FMI quer que Governo antecipe metas de redução da dívida
O Fundo Monetário Internacional vê com preocupação que Portugal pretenda adiar para 2020 e 2021 a parte mais significativa do trabalho de redução dívida: deveria ser já em 2018 e 2019.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) critica o plano do Governo português de começar a reduzir a dívida pública com mais intensidade apenas a partir de 2020 e 2021, considerando que as metas deveriam ser antecipadas para evitar possíveis dificuldades futuras. Para a instituição liderada por Christine Lagarde, o Governo de António Costa deveria procurar atingir metas de redução da dívida mais ambiciosas este ano e no próximo, quando a economia cresce com bastante pujança e há maior certeza das projeções económicas, que se tornam menos fiáveis quanto maior o prazo.
Num comunicado divulgado à imprensa relativo à missão do Artigo IV do Fundo Monetário Internacional, a instituição refere que “o ambiente favorável fornece uma oportunidade de fazer maiores progressos na redução da dívida pública”, e elogia os objetivos do Programa de Estabilidade para 2018 a 2022, mas com um problema: “a maior parte do ajustamento é proposta para 2020 e 2021”. Por essa altura, escreve o FMI, “a missão [do Fundo] prevê que o crescimento esteja a desacelerar para o seu potencial a médio-prazo”, e as projeções são menos fiáveis.
Assim, o FMI recomenda que o ajustamento previsto no Programa de Estabilidade seja antecipado, para “evitar o risco de que as políticas possam tornar-se procíclicas” e para “assegurar que o ajustamento previsto é robusto perante possíveis surpresas adversas mais adiante”.
No mesmo comunicado, o FMI incluiu as suas previsões para a evolução da dívida pública. Para 2018, o Governo projetou no Programa de Estabilidade uma redução da dívida pública para 122,2%, com reduções consecutivas para 118,4% em 2019, 114,9% em 2020 e 107,3% em 2021, chegando aos 102% em 2022. O FMI tem uma visão menos otimista. Em 2018, prevê que a dívida até caia mais do que antecipa o Governo, para 120,8%, mas depois disso vê um ritmo mais reduzido para os 117,2% em 2018 e 115,1% em 2020.
Projeções do FMI para a economia portuguesa
Fonte:FMIO FMI acrescenta ainda que a continuação da consolidação estrutural através da redução da dívida vai ajudar o país no que toca aos seus juros para o endividamento externo, que melhorarão. Assim, recursos serão libertos para outros gastos “mais desejáveis”, e contribuir para a reconstrução de uma “almofada financeira que possa enfrentar choques adversos futuros”.
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