Multinacionais pagam menos impostos que antes da crise
Os cortes nos impostos são uma das razões, mas o Financial Times diz que há empresas adotam estratégias para, deliberadamente, pagarem menos. Destacam-se as tecnológicas.
As grandes multinacionais estão a pagar menos impostos que aqueles que pagavam antes da crise, ou seja, há uma década. A análise é do Financial Times, que revela que a fiscalidade sobre os resultados destas empresas caiu 9%, comparando com 2008. A pressão dos governos para reduzirem défices fez baixar os impostos, mas há também estratégias fiscais que ajudam estas grandes companhias.
Os cortes nos impostos são um dos fatores que explica a queda na fatura fiscal das empresas, com os países a quererem ser cada vez mais competitivos no que diz respeito à atração de investimento. Mas os números analisados pelo jornal mostram ainda que as empresas estão a ficar deliberadamente para trás nos pagamentos de impostos sobre os lucros obtidos.
Quando se fala em setores, os números são mais altos do lado das tecnológicas. A par com as empresas do setor da indústria, os impostos cobrados às tecnológicas caíram 13%. Já no setor da saúde, dos bens de consumo e dos materiais, os impostos cobrados mantiveram-se inalterados.
Basta olhar para o caso da Amazon, da General Electric ou da Facebook. Dos cerca de 40% de taxas que a gigante liderada por Jeff Bezos tinha de pagar em 2017, esta terá pago menos de 5%. Já a GE, que também deveria ter pago mais de 40%, pagou perto de 10%. A empresa de Mark Zuckerberg pagou também 5% dos quase 30% de impostos que tinha a pagar.
“Têm sido tomadas muitas medidas que são visíveis, mas a realidade é bem diferente”, afirma Mihir Desai, professor de Finanças de Harvard, em relação ao esforço para fazer com que as empresas paguem impostos. “Os cortes de impostos e os descontos por propriedade intelectual têm sido as forças dominantes dos impostos sobre as empresas e isso reflete-se na dinâmica de concorrência. Chamem-lhe uma grande ironia ou hipocrisia, mas é uma das duas.”
O jornal também analisou à lupa as últimas medidas reformistas propostas pela administração norte-americana, que corta o imposto sobre as empresas de 35% para 21% e deixa cair a taxa de repatriação de lucros. Viu mais benefícios para as empresas do que para a economia.
Enquanto estas medidas vão trazer 400 mil milhões de dólares para os cofres do Estado norte-americano, irão implicar uma poupança de até 500 mil milhões de dólares para as empresas.
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