Santa Casa abre a porta a entrada faseada no Montepio. E quer desconto
O provedor da Santa Casa, Edmundo Martinho, lembrou que era sempre uma possibilidade em aberto. Decisão vai ser tomada até ao final do mês.
Está tudo em aberto. Esta foi a mensagem fundamental que o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa quis passar aos deputados da comissão parlamentar de Trabalho, esta quarta-feira, sobre a possibilidade de a instituição entrar no capital do Montepio. Edmundo Martinho sublinhou que a decisão não está tomada, que o valor em causa não está fechado e abriu até uma possibilidade que não tinha ainda sido publicamente discutida: o investimento pode ser faseado e não tem de ser todo feito da mesma forma.
“Não está definido que a operação tenha de ser feita toda de uma vez e de uma forma”, disse o provedor, aos deputados, para mostrar que nada está decidido em concreto.
Não está dito em lado nenhum que essa entrada não possa ser faseada.
Já depois de terminada a audição, explicou aos jornalistas que “numa operação financeira deste tipo, quando se diz que há um limite de 10% do capital, não quer dizer que sejam 10% — pode ser 9%, pode ser 8%, 7,5% — mas não será seguramente mais.” E frisou que “não está dito em lado nenhum que essa entrada não possa ser faseada,” ressalvando depois que não estava a dizer que aquela é a possibilidade em cima da mesa.
Durante a audição, Edmundo Martinho sublinhou que a Santa Casa espera ter uma decisão tomada sobre se avança para a operação até ao final deste mês de janeiro. O estudo financeiro em que a decisão deverá ser sustentada deverá assim estar pronto muito em breve.
“A Santa Casa nunca comprará a um euro por ação”
Um dos pontos que o estudo está a avaliar é o valor que atribui ao próprio Montepio. Edmundo Martinho explicou que o banco não está no mercado e que, por isso, não há um referencial imediato para encontrar o valor de cada ação. “Uma coisa é o book value das ações. Outra coisa é o valor que esta entidade financeira entende que cada ação neste momento vale, porque não há referenciais de mercado”, disse o provedor.
“O último valor que temos é o valor a que a associação mutualista comprou, que foi um euro. A Santa Casa nunca comprará a um euro, haverá sempre aquilo a que se chama o desconto. A dimensão desse desconto é que variará em função da avaliação e das negociações com a Associação Mutualista,” garantiu.
Confrontado com a possibilidade de essa avaliação poder resultar numa desvalorização do banco face ao que está neste momento assumido, contabilisticamente, pela Associação Mutualista, Edmundo Martinho recusa a ideia: “Não, não”, respondeu.
A Santa Casa colocou como limite ao investimento 10% do capital do Montepio, mas está preparada para aplicar um valor superior a 10% do seu próprio ativo. Em 2016 houve um parecer, emitido a propósito da possibilidade de entrar no capital do Novo Banco, que aconselhava a que a Santa Casa não aplicasse mais do que 10% dos seus ativos no sistema financeiro, mas o provedor desvalorizou: “O parecer é um parecer, há outras coisas a considerar.”
Aos deputados, o provedor explicou as três condições para a Santa Casa entrar no capital do banco:
- Haver uma avaliação financeira independente;
- Entrada em simultâneo de outras entidades do setor social;
- Negociar o valor das ações do banco, com base no estudo financeiro.
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