¡Olé! Juro da dívida de Portugal já é igual ao de Espanha
Yields portuguesas a dez anos voltam a atingir o mesmo valor pedido pelos investidores a Espanha.
A diferença entre os juros das dívidas de Portugal e de Espanha desapareceu. Sexta-feira, e pela primeira vez desde a crise, os investidores pediram a mesma taxa pelos títulos dos dois países, o que sinaliza que as dívidas de ambos têm o mesmo risco. E o que há três dias foi apenas um acontecimento momentâneo, assumido por Mário Centeno no final da semana, parece agora uma tendência cada vez mais consistente. O contexto internacional favorável, a par do sentimento positivo em relação às contas públicas portuguesas e a instabilidade política espanhola, causaram esta aproximação.
A taxa de juro associada às obrigações do Tesouro de Portugal e de Espanha fecharam esta segunda-feira, em mercado secundário, nos 0,13%, segundo a agência Bloomberg. Esta é das taxas de juro mais baixas de sempre para Portugal e também o marco histórico de os dois países registarem a mesma yield.
Algo parecido já tinha acontecido na passada sexta-feira, pelas 15h10, quando juros exigidos pelos investidores no mercado secundário para deter dívida portuguesa a 10 anos atingiram um nível mais baixo que os de Espanha, como chegou a revelar o ministro das Finanças, Mário Centeno, em entrevista à RTP ao início dessa noite.
“Hoje, por volta das 15h10 da tarde, a taxa de juro portuguesa a 10 anos no mercado internacional passou pela primeira vez para níveis inferiores à de Espanha. Esta passagem de Portugal a ter custos de financiamento a 10 anos mais baixos, abaixo do de Espanha, é um indicador extraordinário que agora temos que conseguir manter e é um indicador extraordinário que agora temos de conseguir manter e um indicador da credibilidade e da sustentabilidade”, disse Centeno no canal público.
O secretário de Estado Adjunto e das Finanças, Ricardo Mourinho Félix, antecipava, em setembro de 2017, que o rating em grau de investimento pelas principais agências de notação financeira iria estreitar o spread entre Portugal e Espanha. Na altura, o juro de Portugal estava acima de 2% e o diferencial face a Espanha situava-se em 70 pontos base.
A previsão de Mourinho Félix concretizou-se. As revisões em alta aconteceram entre o final de 2017 e outubro do ano seguinte. Desde então, o spread — que mede a diferença entre taxas de juros de dois países — tem vindo a cair e, menos de um ano depois, atingiu o zero.
“A redução dos spreads da dívida portuguesa face a outros países, como a Espanha e a Alemanha, tem sido um movimento gradual e consistente. A política que seguimos, orientada para uma consolidação orçamental amiga do crescimento e do emprego, permitiu a Portugal recuperar a sua credibilidade”, dizia Mourinho Félix, em entrevista ao ECO, em março.
A diminuição do peso da dívida na economia portuguesa, a redução do défice (que poderá transformar-se em excedente orçamental já no próximo ano) e as melhorias na saúde do sistema financeiro têm sido as principais razões apontadas pelas agências de rating para o maior otimismo.
O reforço da confiança, tal como o facto de ter grau de investimento alargar a base de investidores, tem levado a yield das obrigações portuguesas a dez anos a renovarem mínimos históricos, enquanto os títulos em todas as maturidades até aos sete anos negoceiam com juros negativos.
Apesar do mérito nacional, é a conjuntura internacional que tem maior impacto. Por um lado, os estímulos monetários do Banco Central Europeu (BCE), que afundaram os custos de financiamento dos países e não estão próximos do fim. Por outro, os receios com a economia global que têm levado os investidores a procurarem refúgio no mercado obrigacionista.
Se Espanha beneficia igualmente do contexto internacional, é o nacional que não ajuda o país. Depois das eleições legislativas realizadas em abril, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, ainda não conseguiu garantir apoio para governar. Enquanto o impasse político se mantém, a economia de Espanha continua em modo de espera e o cenário de eleições antecipadas ainda não está excluído.
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