“É inadmissível que tenhamos mais greves agora do que aquele desgraçado Governo de Passos Coelho”
Alberto João Jardim criticou o Governo de António Costa por ter apresentado a "geringonça" como solução para a paz social e, afinal, estar perante um clima de constestação social.
Se é verdade que o Executivo de António Costa não tem tido uma vida fácil, enfrentado várias e sucessivas greves, Alberto João Jardim, em entrevista ao Observador (acesso livre), prefere classificar a situação como “inadmissível”. O político reformado, como se descreve, não entende que se realizem mais greves agora do que na altura do Governo de Passos Coelho.
“É inadmissível que, tendo o primeiro-ministro António Costa apresentado ao país a solução de ‘geringonça’ como uma necessidade de pacificação político-social, agora tenhamos mais greves do que tinha aquele desgraçado Governo de Passos Coelho”, disse.
Sobre o atual cenário, Jardim deixou, também, um recado para os partidos, dizendo que é preciso que “tomem juízo”. “Acho que os dois partidos totalitários, o PCP e o BE, estão a aproveitar-se da situação para carregarem no acelerador. E os partidos à direita desses dois partidos radicais, o PS, o PSD e o CDS, parecem uns tontinhos a fazer burocracia política. Fazem rotina, são partidos rotineiros”, justificou.
"Aquilo [o Aliança] é mais do mesmo. É só mais um partido do regime. Nem a cara é nova. É tão nova como eu”
“Se estes partidos não tomarem juízo, pode ser preciso criar um novo”, afirmou. Mas o novo partido de Santana Lopes, o Aliança, não conta. É que Alberto João Jardim diz que não se revê nas iniciativas de Santana. “Aquilo é mais do mesmo (…) é só mais um partido do regime. Nem a cara é nova. É tão nova como eu”, referiu.
Jardim admitiu, ainda, que os partidos do regime correm o risco real de perderem importância. “E perdem importância se o regime continuar nesta rotina, em que o país cresce menos do que os outros países europeus e em que a Europa não chuta para a frente (para o federalismo) nem chuta para trás. Se a política continuar rotineira, com os seus profissionais que são os apparatchik dos partidos, e se as greves e a instabilidade social continuarem, os partidos perdem importância”.
E, se António Costa ganhar e não tiver maioria absoluta, Alberto João Jardim diz que Rui Rio deve viabilizar-lhe o Governo. “Se o preço de fazer a reforma do país for não estar no Governo, acho que se deve pagar esse preço, pensando em termos de interesse nacional”, referiu.
Trump, Bolsonaro, Putim… E por cá?
O ex-presidente do Governo Regional da Madeira criticou a “política rotineira” que os partidos praticam, num momento em que vê os portugueses “muito preocupados com o Trump, com o Bolsonaro e com o Putin”, não com o que se passa no próprio país, onde “temos todos os dias greves, gente que morre porque não foi operada, gente que definha porque não foi tratada a tempo, temos a classe trabalhadora sujeita à chantagem dos sindicatos, vemos a justiça a fazer greve, vemos as forças de segurança com indisciplina social”.
[Os partidos] estão-se a pôr a jeito para daqui a três ou quatro anos aparecer um Bolsonaro maluco em Portugal
Para Jardim, o cenário está composto: “[Os partidos] estão-se a pôr a jeito para daqui a três ou quatro anos aparecer um Bolsonaro maluco em Portugal. Ou aparecer um Maduro. E olhem que isso não é tão difícil assim de acontecer: Portugal é o país da Europa que tem mais votos nos partidos comunistas”.
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