Taxistas continuam paralisação pelo terceiro dia consecutivo
Os taxistas admitem permanecer na rua até à próxima segunda-feira, dia em que serão recebidos na Presidência da República.
Os taxistas prosseguem esta sexta-feira em Lisboa, no Porto e em Faro uma jornada de luta iniciada às 05h00 de quarta-feira, com o objetivo de travar a lei que regulamenta as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros, como a Uber, Taxify, Cabify e Chauffeur Privé, e que entra em vigor a 1 novembro.
As pretensões dos taxistas não foram atendidas pelos grupos parlamentares, pelo que as associações representativas do setor decidiram manter o protesto até o Governo mostrar que quer negociar.
O presidente da Federação Portuguesa do Táxi, Carlos Ramos, estimou que, na passada quinta-feira, o protesto tenha contado com cerca de 270 táxis parados em Faro, 400 no Porto e cerca de 1.400 em Lisboa.
O presidente da Associação Nacional de Transportadores Rodoviários em Automóveis Ligeiros (ANTRAL), Florêncio Almeida, reiterou que a concentração é para manter até que o Governo assegure negociar medidas que garantam a sobrevivência do setor do táxi face à concorrência das plataformas eletrónicas de transporte.
Os taxistas admitem permanecer na rua até à próxima segunda-feira, dia em que serão recebidos na Presidência da República. Marcelo Rebelo de Sousa ressalvou que a questão está “nas mãos da Assembleia da República” e disse aguardar a posição dos partidos e do Governo, depois de ter “havido manifestação de vontade de alguns grupos parlamentares em reverem, repensarem ou reajustarem a lei ou de a completarem”, salientando que “a nova lei dos táxis ficou de ser completada” com a entrada em vigor da legislação sobre as plataformas eletrónicas.
Avenida da Liberdade, Aliados e aeroporto de Faro
Em Lisboa, as duas faixas ‘Bus’ da Avenida da Liberdade continuavam esta manhã (sexta-feira), pelo terceiro dia consecutivo, preenchidas com táxis em protesto contra a entrada em vigor da lei que regula as plataformas eletrónicas de transporte de passageiros.
Segundo constatou a agência Lusa no local, cerca das 07h30, a maior parte das viaturas estacionadas ao longo da Avenida da Liberdade estão vazias e muitas delas têm na janela bandeiras vermelhas e brancas com a inscrição “Somos Táxi”.
Já no Porto, cerca de 300 taxistas continuam em protesto na avenida dos Aliados, “apesar das contas que há para pagar no final do mês”. Luís Letra é dono de sete táxis que operam na cidade, tem seis deles parados no centro do Porto e um a cumprir serviços mínimos. Apesar disso, naquele que é o terceiro dia de protesto, garantiu que fica “o tempo que for preciso”.
“Até ver a Constituição Portuguesa ser cumprida, Constituição que prova que os [carros da] Uber são ilegais, não saio daqui. Já estive em outros protestos e participo porque posso perder negócio hoje, mas o que podemos ganhar no futuro vale a pena”, referiu.
Ao seu lado, Aníbal Dias, motorista de táxi há 30 anos, explica que não dorme há duas noites porque acredita na justeza do protesto e sabe que a família o apoia e compreende. “Estou habituado a passar noites sem dormir por causa do trabalho, mas neste caso a motivação ainda é maior. Vamos até ao fim. Vamos até ao final do mês ou depois se for preciso”, disse à Lusa, frisando que a causa da concentração “é mais importante do que ir a casa ou comer direito”, ainda que, conta, “nem se possa queixar”.
Luís Letra e Aníbal Dias fazem parte do grupo que esta sexta-feira acolheu o desafio do presidente da Federação de Táxis do Porto e do vice-presidente da ANTRAL, José Monteiro, para se sentarem nas escadas junto à Câmara Municipal do Porto para tirar um “retrato de família”.
A sul, os taxistas também continuam os protestos, junto ao aeroporto de Faro.
Francisco José Pereira, da cooperativa Rotáxis Faro, tem sido uma das vozes representativas dos taxistas paralisados em Faro e reconheceu que as condições de higiene e logísticas já não são as melhores, mas os cerca de 200 participantes que têm os carros parados na Estrada Nacional 125/10, junto ao aeroporto algarvio, esperam que esta sexta-feira haja desenvolvimentos que vão ao encontro das suas reivindicações.
Com os dias a passar e o cansaço a acumular-se, o representante disse não acreditar “que os políticos hoje não vão intervir” para permitir uma revisão da nova legislação das plataformas eletrónicas de transporte em veículo descaracterizado.
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