Em 70% das casas o preço mudou. Mas foi uma revisão em baixa
70% das casas que mudaram de preço foi para baixo, sobretudo no caso das habitações em segunda mão. Os proprietários não estão a conseguir vender à velocidade e ao preço que queriam.
Os preços na habitação, sobretudo nas casas em segunda mão, estão a ajustar-se, com 70% dos proprietários que alteraram o valor das casas a decidir reduzi-lo, adianta Pedro Lencastre, diretor-geral da consultora imobiliária JLL.
Em entrevista à agência Lusa, o responsável refere que “está a haver uma suavização do aumento dos preços, já não têm continuado a subir nas casas novas. E nas casas em segunda mão até se sente um acerto nos valores, que estão a descer”, refere.
O responsável diz que, nos últimos meses, “70% das casas que mudaram de preço foi para baixo” sobretudo no caso das habitações em segunda mão. Os proprietários “não estão a conseguir vender à velocidade e ao preço que queriam. Mas quem dita é o mercado, que é quem compra”, avisa Pedro Lencastre.
No ano passado, o mercado do imobiliário comercial atingiu “um recorde absoluto”, com transações de mais de três mil milhões de euros. Este ano poderá atingir os dois mil milhões, uma redução que Pedro Lencastre diz estar relacionada com “duas ou três operações muito grandes de centros comerciais que acontecem de 5 em 5 ou 10 em 10 anos”.
Já na área residencial, o mercado movimentou globalmente 25 mil milhões de euros em 2018, um valor que o diretor-geral da JLL acredita poder voltar a verificar-se este ano.
No segmento dos escritórios, Pedro Lencastre diz que o desafio é ter oferta suficiente para fazer face à procura. “Este ano concretizaram-se para já 23 mil metros quadrados de escritórios, que foram ocupados, o que se traduz num decréscimo de cerca de 45% face ao ano passado”, avançou o responsável.
Para o diretor-geral da JLL, estes dados não significam que haja menos procura: “as pessoas é que estão com mais dificuldade em encontrar os seus espaços. Estamos a sentir que os preços, por isso, estão a subir. E o mesmo acontece nas grandes transações imobiliárias”.
A JLL em Portugal faturou, no primeiro trimestre, perto de 15 milhões de euros, um valor “em linha” com o atingido no mesmo período do ano passado, revela Pedro Lencastre.
A consultora esteve recentemente em visita a alguns países asiáticos, nomeadamente Malásia, Indonésia e Singapura onde, segundo Pedro Lencastre, houve uma “recetividade total” a Portugal.
“Nos últimos 12 meses vendemos casas a 50 nacionalidades diferentes e cada vez vão ser mais. Num dia em Singapura enchemos uma sala com 120 pessoas para ouvirem falar de Portugal. E vendemos 13 casas logo ali”, garantiu.
Pedro Lencastre acredita que “a maioria do capital [a investir] em Portugal é estrangeiro”, ainda que muitas vezes representado “por atores locais”.
Apesar do otimismo, o diretor-geral da JLL alerta para três desafios que podem colocar constrangimentos ao mercado imobiliário nacional nos próximos tempos. “O ‘timing’ de aprovação dos projetos está a levar ao desespero muitos promotores, sobretudo estrangeiros. Demoram muito, por vezes mais de dois anos, e isso é assustador”, garante.
Outro obstáculo é a subida dos preços de construção, visto que “há mais procura do que oferta, o que afeta também os projetos de alguns promotores que têm que aumentar os preços. Quem paga é o consumidor final”, indica Pedro Lencastre.
Uma terceira questão está mais ligada a Lisboa, que é “a saturação do aeroporto que se aplica ao turismo e a tudo o resto”, lamenta.
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