Pai da “Lei das 125cc” critica propostas de Cabrita

Miguel Tiago explica, ao ECO, que é errado associar a lei que permite a condução de motos até 125 cc a quem tem carta de condução de ligeiros ao número de acidentes que tem havido com motociclos.

O ministro da Administração Interna disse ser necessário rever a lei que permite que os condutores com carta de ligeiros possam conduzir motas até 125 cm3 de cilindrada. Eduardo Cabrita acrescentou ainda que é “absolutamente inaceitável” o elevado número de atropelamentos e acidentes que tem havido com motas. Mas, para o deputado do PCP, Miguel Tiago, responsável pela aprovação da “Lei das 125cc”, estes acidentes nada têm que ver com os motociclos de 125 de cilindrada. Para o comunista as declarações do ministro não passam disso mesmo, de declarações.

“Em primeiro lugar, a única coisa que eu sei é que um ministro do Governo disse que estava a pensar nisso. Portanto, não é uma proposta, acho que não há nada sério. Há um ministro que, manifestando a sua ignorância, relaciona os acidentes com a “lei das 125” e diz que, se calhar, é preciso mudar isso”, começa por explicar, ao ECO, Miguel Tiago.

Em primeiro lugar, a única coisa que eu sei é que um ministro do Governo disse que estava a pensar nisso. Portanto, não é uma proposta, acho que não há nada sério. Há um ministro que, manifestando a sua ignorância, relaciona os acidentes com a “lei das 125”.

Miguel Tiago

Deputado, PCP

Segundo diz o deputado do PCP, o número de acidentes a envolver motas “diminuiu muito” desde que a lei foi aprovada. No entanto, o ano de 2017 registou uma ligeira subida, o que pode ser explicado pelo facto de ter sido “um ano muito bom do ponto de vista meteorológico para andar de mota“. Uma justificação que, segundo Miguel Tiago, é dada por “académicos e especialistas no assunto” e “não pelos interesses económicos, como as escolas de condução ou os centros de inspeção, que têm interesses nesta matéria“.

De acordo com os dados da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária (ANSR), entre 1 de janeiro e 30 de julho de 2017, morreram mais 33 pessoas em acidentes com motociclos ou ciclomotores do que no mesmo período homólogo de 2016 (43 mortes). Esse número já não era tão alto desde 2012, que contava com 78 mortes, mas, é inferior ao registado em 2009 (94 mortes), ano em que foi aprovada a lei.

“Estamos hoje, mais ou menos, com o mesmo número de mortes que estávamos no ano antes da ‘Lei das 125’. Tem vindo sempre a melhorar, à exceção deste ano”. E voltando ao “ano muito bom do ponto de vista meteorológico”, “as pessoas andaram de mota praticamente todo o ano, em vez dos habituais seis meses. Como não chove, há muito mais motas a circular“, diz ao ECO. Para o deputado, torna-se “incomparável” o número de motas que circulam quando chove e quando não chove. “E com a alguma recuperação económica que houve, isso fez com que as pessoas andassem mais em transporte próprio“.

Conforme explica Miguel Tiago, “os acidentes mortais são quase todos com motas de alta cilindrada ou a altas velocidades, ou seja, com pessoas que passaram pelas escolas de condução“. Por isso, diz, torna-se errado usar como argumento apenas um ano “menos bom”, pondo em causa “o percurso que o país fez nos últimos seis anos, que foi absolutamente extraordinário”. Mas, há outro ponto relevante.

De acordo com os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP), durante o ano de 2017 foram vendidas 29.183 veículos de duas ou três rodas, entre eles 14.514 corresponderam a motociclos de 125 cm3 e 10.299 motociclos com mais de 125 cm3, com crescimentos homólogos de 19,0% e 36,2%, respetivamente. E, para Miguel Tiago, esse aumento do número de motociclos vendidos é outros ponto que contribuiu para o aumento do número de acidentes. “Se o número de motas duplicou e o número de acidentes ficou quase igual, significa que, na verdade, há metade das pessoas a cair de mota“, diz.

Para além disso, há outros fatores que contribuem para o aumento do número de acidentes: as condições rodoviárias que o país oferece. “É fácil dizer que isto tem que ver com as 125, é fácil culpar os motards, mas é preciso conhecer a realidade. E a realidade, o que nos mostra, é que temos estradas que são verdadeiras armadilhas para os motociclistas”, diz. “Temos de estudar as causas verdadeiras, temos de ver exatamente quais são os problemas. As estradas são péssimas para andar de mota, há ainda pouca cultura de respeito pelo motociclista“, explicando, usando como exemplo os casos dos ciclistas, que recebem mais respeito por parte dos condutores no que toca à distância de segurança, em comparação com os motociclistas.

Temos de estudar as causas verdadeiras, temos de ver exatamente quais são os problemas. As estradas são péssimas para andar de mota, há ainda pouca cultura de respeito pelo motociclista.

Miguel Tiago

Deputado, PCP

Mas, apesar de tudo, Miguel Tiago não se mostra preocupado com as declarações de Eduardo Cabrita. “Isto não é nenhuma decisão. A única coisa que eu vi foi o ministro da Administração Interna dizer, numa entrevista, que talvez tenha que se repensar a possibilidade de conduzir ‘motas 125’ sem carta. Foi só isto. Ele não anunciou nenhuma medida, pelo menos não entendi assim“, diz.

E, em caso de tentativa de alteração e se esta for levada ao Parlamento… “Se for para melhorar o atual sistema, muito bem, estamos cá para isso. Agora, se for apenas para criar negócio para escolas de condução privada, não… Porque não há nenhum indicador que diga que o facto de andarem mais pessoas em motas de 125 cc contribuiu para o agravamento dos acidentes”, diz.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ministério Público assume desconfiança na Justiça angolana

  • ECO
  • 13 Janeiro 2018

Procurador português respondeu à defesa angolana onde argumenta que as autoridades daquele país "não dão garantias" em relação a uma boa administração do caso que envolve Manuel Vicente.

O Ministério Público português está contra o envio para Angola dos facto do processo judicial onde o antigo vice-presidente angolano Manuel Vicente é acusado de corromper um magistrado português porque as autoridades judiciais daquele país não dariam “prosseguimento ao processo ou, pelo menos, não dão garantias do que o fariam”.

Esta argumentação encontra-se numa resposta ao recurso da defesa de Manuel Vicente que o Expresso (acesso pago) releva este sábado e onde o procurador do Ministério Público português duvida da “boa administração da Justiça” angolana em relação ao caso.

O procurador diz ainda que três cartas enviadas por Angola em resposta aos pedidos das autoridades portuguesas são a demonstração de que se o caso fosse enviado para lá, o antigo vice-presidente de José Eduardo dos Santos nunca seria julgado e muito menos condenado. O semanário cita a primeira carta, de finais de 2016, onde Angola nega a possibilidade de “audição e constituição como arguido de Manuel Vicente, uma vez que goza de imunidade pelo facto de ter sido vice-presidente de Angola”.

Na carta seguinte, Angola diz que as acusações contra Vicente estariam abrangidos por uma amnistia, mas volta atrás nesta consideração já na terceira carta que envia para Portugal, referindo que não tendo conhecimento dos factos não pode dizer se gozam ou não de uma amnistia.

No processo “Operação Fizz”, Manuel Vicente é acusado de ter pago 760 mil euros a Orlando Figueira, quando este era procurador no Departamento Central de Investigação e Ação Penal para obter decisões favoráveis.

O início do julgamento está marcado para 22 de janeiro, em Lisboa, estando Manuel Vicente pronunciado por corrupção ativa em coautoria com Paulo Blanco e Armindo Pires, branqueamento de capitais, em coautoria com Paulo Blanco, Armindo Pires e Orlando Figueira e falsificação de documento, com os mesmos arguidos.

O Presidente angolano, João Lourenço, afirmou na segunda-feira que as relações entre Portugal e Angola vão “depender muito” da resolução do processo de Manuel Vicente e classificou a atitude da Justiça portuguesa como “uma ofensa” para o seu país.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Variação do kwanza ajuda reservas internacionais mas pressiona inflação

  • Lusa
  • 13 Janeiro 2018

"Dado que o valor do kwanza deve descer significativamente, potencialmente até 20 ou 30%, a alteração também deve aumentar a pressão sobre a inflação, que ficou nos 27,56% em dezembro", diz a EIU.

A Economist Intelligence Unit considera que a variação cambial do kwanza ajuda a estabilizar as reservas internacionais angolanas, mas aumenta a pressão sobre a inflação, que terminou o ano passado em valores próximos dos 30%.

“A decisão de terminar a longa indexação do kwanza ao dólar deve ajudar a estabilizar as reservas internacionais, que caíram de 28 mil milhões de dólares no final de 2014, para cerca de 14 mil milhões no final de 2017”, escrevem os peritos da unidade de análise económica da revista britânica The Economist.

A decisão de terminar a longa indexação do kwanza ao dólar deve ajudar a estabilizar as reservas internacionais, que caíram de 28 mil milhões de dólares no final de 2014, para cerca de 14 mil milhões no final de 2017.

EIU

Num comentário enviado aos investidores, e a que a Lusa teve acesso, os analistas alertam que “dado que o valor do kwanza deve descer significativamente, potencialmente até 20 ou 30%, a alteração também deve aumentar a pressão sobre a inflação, que ficou nos 27,56% em dezembro”.

A moeda angolana fechou na terça-feira com uma depreciação total de 16% face ao euro, passando a moeda europeia a ser a referência para o mercado de câmbios de Angola, após um leilão de divisas realizado pelo Banco Nacional de Angola (BNA), o primeiro no âmbito do novo regime flutuante cambial em vigor desde o princípio do mês.

Esse leilão, que permitiu a colocação de 83,6 milhões de euros em divisas, “montante integralmente absorvido” pelos bancos comerciais que participaram, permitiu, segundo o BNA, apurar uma taxa média ponderada de venda de 221,26 kwanzas por cada euro, baixando praticamente 16%, segundo cálculos feitos pela Lusa, face aos anteriores 186 kwanzas.

Já com os efeitos da indexação do kwanza angolano ao euro, a cotação oficial apurada pelo BNA para comprar um dólar norte-americano ficou-se nos 185,5 kwanzas, o que por sua vez representa uma depreciação de mais de 10% para a cotação oficial de segunda-feira, de acordo com o cálculo feito pela Lusa.

Para os analistas da Economist, esta alteração legislativa, “combinada com um sistema de câmbio que procura eliminar ainda mais o acesso privilegiado [a moedas estrangeiras] de algumas instituições estatais, pode também estimular a economia, reavivando algumas transações congeladas, especialmente entre as petrolíferas com problemas em pagar os bens e serviços externos”.

Desde meados de 2015 que o kwanza tem vindo a desvalorizar-se face ao dólar, caindo de 97,5 para 166,7 kwanzas por dólar em abril de 2016, data da última atualização oficial. No entanto, acrescenta a EIU, “o diferencial entre as taxas oficiais e as taxas no mercado negro continuam substanciais, sendo necessários 400 kwanzas para um dólar no mercado informal”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Operação Fizz: Miguel Relvas critica em Luanda “não processo” contra ex-vice-PR angolano

  • Lusa
  • 13 Janeiro 2018

Antigo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares do Governo de Passos Coelho, diz que a operação Fizz é um "não processo" e descreve o caso como "institucionalmente inexplicável".

O ex-ministro do PSD Miguel Relvas defendeu em Luanda que o caso que corre em Portugal contra o antigo vice-presidente angolano Manuel Vicente é um “não processo”, defendendo a transferência do mesmo para a Justiça angolana.

“Não tenho razão nenhuma para não confiar na Justiça angolana. Confio na Justiça angolana como confio na Justiça portuguesa”, disse o também ex-secretário-geral do PSD, numa entrevista divulgada hoje pelo principal telejornal da Televisão Pública de Angola (TPA).

O político, antigo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares e atualmente com presença assídua em Luanda, descreve este caso, que ameaça as relações entre os dois países, como “institucionalmente inexplicável” e que “não é compreensível”.

"Não tenho razão nenhuma para não confiar na Justiça angolana. Confio na Justiça angolana como confio na Justiça portuguesa.”

Miguel Relvas

Antigo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares

No processo “Operação Fizz”, Manuel Vicente é acusado de ter pago 760 mil euros a Orlando Figueira, quando este era procurador no Departamento Central de Investigação e Ação Penal para obter decisões favoráveis.

O início do julgamento está marcado para 22 de janeiro, em Lisboa, estando Manuel Vicente pronunciado por corrupção ativa em coautoria com Paulo Blanco e Armindo Pires, branqueamento de capitais, em coautoria com Paulo Blanco, Armindo Pires e Orlando Figueira e falsificação de documento, com os mesmos arguidos.

“Conheço o engenheiro Manuel Vicente, conheci no passado no desempenho de funções, e tenho a certeza que seria incapaz de cometer, como se irá provar, muitas das acusações que lhes são imputadas”, disse Miguel Relvas na mesma entrevista, sublinhando que “os Estados respeitam-se” e que esta é “uma questão do Estado português”, mesmo que na esfera do poder judicial.

Apontou mesmo que a polémica em torno deste processo “já está a causar” dificuldades às relações bilaterais: “Espero que se ultrapasse, que este processo seja rápido e se conclua de uma forma rápida e que a verdade venha ao de cima (…) Factualmente foi um não processo”.

"Conheço o engenheiro Manuel Vicente, conheci no passado no desempenho de funções, e tenho a certeza que seria incapaz de cometer, como se irá provar, muitas das acusações que lhes são imputadas.”

Miguel Relvas

Antigo ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares

O Presidente angolano, João Lourenço, afirmou na segunda-feira que as relações entre Portugal e Angola vão “depender muito” da resolução do processo de Manuel Vicente e classificou a atitude da Justiça portuguesa como “uma ofensa” para o seu país.

“Lamentavelmente [Portugal] não satisfez o nosso pedido, alegando que não confia na Justiça angolana. Nós consideramos isso uma ofensa, não aceitamos esse tipo de tratamento e por essa razão mantemos a nossa posição”, enfatizou João Lourenço.

Para a defesa do ex-governante angolano, as questões relacionadas com Manuel Vicente deviam ser analisadas pela justiça angolana, apontando mecanismos previstos no Direito Internacional e nos Direitos internos em matéria de cooperação judiciária.

Contudo, o juiz titular do processo ‘Operação Fizz’ concordou com a posição do Ministério Público (MP) em recusar a transferência do processo para Angola, decisão que foi objeto de recurso para a Relação.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Porque é que a nova geração do PSD não se chegou à frente?

Que circunstâncias levaram o PSD ao duelo deste sábado? O ECO foi à procura de respostas junto de figuras do PSD e politólogos numa altura em que se elege o próximo líder da oposição em Portugal.

Mais de metade dos militantes ativos do PSD, que vão definir o próximo líder este sábado, têm menos de 60 anos. Contudo, vão escolher entre dois candidatos sexagenários: Rui Rio tem 60 anos, Santana Lopes 61. Muitos questionaram o duelo para o futuro do partido, não só pela idade, mas também pelo longo historial de ambos. Mas o que afastou a nova geração da corrida à liderança? O ECO falou com politólogos e social-democratas para encontrar a resposta.

Após uma vitória eleitoral, o PSD não conseguiu governar. Com a economia a crescer, os rendimentos a aumentarem e as finanças públicas controladas, a atual solução governativa ganhou apoio, como mostram as sondagens, principalmente para o Partido Socialista. As eleições autárquicas baixaram ainda mais a moral dos social-democratas. Este não é um ciclo político atrativo para se ser líder da oposição, uma análise consensual entre quem o ECO ouviu.

Esta eleição foi vista como penosa face ao rumo da governação do PS pelo que os mais novos estão a guardar-se para futuras eleições“, considera o politólogo João Cardoso Rosas, dado que os militantes “parecem não acreditar” no regresso ao Governo. O politólogo Costa Pinto acompanha a análise, referindo que houve vários candidatos que não se apresentaram “por razões de oportunidade política”. Mas aponta também outro problema: muitos dos nomes mais recentes do PSD estiveram ligados a Pedro Passos Coelho, o que desgastou a imagem que tinham. A politóloga Paula Espírito Santo acrescenta que a “prospeção interna de mercado”, neste momento, não era favorável a jovens por estes não terem os apoios necessários em diretas e também pela difícil luta contra António Costa.

“Este momento político não é muito atrativo para ser líder da oposição”, corrobora Luís Marques Mendes, ex-presidente do PSD, reconhecendo que se avizinham “enormes dificuldades” para o próximo presidente do partido. O comentador político refere que este ambiente negativo para os social-democratas “justifica que não tivessem surgidos outros candidatos da geração mais nova”. Mas Marques Mendes também admite que “no PSD não abundam quadros políticos como aconteceu no passado”.

Já Miguel Poiares Maduro lança uma justificação diferente que entrou na complicada equação da decisão de avançar: até 1 de outubro, data das eleições autárquicas, ninguém achava que Passos Coelho não se ia recandidatar. “Muitos da nova geração eram próximos dele e, por isso, não ponderavam candidatar-se”, diz o ex-ministro do Governo passista, assinalando que num período curto é complicado reunir os apoios políticos necessários para uma candidatura, além do financiamento para a campanha. “Não tendo uma presença forte nas estruturas do partido não podiam fazer campanha com uma mínima capacidade de sucesso”, argumenta. Um deles terá sido Miguel Pinto Luz, o número dois da câmara de Cascais, que, questionado pelo ECO, não quis comentar a sua eventual candidatura. Mas admitiu que temia que o debate fosse “muito pouco claro”.

Mas há outra razão que se prende com a mudança das dinâmicas sociais. Existe um dilema no equilíbrio entre a carreira política e carreira profissional, aponta Poiares Maduro, referindo que exercer um cargo público implica “sacrifícios pessoais”. “É difícil aos mais novos conjugar uma carreira individual de sucesso com a política“, explica, daí que as pessoas que já estão na política há alguns anos tendam a candidatar-se à liderança dos partidos, uma tarefa que exige um “investimento político de longo prazo”. “Do ponto de vista pessoal é difícil entrar na política e lá permanecer”, admite o ex-ministro Adjunto.

Não tendo uma presença forte nas estruturas do partido não podiam fazer campanha com uma mínima capacidade de sucesso.

Miguel Poiares Maduro

Ex-ministro Adjunto e do Desenvolvimento Regional

O mesmo argumento é dado por António Nogueira Leite, ex-governante e ex-membro do Conselho Nacional do PSD, que os candidatos ou são políticos “profissionais” ou então “não estão interessados”, dado que são “vilipendiados” na praça pública. Mas também porque são necessários fortes apoios no partido: “O aparelho decide”, sintetiza, referindo que o modo como os partidos estão organizados limita o tipo de perfil dos candidatos. A mesma análise é feita pela politóloga Paula Espírito Santo: a hierarquia dos partidos é decisiva. Ou seja, a longevidade política.

Mas estará o partido com poucos novos talentos, como sugere Marques Mendes? Margarida Balseiro Lopes, uma das deputadas social-democratas mais novas, refuta essa ideia, argumentando que o próprio líder parlamentar tem 34 anos. Mas admite que existe uma necessidade de modernização e “passar das palavras aos atos”. A deputada do PSD espera que, ao longo dos próximos anos, a nova geração dê “mais provas” de que é capaz de assumir o futuro do partido.

A possível ausência de caras novas está também relacionada com o facto de o PSD ser um partido de massas, na ótica de João Cardoso Rosas. O politólogo tem a tese de que “os partidos de banda larga, menos ideológicos, são menos apelativos para os mais jovens” que, pela idade, têm tendência a ser mais radicais. Daí que a renovação de gerações seja mais rápida no CDS, no BE ou no PCP — partidos que também conseguem ter uma penetração maior em nichos da sociedade — considera Cardoso Rosas, assinalando também que as lógicas de recrutamento e subserviência são mais rígidas no PSD e no PS.

Geração nova: idade, ideias ou carreira partidária?

“A idade é um mito”, atira António Costa Pinto. Para o politólogo a expressão “geração nova” pode ter muitas variantes. A questão não é tanto a idade, mas a longevidade da carreira política: “Nas democracias consolidadas, a escada política coroa uma carreira”. Ou seja, a regra é que cheguem ao topo do partidos os políticos profissionais que lá estão desde as juventudes. “São figuras que pela sua experiência já estão domadas pela máquina partidária no seu discurso“, acrescenta Cardoso Rosas.

Mas Costa Pinto adiciona uma outra vertente para se referir a uma “geração nova” que está no plano das ideias. “Algo que aparenta ser novo“, diz, referindo-se, por exemplo, à ascensão de Emmanuel Macron em França com um novo movimento e, por fim, um novo partido, mesmo tendo sido ministro da Economia do anterior Presidente francês. Para o politólogo é pouco provável que se criem estes movimentos dentro dos partidos. “Macron representa uma crise do sistema partidário”, explica, referindo que, para já, não é isso que acontece no PSD ou noutro partido português.

Nas democracias consolidadas, a escada política coroa uma carreira.

António Costa Pinto

Politólogo

Nesta eleição, os mais novos ficaram em casa. Miguel Pinto Luz, um dos candidatos falados, argumenta que, quando se apresentar, “a nova geração tem de se apresentar com qualidade, não tem de aparecer só por ser mais nova”. Pinto Luz defende novas ideias, mas também uma ligação mais próxima à sociedade civil — “o que não se vê nesta campanha”, comenta.

Marques Mendes também concorda que a idade “não é um argumento decisivo”. Mas admite que havia potenciais candidatos mais novos como Paulo Rangel ou Luís Montenegro. Ambos retiraram-se da corrida. O eurodeputado alegou “razões de ordem familiar”. Já o ex-líder parlamentar disse que não estavam “reunidas as condições” políticas para “exercer esse direito”, sinalizando que num momento futuro poderá vir a ser candidato.

Para um futuro mais longínquo, Marques Mendes lança ainda Carlos Moedas: “Terá, um dia, excelentes condições para isso, vejo-o candidato, mas numa perspetiva de médio prazo e não de curto prazo”, explica o comentador político. A este deverá juntar-se José Eduardo Martins, um dos únicos nomes que foi crítico de Passos Coelho, em público, nos últimos anos, mas que também foi a eleições em Lisboa para presidente da assembleia municipal. Eduardo Martins decidiu não se candidatar, mas lançou um manifesto para “pôr as pessoas a pensar” no partido no mesmo dia em que Rio apresentou a sua candidatura.

A nova geração tem de se apresentar com qualidade, não tem de aparecer só por ser mais nova.

Miguel Pinto Luz

Vice-presidente da câmara de Cascais

O próprio líder parlamentar que sucedeu a Montenegro, Hugo Soares, é lançado pela politóloga Paula Espírito Santo como um dos possíveis candidatos dada a exposição mediática que tem atualmente no Parlamento. Costa Pinto lança também o nome de Miguel Poiares Maduro. E quem sugere o próprio ex-ministro sugere um nome? “Será difícil no imediato, mas pode ter um futuro muito promissor no partido”, responde, referindo-se a António Leitão Amaro, um nome também referido por Nogueira Leite.

“Calculismo” é a palavra mais ouvida pelo ECO. É esse o ingrediente que domina a vida política atualmente e que ditará que candidatos avançarão no futuro. O politólogo Costa Pinto resume numa frase: “Candidatos há muitos… depois depende das estruturas de oportunidade de cada um”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Ferreira Leite: “PSD deve vender alma ao diabo” para derrotar esquerda

O ex-autarca do Porto foi o escolhido pelos militantes do PSD para liderar o partido. Rui Rio será o 18.º presidente do PSD.

É a primeira vez que chega ao cargo. Rui Rio foi eleito o presidente do PSD, o maior partido da oposição em Portugal. O candidato levou a melhor face ao ex-primeiro-ministro, Pedro Santana Lopes, na eleição deste sábado. Segundo o próprio, Rio nunca perdeu nenhumas eleições. Em breve terá de enfrentar outro confronto eleitoral, desta vez a nível nacional com António Costa nas eleições legislativas em 2019. Acompanhe aqui a noite eleitoral.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Santana diz que terá em 2019 a legitimidade do voto direto e universal para ganhar legislativas

  • Lusa
  • 13 Janeiro 2018

"António Costa neste momento está a acender uma vela para que [Rui] Rio ganhe", disse Bragança Fernandes, presidente da câmara de Maia, e apoiante de Santana Lopes.

O candidato a líder do PSD Santana Lopes disse esta sexta-feira estar convicto de que “desta vez” terá “a força” que não teve em 2004, terá “o voto por sufrágio direto”, frisando que conta ganhar as legislativas em 2019.

“Desta vez vou ter a força que não tive em 2004, vou ter o voto por sufrágio universal e direto, o que não aconteceu daquela vez em que tive de substituir Durão Barroso”, disse Pedro Santana Lopes, que, de imediato, no último discurso de campanha, retomou o tema que tem marcado o debate com o seu opositor Rui Rio, a questão da viabilização ou não de um Governo socialista.

Desta vez vou ter a força que não tive em 2004, vou ter o voto por sufrágio universal e direto, o que não aconteceu daquela vez em que tive de substituir Durão Barroso.

Pedro Santana Lopes

Não temos medo, não nos subjugamos, temos orgulho em nós próprios, não temos complexos. Não queremos ser um PS b, um PS dois. Nós o PPD/PSD um, já ganhamos recentemente duas eleições legislativas consecutivas com Pedro Passos Coelho e vamos ganhar a terceira mais tardar em 2019″, disse o candidato.

O candidato falava na sessão de encerramento da campanha que teve lugar na Maia, distrito do Porto, num auditório cheio, tendo sido recebido com bandeiras no ar e cartazes com a frase “Unir o partido, ganhar o país”, depois de ter estado de tarde em Viseu e de manhã em Lamego, participando em encontros com militantes sociais-democratas.

A sessão também ficou marcada pelos discursos do presidente da câmara local, o social-democrata, António da Silva Tiago, do mandatário concelhio Maia/Porto, António Ambrósio, bem como do líder da distrital PSD/Porto, Bragança Fernandes. “O António Costa neste momento está a acender uma vela para que [Rui] Rio ganhe”, disse Bragança Fernandes, frase que colheu uma das maiores ovações da noite e foi mencionada no discurso do candidato.

“Isso seria o ideal para António Costa. A partir daqui, ele faria o resto da legislatura com tranquilidade e pensaria ‘estou safo, ou governo com a frente de esquerda ou governo com o PPD/PPS que já garantiu que me viabiliza sempre em caso de ser eu a ganhar as eleições sem maioria'”, referiu Santana Lopes, num discurso com muitas referências a frases de Sá Carneiro e que rondou os 35 minutos.

Ao lado se Pedro Santana Lopes – que chegou cerca de 45 minutos depois da hora marcada e à saída não quis responder aos jornalistas, mas brincou sobre o facto de estar em “reflexão” para “escolher em quem votar amanhã [sábado]” – também estiveram na Maia, entre outras caras do PSD, o líder da bancada parlamentar, Hugo Soares, o deputado Carlos Abreu Amorim, bem como o ex-líder parlamentar, Luís Montenegro.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Rui Rio termina candidatura a pedir vitória e paz com Santana Lopes

  • Lusa
  • 13 Janeiro 2018

Rui Rio criticou o Governo, mas manteve aberta a porta do diálogo caso venha a tornar-se líder dos social-democratas. E disse "respeitar" o direito a Pedro Passos Coelho candidatar-se.

O candidato às eleições diretas para a presidência do PSD Rui Rio garantiu esta sexta-feira, em Vila Nova de Gaia, que as divisões com o concorrente Pedro Santana Lopes terminam no dia seguinte ao ato eleitoral.

Perante cerca de 200 apoiantes, numa unidade hoteleira, no discurso de encerramento da campanha eleitoral, Rui Rio criticou o Governo, mas manteve aberta a porta do diálogo caso venha a tornar-se líder dos social-democratas.

A Pedro Santana Lopes disse “respeitar” o seu direito a candidatar-se e prometeu que no dia seguinte à eleição “acabarão as divisões”, mas criticou quem afirmou que o futuro líder do PSD “só o vai ser durante dois anos“, numa alusão à declaração proferida pelo antigo ministro social-democrata Miguel Relvas.

No seu discurso, as primeiras críticas foram para o Governo “pelo interior que só descobriu recentemente por causa dos incêndios“, prosseguindo depois pelo elogio aos autarcas portugueses, de quem disse “vai precisar, depois de vencer as eleições, para conhecer a realidade do país”. “Não podemos ter a sociedade a pensar de uma maneira e o PSD de outra. A sociedade portuguesa tem de estar representada dentro do nosso partido. Só conseguindo isto conseguiremos vencer”, alertou Rui Rio, que quer “uma economia mais competitiva” e “contrária ao modelo que vigora em Portugal”.

Reclamando em nome dos jovens que “se querem ganhar 800 euros por mês têm de emigrar”, o candidato desejou que nunca mais Portugal “tenha de voltar a chamar a troika antes de citar o antigo líder social-democrata Francisco Sá Carneiro: “primeiro Portugal, depois o partido”.

Por entre as críticas, o candidato repetiu a intenção de “dialogar com todos para, em conjunto, resolver os problemas do país” e lembrou que nunca perdeu uma eleição, quer como estudante, quer na Câmara do Porto e na Junta Metropolitana do Porto. Nesta lógica terminou a dizer que caso seja eleito no sábado presidente, em 2019 “o normal será ganhar as eleições”.

Por seu turno, o presidente dos autarcas social-democratas, Álvaro Amaro, num dos discursos da noite, deixou um conselho ao partido a partir de domingo, defendendo que “as disputas políticas devem terminar no dia das eleições”, para depois garantir que “vai ser assim no PSD”. Sem nunca mencionar o nome de Pedro Santana Lopes, o orador elogiou Rui Rio por ter “respeitado” o seu passado, considerando que deu “uma lição de respeito pelo passado” no debate político com o concorrente à liderança do PSD.

“O teu passado só deu vitórias ao PSD”, salientou o autarca, dirigindo-se ao candidato, para quem Rui Rio “é um líder que privilegia o diálogo” num combate para decidir “quem está em melhor posição para derrotar António Costa em 2019”.

Para o antigo ministro de Estado e da Presidência e mandatário nacional da candidatura de Rio, Nuno Morais Sarmento, “o PSD está apenas à espera da vitória de Rui Rio” no sábado, num momento em que “falta bom senso numa época de extremismos”. Justificando o seu apoio a alguém que “tem rosto, passado e que garante o futuro”, o mandatário afirmou que olhar para o caminho percorrido por Rui Rio “é notar que não fez nada em que não acreditasse”.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Eduardo Cabrita: “Não será num ano, nem daqui a dois anos” que se resolvem os incêndios

  • ECO
  • 13 Janeiro 2018

O ministro da Administração Interna admite que tem havido "laxismo coletivo" na prevenção de incêndios, mas acredita que hoje já há "uma consciência coletiva".

O combate aos efeitos das alterações climáticas, à desertificação do interior e ao desordenamento das florestas, principais causas dos incêndios que afetam Portugal, não vai ser conseguido no curto prazo. Nem no próximo verão, nem daqui a dois anos. Quem o diz é Eduardo Cabrita, ministro da Administração Interna, que, em entrevista à Antena 1, admite que tem havido um “laxismo coletivo” no que toca à prevenção dos incêndios, mas que hoje já há “uma consciência coletiva”.

“Não podemos perder um dia [para] colocarmos no centro da nossa agenda política e da nossa agenda coletiva temas como o efetivo combate aos efeitos das alterações climáticas, à desertificação do interior ou ao desordenamento das florestas. Nenhum destes três temas, que são verdadeiramente estruturantes daquilo que sucedeu no passado ano, se resolverá, certamente, num tempo que é o tempo da política”, disse o ministro na entrevista. “Não será um ano, não será no próximo verão, não será daqui a dois anos, mas exigem-se medidas e uma ação permanente no centro da nossa preocupação”, reconheceu.

Não será um ano, não será no próximo verão, não será daqui a dois anos, mas exigem-se medidas e uma ação permanente no centro da nossa preocupação.

Eduardo Cabrita

Ministro da Administração Interna

Ainda assim, salienta que “ninguém compreenderá” que o Governo não faça, “até ao próximo verão, tudo o que for possível”, mesmo que não possa dar a certeza absoluta de que não haverá situações semelhantes aos incêndios de junho e outubro do ano passado. “Teremos incêndios, certamente. Teremos de fazer tudo para que todos tenhamos uma coordenação, uma resposta institucional que nos responsabiliza hoje”, salientou.

O ministro considera que “havia um laxismo coletivo, a começar pelos proprietários e pelas instituições”, no que toca à prevenção de incêndios, mas diz que “hoje está criada uma consciência coletiva de que não pode ser assim“. Para isso, acrescenta, também vieram ajudaram “mecanismos excecionalíssimos”, como a possibilidade de contratação para fazer limpeza de mato por ajuste direto e a dispensa de visto do Tribunal de Contas para isso mesmo.

Questionado sobre a evolução do diálogo com os partidos que sustentam a maioria parlamentar do Governo, Eduardo Cabrita aponta ainda que há mais “exigência” hoje, mas não só do Bloco de Esquerda e do PCP. “Há desafios que correspondem a níveis crescentemente mais elevados de satisfação das expectativas dos portugueses, e isso responsabiliza muito todas as forças que constituem a base parlamentar. Há mais exigência por parte de todos”, frisou.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Fosun está “muito satisfeita” com as atividades empresariais desenvolvidas em Portugal

  • ECO e Lusa
  • 12 Janeiro 2018

Marcelo Rebelo de Sousa recebeu em Belém Guo Guangchang presidente do grupo chinês Fosun e o presidente do CaixaBank, Jordi Gual.

A Fosun está “muito satisfeita” com as atividades empresariais desenvolvidas em Portugal e demonstrou vontade em continuar a apostar na economia do país.

Guo Guangchang presidente do grupo chinês Fosun, detentor da Fidelidade, da Luz Saúde e principal acionista do Millennium BCP, esteve reunido, em Belém, com Marcelo Rebelo de Sousa. Mas não foi o único. O presidente do grupo espanhol CaixaBank, acionista maioritário do BPI, também foi recebido pelo Chefe de Estado.

Estas duas audiências foram divulgadas hoje, através de duas notas colocadas no portal da Presidência da República, com a data de quinta-feira.

Numa das notas, lê-se que “o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa recebeu, em audiência, no Palácio de Belém, o presidente do CaixaBank, Jordi Gual, o presidente do Conselho de Administração do BPI, Fernando Ulrich, e o presidente da Comissão Executiva do banco BPI, Pablo Forero“. De acordo com a Presidência da República, “o presidente do CaixaBank manifestou grande satisfação com os resultados e atividade desenvolvida pelo BPI e reafirmou o compromisso do grupo CaixaBank com o desenvolvimento da economia portuguesa bem como a promoção de um programa de ação social em Portugal”.

Numa segunda nota, lê-se que o Chefe de Estado “recebeu, em audiência no Palácio de Belém, o presidente da Fosun, Guo Guangchang, a vice-presidente, Julia Gu, o representante do grupo Fosun em Lisboa, Lingjiang Xu, e o presidente da Companhia de Seguros Fidelidade, Jorge Magalhães Correia”.

“Nesta audiência, o presidente da Fosun manifestou grande satisfação com as atividades que têm vindo a desenvolver em Portugal e manifestou a vontade de continuar a apoiar, de forma permanente e crescente, a economia portuguesa e o investimento em Portugal, em diversas áreas”, refere a Presidência da República.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Bolsas em máximos, petróleo também. Dólar em mínimos

O setor financeiro valorizou à boleia dos lucros da banca e as bolsas voltaram a fechar em máximos. Pelo caminho ficou o dólar, que perde força contra o euro.

As bolsas norte-americanas prolongaram os ganhos registados esta semana e voltaram a renovar máximos históricos, num dia em que o petróleo tocou máximos de três anos e em que o setor financeiro valorizou à boleia dos lucros da banca. Pelo caminho ficou o dólar, que caiu para mínimos de três anos, numa altura em que os investidores antecipam a redução de estímulos por parte do Banco Central Europeu (BCE), o que está a dar força ao euro.

O índice de referência S&P 500 avançou 0,67%, para os 2.786,24 pontos, e acumulou um ganho de 2% esta semana. Já o industrial Dow Jones subiu 0,89%, para os 25.803,19 pontos, e o tecnológico Nasdaq somou 0,68%, para os 7.261,06 pontos.

A contribuir para este movimento esteve o setor financeiro, num dia em que vários bancos reportaram os resultados do quarto trimestre do ano passado, com valores que superaram as expectativas do mercado. Foi o caso do JPMorgan, que reportou lucros superiores a quatro mil milhões de dólares nesse período. O banco acabou por avançar 1,7% em bolsa.

Do lado do mercado das matérias-primas, a tendência também foi de ganhos. O West Texas Intermediate (WTI), negociado em Nova Iorque, valorizou 0,88%, para os 64,36 dólares por barril, registando um ganho acumulado de quase 5% esta semana. Já o Brent, negociado em Londres, também subiu perto de 8% e negoceia nos 69,81 dólares por barril.

Os preços da matéria-prima apreciam depois de uma semana em que os stocks norte-americanos caíram. A decisão da Administração de Donald Trump em manter o alívio das sanções ao Irão também contribuiu para este movimento.

Em sentido contrário esteve o dólar, que já regista o pior desempenho de início de ano desde 2010, segundo os dados recolhidos pela Reuters. O euro valorizou mais de 1,4% face à moeda norte-americana e já vale 1,22 dólares. Isto numa altura em que os investidores têm cada vez menos dúvidas de que o BCE deverá passar a cobrar menos para os bancos depositarem dinheiro nos seus cofres até ao final do ano, marcando o fim de uma era na zona euro com juros em zero.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Maior acionista dos CTT reforça posição para mais de 12%

A empresa liderada por Manuel Champalimaud investiu cerca de três milhões de euros e já detém mais de 12% do capital dos CTT.

A Gestmin voltou a reforçar a posição de maior acionista dos CTT. A empresa liderada por Manuel Champalimaud investiu cerca de três milhões de euros e detém agora mais de 12% do capital da empresa de serviços postais.

Em comunicado enviado esta sexta-feira à Comissão do Mercado de valores Mobiliários (CMVM), informam que a Gestmin comprou um total de 832 mil ações, entre os dias 5 e 10 de janeiro, a um preço médio de 3,776 euros por ação.

Feitas as contas, o maior acionista investiu 3,14 milhões de euros e acabou por ficar com um total de mais de 18,2 milhões de ações, representativas de 12,17% do capital dos CTT.

No ano passado, a Gestmin já tinha reforçado a posição na empresa por duas vezes. A última foi já em dezembro, quando comprou mais de um milhão de ações e passou a controlar 11,26% dos CTT.

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.