CBRE Proptech Challenge: Entre as melhores startups de imobiliário, três são portuguesas
Foram 180 as proptech que acreditaram ter as melhores ideias para o setor imobiliário. Mas só duas ganharam. Entre as finalistas, há três portuguesas: Spott, Infraspeak e Alfredo.
A CBRE foi à procura das melhores proptech e, para isso, lançou o CBRE Proptech Challenge, criado com a missão de encontrar as startups com as melhores ideias para o setor imobiliário. Disponível tinha um prémio de 30 mil euros, que acabou por ir para os bolsos da UDE e da LoLoLO, duas startups espanholas. Mas, entre as dez finalistas, estão três portuguesas: a Spott, a Infraspeak e a Alfredo, que se afirmam “vencedoras” pela visibilidade e parcerias que conseguiram através deste desafio.
Se antes as estrelas eram as startups em geral, neste mundo quem brilha são as Proptech (Property Technology ou Real Estate Technology), startups na área do imobiliário que juntam uma componente tecnológica ao seu modelo de negócio. Aparecem cada vez em maior número, numa altura em que o setor está a atravessar um momento quente. Para muitas grandes empresas são encaradas como soluções disruptivas.
Para esta 2.ª Edição do Proptech Challenge, a consultora CBRE tinha um prémio de 30 mil euros que será distribuído por dois projetos: a melhor startup de impacto e a melhor ideia disruptiva. No primeiro caso, a vencedora foi a UDE (Urban Data Eye), fundada por Rodrigo Delso, Lago Romero e Javier Argota, que desenvolveu um software que permite localizar pessoas, veículos, bicicletas, etc., em qualquer espaço, através da Inteligência Artificial (IA). Uma solução que pode ser aplicada em centros comerciais, escritórios, hotéis e noutro tipo de edifícios, que mereceu um prémio de 20 mil euros.
Já a melhor ideia disruptiva foi pensada pela LoLoLo, que recebeu um prémio de dez mil euros. A ideia da startup fundada pelo arquiteto e designer gráfico Álvaro Cosido permite comparar online, de forma rápida e precisa, imóveis com base em dados de público, tráfego e visibilidade, em vez dos normais metros quadrados e preço. Com este prémio e a participação neste concurso, os fundadores esperam conseguir desenvolver uma versão beta desta tecnologia nos próximos meses.
“Ganhámos mais notoriedade junto de várias empresas”
Num universo de 180 candidaturas, com mais de 320 participantes, foram selecionados dez finalistas. E aqui, destacou-se o talento nacional, com três projetos selecionados. A representar o país em Madrid esteve a Infraspeak, fundada em 2015 por Felipe Ávila da Costa e Luís Martins. O objetivo desta empresa é facilitar o trabalho dos gestores e dos técnicos. “Desenvolvemos uma plataforma de gestão de infraestruturas e manutenção, que ajuda técnicos de assistência e gestores de manutenção a gerir melhor a operação”, explica ao ECO Rui Santos Couto, head of growth. Na prática, trata-se de um software que permite saber as avarias que acontecem nos edifícios e reportá-las às pessoas certas.
“Se entrarmos num edifício sem Infraspeak, vemos salas de equipas de manutenção cheias de quadros com tickets e coisas por resolver. É uma tarefa muito difícil de gerir e por isso é que a Infraspeak é escolhida pelos nossos clientes”, continua. A entrada no Proptech Challenge aconteceu porque à empresa “faltava atenção e tempo de antena”. “Por causa do concurso ganhámos mais notoriedade junto de várias empresas que olham para nós como uma oportunidade e solução”. Para Rui Couto, este tipo de iniciativa é “bastante positiva” porque “são instrumentos que, normalmente, empresas grandes como a CBRE utilizam para saber mais sobre o que se passa no setor”, explica.
Mesmo não tendo ganho, a Infraspeak ficou nos finalistas e considera isso uma vitória. “O prémio foi um projeto em parceria com a CBRE mas isso já tinha sido atingido. A atenção já tinha sido dada ao longo do processo e estávamos a conversar com os diretores da CBRE Portugal e Espanha. Por isso, para nós, já tinha valido a pena, independentemente do resultado final“, justificou ao ECO.
E as novidades não ficam por aqui para esta proptech, que tem levado taças noutros países da Europa, nomeadamente Espanha. Recentemente foi uma das 15 finalistas do Rising Startup Spain, que vai permitir a entrada no mercado espanhol, com a abertura de novos escritórios e a contratação de mais talentos, uma área que diz ser fundamental para crescer. “Todo este caminho que temos feito vive muito das pessoas, do talento e da cultura que temos sido capazes de criar. Hoje toda a gente reconhece que somos uma excelente empresa para trabalhar e que vivemos desses talentos. Por isso tudo o que acontecer no futuro depende das pessoas que cá estão e das que estamos a trazer”, concluiu Rui Couto.
“Nós damos o poder para as mãos do consumidor”
Nascida na Bélgica mas com veia portuguesa, a Spott é uma startup fundada em 2015 por Michel De Wachter e Jonas De Cooman. Em território nacional está sob a responsabilidade de Abdul Ibrahim, que contou ao ECO como tudo funciona: “Criámos um software que permite que conteúdos que estamos a visualizar em vídeo ou fotos se tornem mais interativos. Se estiver a ver um vídeo ou uma foto, ao clicar sobre o conteúdo vou ter mais informação”. Embora estejam mais ligada à moda ou programas televisivos, a Spott foi também uma das dez selecionadas. “Não estávamos à espera que fossem aceitar a nossa tecnologia que não está tão virada para o real estate”, confessa.
Mas, na prática, como é que isso se aplica ao imobiliário? “Queremos que os clientes da CBRE possam, ao ler o report sobre imobiliário, transformá-lo num report digital, em que possam ler mais sobre determinada área, o valor de mercado de um imóvel que aparece numa foto, um vídeo promocional sobre diferentes áreas, etc.. O report não vai ser só mais uma folha de estudo, mas vai permitir ao cliente descobrir mais sobre o que lá está“. Em termos práticos, se visualizar um edifício no Marquês de Pombal, a ferramenta vai poder identificar a zona e dar mais informação sobre o imóvel.
Abdul, general manager para Portugal, confessa que a área do imobiliário era “completamente desconhecida” para a Spott, mas decidiram aceitar o desafio e acreditam que podem dar muito valor a esta indústria. “Adaptamo-nos a qualquer indústria. Somos uma tecnologia 360 graus”, diz.
Atualmente, contam com parcerias como a Microsoft, Ikea e, em breve, vão anunciar mais. “Temos parcerias com vários publishers em Portugal e vamos com a Meo e o Sapo”, revela o responsável, explicando que, por exemplo, as pessoas poderão ver uma novela ou um episódio de culinária e podem saber mais sobre a roupa dos atores ou as receitas. “O consumidor está farto da publicidade no modo tradicional, e nós damos o poder para as mãos do consumidor”.
Com esta vitória no Proptech Challenge, somada a uma recente ronda de investimento de 7,5 milhões de euros, a Spott pretende continuar a crescer e a mostrar a tecnologia de que tanto se orgulha. “Vamos entrar ainda este ano em novos mercados. Já estamos nos Estados Unidos e no Brasil, mas o nosso propósito é consolidar todo o mercado europeu“, rematou.
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