Da degustação de café à app que faz a conta final. Fazer as compras no hipermercado vai ser uma “experiência”
O novo conceito das lojas Auchan permite que os clientes degustem vários tipos de café ou que façam as suas compras apenas com o smartphone na mão. O objetivo é melhor a experiência do consumidor.
Fazer as compras semanais para abastecer a despensa já não tem de ser, obrigatoriamente, uma tarefa rotineira e cansativa. Graças à tecnologia e ao foco no cliente, o que a Auchan propõe é que uma ida ao hipermercado seja encarada como uma “experiência”. Dentro das lojas Auchan — antes chamadas Jumbo –, os clientes podem fazer as suas compras apenas com recurso ao smartphone ou podem degustar vários tipos de café.
A marca Auchan tornou oficial, na quinta-feira passada, o desaparecimento das marcas Jumbo e Pão de Açúcar e, com esta alteração, vem um conceito construído “de dentro para fora”, “centrado no cliente, nos parceiros e na comunidade”, afirma Pedro Cid, CEO da Auchan Retail Portugal, num encontro com jornalista para a apresentação do novo Auchan do Alegro de Alfragide, que implicou um investimento de cerca de 7,5 milhões de euros.
Além do nome, muda, também, o conceito do hipermercado. A palavra-chave é, agora, “experiência”. Trata-se de uma “experiência de compra adaptada a cada cliente”, resume Pedro Cid. A experiência passa, desde logo, pela Academia Auchan, onde os clientes vão poder frequentar workshops, sejam eles sobre os vários tipos e origens do café, sobre alimentação saudável ou com o intuito de ensinar a ler rótulos.
“É um projeto que tem dois anos (…) esperamos que dentro de sete ou dez dias a Academia já esteja aberta [para já, no Jumbo de Alfragide]. O objetivo é conseguirmos, não só dar formação às nossas equipas, como fazer workshops com os clientes”, explica o CEO da Auchan Retail Portugal.
Um corredor dedicado à degustação de café
Tendo em conta que o café faz parte, não só da alimentação, como da própria cultura portuguesa, Pedro Cid considera que fazia todo o sentido implementar um espaço dedicado a este mesmo produto. Agora, entre as compras para a despensa ou de aparelhos de tecnologia — na antiga Jumbo Box –, os clientes vão poder, também, parar no corredor dos cafés para fazer um coffee break.
Neste espaço vai ser possível degustar vários tipos de café antes de escolher o eleito que vai parar ao cesto das compras. Já a compra passa a não ser, obrigatoriamente, de uma embalagem específica: comprar cápsulas de café avulso é, também, uma opção.
A oferta de café, privilegiando os produtores locais, alargou e, também, o leque de produtos biológicos e dietéticos cresceu. “Não há nenhum sítio em Portugal que tenha uma maior oferta do que aquela que há no espaço em que estamos [Auchan do Alegro de Alfragide], nem uma relação qualidade-preço melhor”, afirma o CEO da marca em Portugal.
E, por outro lado, “não há muitas empresas em Portugal em que 88% das compras sejam com produtores nacionais”. “Vamos privilegiar o sítio onde estamos inseridos. Num hipermercado no Algarve, vou privilegiar os produtores de lá, não vou comprar a Lisboa ou a França”, acrescenta. O plano para o futuro é que “os produtores possam, também, estar dentro dos hipermercados”, explicando aos clientes mais detalhes sobre cada um dos produtos.
Menos plástico. Menos desperdício
A redução do plástico está, também, nos planos do grupo de retalho francês, que já permite que os consumidores tragam de casa os seus próprios recipientes, evitando, assim, os sacos de plástico ultraleves. Outra opção é comprar os sacos reutilizáveis da marca. A medida vem no seguimento das novas leis que determinam a proibição de distribuição de sacos e cuvetes de plástico para pão, frutas e legumes no comércio.
Já com uma área dedicada às compras a granel, a Auchan aumenta, agora, o leque de produtos, como é o caso dos cogumelos e dos tomates cherry. Uma forma de, segundo o grupo, reduzir o desperdício em casa dos portugueses. Mas, também a loja está empenhada nisso mesmo. “Atualmente, cerca de 90% do nosso desperdício é valorizado”, revela Pedro Cid.
É o caso do desperdício do sumo de laranja para produzir bioetanol, que, em julho, a Auchan anunciou que iria passar a ser uma realidade. A ideia surgiu da equipa da Biotransformers, a vencedora da terceira Maratona 25h Inovação, organizada pelo grupo de retalho.
Caixas de pagamento? Clientes aderem às compras autónomas
Atendendo às tendências que os clientes começam a seguir, a Auchan adicionou mais um meio de pagamento autónomo. Às caixas expresso (de self checkout) — onde é o próprio cliente que regista os produtos e faz o pagamento — e aos aparelhos de scan expresso — que permitem que o consumidor registe os produtos à medida que os coloca no carrinho de compras –, junta-se um meio ainda mais rápido.
Através da aplicação Auchan, o cliente pode selecionar a opção “compras em loja” e fazer o scan dos produtos através do seu smartphone. “Esta opção é ainda mais rápida, uma vez que o cliente não precisa de ir buscar o aparelho [de scan expresso] e de devolvê-lo no final das compras”, refere Solange Farinha, diretora de cliente e de inovação da Auchan Retail Portugal.
“Neste momento, mais de 40% das compras que são efetuadas nas nossas lojas são feitas de forma autónoma. As pessoas preferem os meios autónomos [caixas expresso, scan expresso e app] do que os meios assistidos. Se pensarmos bem, o sítio menos interessante para gastarmos tempo quando vimos às compras é quando estamos à espera para pagar”, diz Solange Farinha, acrescentando que a aplicação já é utilizada por 200 mil clientes.
“A nossa preocupação é libertar, ao máximo, não só o tempo das pessoas, mas também o tempo das nossas equipas. As pessoas que hoje nós ocupamos nas linhas de caixa, se nós as libertarmos e as pusermos ao serviço dos clientes dentro da loja, tenho a certeza que vamos ter clientes mais satisfeitos e vamos vender mais”, acrescenta a diretora de cliente e inovação da marca em Portugal.
Não digo que no futuro os clientes não possam encomendar e recolher as suas compras numa lavandaria ou num restaurante, por exemplo.
Além do ato de pagamento, é possível libertar o tempo dos clientes noutros momentos da compra. Através da loja online, o consumidor pode fazer a sua encomenda no site e recolher os sacos num Auchan ou em determinados pontos de recolha, como é o caso dos cacifos de Alcântara.
Mas as opções que visam “facilitar a vida dos clientes” podem vir a ser ainda mais alargadas. “Não digo que no futuro os clientes não possam encomendar e recolher as compras numa lavandaria ou num restaurante, por exemplo”, avança Pedro Cid.
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