Trabalhadores acusam Autoeuropa de querer limitar benefícios sociais. Empresa nega
A administração da fábrica de Palmela refere que deverá ter havido um "mal entendido" acerca da proposta da empresa já que a Autoeuropa, refere, nunca teve a intenção de "cortar quaisquer benefícios".
O diretor de Recursos Humanos da Autoeuropa garantiu hoje que a empresa nunca teve intenção de cortar benefícios sociais atribuídos aos trabalhadores, não obstante o acordo sobre apoios sociais poder incluir uma cláusula de denúncia.
Em carta dirigida a todos os funcionários da Autoeuropa, a que a agência Lusa teve acesso, o diretor de Recursos Humanos, Jürgen Haase, considera que o comunicado interno divulgado na quinta-feira pela Comissão de Trabalhadores, que acusava a administração de querer condicionar os benefícios sociais, teve origem num mal-entendido que poderá ser ultrapassado na próxima ronda de negociações.
“Nunca foi intenção da empresa cortar quaisquer benefícios sociais. Só se pode tratar de um mal-entendido que será esclarecido na próxima reunião de negociações, na próxima semana“, afirma Jürgen Haase em carta enviada hoje a todos os funcionários da fábrica de automóveis de Palmela.
Mas, na prática, não obstante dizer que ficou “bastante surpreendido com a comunicação da Comissão de Trabalhadores” e garantir que “nunca foi intenção da empresa cortar quaisquer benefícios sociais”, o diretor de Recursos Humanos acaba por dar razão às preocupações dos trabalhadores ao referir, expressamente, a possibilidade de qualquer uma das partes denunciar o acordo sobre os benefícios sociais.
"Por outro lado, propomos um acordo base com todos os benefícios sociais com a duração de um ano, acordo que se renova de forma automática se não for denunciado por nenhuma das partes.”
“Por um lado, propomos um acordo para as condições financeiras para os anos 2019, 2020 e 2021. Após este período, teremos que negociar um novo acordo. Por outro lado, propomos um acordo base com todos os benefícios sociais com a duração de um ano, acordo que se renova de forma automática se não for denunciado por nenhuma das partes”, lê-se na carta dirigida aos trabalhadores da Autoeuropa.
Contactada pela agência Lusa para esclarecer esta contradição, fonte da empresa garantiu que a cláusula de denúncia nunca foi acionada no grupo Volkswagen e que só foi criada para precaver a empresa de eventos de força maior que paralisem a sua atividade por completo e por um largo período, mas não negou a existência da referida cláusula de denúncia.
Na carta dirigida aos trabalhadores, o diretor de Recursos Humanos da Autoeuropa reconhece que as “negociações são complexas” e que é necessário tempo para se chegar a um acordo, mas promete continuar a dialogar e trabalhar com a Comissão de Trabalhadores “de forma justa e transparente”.
A carta dá ainda como encerradas as negociações sobre o modelo de trabalho e a compensação financeira para 2018 – ao contrário do que pretendia a Comissão de Trabalhadores, que esperava conseguir mais algumas compensações financeiras pelo trabalho ao domingo durante o ano em curso – e adianta que a empresa já apresentou uma proposta para 2019, estando a aguardar por uma proposta da Comissão de Trabalhadores.
A Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa acusou na quinta-feira a administração da empresa de querer condicionar as regalias adquiridas pelos trabalhadores a uma cláusula de denúncia, que poderia ser acionada face ao resultado das negociações anuais com os trabalhadores.
“A empresa apresentou uma proposta de acordo, englobando o conjunto de garantias sociais que existem na empresa mas sujeitas a uma cláusula de denúncia, ou seja, pretendia fazer depender de negociações anuais os transportes para os trabalhadores, a lavagem da roupa de trabalho, a política especial para grávidas, entre outros. Isto significaria abrir a porta à retirada de regalias coletivas que os trabalhadores têm direito”, refere o comunicado interno divulgado na quinta-feira pela Comissão de Trabalhadores da Autoeuropa.
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