Na hora de dar crédito para a casa, banca cobra 2,2%. Spreads estão em mínimos de 2010
O spread médio cobrado pela banca para dar crédito à habitação encolheu para 2,2% em 2018. Ficou assim em níveis de 2010, aproximando-se dos spreads mínimos dos preçários.
A “guerra” pelo crédito tem levado os bancos a travarem a fundo nos spreads para financiar a compra de casa. A situação é notória este ano, mas é uma tendência que já vem do ano passado. O spread médio observado no crédito à habitação caiu para 2,2% em 2018, revela o Banco de Portugal. Está assim ao nível do verificado em 2010, antes do início da crise em Portugal.
No Boletim Económico de 2018, divulgado nesta quarta-feira, a entidade liderada por Carlos Costa dá conta da diminuição das taxas de juro dos empréstimos aos particulares, destacando nesse âmbito a quebra nos juros do crédito à habitação. Salienta que esta tendência resultou em grande medida da redução dos spreads praticados pelos bancos.
De acordo com o Banco de Portugal, no caso dos empréstimos para a aquisição de casa, o spread médio observado foi de 2,2%, em 2018. Este compara com uma média de 2,8% verificada em 2017. Isto significa que o preço exigido pelos bancos em troca de financiamento para a compra de casa encolheu em um quinto entre 2017 e 2018.
O banco central explica que a diminuição observada nos spreads no caso dos empréstimos para aquisição de habitação “estará relacionada sobretudo com a pressão da concorrência“.
A redução dessa margem de lucro dos bancos acontece num contexto de grande abertura da “torneira do crédito” e de “guerra aberta” entre os bancos no sentido de captarem o máximo de clientes para os seus produtos de financiamento, em resultado da política de juros historicamente baixos do Banco Central Europeu. Em 2018, a banca nacional disponibilizou perto de dez mil milhões de euros em empréstimos para a aquisição de casa, naquele que foi o valor mas elevado desde 2010.
Daí resulta que, no ano passado, o spread médio praticado pelos bancos no financiamento da compra de casa tenha caído para atingir “um valor próximo do observado em 2010”, tal como adianta o Banco de Portugal no documento hoje divulgado.
A entidade liderada por Carlos Costa diz ainda que esta redução “está de acordo com as respostas dadas pelos bancos no Inquérito aos Bancos sobre o Mercado de Crédito, os quais reportaram uma diminuição do spread aplicado tanto nos empréstimos de risco médio como nos de risco elevado“.
Os números do regulador da banca permitem concluir, aliás, a aproximação do spread médio praticado pelos bancos face ao valor mínimo que divulgam nos respetivos preçários.
Atual quadro de spreads mínimos da banca
Fonte: Preçários dos bancos
Considerando o universo dos dez bancos mais representativos do mercado de crédito à habitação nacional — CGD, BCP, Novo Banco, Santander, BPI, Montepio, Crédito Agrícola, Bankinter, EuroBic e Banco CTT — e as margens mínimas publicitadas nos seus preçários em 2018, apontam para um spread mínimo médio de 1,353%, segundo cálculos do ECO. Ou seja, 0,847 pontos percentuais abaixo do valor médio de 2,2% praticado pelos bancos no ano passado.
Fazendo o mesmo tipo de análise, mas para 2017, observa-se um spread mínimo de 1,531%. Ou seja, 1,269% aquém do preço que as instituições financeiras acabaram por praticar, em média, nesse ano (2,8%).
Tendo em conta a recente “chuva” de revisões em baixa de spreads que têm vindo a acontecer este ano é de antever novas descidas dos preços exigidos pelos bancos. Nos quatro primeiros meses de 2019, mais de metade dos bancos cortaram a margem mínima dos spreads que publicitam. Foi o que aconteceu com o BPI, Santander, Crédito Agrícola, Banco Montepio, EuroBic e CGD. Neste momento, os spreads mínimos oferecidos pelos bancos nacionais cabem no intervalo entre 1% e 1,25%.
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