“Relações com Portugal estão no topo da montanha”, diz o Presidente angolano
Na véspera da chegada de Marcelo a Angola, João Lourenço garante que as relações entre os dois países estão no auge. O Chefe de Estado angolano garante que o caso Manuel Vicente não deixou marcas.
“Neste preciso momento as relações entre Portugal e Angola estão no pico da montanha”, garante o Presidente angolano, em entrevista à RTP, transmitida um dia antes da chegada do Chefe de Estado português a Luanda. O responsável defende que é necessário continuar a trabalhar para, mais do que manter o atual nível, “subir ainda mais” e garante que o caso Manuel Vicente não deixou marcas entre os dois países.
“Temos o dever de continuar a trabalhar não para manter este nível de relações, mas se possível subir ainda mais”, disse João Lourenço.
A chegada de Marcelo na véspera do aniversário do Chefe de Estado angolano, João Lourenço, não é um acaso, porque “na política não há acasos”, reconhece. Além disso, “em política, além das relações institucionais, as relações pessoais ajudam” e foi nesse quadro que surgiu o convite a Marcelo Rebelo de Sousa, explicou João Lourenço. As relações pessoais entre os dois Chefes de Estado são boas, “apesar da diferença de idades”, ambos procuram “cultivá-las cada vez mais”.
Marcelo Rebelo de Sousa chega a Luanda esta terça-feira para uma visita de quatro dias a Angola, onde irá estar na capital e nas províncias de Benguela e Huíla. O Chefe de Estado português regressa dois anos depois a um país que deverá registar um crescimento económico, depois das recessões de 2,6% em 2016 e 0,1% em 2017. Marcelo esteve presente na tomada de posse de João Lourenço em 2017.
Quanto ao episódio Manuel Vicente, “o irritante”, João Lourenço sublinhou apenas que “perante um incumprimento de um acordo entre os dois Estados que se querem bem”, houve a “necessidade de uma das partes lembra a outra de que o acordo precisava ser cumprido”. “Foi um momento difícil que passou rapidamente e não deixou sequelas”, garantiu o Chefe de Estado angolano.
[O caso Manuel Vicente] foi um momento difícil que passou rapidamente e não deixou sequelas.
Mas, a existência deste caso terá levado o Chefe de Estado angolano a não mencionar Portugal no seu discurso apesar de Marcelo Rebelo de Sousa estar sentado na plateia. João Lourenço rejeita que a omissão tenha sido intencional e sublinha que não referiu Portugal, tal como não referiu todos os países presentes, embora “Portugal tenha sido um dos poucos países europeus presentes”, reconheceu. “A omissão não foi intencional”, assegura.
E num vislumbre dos seus planos futuros — assumindo que será candidato às próximas eleições presidenciais — prometeu “uma boa surpresa” relativamente ao que dirá sobre Portugal. “Numa ocasião futura, dentro de três anos quando houver eleições, não adiantarei o que direi sobre Portugal, mas será, com certeza, uma boa surpresa”, garantiu.
O mandato de João Lourenço está também a ser marcado pela luta contra a corrupção. Uma prioridade definida pelo seu partido, o MPLA, durante a campanha eleitoral. “Não foi por mero acaso”, garante. “Concluiu-se que os níveis de corrupção tinha atingido níveis insustentáveis, sob pena de afugentar o investimento direto estrangeiro que é essencial para o desenvolvimento do nosso país”, explicou o Chefe de Estado angolano, acrescentando que não está sozinho nesta luta e por isso se sente estimulado “a continuar a luta” contra aquilo a que já chamou de “vespeiro”.
Creio ter nervos de aço suficientemente fortes para levar este combate até ao fim.
“Devemos ser honestos em dizer que esta luta carece de muita coragem e a perda de muitas noites. Creio ter nervos de aço suficientemente fortes para levar este combate até ao fim”, sublinhou, acrescentando que “será uma questão de tempo para que esta batalha” seja vitoriosa.
O Chefe de Estado não sacudiu responsabilidades passadas na situação a que o país chegou em termos de corrupção. Questionado sobre se foi surpreendido pelo nível de corrupção admitiu: “Sou parte do sistema. Cresci no MPLA e muito antes de vir cá parar acompanhei tudo o que foi sendo feito. Não foi uma surpresa”, garantiu.
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