SoftBank resgata WeWork e afasta polémico fundador da empresa
A administração da WeWork aceitou o pacote de resgate do SoftBank, de forma a evitar a falência da startup. Avaliação da empresa cai para oito mil milhões de dólares (há meses, valia 47 mil milhões).
O Conselho de Administração da WeWork aceitou a proposta de resgate financeiro feita pelo SoftBank, o que significa que o grupo japonês vai assumir o controlo da conhecida startup de aluguer de espaços de coworking. A notícia está a ser avançada pelo The Wall Street Journal (acesso pago).
Mediante este acordo, o fundador, Adam Neumann, é afastado do board da WeWork e o SoftBank aceita comprar a maior parte das ações da empresa que são detidas pelo controverso gestor, no valor de cerca de mil milhões de dólares. O grupo japonês também vai comprar ações detidas pelos funcionários da WeWork no valor de cerca de dois mil milhões de dólares.
Esta operação vai cortar a avaliação da WeWork para os oito mil milhões de dólares, poucos meses depois de a empresa ter sido avaliada em 47 mil milhões de dólares. Deverá ser anunciada oficialmente esta terça-feira, ou nos próximos dias, dado que os detalhes do acordo ainda estão a ser fechados.
A WeWork corre o risco de ficar sem capital nas próximas semanas, numa altura em que surgem notícias de que está a adiar alguns despedimentos por não ter liquidez para pagar as devidas indemnizações. O SoftBank já detinha um terço da empresa, fazendo da WeWork um dos piores investimentos da História do grupo japonês, que é liderado por Masayoshi Son.
Ao abrigo deste resgate, o SoftBank aceitou também fazer um empréstimo de 500 milhões de dólares a Adam Neumann com o intuito de ajudar o gestor a pagar a dívida que este contraiu junto do banco JPMorgan. Vai ainda pagar-lhe 185 milhões de dólares em honorários relativos à prestação de serviços de consultoria. Contas feitas, o fundador da empresa, que tem sido apontado como um dos principais responsáveis deste desfecho, leva para casa cerca de 1,7 mil milhões de dólares com este resgate.
De acordo com o The Wall Street Journal, apesar do afastamento da administração, Neumann vai manter uma ligação à empresa. Permanecerá como observador do board e também como acionista.
Queda vertiginosa
A espiral de crise em torno da companhia começou quando o prospeto da oferta para a entrada na bolsa revelou sérias dúvidas em relação à estabilidade financeira da empresa e alguns problemas ao nível de governação.
Um dos que fez correr mais tinta foi o facto de a WeWork, cuja holding mudou recentemente de nome para The We Company, ter adquirido os direitos de utilização da marca “We” a uma empresa controlada pelo próprio CEO, Adam Neumann, por uma soma milionária. Mais tarde, a imprensa internacional revelou pormenores da liderança pouco ortodoxa do fundador, referindo um episódio de transporte ilegal de canábis num jato privado, entre outras coisas.
Depois de falhar a entrada em bolsa (IPO), a avaliação da WeWork caiu a pique e o fundador viu-se obrigado a apresentar a demissão, tendo ficado com um cargo não executivo mas continuando a ter influência significativa nos destinos da startup.
No entanto, as tentativas da nova administração de reduzir largamente os custos, através de vendas de ativos e despedimentos, não foram suficientes para inverter a tendência. A empresa continua em sérias dificuldades financeiras e a preparar despedimentos e, eventualmente, vendas de ativos.
Este resgate significa que o multimilionário Masayoshi Son e líder do grupo SoftBank está disposto a injetar ainda mais capital na empresa para evitar uma nódoa maior no portefólio. A proposta dos japoneses foi escolhida pela administração da empresa em detrimento de outra que estava a ser preparada pelo próprio banco JPMorgan, o mesmo que trabalhou com a startup no IPO falhado.
No início deste mês, Masayoshi Son admitiu, numa entrevista à revista Nikkei Business, estar “embaraçado e impaciente” com alguns dos negócios levados a cabo pelo SoftBank. A empresa foi responsável pela criação do Vision Fund, um fundo de investimento em tecnologia de 100 mil milhões de dólares, sendo uma boa parte do capital controlado pelo fundo soberano da Arábia Saudita.
(Notícia atualizada pela última vez às 14h23)
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