Com ameaça de greve, quais as linhas vermelhas da Fenprof?

  • Marta Santos Silva
  • 7 Setembro 2018

Os professores querem o tempo de serviço recuperado: nove anos, quatro meses e dois dias, e nem um dia menos. É uma das exigências da Fenprof numa nova ronda negocial.

Greve na primeira semana de outubro e uma grande manifestação nacional em Lisboa a 5 de outubro. É o que prometem os professores — ou o seu representante, o dirigente do maior sindicato de docentes do país, Mário Nogueira — caso a reunião desta sexta-feira com o Ministério da Educação seja inconclusiva. Às 15h00, no Ministério da Educação, a Fenprof e as outras nove estruturas sindicais que assinaram, já no ano passado, a Declaração de Compromisso com o Governo, vão ouvir as propostas da equipa de Tiago Brandão Rodrigues. Falta saber se o que propõe o ministro vai satisfazer os professores.

A luta já dura há quase um ano pela recuperação do tempo de serviço que os professores cumpriram enquanto as carreiras estiveram congeladas, ao longo de nove anos, quatro meses e dois dias, embora não todos consecutivos. Para os professores, é incontornável: agora que as carreiras foram descongeladas, estes anos de trabalho deveriam ser contabilizados de maneira a refletir-se no avanço na carreira, com subidas de escalão para quem as tenha entretanto merecido, chegando a salários mais altos.

Para o Governo, porém, não é assim tão simples. O Executivo considera que, como existem duas formas diferentes de progredir nas administrações públicas, faz sentido que o descongelamento não afete todos da mesma forma. Na maioria das carreiras da Função Pública, a progressão faz-se através da acumulação de pontos, e esta acumulação continuou, através da realização de avaliações periódicas, durante o congelamento. Assim, alguns trabalhadores puderam avançar até mais do que um nível salarial, dependendo das suas situações.

Carreiras como a dos professores, e não só, dependem principalmente do tempo de serviço, embora também haja uma componente de avaliação, para avançar nos escalões. Assim, considera o Governo, como o tempo de serviço esteve congelado, o relógio começa a contar a partir do descongelamento.

Uma proposta inicial do Governo — e que se tem mantido ao longo das crispadas negociações de 2018 — era a de recuperar o que considerava ser o “equivalente” do tempo de carreira dos professores se a sua progressão dependesse da acumulação de pontos. O que seria isso? Representaria a recuperação de dois anos, nove meses e 18 dias de trabalho durante o período de congelamento. Foi uma proposta que desagradou profundamente aos sindicatos, que esperam outra solução.

Num comunicado enviado às redações, a Fenprof voltou a descrever o que deseja da reunião desta sexta-feira. “Esta não será uma reunião para debater questões abstratas, mas para chegar a medidas concretas”, escrevem, assinalando aquelas que são as suas prioridades:

  1. “Definir o prazo e o modo para recuperar os nove anos, quatro meses e dois dias cumpridos pelos professores em período de congelamento das carreiras.” — Os professores já manifestaram abertura para que esta recuperação, desde que seja integral, possa acontecer de forma faseada ou mesmo através de uma contabilização, por exemplo, com impacto na idade da aposentação;
  2. Reposicionar na carreira e pagar aos docentes que nela ingressaram durante o período de congelamento, nos termos estabelecidos na lei desde 4 de maio.” — O Governo já assumiu este compromisso, mas o processo de reposicionamento é mais lento do que se esperava inicialmente.
  3. “Conhecer as propostas do Governo destinadas a travar o ciclo de envelhecimento dos profissionais docentes, nomeadamente ao nível da aposentação.” — Os representantes dos docentes defendem que o ensino é uma profissão de alto desgaste que deveria ter direito ao acesso a uma idade da reforma ajustada.
  4. Regularizar os horários dos professores, designadamente, enviando esclarecimentos via informação às escolas (FAQ), sobre a elaboração daqueles horários.” — Os sindicatos dos professores defendem também que os horários dos professores, que deveriam contemplar horas para uma componente individual de trabalho fora da escola, não a incluem, fazendo com que muitos professores trabalhem semanas de 46 horas semanais.

Se a reunião não satisfizer as estruturas sindicais reunidas esta sexta-feira com o Governo, a Fenprof promete: “A eventual ausência de respostas que clarifiquem o prazo e o modo de solucionar estes problemas dará lugar, no final da reunião, ao anúncio de formas de luta concretas que serão desenvolvidas durante todo o primeiro período letivo do ano em curso, iniciando-se já no mês de setembro”.

Porque hesita o Governo em recuperar o tempo de serviço? O Executivo calcula que a despesa com os salários dos professores subiria 31% em 2023 face a 2017, se aceitasse a proposta dos sindicatos. Os custos associados ao descongelamento e à recuperação do tempo de serviço são, segundo o Governo, os do descongelamento das carreiras somados ao da recuperação do tempo de serviço, resultando num aumento de despesa que, em 2023, seria de 1.154 milhões de euros relativamente a 2017.

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Pressão vendedora em Wall Street. Nasdaq volta a cair 1%.

As ações das empresas tecnológicas voltaram a estar sob pressão esta quinta-feira, num dia em que as bolsas fecharam mistas. Investidores temem crise nos mercados emergentes, mais a guerra comercial.

As bolsas norte-americanas fecharam mistas esta quinta-feira, num dia em que a pressão vendedora voltou a afetar o setor tecnológico, desta vez devido às fracas expectativas de vendas por parte das fabricantes de processadores, mas também às dúvidas sobre se as autoridades vão ou não avançar com medidas regulatórias sobre as redes sociais. Receios face às tensões comerciais com a China e à crise nos mercados emergentes também condicionaram as negociações em Wall Street.

O S&P 500 caiu 0,36% para 2.878,13 pontos. O industrial Dow Jones fechou com ganhos ligeiros de 0,09% para 25.997,19 pontos. Um dia depois de ter caído mais de 1%, o tecnológico Nasdaq encerrou a sessão desta quinta-feira com uma nova queda. Desta vez, o índice recuou 0,90%, a cotar agora nos 7.923,25 pontos.

Expectativas de quebra nas vendas penalizaram as ações das fabricantes de unidades eletrónicas de processamento. A Nvidia desvalorizou 2,05% para 272,72 dólares por ação, enquanto a Intel registou perdas 0,96% para 47,26 dólares. Já os receios de que as redes sociais possam enfrentar regulação apertada por parte das autoridades levaram as ações do Twitter a afundarem 5,87% esta quinta-feira, para os 30,81 dólares cada título.

Na vertente comercial, os investidores estão expectantes para saberem se o Presidente Donald Trump vai mesmo avançar com o pacote de 200 mil milhões de dólares em tarifas aduaneiras sobre as importações chinesas, algo que, a avançar, merecerá retaliação de Pequim.

Em simultâneo, a crise nos mercados emergentes continua a provocar ondas de choque nas bolsas um pouco por todo o mundo. Numa altura de forte desvalorização do peso argentino, e em que o país tenta alcançar um novo acordo de resgate com o FMI, vários executivos alertaram esta quinta-feira para o facto de a crise poder vir a destruir 40.000 empregos no setor da construção, já nos próximos meses.

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Centeno apela para que governos avancem com reformas urgentes na Zona Euro

  • Lusa
  • 6 Setembro 2018

O presidente do Eurogrupo considerou que ainda existem vários riscos que põem em causa a recuperação económica da Zona Euro. Tensões políticas e comerciais "são algumas das nuvens no horizonte".

O presidente do Eurogrupo, Mário Centeno, apelou esta quinta-feira para que os governos dos países que partilham a moeda única avancem com reformas urgentes na Zona Euro, considerando que há vários riscos a porem em causa a recuperação económica. “Estamos a expor a nossa recuperação a testes desnecessários”, disse Centeno num evento em Viena, na Áustria, citado pela Bloomberg.

O presidente do Eurogrupo e ministro das Finanças de Portugal considerou que as tensões na política e no comércio e a saída do Reino Unido da União Europeia (‘Brexit’) “são algumas das nuvens no horizonte” de uma união monetária “incompleta”. “Eles devem-nos levar a continuar com as reformas que iniciamos com um sentido de urgência”, vincou.

Esta sexta-feira decorre em Viena, sob a presidência de Mário Centeno, a “rentrée” dos ministros das Finanças da Zona Euro. Na primeira reunião do Eurogrupo dos últimos oito anos sem qualquer país sob “resgate” — a Grécia saiu do seu terceiro programa de assistência financeira em agosto passado –, a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) vão dar conta ao fórum de ministros das Finanças dos resultados da sua oitava missão pós-programa a Portugal, que decorreu entre 05 e 12 de junho passado.

No relatório com as conclusões da missão, publicado na terça-feira, o executivo comunitário reiterou que a situação económico-financeira de Portugal continua “largamente favorável” no curto prazo, mas reforça a importância de o país prosseguir a consolidação fiscal e as reformas estruturais num contexto de crescente incerteza externa.

Na reunião do Eurogrupo será ainda feito um ponto da situação do processo de aprofundamento da União Económica e Monetário, à luz da cimeira do Euro que decorreu em Bruxelas em junho último.

Os ministros vão discutir, designadamente, a questão da criação de um novo instrumento para financiar o Fundo Único de Resolução bancária, o chamado backstop, considerado uma “rede de segurança” e instrumento de último recurso num cenário de crise sistémica, que deverá ser atribuído ao Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE), o fundo de resgate permanente da Zona Euro, tal como já foi acordado na cimeira de junho.

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Candidato presidencial brasileiro Jair Bolsonaro esfaqueado em ação de campanha

Numa ação de campanha em Minas Gerais, Jair Bolsonaro foi esfaqueado. O candidato presidencial foi sujeito a uma intervenção cirúrgica ao fígado. Suspeito já foi detido. Candidatos condenam ataque.

O candidato presidencial brasileiro Jair Bolsonaro foi esfaqueado esta quinta-feira durante uma ação de campanha em Juiz de Fora, em Minas Gerais. A gravidade dos ferimentos no abdómen obrigaram a que fosse sujeito a uma intervenção cirúrgica ao fígado. A Polícia Militar já deteve o suspeito, segundo a imprensa brasileira.

O filho do candidato do PSL, Flávio Bolsonaro, através da rede social Twitter disse que os golpes atingiram o pai no fígado, pulmão e intestino.

Uma correção face à primeira avaliação que publicou na rede social, na qual garantia que o candidato de extrema direita estava bem.

De acordo com a Folha de S. Paulo, o candidato de extrema-direita era carregado por apoiantes no centro da cidade quando foi atingido por um homem com uma faca, tendo sido depois retirado do local. Os vídeos feitos no local mostram como tudo se passou.

De acordo com a assessoria de imprensa do candidato, exames realizados no hospital revelam que Bolsonaro foi atingido no fígado e que por isso está a ser submetido a uma operação. Segundo o jornal “Gazeta do Povo”, o hospital confirma que Bolsonaro sofreu uma lesão hepática grave, passou por um ultrassom e foi encaminhado para o centro cirúrgico, sendo que o estado de saúde é considerado estável.

O candidato não estaria a usar colete à prova de bala e, segundo a Polícia Federal, tinha uma escolta policial que permitiu que o atacante fosse apanhado em flagrante delito. Um comunicado da Polícia Federal revela ainda que já foi instaurado um inquérito policial “para apurar as circunstâncias do ato”.

O autor do ataque já foi identificado como sendo Adelio Bispo de Oliveira, um homem de 40 anos, que, antes de ser detido sofreu várias agressões dos apoiantes de Bolsonaro. De acordo com o comandante do 2.º Batalhão da Polícia Militar de Juiz de Fora, o tenente-coronel Marco Antônio Rodrigues de Oliveira, citado pela plataforma noticiosa “G1”, disse que o suspeito “alegou que tentou ferir o candidato Jair Bolsonaro por ter divergências de ideias e pensamentos com ele”. “Ele não tem nenhuma filiação partidária. Falou que [foi] uma questão pessoal dele”, acrescentou o comandante.

Bolsonaro está em primeiro lugar nas sondagens com 22% das intenções de voto, segundo a sondagem divulgada esta quinta-feira pelo Ibope. Mas numa segunda volta perderia para os candidatos de esquerda com exceção do PT.

Os outros candidatos presidenciais já reagiram repudiando o ataque. Em múltiplas mensagens na redes sociais, todos condenam o ataque:

Também o Presidente brasileiro, Michel Temer, classificou como intolerável o ataque a Jair Bolsonaro. De acordo com a plataforma noticiosa “G1”, Temer afirmou que o episódio é “triste” e “lamentável”. “É intolerável que as pessoas falseiem dados durante a campanha eleitoral, é intolerável que nós vivamos num estado democrático de direito em que não haja possibilidade de uma campanha tranquila, de uma campanha em que as pessoas vão e apresentem os seus projetos”, declarou Temer durante uma cerimónia no Palácio do Planalto.

O Presidente disse ainda esperar que a situação “sirva de exemplo para que as pessoas que hoje estão a fazer campanha percebam que a tolerância é uma derivação da própria democracia, é a derivação do chamado estado de direito”. Bolsonaro, que passou mais de três décadas no Congresso, tem feito campanha defendendo que a polícia brasileira deve matar os suspeitos de tráfico de droga e outros criminosos. Defende abertamente a ditadura militar. O candidato de extrema-direita tem um processo em Supremo Tribunal por discursos que os procuradores consideram incitar ao ódio e violência. Para Bolsonaro estas acusações têm motivações políticas.

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Fed de Nova Iorque: Economia dos Estados Unidos está “tão boa quanto possível”

Para John Williams, a inflação em níveis estáveis e a baixa taxa de desemprego contribuíram para uma economia norte-americana "tão boa quanto o possível".

O presidente-executivo da Reserva Federal de Nova Iorque disse esta quinta-feira que a inflação em níveis estáveis e a baixa taxa de desemprego contribuíram para uma economia “tão boa quanto o possível”, adianta a Reuters (conteúdo em inglês). Estas declarações surgem depois de serem revelados os números dos empregos criados pelo setor privado nos Estados Unidos, que ficaram abaixo das previsões dos analistas.

Podemos continuar a ser relativamente pacientes e a permitir que a economia continue a crescer“, disse John Williams. “Não estamos a ver qualquer pressão inflacionista”, dado o lento crescimento dos salários, o que significa que há “espaço a percorrer” na recuperação atual.

Esta quinta-feira, o instituto norte-americano ADP divulgou os números dos empregos criados pelo setor privado nos Estados Unidos, adiantando que, em agosto, se fixou em 163 mil, um valor que ficou abaixo da previsão dos analistas, que apontavam para 188 mil. Ahu Yildirmaz, vice-presidente do instituto, disse que “apesar de ter havido uma pequena desaceleração no crescimento dos empregos, o mercado continua muito dinâmico”.

“As empresas de média dimensão continuam a ser o motor do crescimento, representando quase 70% de todos os empregos criados este mês, mantendo-se resilientes no atual clima económico”, sublinhou. Por sua vez, o economista-chefe da Moody’s Analytics, Mark Zandi, acrescentou que “as empresas estão atualmente a competir de forma agressiva para manter os trabalhadores e encontrar novos“.

China avisa Estados Unidos sobre novas tarifas

Mas o clima económico pode vir a sofrer uma degradação, caso haja uma escalada da guerra comercial que esta quinta feira conheceu um novo episódio. O Ministério chinês do Comércio deixou um aviso a Donald Trump: caso a Casa Branca implemente novas tarifas sobre produtos chineses, a China irá ser forçada a retaliar. As tensões em torno de uma possível guerra comercial continuar a sobrevoar todos os mercados, depois de os Estados Unidos terem ameaçado com novas tarifas sobre 200 mil milhões de dólares em bens chineses.

“Se os Estados Unidos, independentemente da oposição, adotarem novas tarifas, a China será forçada a implementar medidas de retaliação necessárias“, disse Gao Feng, porta-voz do ministério, durante uma entrevista, citado pela Reuters (conteúdo em inglês).

Estas novas tensões não vão tardar a afetar diretamente vários produtos de consumo, como móveis, produtos de iluminação, pneus, bicicletas e assentos de automóveis para bebés. Os dois países já se cobraram mutuamente 50 mil milhões de dólares em bens, abalando os mercados financeiros nos últimos meses, deixando os investidores preocupados.

Donald Trump exige que o Governo chinês melhore o acesso ao mercado e proteja a propriedade intelectual das empresas norte-americanas, e ainda que corte os subsídios industriais, para além de reduzir o défice comercial de 375 mil milhões de dólares. O Presidente norte-americano disse esta quarta-feira que os Estados Unidos ainda não estão prontos para chegar a um acordo sobre estas disputas, mas que as negociações continuarão.

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Vai investir? Estes são os dez temas a que deve estar atento até final do ano

Da política monetária dos três maiores bancos centrais, passando por eleições, sanções ao Irão e guerra comercial, giram os temas a que os investidores devem estar atentos segundo a Schroders.

Os últimos meses têm sido conturbados nos mercados financeiros, com a guerra comercial e as sanções ao Irão a alimentarem a preocupação dos investidores. Mais recentemente, as atenções começaram a virar-se para os mercados emergentes, com alguns países a defrontarem sérias dificuldades económicas. No centro do turbilhão estão a Turquia e a Venezuela, grupo a que se juntou também a Argentina que pediu mesmo ajuda ao Fundo Monetário Internacional, penalizada pela crise cambial que “derrubou” entre outras moedas também o peso argentino.

Nos próximos meses há um conjunto de temas que prometem marcar o rumo dos mercados e merecer a atenção dos investidores. Segundo a Schroders, são dez os temas que merecem mais o enfoque dos investidores, tendo como principais pontos a política dos bancos centrais, eventos eleitorais, para além da guerra comercial e as sanções ao Irão.

1. Negociações sobre o comércio global

A disputa sobre o comércio global é o principal tema que deve merecer a atenção dos investidores, de acordo com a Schroders. “Prolongada” e “persistente” foram as palavras escolhidas pela equipa de economistas do banco de investimento para classificar a forma como antecipa que irá decorrer a disputa comercial que tem como principais protagonistas os EUA e a China.

Depois de Washington ter implementado tarifas de 50 mil milhões de dólares às importações chinesas que foram correspondidas em igual medida por Pequim, novas tarifas estão já na calha por parte da maior economia do mundo que deverão ser retaliadas em igual medida pela economia asiática.

Esta espécie de “jogo do gato e do rato” promete assim continuar a merecer a atenção dos investidores a nível mundial na fase final do ano, segundo a Schroders.

2. Conversações no Brexit

Em julho, o Reino Unido publicou o documento que delineia os planos de saída da União Europeia. Desde então, começaram a ser delineadas as medidas necessárias para fazer face a um possível Brexit sem acordo. Já os líderes da União Europeia (UE) devem reunir-se a 20 de setembro para discutir o Brexit, sendo esperado ainda que a cimeira formal da UE que decorre a 17 e 18 de outubro seja o prazo para um acordo de retirada. Mas há outras datas no calendário do último trimestre deste ano que poderão ditar um desfecho nas negociações. A Schroders explica que apesar de a UE ter indicado novembro como a última ocasião para haver acordo, outros responsáveis do bloco preveem ainda 13 e 14 de dezembro como as datas finais para se obter luz verde.

"Permanece assim muita incerteza, portanto, sobre o timing e a natureza de qualquer acordo final, ou mesmo se um acordo será alcançado.”

Schroders

Permanece assim muita incerteza, portanto, sobre o timing e a natureza de qualquer acordo final, ou mesmo se um acordo será alcançado“, salienta assim a casa de investimento.

3. Política da Fed

O movimento de subida de juros na maior economia do mundo deverá merecer a atenção dos investidores até ao final do ano, antecipa a Schroders. Após as subidas de março e de junho, o mercado antecipa dois novos aumentos ainda este ano de 25 pontos base (0,25%), neste mês de setembro e em dezembro. Para o próximo ano, a Schroders prevê que a Reserva Federal aumentará as taxas de juros dos EUA em mais duas ocasiões ao longo do primeiro semestre de 2019, chegando a um patamar de 3%.

4. Eleições no partido do Governo no Japão

Nos últimos três meses do ano o calendário eleitoral é preenchido em alguns países. É o caso do Japão, onde decorrem em setembro eleições no Partido Liberal Democrata, presentemente no poder. O primeiro-ministro, Shinzo Abe, já confirmou que se vai recandidatar à liderança do PLD, e caso vença será o chefe de Governo há mais tempo no poder, uma vez que entraria no seu terceiro mandato. “Espera-se que ele derrote confortavelmente seu único opositor, o ex-ministro da Defesa Shigeru Ishiba“, antecipa a Schroders.

5. Novo Orçamento em Itália

As atenções de muitos investidores estão centradas naquelas que serão as propostas orçamentais em Itália. A Schroders considera que o mais esperado será “um pequeno estímulo” orçamental, salientando que caso fossem incluídos “planos de gastos mas arrojados, isso provavelmente desencadearia uma disputa com a União Europeia”, tendo em conta o elevado nível da dívida pública italiana — mais de 130% do PIB, a segunda mais elevada a nível europeu a seguir à Grécia. A questão que se impõe é qual será a via escolhida que promete ter um impacto diferenciado sobre os mercados.

6. Eleições gerais no Brasil

Os últimos anos não têm sido particularmente fáceis no Brasil. A braços com uma crise económica, o país da América do Sul já passou pelo impeachment de Dilma Rousseff em 2016, enquanto o atual presidente, Michel Temer, vive sob a sombra das alegações de corrupção. Essas suspeitas arrasaram a sua popularidade e por isso optou por não se recandidatar ao cargo. As eleições gerais realizam-se a 7 de outubro.

A incerteza é, aliás, das poucas coisas certas neste evento eleitoral que tem sido marcado por avanços e recuos dos tribunais relativamente a um aval à candidatura de Lula da Silva à presidência do Brasil. Os mais recentes desenvolvimentos negam-lhe essa possibilidade. Perante este cenário, o candidato de direita Jair Bolsonaro está em vantagem, na primeira volta. Mas, na segunda, a sondagem do Instituto Ibope divulgada pelo Estado de São Paulo e Globo, Bolsonaro perderia para todos os candidatos de esquerda, exceto para o PT.

Segundo a Schroders, Geraldo Alckmin, do Partido da Social Democracia Brasileira, é o candidato mais favorável aos mercados. “Ele está atrasado nas últimas sondagens, mas espera-se que beneficie de uma maior distribuição de tempo na televisão e na rádio à medida que a campanha comece”, acreditam os analistas do banco de investimento.

7. Novo ciclo de sanções ao Irão

Muito se tem falado das sanções dos EUA ao Irão, tema que a Schroders considera que deve merecer atenção dos investidores ao longo do último trimestre do ano. Após o avanço da primeira ronda de sanções que entraram em vigor a 6 de agosto, a Administração de Donald Trump pretende aplicar a partir de 4 de novembro outro conjunto de imposições ao Irão.

"Embora muitos outros fatores permaneçam uma incerteza, incluindo desenvolvimentos geopolíticos mais amplos, o impacto dessas medidas sugere algum suporte para o preço do petróleo.”

Schroders

Estão incluídas a proibição de transações com petróleo com a empresa petrolífera nacional, entre outras. Mas as sanções também serão reimpostas nas operações portuárias e no setor de transporte marítimo. É de antecipar que esse tipo de medidas acabe por refletir-se nas cotações do petróleo. “Embora muitos outros fatores permaneçam uma incerteza, incluindo desenvolvimentos geopolíticos mais amplos, o impacto dessas medidas sugere algum suporte para o preço do petróleo”, acredita a Schroders.

8. Eleições intercalares nos EUA

Em novembro, os eleitores norte-americanos regressam às urnas para as eleições intercalares. Este evento deve merecer a atenção dos investidores já que será o primeiro teste ao eleitorado desde a eleição de Donald Trump para a presidência dos EUA em novembro de 2016. Nestas eleições vão a votos 435 assentos na Casa de Representantes e 34 dos 100 assentos do Senado. Atualmente, os republicanos têm maioria em ambas as câmaras, mas a Schroders lembra que, historicamente, as eleições intercalares nos EUA têm sido negativas para o partido do Presidente em exercício. Mas salienta também que a tarefa não é fácil para os democratas, especialmente no Senado.

9. Política do BCE

A 13 de setembro, 25 de outubro e 13 de dezembro, decorrem as últimas três reuniões do ano de política monetária do Banco Central Europeu (BCE). Mario Draghi já revelou a intenção de dar como terminado o programa de quantitative easing em dezembro deste ano. Mas, o governador do banco central europeu também já deu a indicação de que, não havendo grandes alterações no quadro económico, as taxas de juro da Zona Euro irão manter-se nos atuais mínimos históricos até ao final do terceiro trimestre do próximo ano.

10. Política do Banco do Japão

Devido à inflação mais baixa do que o esperado, recentemente, o Banco do Japão fez alguns pequenos ajustes na sua política, indo em contramão face à anterior especulação de que poderia retirar algumas das suas medidas de estímulo. A instituição liderada por Haruhiko Kuroda adiantou ainda que a atual política de juros baixos é para manter por “um período prolongado de tempo”, o que segundo a Schroders significa não se deve esperar nenhuma mudança na política, nos próximos meses. As três reuniões de política monetária do Banco do Japão agendadas para o último trimestre do ano irão dar uma resposta definitiva.

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ECO24 está de regresso à TVI24. Daniel Traça é convidado de hoje

  • ECO
  • 6 Setembro 2018

O programa de entrevista aos principais decisores económicos e políticos está de regresso ao emissor da TVI24. Esta quinta-feira, Daniel Traça, dean da Nova SBE, vai falar sobre o novo campus.

O programa de economia ECO24 regressa esta quinta-feira ao emissor da estação de Queluz de Baixo.Paula Nunes/ECO

A TVI24 volta a emitir o ECO24 a partir desta quinta-feira. É o regresso do programa televisivo onde se entrevistam aos decisores económicos e políticos que estão a marcar a atualidade nacional e internacional, numa parceria entre o ECO e a TVI24. O formato é apresentado por Pedro Pinto (subdiretor da TVI24) e António Costa (publisher do ECO). Volta a ser emitido semanalmente pela estação de Queluz de Baixo, contando ainda com os conteúdos publicados aqui no jornal após a transmissão do programa.

Pelas 23h00 desta quinta-feira, acompanhe a conversa dos dois jornalistas com o convidado Daniel Traça, dean da Nova School of Business and Economics (Nova SBE). A universidade prepara-se para inaugurar um novo campus no final deste mês, que resultou de um investimento de cerca de 50 milhões de euros. Está localizado em Carcavelos e a ideia é expandir a formação dos alunos desde a sala de aula até ao novo espaço, onde também vão marcar presença empresas e startups portuguesas e estrangeiras.

A Nova SBE pretende, desta forma, apresentar um novo conceito de “universidade do futuro”, contando com o campus de Carcavelos e com mudanças no paradigma educativo para atrair mais alunos e docentes estrangeiros. “Queremos que seja uma escola diferente. Muito virada para o que é o futuro, muito virada para estes jovens, que são portugueses, que são europeus, que são globais”, refere o dean da Nova SBE na entrevista a ser emitida esta quinta-feira.

Daniel Traça aborda o projeto e todas as intenções por detrás do novo campus, assim como outros assuntos relacionados com a economia portuguesa em geral.

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A tarde num minuto

Não teve tempo de ler as notícias esta tarde? Fizemos um best of das mais relevantes para que fique a par de tudo o que se passou, num minuto.

O banco liderado por António Ramalho deu início ao processo de venda uma grande carteira de crédito em incumprimento. O valor total ascende a 1,75 mil milhões de euros. No último trimestre do ano, os bancos não podem cobrar mais de 15,3% em juros nos cartões de crédito. Trata-se de um novo mínimo desde 2010.

O Novo Banco está no mercado a vender malparado. A instituição liderada por António Ramalho deu início ao processo de venda de uma carteira de ativos em incumprimento avaliada em 1,75 mil milhões de euros, de acordo com fontes citadas pela Debtwire. Os interessados vão poder colocar ofertas em outubro.

A taxa de juro que os bancos podem exigir nos cartões de crédito sofreu um novo corte. O novo teto foi fixado pelo Banco de Portugal nos 15,3%, taxa de juro que se aplica no quarto trimestre deste ano, e que é a mais baixa em termos históricos. No terceiro trimestre o limite estava nos 15,7%.

A receita do imposto especial para o jogo online já chegou, no primeiro semestre, ao que era esperado arrecadar em todo o ano de 2018, revela esta quinta-feira o relatório do Conselho das Finanças Públicas (CFP) sobre as contas da Segurança Social.

A Autoridade Nacional de Comunicações (Anacom) recebeu 101,1 mil reclamações em 2017, mais 16,6% do que no ano anterior, tanto no setor das telecomunicações como no serviço postal, segundo a informação divulgada esta quinta-feira.

A Nowo chega finalmente a todo o país. A empresa portuguesa de telecomunicações lançou um serviço IPTV, onde os clientes só precisam de ter ligação à internet para aceder aos conteúdos, independentemente da rede da operadora.

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Tem filhos com Instagram? A rede social oferece-lhe um guia sobre utilização segura

O objetivo é que as crianças tenham uma experiência positiva ao usar a rede social e que os pais façam parte desse processo, ensinando-as a utilizarem o Instagram com responsabilidade.

O Instagram já conta com mais de mil milhões de utilizadores, anunciados no passado mês de junho, e entre eles há cada vez mais crianças. Foi precisamente a pensar nas dores de cabeça que isso pode causar aos pais, preocupados com a exposição dos seus filhos nas redes socais, que o Instagram decidiu criar um guia de segurança.

O objetivo é que os mais pequenos tenham uma experiência positiva nesta rede social e que os pais façam parte desse processo, ensinando-os a usar o Instagram com responsabilidade.

De acordo com o Engadget (acesso livrre, conteúdo em inglês), o guia é, principalmente, dirigido aos pais que não estão assim tão familiarizados com o Instagram e são três os principais temas que o documento aborda: privacidade, comentários e tempo gasto na rede social. Quanto à privacidade, o guia explica quais as consequências de ter uma conta de Instagram pública e como é possível alterar as definições de privacidade.

Sobre os comentários, atualmente é possível escolher grupos específicos de utilizadores que podem comentar as publicações. Para os pais menos tecnológicos, o guia vai ensinar também a remover comentários, bloquear pessoas e relatar comentários abusivos.

Finalmente, o guia aborda também as novas ferramentas que mostram o tempo gasto na app. Recentemente, a rede social cujo proprietário é o Facebook Inc. lançou uma ferramenta que também pretende incentivar uma utilização consciente das redes sociais. A nova funcionalidade mostra aos usuários o tempo gasto a navegar na rede e tem uma nova opção para silenciar notificações.

É possível obter uma média de tempo gasto no Instagram, com detalhes da semana anterior, e podem também ser definidos lembretes que avisam quando passar um determinado limite de tempo que tenha sido predefinido.

Se os termos que os seus filhos usam são para si completamente desconhecidos, pode recorrer também ao glossário que o Instagram preparou. Feed, IGTC, histórias, comentário, like, tudo está explicado nesta espécie de dicionário de miúdos para graúdos.

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E-toupeira: Defesa da SAD do Benfica diz que acusação assenta em “deduções genéricas”

  • Lusa
  • 6 Setembro 2018

A SAD do Benfica considera que a acusação do processo 'e-toupeira' não apresenta provas concretas sobre os crimes imputados, baseando-se num conjunto de deduções, sem provas claras e inequívocas.

A defesa da SAD do Benfica sustenta que a acusação do processo ‘e-toupeira’ não apresenta qualquer facto ou prova concreta sobre os crimes imputados, baseando-se num conjunto de deduções genéricas sem elementos de prova claros e inequívocos.

“Inexiste qualquer facto, circunstância de tempo, lugar e modo, bem como prova concreta, que fixem uma qualquer conexão entre os factos imputados a qualquer dos arguidos, sejam os funcionários judiciais e o Dr. Paulo Gonçalves e o Conselho de Administração da SAD do SLB [Sport Lisboa e Benfica], bem como em que momento, circunstância, de que forma e que uso foi dado por um qualquer elemento da SAD à informação que supostamente teria tido acesso”, disse esta quarta-feira à agência Lusa fonte da defesa da SAD do Benfica.

O Ministério Público (MP) acusou a SAD (Sociedade Anónima Desportiva) do Benfica de um crime de corrupção ativa, de um crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem e de vinte e oito crimes de falsidade informática.

A mesma fonte diz que na acusação se reconhece que os diretores de primeira linha do clube “estão tacitamente autorizados a pedir bilhetes e oferta de produtos de merchandising, sem necessidade de prévia autorização e registo por parte do presidente da SAD”, Luís Filipe Vieira.

Para fundamentar a corrupção ativa, a defesa da SAD explica que o MP concluiu, “por mera dedução, que as eventuais ofertas feitas a arguidos seriam com conhecimento e autorização da SAD e como contrapartida sobre informações, que em nenhum momento se consegue provar de que modo e em que circunstâncias a SAD teria acesso” a essas informações.

A acusação considera que o presidente da Benfica SAD, Luís Filipe Vieira, teve conhecimento e autorizou a entrega de benefícios a dois funcionários judiciais, por parte do assessor jurídico do clube, Paulo Gonçalves.

A defesa da SAD do Benfica sublinha que em nenhum momento se prova que Luís Filipe Vieira tivesse conhecimento de tais factos, explicando que Paulo Gonçalves enviava a listagem de convites para os jogos à funcionária responsável, com conhecimento do presidente do Benfica.

“Limitando-se a acusação a relatar que numa das vezes vinha incluído o nome de um dos funcionários judiciais e que o presidente teria respondido com um ‘OK’ a essa listagem genérica. Perante centenas, senão milhares de emails enviados com os mais diversos nomes de convidados, imputar ao presidente do SLB e à SAD o conhecimento por esta circunstância de um eventual ato de corrupção, é absolutamente chocante e demonstra a fragilidade e falta de sustentabilidade desta concreta acusação”, entende a fonte da defesa da Benfica SAD.

Quanto ao crime de oferta ou recebimento indevido de vantagem imputado à SAD benfiquista (através da alegada obtenção de informações dos dois funcionários judiciais), “sem provar em que momento, circunstância, qual o uso e vantagem adviria dela, é inaceitável e incompreensível” acusa a fonte da defesa do clube, acrescentando que, “interpretar daí que surgiriam ganhos para a competições desportivas mais incompreensível ainda é”.

Em relação aos 28 crimes de falsidade informática em concurso aparente com os funcionários judiciais, estes “carecem também de qualquer elemento probatório concreto que o prove”.

“Quem, onde em que circunstâncias alguém da SAD teria conhecimento dessa prática. Não deixando de ser no mínimo caricato, ver a instituição que foi a maior vítima em Portugal do roubo e divulgação de sua correspondência privada, ver-se agora acusada sobre um conjunto de situações em que nenhum nexo concreto é provado de em que circunstâncias e como a SAD do SLB teria conhecimento de tais atos”, salientou a fonte da SAD do Benfica.

As medidas acessórias propostas pelo Ministério Público de eventual suspensão de 6 meses a 3 anos da participação do Benfica em competições oficiais, são, segundo a mesma fonte, “todas infundadas, desproporcionais e carecem de devido fundamento e enquadramento legal, dando a esta acusação um sentido persecutório difícil de se aceitar e entender”.

A fonte da defesa da SAD benfiquista concluiu que, “por esse conjunto de questões, foi de todo impossível ao Ministério Público constituir arguido o presidente ou qualquer administrador da SAD, pelo simples facto de não existir nenhuma prova ou elemento concreto que o sustentasse”.

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Brasil: Agosto com a menor taxa de inflação dos últimos 20 anos

  • Lusa
  • 6 Setembro 2018

A taxa de inflação oficial da economia brasileira caiu 0,09% em agosto, a primeira deflação (inverso à inflação) desde 1998.

A taxa de inflação oficial da economia brasileira, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), caiu 0,09% em agosto, a menor taxa registada num mês de agosto e a primeira deflação (inverso à inflação) desde 1998.

Os dados foram divulgados esta quinta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), após uma subida de 0,33% no mês de julho. Segundo dados revelados pelo jornal O Estado de São Paulo, os principais setores a sentirem o resultado da inflação do mês passado foram os grupos da alimentação e bebidas, com queda de 0,34%, e os transportes, que recuaram 1,22%.

A deflação foi maior do que as estimativas previstas pelos analistas, que antecipavam um intervalo entre uma queda de 0,06% a alta de 0,10% para o indicador. A inflação acumulada em 12 meses soma 4,19%, um valor inferior à meta estipulada pelo Governo para 2018, de 4,50%. A queda no IPCA no mês de agosto não é normal dentro da série histórica do indicador, observou Fernando Gonçalves, gerente na Coordenação de Índices de Preços do IBGE.

Agosto não é mês de deflação. A deflação parece pontual. Teve a queda em passagens aéreas. Mas pode ser também um realinhamento de preços, por conta da paralisação (dos camionistas)” avaliou Gonçalves, recordando igualmente a queda nos combustíveis. Segundo o gerente Fernando Gonçalves, o endividamento das famílias ainda é elevado, e o alto nível de desemprego deixa os consumidores receosos para saírem às compras. “Então as famílias têm receio de comprometer a sua renda”, explicou.

O grupo da alimentação e bebidas, que responde a 25% das despesas das famílias, passou de uma contribuição de -0,03 pontos percentuais sobre o IPCA de julho para um impacto de -0,08 pontos percentuais para a inflação de agosto. Os preços dos alimentos para consumo no domicílio caíram 0,72% em agosto, após já terem recuado 0,59% em julho.

Os transportes deram “tréguas” ao orçamento das famílias brasileiras em agosto. Os preços recuaram 1,22%, após o avanço de 0,49% em julho, segundo o IPCA. O grupo deu a maior contribuição negativa para o IPCA do mês, com -0,23 pontos percentuais. Já as passagens aéreas saíram de uma alta de 44,51%, em julho, para uma queda de 26,12% em agosto, o item de maior impacto negativo sobre a inflação do último mês, o equivalente a uma contribuição de -0,11 pontos percentuais.

A inflação de bens e serviços controlados pelo Governo subiu 0,12%, a mais baixa desde junho de 2017, quando houve deflação de 0,83%. O movimento deveu-se ao baixo aumento da energia elétrica e à queda nos preços dos combustíveis, de acordo com o jornal “o Estado de São Paulo”.

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Pedrógão Grande: Comissão Técnica do Revita analisa processos de casas na sexta-feira

  • Lusa
  • 6 Setembro 2018

Face às suspeitas de irregularidades na reconstrução de habitações afetadas pelo incêndio do ano passado, o presidente da Câmara de Pedrógão Grande convocou a Comissão Técnica do Revita.

O presidente da Câmara de Pedrógão Grande convocou para sexta-feira a Comissão Técnica do Revita, face às suspeitas de irregularidades na reconstrução de habitações afetadas pelo incêndio de 2017.

A Comissão Técnica do Revita, órgão gestor dos fundos de apoio à reconstrução das casas afetadas pelo grande incêndio de junho de 2017, vai reunir-se na sexta-feira, às 14h30, nas instalações da Associação Pinhais do Zêzere, informou esta quinta-feira a Câmara de Pedrógão Grande, em nota de imprensa enviada à agência Lusa.

A convocatória da comissão técnica “surge na sequência de notícias várias apontando suspeita de irregularidades em processos concernentes à reconstrução de algumas habitações”, fundamenta o município, cujo presidente representa os autarcas dos concelhos afetados no Conselho de Gestão do fundo Revita (onde também têm assento o Instituto de Segurança Social e um representante das instituições de solidariedade social e corporações de bombeiros).

A comissão técnica do Revita integra elementos designados pelos presidentes das câmaras municipais de Castanheira de Pera, Figueiró dos Vinhos e Pedrógão Grande, elementos da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC) e elementos da Unidade de Missão para a Valorização do Interior.

Em causa está o inquérito aberto em julho pelo Ministério Público para investigar irregularidades na reconstrução de casas afetadas pelo incêndio, após reportagem da revista Visão.

A 30 de agosto, a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa, disse aos jornalistas que já foram remetidos ao Ministério Público 21 processos no âmbito de alegadas irregularidades na reconstrução de habitações.

De acordo com as reportagens da Visão e, posteriormente, da TVI, há casas que terão sido classificadas como de primeira habitação quando eram de segunda habitação ou estavam simplesmente abandonadas e degradadas.

O incêndio que deflagrou em junho de 2017 em Pedrógão Grande, no distrito de Leiria, e alastrou a concelhos vizinhos, provocou 66 mortos e mais de 250 feridos, sete dos quais graves, e destruiu meio milhar de casas, 261 das quais habitações permanentes, e 50 empresas.

O Fundo Revita, criado pelo Governo para apoiar as populações e a revitalização das áreas afetadas pelos incêndios de junho de 2017, recebeu o contributo de 61 entidades, com donativos em dinheiro, em bens e em prestação de serviços.

Os donativos em dinheiro rondam os 4,4 milhões de euros, a que se juntam 2,5 milhões de euros disponibilizados pelo Ministério da Solidariedade e da Segurança Social, apurou o relatório do Fundo Revita.

De acordo com os últimos dados do Fundo Revita, estão concluídos os trabalhos de reconstrução de 160 das 261 casas de primeira habitação afetadas pelos incêndios de junho de 2017, encontrando-se ainda em obras 101 habitações.

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