Reservas de ouro do Estado português já valorizaram 2,7 mil milhões este ano
Preços do metal precioso dispararam para máximos de quase sete anos. Investidores procuram refúgio devido às tensões comerciais e à desaceleração económica global, levando as reservas a valorizarem.
As 382,5 toneladas de ouro nos cofres do Banco de Portugal estão cada vez mais valiosas. Os receios nos mercados financeiros (com a guerra comercial e a desaceleração económica global) têm levado os investidores de volta ao metal precioso, cujo valor disparou para máximos de dezembro de 2012. A valorização beneficia quem tem ouro guardado, como é o caso de Portugal.
A 1.121 euros por onça de ouro fino, o montante de ouro detido pelo país estava avaliado, no final de 2018, em 13.786 milhões de euros. Desde então, assistiu-se a uma valorização de quase 20%, para 1.342,65 euros por onça, o que significa que a mesma quantidade está atualmente avaliada em mais de 16.512 milhões de euros.
O ganho de 2.726,43 milhões de euros deve-se à renovada procura pelo metal precioso. O último embate na confiança dos investidores aconteceu com a desvalorização do yuan pela China para contra-atacar os EUA na guerra comercial. No entanto, desde o início do ano que a guerra comercial e os receios com a desaceleração económica têm penalizado o sentimento nos mercados financeiros.
Enquanto os ativos de risco seguem em baixa — com as principais bolsas europeias e norte-americanas próximas de anular os ganhos do ano –, são os ativos refúgio a brilhar. Os juros das dívidas soberanas renovam mínimos, moedas como o franco suíço ou o iene japonês apreciam-se e o ouro brilha cada vez mais.
Quem mais beneficiou desta tendência foram os Estados Unidos, que acumulam mais de oito mil toneladas de ouro e lideram o mercado global. Outros países como Alemanha, Itália, França, Rússia, China ou Suíça também não ficaram a perder, já que as reservas de cada um variam entre as três mil e as mil toneladas. Mesmo não comprando mais há vários anos, Portugal é o 14º maior detentor de ouro do mundo.
Ouro atinge máximos de quase sete anos
Há quase duas décadas que as reservas globais não aumentavam tanto
Os retornos do ouro nos mercados internacionais, desde janeiro, mantêm a tendência que se viveu no ano passado. O metal precioso detido pelo Banco de Portugal valorizou 481 milhões de euros em 2018, isto apesar de o montante não se ter alterado já que o país não pode alterar as reversas devido aos acordos entre os bancos centrais da Zona Euro.
Se a Portugal a compra está vedada, outros bancos têm mostrado forte apetite pelo ativo-refúgio. No segundo trimestre do ano, a procura por ouro subiu 8% face ao período homólogo, o que compara com um aumento da produção global de 6%, de acordo com dados do World Gold Council.
A recuperação do mercado de joalharia na Índia ajudou a impulsionar a procura, mas foram os bancos centrais a destacar-se. Uma série de países, especialmente emergentes, compraram 224,4 toneladas de ouro apenas entre abril e junho. As fortes aquisições no total do semestre (374,1 toneladas) resultaram no maior aumento líquido das reservas de ouro globais em 19 anos. Também os exchange-traded funds (ETF) associados ao ouro cresceram para máximos de seis anos.
Os três fatores, associados à desaceleração no crescimento da produção, não só compensaram a quebra de 12% no investimento em ouro em barra e moedas, como alimentaram o rally nos preços. No segundo semestre, a tendência deverá manter-se já que 54% dos grandes compradores garantiram ao World Gold Council que preveem continuar a reforçar as reservas de ouro.
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