor resultado dos últimos dez anos”, num contexto de “prejuízos acumulados ao longo de muitos anos”, e traduz a “transição para um novo ciclo” de criação de valor na empresa.

Os lucros da TAP SGPS no ano passado contrastam com um prejuízo de 27,7 milhões registado em 2016.

O consórcio Atlantic Gateway, de Humberto Pedrosa e David Neeleman, detém 45% do Grupo TAP (TAP SGPS), o Estado através da Parpública detém 50% e os restantes 5% estão nas mãos dos trabalhadores.

O ciclo de conferências Gen Summit – Editors Network prossegue até sexta-feira no Pátio da Galé, em Lisboa.

Acordo com os pilotos “é bom”

David Neeleman falou ainda do acordo que a transportadora alcançou com os pilotos para a atualização salarial, defendendo que o objetivo é “não ter voos cancelados”. “O acordo é bom. Temos muitas reuniões em conjunto e sabemos que vida de piloto não é fácil. Eles têm algumas coisas que necessitam e nós não queremos ter voos cancelados”, disse David Neelman, que falava aos jornalistas, em Lisboa, à margem do Glen Summit – Editors Network.

O responsável defendeu que “agora está tudo bem”, classificando os pilotos como “ótimos parceiros”. “A pior coisa para o cliente são os cancelamentos. Acreditamos que com o acordo foi tudo resolvido. Sabemos que tudo o que está a ser feito é importante para Portugal, mas sem a ajuda do aeroporto não vamos conseguir”, sublinhou.

"A pior coisa para o cliente são os cancelamentos. ”

David Neelman

TAP

Para resolver alguns dos constrangimentos do aeroporto Humberto Delgado, David Saleeman sugeriu a criação de “saídas rápidas”.

“O ano passado gastámos 12 milhões de euros [em combustível], enquanto andávamos às voltas no céu, [à espera] para poder aterrar. Agora com os combustíveis mais caros fica ainda mais difícil. […] Podiamos já ter feito aquilo que chamamos ‘saídas rápidas’, que todos os aeroportos já têm e que permitem, da mesma forma, operar com segurança”, concluiu.

Os valores de atualização salarial acordados entre a transportadora e a direção do SPAC – Sindicato dos Pilotos da Aviação Civil são, de acordo com a proposta de atualização salarial a que a Lusa teve acesso, de 5,0% em 2018, 5,0% em 2019, 3,0% em 2020, 1,0% em 2021, 1,0% em 2022, num total de 15,0%.

Este aumento não contempla ainda a correção do Índice de Preços no Consumidor (IPC) no período, de 1,4% em 2018, e de 2,0% nos quatro anos seguintes, num total de 9,4%, referindo-se que “os valores da inflação para o período de 2019 a 2022 são estimados” e que “será aplicável o valor real, independentemente do seu valor, desde que positivo”. Na prática, este ano os salários dos pilotos da companhia aérea vão ter já um acréscimo de 6,4%.

A proposta contempla ainda uma compensação aos pilotos por atraso na progressão técnica dos pilotos da TAP.

O acordo celebrado prevê também uma compensação que será aplicada “até ser respeitado o limite de 8% das ‘block hours’ [unidade de medida usada na aviação] voadas no ano civil anterior pela TAP”, contratada a empresas pertencentes ao grupo, equivalente a “um vencimento base” em cada ano de incumprimento, pago em duodécimos, que oscila entre 283,33 euros por mês – para vencimentos brutos de 3.400 euros – até 520,83 euros – para vencimentos de 6.250 euros.

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EUA anunciam tarifas sobre aço e alumínio da União Europeia

"Isto é um mau dia para o comércio mundial", declarou o presidente da Comissão Europeia, prometendo uma retaliação nas próximas horas às medidas anunciadas hoje pela Casa Branca.

Os EUA anunciaram esta quinta-feira que vão avançar as tarifas alfandegárias sobre o aço e alumínio da União Europeia, medidas que entram em vigor já a partir da próxima meia-noite. Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, já disse que vai haver retaliação europeia, adensando os riscos de uma guerra comercial.

Em causa estão tarifas de 25% sobre as importações de aço e 10% sobre as importações de alumínio não só da União Europeia, mas também do Canadá e do México, revelou o secretário de Estado do Comércio norte-americano, Wilbur Ross, esta quinta-feira. Estas medidas estiveram congeladas durante os últimos dois meses, mas as isenções temporárias acabam agora.

“Estamos ansiosos para continuar as negociações, tanto com o Canadá e o México, por um lado, e com a Comissão Europeia, por outro, porque há questões que também precisamos de resolver”, disse.

A reação do lado europeu não demorou. “Isto é um mau dia para o comércio mundial”, declarou Juncker num discurso em Bruxelas. “Vamos introduzir imediatamente uma ação legal junto da Organização Mundial do Comércio e iremos anunciar medidas de resposta nas próximas horas”, disse o presidente da Comissão.

“É totalmente inaceitável que um país esteja a impor medidas de forma unilateral no que diz respeito ao comércio mundial”, notou ainda Juncker.

Ainda antes de serem conhecidas as medidas norte-americanas, Angela Merkel avisava em Lisboa, ao lado de António Costa, que a União Europeia iria responder em conjunto. “Ainda não conhecemos a decisão [da administração norte-americana], mas se realmente forem impostas essas taxas, temos uma posição clara da União Europeia: pensamos que essas taxas não estão de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio”, disse a chanceler alemã.

México também vai contra-atacar

Também o Governo do México anunciou hoje que vai contra-atacar com “medidas equivalentes sobre vários produtos”. “Perante as tarifas impostas pelos Estados Unidos, o México vai impor medidas equivalentes a vários produtos, como aços planos e lâmpadas”, informou o Ministério da Economia do México.

Conforme indica o ministério, as tarifas mexicanas, que também se aplicam a preparados alimentares, maçãs, uvas, mirtilos e vários queijos, serão aplicadas “por um valor comparável ao nível da afetação”.

“O México lamenta profundamente e rejeita a decisão dos EUA de impor as tarifas a partir do dia 01 de junho”, acrescentou. As tarifas “não são adequadas nem justificadas” e o aço e o alumínio contribuem para a “competitividade de vários setores estratégicos e altamente integrados” na América do Norte.

(Notícia atualizada às 17h14)

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Partido Nacionalista Basco deverá apoiar moção de censura. Governo de Rajoy em risco

Partido nacionalista espanhol basco PNV deverá votar a favor da moção de censura ao governo e fazer cair Mariana Rajoy.

O Partido Nacionalista Basco deverá votar a favor da moção de censura ao Governo de Mariano Rajoy, anunciou esta tarde o partido. O voto a favor da moção e contra o Executivo de Rajoy acontecerá se o presidente do Governo espanhol não se demitir entretanto, conta o Expansión.

O Euzkati Buru Batzar do PNV esperou pelo discurso de Pedro Sánchez para tomar a decisão no final da primeira parte do debate desta quinta-feira. O voto dos cinco deputados do PNV será crucial para a aprovação da moção de censura lançada por Pedro Sánchez, secretário geral socialista.

Cumprindo-se as expectativas motivadas pela intenção dos Nacionalistas bascos, será a primeira vez na história da democracia espanhola que se aprova uma moção de censura a um governo.

Depois do anúncio do PNV, o índice espanhol já reagiu: os receios de queda de Governo levaram o IBEX-35 a cair mais de 1%, com a banca a ser a mais penalizada.

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Subida do petróleo tira 0,1 pontos ao PIB português

No Orçamento do Estado, o Governo apontava para um preço médio do barril de petróleo de 54,80 dólares. Hoje essa média já vai em 69,89 dólares, uma diferença que retira 0,1% ao crescimento do PIB.

Com a escalada das cotações do petróleo, a carteira dos consumidores fica com cada vez menos euros sempre que “estacionam” o automóvel nos postos de abastecimento. Mas o Estado também sente. Apesar de os “cofres” públicos receberem uma “fatia” substancial do valor pago nas bombas, esta valorização expressiva da matéria-prima até aos 80 dólares está a custar milhões à economia. Já desapareceram 0,1 pontos percentuais do PIB.

Num país altamente dependente das importações da matéria-prima, a subida do preço do barril arrasou já por larga margem a estimativa do Executivo, naquele que é um dos pressupostos em que assenta o Orçamento do Estado para este ano. O Governo estimava que, este ano, o valor médio do Brent seria de 54,80 dólares, mas a realidade é bem diferente: o preço médio está em 69,89 dólares, ou seja, 27% acima do que estava estimado.

Brent perto dos 80 dólares

Mesmo com o euro ligeiramente mais forte do que o antecipado (1,22 dólares contra a estimativa de 1,18 dólares), o resultado não muda de figura. Há uma diferença de 24% no valor previsto para a matéria-prima. E essa diferença tem um custo avultado para o crescimento da economia nacional, como o próprio Governo apontou no OE.

“Se o preço do petróleo em 2018 aumentar 20% face ao inicialmente estimado, a simulação aponta para um impacto negativo no crescimento real do PIB na ordem dos 0,1 pontos percentuais”, refere o documento, o mesmo em que o Executivo apontou como meta um crescimento do PIB de 2,3% em 2018, uma desaceleração face aos 2,7% do ano passado. Questionado sobre esta ameaça, não foi possível até agora obter resposta do Ministério das Finanças.

"Se o preço do petróleo em 2018 aumentar 20% face ao inicialmente estimado, a simulação aponta para um impacto negativo no crescimento real do PIB na ordem dos 0,1 pontos percentuais.”

Orçamento do Estado para 2018

Essa fatura no PIB já foi assumida pelo Executivo, de resto, no Programa de Estabilidade, quando a previsão para o petróleo foi revista em alta para os 65,90 dólares, sendo que também este valor já foi superado pelas cotações nos mercados internacionais, numa altura em que os investidores temem os efeitos da quebra da produção da Venezuela para níveis da década de 50, mas principalmente o impacto das sanções dos EUA ao Irão. Está 6% acima.

Fatura mais elevada, ISP mais rentável

Este efeito negativo no PIB traduz, essencialmente, a elevada fatura energética que o país tem de pagar todos os anos com a importação de uma matéria-prima que não se produz em Portugal. O país importa muitos produtos energéticos, contando com uma fatura de cerca de oito mil milhões de euros, sendo que as exportações (de produtos refinados) não chegam a metade do valor.

Há um défice na balança comercial dos produtos energéticos (com petróleo a dominar), que pesa nas contas do país, mas há também outro efeito que é o do impacto que tem nos preços, puxando por estes. Quanto mais altos, menor será o consumo das famílias, logo há um efeito negativo na geração de riqueza no país.

O impacto mais direto nos preços é nos dos combustíveis. Os valores de venda da gasolina e do gasóleo estão a subir há dez semanas consecutivas, tocando máximos de meados de 2014. O gasóleo simples está já com um preço médio em torno dos 1,37 euros, mas que fica já muito perto dos 1,50 euros em muitos postos de abastecimento de referência. A gasolina está nos 1,588 euros, com o preço nas bombas nos 1,68 euros.

Estes valores, que põem Portugal no top dos preços dos combustíveis na Europa, resultam, essencialmente da elevada fiscalidade que recai sobre estes produtos. A fiscalidade leva 53% do valor pago por litro no caso do gasóleo e chega mesmo a 61% na gasolina. Nos primeiros quatro meses do ano, só o ISP gerou uma receita de 1.091 milhões de euros, mais 3,4% que no período homólogo.

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Guerra comercial volta a fazer baixas em Wall Street

Casa Branca prepara-se para anunciar taxas às importações de aço e alumínio da União Europeia, aumentando receios de uma retaliação. Bolsas norte-americanas cedem à pressão.

Parte do otimismo dos investidores norte-americanos com a situação italiana desapareceu esta quinta-feira depois da notícia de que os EUA se preparam para impor taxas à importação de aço e alumínio da Europa, deixando as bolsas norte-americanas em terreno misto.

Índice de referência para os investidores em todo o mundo, o S&P 500 abriu a sessão de Wall Street com perdas de 0,28% para os 2.715,46 pontos. O industrial Dow Jones cede 0,51%, sendo o mais castigado. Em sentido contrário, o tecnológico Nasdaq avança cerca de 0,05%.

Washington deverá anunciar tarifas alfandegárias à União Europeia nas importações de aço e o alumínio ainda esta quinta-feira e o secretário de Estado do Comércio norte-americano considerou que uma escalada das tensões comerciais dependerá muito do que for a reação europeia.

“Se as tarifas acontecerem, isso poderá ser um problema porque vamos ter retaliações“, disse Peter Cardillo, economista da Spartan Capital, à agência Reuters. “Há algum sentimento de alívio em relação à situação italiana de que não vai levar a uma grande crise no euro”, adiantou ainda.

Em termos empresariais, destaque para as ações da General Motors, que disparam 9,75% para 41,52 dólares, depois de o banco japonês Softbank ter revelado que vai investir 2,25 mil milhões de dólares na unidade de veículos autónomos da fabricante americana.

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Angola admite usar folga do petróleo para aumentar investimento público

  • Lusa
  • 31 Maio 2018

O Governo angolano admite aumentar a dotação para investimentos em infraestruturas perante a folga orçamental que está a construir à boleia da subida dos preços do petróleo.

O Governo angolano admite rever em alta a dotação de 4.500 milhões de dólares (3.800 milhões de euros) para investimentos em projetos de infraestrutura em 2018, aproveitando a folga orçamental com a subida da cotação do barril de petróleo.

A posição consta de uma informação enviada este mês aos investidores pelo Governo angolano, recordando as projeções do Orçamento Geral do Estado (OGE) para 2018, que colocaram o barril de crude numa cotação média de 50 dólares por barril.

Desde praticamente o início deste ano que a exportação angolana de petróleo é feita a um preço médio acima dos 60 dólares por barril, segundo dados oficiais até abril, tendo a cotação chegado entretanto aos 80 dólares, nos mercados internacionais.

Nesta informação aos investidores, a que a Lusa teve acesso, o Governo angolano é claro sobre o valor inscrito no OGE para 2018, no que toca ao investimento público em capital ou obras e projetos a realizar: “Em 2018, o orçamento total proposto para gastos com capital e projetos de infraestrutura (projetos de infraestrutura de construção e outros projetos de infraestruturas) é de 4.500 milhões de dólares, embora possa ser revisto em alta se o preço do petróleo subir acima dos 50 dólares por barril“.

Do montante de investimento que continua previsto para este ano, cerca de 2.000 milhões de dólares (1.700 milhões de euros) correspondem à construção de infraestruturas, como portos (1,5%), rede ferroviária (3,6%), energia (17%), águas (36,5%), estradas (36,5%), aeroportos (3,7%) e telecomunicações (1,2%).

Em 2017, o investimento público angolano foi de apenas 2.900 milhões de dólares (2.500 milhões de euros), segundo os mesmos dados do Governo.

O ministro das Finanças de Angola, Archer Mangueira, alertou em fevereiro para o peso da dívida pública do país, que ameaça “hipotecar as gerações futuras”, defendendo por isso que o eventual diferencial entre as receitas do petróleo, com a subida da cotação (face aos 50 dólares estimados no OGE), fosse antes utilizado na amortização.

“O melhor é continuarmos a pensar no preço de referência definido no Orçamento Geral do Estado para 2018. Logicamente que, se ao longo do exercício fomos verificando os aumentos que estamos a verificar até agora, isso significará para nós, em termos de gestão das finanças públicas, menor pressão sobre a dívida pública”, admitiu o ministro Archer Mangueira.

O petróleo representa um peso de 95% sobre o total das exportações angolanas, tendo o Governo angolano estimado no OGE para 2018, encaixar 2,399 biliões de kwanzas (9.150 milhões de euros, à taxa de câmbio do início do ano) com impostos decorrentes das vendas de crude ao exterior.

“Temos de alterar a atual trajetória da dívida, sob pena de estarmos a hipotecar as gerações futuras. Portanto, o objetivo deve ser usar a folga que for obtida pelo diferencial do preço do petróleo, comparativamente ao preço de referência definido no Orçamento Geral do Estado, para reduzir a pressão sobre a dívida”, disse anteriormente Archer Mangueira.

O Governo angolano prevê captar 6,721 biliões de kwanzas (23.800 milhões de euros) de dívida pública em 2018, totalizando 54.500 milhões de euros de endividamento até final, segundo prevê o Plano Anual de Endividamento (PAE).

De acordo com o documento, elaborado pelo Ministério das Finanças, estas necessidades, repartidas por 4,762 biliões de kwanzas (18.100 milhões de euros) a captar em dívida emitida internamente e 1,959 biliões de kwanzas (7.400 milhões de euros) em desembolsos externos, visam “colmatar as necessidades de financiamento” do Orçamento Geral do Estado (OGE) de 2018.

“O stock de dívida governamental deverá permanecer com a tendência de crescimento verificada nos anos anteriores, que se fundamenta numa maior participação da dívida titulada”, refere o documento, apontando um crescimento de 18% face a 2017.

A cumprir-se, por outro lado, a previsão governamental de crescimento económico de 4,9% em 2018, o rácio da dívida pública angolana deverá ascender no final do ano a 60% do Produto Interno Bruto (PIB) do país.

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O que muda na lei laboral em sete medidas

Governo e parceiros sociais já se entenderam quanto às mudanças a operar no Código do Trabalho para combater a precariedade. Consulte aqui quais são as principais alterações em cima da mesa.

Fim do banco de horas individual, restrições nos contratos a prazo e temporários. Nova taxa de rotatividade para as empresas que mais recorrem aos contratos a termo. O Governo e os parceiros sociais (à exceção da CGTP) já se entenderam quanto às alterações que pretendem operar no Código do Trabalho. O documento segue agora para discussão no Parlamento, no dia 6 de julho. Veja quais são as principais alterações nas leis laborais que estão em cima da mesa.

Banco de horas individual desaparece

Era uma medida que estava prevista no programa de governo dos socialistas e avançou. Termina o banco de horas individual, contrariando aquilo que era uma pretensão dos empresários, para dar lugar ao banco de horas grupal. Além disso, acaba-se também com os bancos de horas de grupos com origem em acordos individuais.

Fixou-se um prazo de transição de um ano para a extinção dos bancos de horas já instituídos por acordo individual. Ou seja, estes têm de ser extintos até, no máximo, 12 meses após a entrada em vigor das novas regras laborais.

Período experimental estende-se para 180 dias

O Governo também já tinha admitido junto dos parceiros sociais a possibilidade de estender o período experimental de 90 dias para 180 dias, no caso de contratos sem termo celebrados com trabalhadores à procura de primeiro emprego e desempregados de longa duração. No documento mais recente, o Executivo acrescenta que, para efeitos de período experimental, conta o período de estágio profissional anterior ao contrato, bem como outras relações de trabalho já previstas na lei.

Taxa de rotatividade progressiva até 2%

É introduzida uma taxa de rotatividade até 2% para empresas cuja contratação a prazo exceda a média do setor. Será uma taxa progressiva: as empresas que estiverem mais perto da média do setor pagam menos; aquelas que estiverem mais longe da média pagam mais. E haverá algumas exceções, que poderão abranger o setor da agricultura. A taxa começará a ser paga em 2020.

O acordo alcançado esta quarta-feira traz pormenores, nomeadamente quanto ao apuramento da proporção anual de contratos a termo: não contam aqueles contratos que são obrigatoriamente celebrados a prazo por imposição legal “ou em virtude dos condicionalismos inerentes ao tipo de trabalho ou à situação do trabalhador”. Isto além dos contratos de muito curta duração e dos vínculos celebrados para substituir trabalhador em licença de parentalidade ou baixa superior a 30 dias.

Contratos de muito curta duração é alargado

Já se conhecia a intenção de alargar a duração máxima, de 15 para 35 dias, dos contratos de muito curta duração, que atualmente se aplicam apenas a atividade sazonal agrícola ou eventos turísticos. Mas o Executivo aborda agora este alargamento “em situação de acréscimo excecional e substancial da atividade de empresa cujo ciclo anual apresente irregularidades decorrentes do respetivo mercado ou de natureza estrutural que não seja passível de assegurar pela sua estrutura permanente, nomeadamente em atividade sazonal no setor agrícola ou do turismo”.

Contratos a termo e temporários com mais restrições

São colocadas várias limitações na contratação a tempo certo e na contratação temporária. Por exemplo, há uma redução da duração máxima dos contratos a termo de três para dois anos. As renovações destes contratos vão ser limitadas, não podendo exceder a primeira duração do contrato. Introduzem-se ainda limites ao número de renovações do contrato de trabalho temporário: só pode haver seis renovações.

Apoios à conversão de contratos

Para estimular a mudança no tipo de contração, o Governo vai reforçar e alargar transitoriamente os apoios à conversão de contratos a termo em contratos permanentes.

Contratos intermitentes mais curtos

É reduzido o período mínimo de prestação de trabalho anual do contrato intermitente de seis para cinco meses. Proporcionalmente, é reduzido de quatro para três meses o tempo de trabalho consecutivo. Estes contratos estão hoje previstos para empresas que exerçam atividade com descontinuidade ou intensidade variável, admitindo que as partes acordem a prestação de trabalho intercalada por períodos de inatividade.

Além disso, se o trabalhador tiver outra função remunerada durante o período de inatividade, o empregador deve informá-lo do início da atividade no âmbito do contrato intermitente com antecedência de 30 dias e, aí, o montante da segunda atividade é deduzido à compensação prevista na lei ou em convenção coletiva.

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