Catalunha: Puigdemont critica “deslealdade” no espaço independentista

  • Lusa
  • 20 Outubro 2019

Depois da reunião levada a cabo pelo presidente do Parlamento da Catalunha para tentar resolver a crise dessa região, Carles Puigdemont alerta para "deslealdade" no espaço independentista.

O ex-presidente do governo regional da Catalunha, Carles Puigdemont, advertiu, este domingo, que a “deslealdade e a divisão intencionais” no espaço independentista são um obstáculo “difícil de superar”, numa resposta à iniciativa do presidente do Parlamento da Catalunha, Roger Torrent.

Torrent, Ada Colau (autarca de Barcelona) e representantes do CCOO, UGT, Pimec, Foment del Treball, Circulo de Economia, LaFede.cta, a Taula del Tercer Sector e a FAVB reuniram-se no sábado para criar um espaço de trabalho que tem como objetivo baixar a tensão e alcançar uma solução democrática para o conflito politico na Catalunha.

A iniciativa incomodou aoJxCat, que criticou o facto de não ter sido informada do encontro e de ter sido “vetada” a Assembleia Nacional Catalã (ANC), pelo que pediu explicações a Torrent. Nesse contexto, o líder do JxCat, Carles Puigdemont, lançou uma mensagem na rede social Twitter: “A deslealdade e a divisão intencionais são um grave obstáculo, difícil de superar. Nenhum cálculo partidário o justifica. Alguns vão dar conta quando já for demasiado tarde e descobrirão que a unidade que tanto reclamamos haveria sido muito eficaz nestes momentos”.

O primeiro vice-presidente do Parlamento e deputado do JxCat, Josep costa, lamentou-se na mesma rede social, avançando que conheceu a proposta de Torrent pela imprensa e que não se tenha criado um espaço de trabalho “transversal”. “Faz-nos falta unidade e não iniciativas sectárias”, disse.

Este domingo, uma centena de pessoas deslocou-se até à residência de Puigdemont, na localidade belga de Waterloo, para iniciar uma marcha de 17 quilómetros até Bruxelas para protestar contra a sentença do Supremo Tribunal aplicada aos políticos independentistas.

Puigdemont foi saudar os manifestantes, que se juntaram debaixo de chuva, e disse-lhes que não os podia acompanhar porque tinha “trabalho”. Seis pessoas foram atendidas esta noite nos serviços de emergência médica de Barcelona, em Espanha, nesta jornada mais tranquila da semana na Catalunha, após quatro noites de graves confrontos com a polícia nas ruas.

Com a polícia em alerta máximo devido à escalada de violência nos últimos dias, e um grande dispositivo no centro de Barcelona, houve apenas momentos de tensão intermitentes na praça Urquinaona, epicentro da batalha campal de sexta-feira.

Os movimentos de protesto começaram na segunda-feira, depois de ser conhecida a sentença contra os principais políticos catalães responsáveis pela tentativa de independência, em outubro de 2017. Os juízes decidiram condenar nove deles a penas até 13 anos de prisão, por delitos de sedição e peculato.

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Alojamentos locais de Lisboa vão ter seguro obrigatório

  • ECO Seguros
  • 20 Outubro 2019

Os danos causados pelos hóspedes em áreas comuns dos edifícios em alojamento local terão de estar cobertos por uma apólice de seguro, é uma proposta a apresentar na próxima reunião de Câmara.

Os alojamentos locais da cidade de Lisboa vão passar a ter um seguro para cobrir os danos causados pelos hóspedes no edifício onde funciona o alojamento.

A proposta consta do Regulamento Municipal do Alojamento Local que obriga os proprietários a instalarem um equipamento de medição de ruído e a contratarem um seguro para os casos em que os hóspedes causem danos nas partes comuns do prédio onde funcionam.

Os proprietários dos alojamentos locais ficam “obrigados a instalar equipamento de medição de ruído, em termos que permitam a verificação do cumprimento da legislação em vigor em matéria de ruído”. O barulho em excesso é uma das queixas mais comuns entre os vizinhos dos alojamentos para turistas.

A votação dos documentos em reunião de Câmara está agendada para dia 24 de outubro e estas duas medidas são algumas das novidades que constam da proposta final que esteve em consulta pública.

Outra novidade é o alargamento de cinco para 10 anos das autorizações excecionais para as zonas da cidade onde os novos alojamentos locais ficam proibidos, a não ser em casos especiais como “operações de reabilitação de edifícios em ruínas ou reabilitação integral de edifícios totalmente devolutos há mais de três anos”.

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Fidelidade reuniu 4 mil colaboradores para “pensar maior”

  • ECO Seguros
  • 20 Outubro 2019

Colaboradores, acionistas e parceiros provenientes de 16 países estiveram juntos em Lisboa para fazer o balanço de uma década e projetar e preparar o futuro do Grupo.

A Fidelidade reuniu em Lisboa mais de quatro mil quadros, ligados ao universo nacional e internacional da Fidelidade, provenientes de 16 países e 4 continentes, como Portugal, Perú, Angola, Moçambique, Cabo Verde, China, Alemanha, França, África do Sul, Itália, Espanha, Paraguai, Bolívia, Chile, Holanda e Inglaterra. Foi a quinta edição do Pensar Maior, um encontro que pretende também fazer o balanço de uma década e projetar e preparar o futuro do Grupo.

Jorge Magalhães Correia, Presidente e CEO da Fidelidade, abriu o plenário da companhia para “pensar maior”.

Promovido desde 2010, a quinta edição do Pensar Maior foi um evento dedicado à partilha da visão de futuro da Fidelidade junto com todos os stakeholders da companhia, onde a tecnologia também sobressaiu. Com um ecrã gigante de 66 metros de largura e uma caixa de projeção tridimensional 3D de alta resolução, o Pensar Maior destacou a tecnologia ao serviço da seguradora.

“Num mundo em constante mudança, com a tecnologia a desempenhar um papel cada vez mais importante na vida das pessoas, a Fidelidade procura continuamente adaptar-se aos novos tempos, mas mantendo sempre o foco no cliente através de uma relação cada vez mais humana e assente no compromisso de apoiar continuamente as pessoas”, refere a companhia em comunicado.

A Fidelidade “adotou uma estratégia definida e continuada de Customer Centric Approach onde os clientes estão efetivamente em primeiro lugar”, confirma a empresa em nota publicada, servindo este encontro para reforçar as ideia base da nova estratégia.

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Matteo Renzi apoia Governo italiano para conter extrema-direita de Salvini

  • Lusa
  • 20 Outubro 2019

Matteo Renzi diz que o seu novo partido apoia o Governo do Movimento 5 Estrelas e das forças de esquerdas. Isto para evitar que a extrema-direita de Salvini cheguem ao poder.

Matteo Renzi, ex-primeiro-ministro social-democrata italiano, garantiu este domingo o apoio do seu novo partido, Italia Viva, ao governo do Movimento 5 Estrelas e a forças de esquerda, para conter a chegada ao poder da extrema-direita de Matteo Salvini.

“Não queremos desligar desse governo, isso deve ficar claro. O comboio da legislatura chegará a 2023, quem quiser sair antes que o faça. Queremos dar ao país uma alternativa a esse ‘bullying’ institucional“, afirmou Matteo Renzi, referindo-se a Matteo Salvini.

As declarações de Matteo Renzi acontecem dois meses depois da rutura da coligação de governo entre a Liga, que lidera, e o M5S, e a exigência de eleições, que não foram convocadas após um acordo para um novo executivo, firmado entre esta última formação, o Partido Democrata (PD, social-democrata) e o Livres e Iguais (LEU).

Em resposta a esta aliança, Matteo Salvini encenou a união das direitas, juntando na mesma iniciativa os governadores das regiões controladas pela sua aliança, com o conservador Sílvio Berlusconi e com Giornia Meloni, líder do movimento de direita radical Irmãos de Itália.

O Governo do M5S e dos partidos de esquerda está a preparar o orçamento do Estado para 2020, mas dependente das decisões do ex-primeiro-ministro social-democrata Matteo Renzi. O político florentino cindiu do Partido Democrata e fundou uma nova formação, Itália Viva, que de momento apoia o Executivo.

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Países da UE seguem com preparativos para saída do Reino Unido

  • Lusa
  • 20 Outubro 2019

O novo acordo do Brexit nem sequer foi a votos e o Executivo britânico já pediu um novo adiamento da saída. Os países da UE continua, contudo, a preparar o divórcio.

Os embaixadores dos países da União Europeia (UE) concordaram, este domingo, em continuar com o processo de aprovação do acordo Brexit, à espera de ver o que acontece no Parlamento britânico no próximos dias. “Os embaixadores tomaram nota dos últimos desenvolvimentos, incluindo a receção da carta [enviada sábado à noite pelo primeiro-ministro Boris Johnson] a pedir um prolongamento do prazo”, disseram à EFE fontes europeias.

As mesmas fontes apontaram que, na reunião dos embaixadores dos Estados-Membros da UE, que durou “um pouco menos” de 15 minutos, ficou acordado os vinte e sete países da União Europeia prosseguirem com os preparativos para validar o acordo de saída alcançado entre Londres e Bruxelas.

Os diplomatas enviaram o acordo para aprovação no Parlamento Europeu, que se reúne em Estrasburgo na próxima semana. Numa sessão extraordinária na Câmara dos Comuns, os deputados britânicos aprovaram no sábado uma emenda solicitando um adiamento do Brexit, que levou o governo de Boris Johnson a retirar a votação planeada do acordo.

Ao não votar-se o acordo, entrou automaticamente em vigor a Lei de Benn, elaborada há algumas semanas pelos mesmos deputados, com o objetivo de impedir uma saída britânica não negociada a 31 de outubro. A alteração adotada no sábado pretende funcionar como uma salvaguarda de segurança, caso o procedimento parlamentar da lei do Brexit não fique concluído até ao dia 31, e impedir o Reino Unido de sair da UE sem acordo.

No entanto, o governo britânico já veio reiterar, este domingo, que é sua intenção deixar a União Europeia no dia 31 de outubro.

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Perdeu o fio à meada do Brexit? Estas cinco respostas explicam tudo

Boris Johnson "preferia morrer numa valeta" a adiar o Brexit, mas foi exatamente isso que o seu Executivo pediu, este sábado, a Bruxelas, forçado pelo Parlamento. O que se segue? O ECO explica.

A sessão do Parlamento britânico deste sábado deveria ter ficado marcada pelo desatar do nó do Brexit, mas a aprovação de uma emenda ao novo acordo conseguido por Boris Johnson provocou o efeito contrário, tendo obrigado o Executivo Tory a pedir um novo adiamento da saída do Reino Unido da União Europeia, que o primeiro-ministro britânico continua a rejeitar. O que se segue? Nada está fechado, as hipóteses são múltiplas, a incerteza cresce e ainda paira no horizonte um no deal Brexit.

  • Quais eram os planos de Boris Johnson para este sábado?

O primeiro-ministro britânico apresentou, este sábado, aos deputados o novo acordo negociado entre Londres e Bruxelas para o Brexit, numa sessão extraordinária. Boris Johnson precisava de 320 votos favoráveis para conseguir a aprovação desses termos, o que, desde o início, se revelou uma tarefa de difícil concretização.

O Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte (DUP), uma das peças chave da equação (já que a questão da fronteira das Irlandas foi um dos maiores entraves nas negociações), revelou que se iria opor ao acordo. E a maioria da oposição também adiantou que não iria alinhar com Johnson. O Partido Nacional Escocês, o Partido do País de Gales, o partido dos Verdes e o Change UK, que juntos têm 45 deputados, anunciaram que iriam votar contra o acordo.

Os líderes dos liberais democratas e dos trabalhistas, Jo Swinson e Jeremy Corbyn, sinalizaram ambos que não iriam o apoiar o acordo proposto. A somar a estes deputados, nem os conservadores eram um ‘sim’ assegurado.

Apesar de todas as críticas, Boris Johnson enfrentou o teste parlamentar, apelando à aprovação do novo acordo. Para o líder do Executivo conservador, é “urgente” concluir o processo de divórcio em causa para “seguir em frente” e “construir um novo relacionamento” com o bloco comunitário. “Agora está na altura de esta grande Câmara dos Comuns se unir e unir o país”, defendeu o primeiro-ministro, na manhã de sábado, mas uma reviravolta na sessão impediu que o novo acordo fosse sequer submetido a votações.

  • O que realmente aconteceu no Parlamento britânico?

Os deputados britânicos trocaram as voltas a Boris Johnson e deram “luz verde”, este sábado, a uma emenda ao novo acordo negociado entre Londres e Bruxelas que suspende a votação desses termos até que toda a legislação necessária à sua aplicação esteja preparada e aprovada.

Esta emenda foi apresentada pelo ex-deputado conversador (atualmente, deputado independente) Oliver Letwin e mereceu o apoio de 322 votos deputados. Foram registados 306 votos contra.

De notar que o objetivo desta medida é impedir que os eurocéticos mais radicais forcem uma saída da UE sem acordo, a 31 de outubro. Como? Se o acordo de Johnson fosse aprovado no sábado, mas a legislação subsequente ficasse bloqueada no Parlamento, tecnicamente seria possível levar a cabo o divórcio sem ter por base qualquer acordo com Bruxelas.

A agravar as tensões resultantes desta emenda, esteve uma lei (conhecida como Lei de Benn) aprovada no mês passado que determinava que, se não houvesse acordo até dia 19 de outubro (às 23h00), o primeiro-ministro britânico teria de pedir um adiamento da saída a Bruxelas por três meses, coisa que Boris Johnson sempre rejeitou.

  • Como reagiu Boris Johnson à aprovação da emenda?

A aprovação da emenda de Oliver Letwin levou Boris Johnson, antes de mais, a adiar a votação do acordo negociado com Bruxelas, por considerar que se tinha “esvaziado de significado”. Por outro lado e face à Lei de Benn, o primeiro-ministro viu-se obrigado a pedir um novo adiamento do Brexit a Bruxelas, coisa que sempre rejeitou e voltou a recusar minutos depois das votações da sessão parlamentar deste sábado.

“Eu nunca irei negociar um adiamento com a União Europeia, nem a lei me obriga a isso”, disse Boris Johnson, defendendo que um novo adiamento seria negativo para o Reino Unido, para o bloco comunitário e até para a democracia.

De imediato, a oposição exigiu que Johnson cumprisse a lei, tornando claro que o líder do Executivo teria mesmo de pedir, ainda este sábado, um novo adiamento. “O primeiro-ministro tem agora de cumprir a lei”, sublinhou o trabalhista Jeremy Corbyn.

  • O Executivo britânico acabou por pedir o adiamento?

Apesar das palavras proferidas por Boris Johnson em reação à aprovação da emenda de Letwin, o Executivo britânico acabou por enviar uma carta a Bruxelas, ao início da noite deste sábado, a pedir um novo adiamento do Brexit.

Foram enviadas, na verdade, duas cartas: uma a pedir o prolongamento da permanência na União Europeia até 31 de janeiro de 2020; outra a defender a saída a 31 de outubro.

A primeira seguiu em nome do primeiro-ministro da Grã-Bretanha e da Irlanda Norte, mas não mereceu a assinatura de Boris Johnson. Enquanto a segunda veio assinada pelo próprio, lamentando o resultado da votação parlamentar e manifestando uma “determinação apaixonada” para cumprir o prazo atual de saída do Reino Unido da União Europeia, 31 de outubro.

Fonte europeia citada pela TSF, admitiu “perplexidade” perante a forma “caricata” como Johnson fez o pedido de extensão. Apesar de “caricato”, o pedido foi considerado válido pelo presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, que irá agora contactar os líderes dos demais Governos europeus.

Este domingo, o número dois do Governo britânico, Michael Gove, já reiterou o compromisso do Executivo em cumprir o Brexit a 31 de outubro. “Sabemos que a UE quer que saiamos, sabemos que temos um acordo que nos permite sair. Vamos sair a 31 de outubro. Temos os meios e a capacidade para o fazer”, insistiu.

  • Adiamento pedido. O que se segue?

Adiamento do Brexit pedido, são múltiplos os cenários que se colocam agora em cima da mesa. Antes de mais, o Governo britânico quer levar a votações o novo acordo negociado com Bruxelas já esta segunda-feira, um pedido que o porta-voz da Câmara dos Comuns, John Bercow, deverá rejeitar, uma vez que já defendeu que o Executivo não pode continuar a fazer a mesma questão aos deputados até que tenha a resposta desejada.

Se tal for o caso, Boris Johnson deverá então empreender uma “maratona parlamentar”, na próxima semana, de modo a aprovar toda a legislação necessária para a saída da União Europeia a tempo do novo acordo pode ser finalmente votado e do divórcio ser concretizado a 31 de outubro, cumprindo-se a emenda aprovada este sábado e a vontade do líder do Executivo, que disse “preferir morrer numa valeta” a adiar o Brexit.

Outro cenário que está em cima da mesa, embora com uma probabilidade mais fraca, é o da União Europeia negar o adiamento e a legislação não estar pronta a tempo da saída, forçando um hard Brexit. Fontes citadas pela imprensa internacional indicam, contudo, que tal não deverá acontecer, até porque a UE não quer ficar com o ónus de uma saída sem acordo

Possível é também, indica a CNBC, um novo referendo, desta vez para que os britânicos “confirmem” a sua concordância com o acordo. Pelo menos, é isto o que tentarão impor alguns deputados, no processo de aprovação dos termos negociados por Boris Johnson com Bruxelas. E segundo o The Guardian, se esse segundo referendo for anexado ao acordo de saída, o Partido Trabalhista está mesmo aberto a apoiar a proposta dos Tory.

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Draghi facilitou trabalho a Lagarde e deixa-lhe legado mais “leve” mas “exigente”

  • Lusa e ECO
  • 20 Outubro 2019

Draghi aliviou o legado deixado a Christine Lagarde com as medidas anunciadas em setembro, dizem os economistas. Francesa recebe legado "exigente", mas mais "leve", frisam.

Os economistas contactados pela Lusa consideram que as medidas anunciadas por Mario Draghi em setembro facilitaram o trabalho a Christine Lagarde, que recebe do italiano um legado “exigente”, mas mais “leve” do que dos anteriores presidentes do BCE.

“Cremos que Mario Draghi facilitou o trabalho de Lagarde, nomeadamente ao ter anunciado já as medidas de estímulo na última reunião [de setembro]. Diria que o legado de Draghi não é pesado, mas leve”, afirmou Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio, à Lusa, acrescentando que “é mais fácil suceder a Draghi do que ter sucedido aos anteriores presidentes do Banco Central Europeu (BCE)”.

Já Clara Raposo, professora e presidente do ISEG, considerou que “a herança deixada a Christine Lagarde é exigente”, o que “não se deve propriamente a Mario Draghi, mas sim à natureza da união económica e monetária e ao atual contexto internacional, geopolítico e económico”.

João Borges Assunção, professor da Universidade Católica, afirmou, por seu turno, que “a nova presidente do BCE entra numa altura em que há uma divisão clara entre os membros do Conselho de Governadores do BCE em matéria de condução da política monetária”. Segundo o professor da Católica, a “principal tarefa” de Lagarde “será conseguir dar ao Conselho a liderança intelectual que o seu antecessor atingiu, o que lhe permitirá comunicar eficazmente com o mercado e com os vários governos nacionais dos países que integram a zona euro”.

No mesmo sentido, Clara Raposo frisou que a primeira grande tarefa de Lagarde será “encontrar uma forma de funcionamento harmoniosa com a sua equipa no BCE” e que “só assim poderá ter eficácia na definição de políticas que vier a querer implementar”.

Francesco Franco, professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), salientou, à Lusa, que “Draghi deixa um banco central que produz pesquisas de vanguarda úteis para capacitar os decisores” e que dispõe de “um conjunto renovado de ferramentas de política monetária que são coerentes com os novos níveis da taxa de juro natural”, ou seja, a taxa de juro ideal para o banco central.

No mesmo sentido, segundo Rui Bernardes Serra, “Draghi fez uma leitura extensiva dos tratados europeus”, que proíbem o financiamento dos Estados em mercado primário, mas não o proíbem em mercado secundário, o que faz com que o BCE esteja atualmente a financiar os Estados através das suas compras em mercado secundário. “Com Draghi, o BCE utilizou instrumentos nunca antes utilizados pela instituição, nomeadamente, os programas de compra de dívida”, salientou o economista-chefe do Montepio.

Contudo, apesar dos avanços, Francesco Franco destacou que “a arquitetura da área do euro ainda está inacabada” e que “Lagarde tem uma tarefa difícil pela frente”. “Mas, devido ao seu histórico percurso, sou otimista”, acrescentou o docente da Nova SBE.

Para Clara Raposo, “Lagarde é ainda uma incógnita enquanto líder do BCE”. Christine Lagarde deixou a liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI) para ser presidente do BCE, funções que vai exercer a partir de 01 de novembro.

“Adeus” a Draghi no BCE será “tranquilo”

Os economistas ouvidos pela Lusa antecipam que Mario Draghi não deverá anunciar novas medidas na sua última reunião à frente dos destinos do BCE e consideram que as medidas anunciadas na reunião de setembro terão sido suficientes.

Creio que a despedida de Mario Draghi será tranquila, pautada por um agradecimento e homenagem prestados pelo Banco Central Europeu (BCE) pela dedicação e persistência da sua ação na defesa da coesão e sustentabilidade do projeto da zona euro”, afirmou à Lusa Clara Raposo, professora e presidente do ISEG.

“O mandato de oito anos de Mário Draghi termina em 31 de outubro, no mesmo dia do Brexit [saída do Reino Unido da União Europeia]. Espero que a transmissão de mandato a Christine Lagarde aconteça de forma suave”, comentou Francesco Franco, professor da Nova SBE.

Questionados sobre se serão anunciadas novas medidas na reunião de política monetária de 24 de outubro, a última de Mario Draghi como presidente do BCE, os economistas ouvidos pela Lusa consideram que, à partida, não haverá novidades.

“Penso que não. Até porque há um certo sentimento, entre os observadores independentes, de que as decisões da reunião anterior terão sido extemporâneas”, referiu João Borges Assunção, professor da Universidade Católica.

Clara Raposo também duvida de que Draghi anuncie novas medidas no dia 24 de outubro, “deixando espaço para a sua sucessora”, “a não ser que aconteça de repente algo verdadeiramente inesperado nos próximos dias que exija uma especial intervenção por parte do BCE”. “Não creio que sejam anunciadas novas medidas”, respondeu, no mesmo sentido, Rui Bernardes Serra, economista-chefe do Montepio.

No final da reunião de política monetária de 12 de setembro, o BCE desceu, como esperado, a taxa dos depósitos bancários para -0,50%, menos uma décima do que a anterior, e anunciou um novo programa de compra de dívida pública. A nova descida da taxa dos depósitos visa incentivar os bancos a injetarem mais dinheiro na economia, através de empréstimos às empresas e famílias, em vez de acumularem reservas.

Sobre se Mario Draghi podia ter anunciado ‘maior poder de fogo’, em setembro, os economistas consideram que o pacote de ação anunciado foi na dose certa. “Achamos que as medidas foram suficientes. Se pecou, foi por excesso”, respondeu Rui Bernardes Serra.

Segundo Francesco Franco, “um aspeto do mandato de Draghi que parece muito robusto é que o nível de medidas adotadas sempre foi calibrado com previsões disponíveis”. O docente da Nova SBE frisou que “as críticas crescentes”, sobretudo dos membros alemães do conselho do BCE em relação às taxas de juros muito baixas “são erroneamente direcionadas ao BCE, cujo mandato de política monetária não é definir a sua política levando em consideração a carteira de poupança das famílias alemãs”.

Segundo Clara Raposo, “a mais recente intervenção de Mario Draghi teve já em conta a sua perspetiva de saída no muito curto prazo e a consciência de que virá um novo ciclo”. “Creio que teria sido deselegante na fase final do mandato, quando já tem sucessora nomeada, assumir maior protagonismo. Os seus ‘apelos’ hoje também não terão o mesmo poder de influência”, acrescentou a professora do ISEG .

Questionados sobre se, na sua despedida, Mario Draghi voltará a lançar um repto aos governos, no sentido de que falta ação política ao nível orçamental na zona euro, João Borges Assunção considerou que “o seu legado ficará mais protegido se evitar esse tipo de referências na última reunião, numa altura em que há outro tipo de prioridades na governação da União Europeia e dos seus principais países”.

O professor da Católica recordou que Draghi “falou abundantemente, e com razão, sobre os limites da política monetária e sobre a necessidade de recorrer aos outros pilares da política económica para melhorar o desempenho económico da zona euro”. Já Rui Bernardes Serra admitiu que Draghi pode reiterar esse pedido na sua última reunião como presidente do BCE.

O economista-chefe do Montepio recordou que, no seu comunicado de política monetária da reunião de 12 de setembro, Draghi já referiu que nos países onde a dívida pública é elevada, os governos necessitam de adotar políticas prudentes que criem condições para que os estabilizadores automáticos operem livremente, “o que constitui uma novidade no seu discurso”.

“É possível que se dirija aos governos no sentido de os alertar para a necessidade de estarem atentos, dialogarem e consertarem posições caso queiram que o projeto europeu se afirme num mundo cada vez mais competitivo”, referiu Clara Raposo. “Duvido, porém, que faça sugestões concretas. Daqui a uns meses, depois de ter Lagarde já instalada, então sim, voltaremos a ouvir Draghi”, antecipou a professora do ISEG.

O “dragão”, “padrinho” e “guardião” que evitou “maus caminhos” ao euro

Os economistas ouvidos pela Lusa consideram que Mario Draghi ficará na história como o banqueiro central que teve a coragem de salvar o euro, quando muitos acharam que era uma “missão impossível”, e sugerem vários cognomes ou epítetos. Mario Draghi preside à sua última reunião como presidente do Banco Central Europeu (BCE) na quinta-feira, 24 de outubro, depois de oito anos à frente dos destinos da autoridade monetária da zona euro.

“Em alternativa ao já popularizado ‘Super Mario’, que não deixa de lhe assentar bem, especialmente se nos recordarmos de quando muitos acreditavam que a sua missão era impossível, penso que poderíamos também adotar o cognome de ‘Guardião do Euro’”, afirmou Clara Raposo, professora e presidente do ISEG, em declarações à Lusa.

Francesco Franco, professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), considerou que o sobrenome do ainda presidente do BCE “é muito adequado”. “Draghi significa ‘Dragões’ (no plural) em italiano”, disse. Rui Bernardes Serra, economista chefe do Montepio, comentou, por seu turno, que “Draghi não foi o pai do euro, mas foi certamente aquele que se substituiu aos pais e evitou que o adolescente ‘euro’ fosse por maus caminhos”. “Bem podia ser assim o padrinho do euro. Mas esse nome em Itália tem segundas interpretações. Talvez seja simplesmente “Il Salvatore del Euro”, acrescentou o economista-chefe.

Para Rui Bernardes Serra, Mario Draghi “foi claramente o presidente do BCE que mais contribuiu para a preservação do euro”. O economista-chefe do Montepio recordou que existe uma medida que mede a probabilidade de a zona euro terminar – o ‘Sentix Euro Break-up Index’ –, e que essa probabilidade chegou a atingir um valor máximo de 73% em julho de 2012.

“No dia 26 de julho de 2012, Draghi proferiu a mais famosa e determinante frase do seu mandato: ‘O BCE está preparado para fazer tudo o que for preciso para preservar o euro. E, acreditem em mim, será suficiente’. Podemos, assim, dizer que sim, Draghi pode ter salvado o euro”, referiu o economista-chefe.

No mesmo sentido, João Borges Assunção, professor da Universidade Católica, considerou que “poder-se-á dizer que Draghi foi mais influente do que os seus antecessores, apenas dois” – o francês Jean-Claude Trichet e o holandês Wim Duisenberg, que foi o primeiro presidente da instituição.

O docente da Católica recordou que o mandato de oito anos de Draghi coincidiu com o período de 2011 a 2019, em que a política monetária foi, à escala mundial, um dos principais instrumentos da política económica.

“E com desafios invulgares devido à co-ocorrência de diversos fatores: risco sistémico no setor financeiro, risco de sustentabilidade da dívida de países desenvolvidos, inflação muito baixa e, pontualmente, deflação e taxas de juro próximos do limite inferior de zero”, recordou. Segundo Francesco Franco, “a história é escrita pelos vencedores”, pelo que será necessário esperar. “Pessoalmente, acredito que ele merece ser lembrado como um banqueiro central extremamente experiente que teve a coragem de tomar decisões. Na hora mais sombria, salvou a zona euro”, disse.

João Borges Assunção recordou ainda que, “no início, havia algumas dúvidas sobre se [Draghi] teria todas as condições para desempenhar um bom mandato”, frisando ser “incontroverso que a generalidade dos observadores considera que fez um bom mandato”.

Para Clara Raposo, “Mario Draghi foi um resistente e garantiu alguma coesão na zona euro”, tendo sabido “liderar e manter um rumo, mesmo quando foi muito criticado”. “Sem essa determinação não é certo que o euro tivesse resistido”, frisou a professora do ISEG, acrescentando que, “por muito que hoje se estranhe o longo período de taxas de juro baixas (até negativas), a verdade é que o euro atravessou a crise financeira iniciada em 2007 e as crises soberanas subsequentes, tendo-se afirmado como uma moeda estável e mais resiliente do que muitos críticos esperariam”.

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Subir salário mínimo para 700 euros é “perfeitamente razoável”, diz António Saraiva

  • ECO
  • 20 Outubro 2019

António Saraiva já começou a discutir com o Governo indigitado a evolução do salário mínimo, nos próximos quatro anos, e salienta que uma subida de 100 euros para 700 euros mensais seria "razoável".

Aumentar o salário mínimo nacional dos atuais 600 euros para 700 euros até ao final da próxima legislatura — isto é, no prazo de quatro anos — seria “perfeitamente razoável”. Quem o diz é o presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), que revela, em entrevista ao Jornal de Negócios (acesso pago) e à Antena 1, que já começou a discutir o assunto com o Governo indigitado.

António Saraiva vai mais longe e sublinha que, se a economia permitir, seria “até desejável que pudesse ser mais”. “Cem euros durante a legislatura? Parece-me perfeitamente razoável, mas não estou com isto a amarrar a minha organização a que assim seja. Até podem ser surpreendidos. Se a economia o permitir, até seria desejável que pudesse ser mais”, frisa o patrão dos patrões.

À saída de uma reunião com o primeiro-ministro indigitado, há duas semanas, António Saraiva já tinha adiantado que vê a remuneração mínima garantida a “progredir positivamente”, mas salientou que tal evolução tem de acontecer “em condições que a economia suporte”. O presidente da CIP defende, por isso, que o crescimento em causa tenha por base “indicadores mensuráveis”, como a produtividade, a inflação, o crescimento económico.

Em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1, António Saraiva volta a insistir nessa ideia e acrescenta que seria positivo ter uma meta até ao final da legislatura para que as empresas se possam preparar. “Na última legislatura o salário mínimo subiu substancialmente e as empresas lá o absorveram porque previamente era conhecido que em 2019 atingiria 600 euros e as empresas foram-se preparando para esse caminho“, diz.

Saraiva remata, adiantando que já está a debater esta matéria com o Governo indigitado para encontrar “o melhor caminho” para esta discussão.

De notar que o programa eleitoral do PS não fixa valores para o aumento do salário mínimo, tendo o primeiro-ministro defendido que essa meta tem de ser avaliada e negociada em Concertação Social. Ao longo dos últimos quatro anos, a remuneração mínima garantida passou de 505 euros para 600 euros mensais.

Ana Mendes Godinho com pasta do Trabalho foi “uma surpresa”

António Costa escolheu Ana Mendes Godinho para substituir Vieira da Silva na liderança do Ministério do Trabalho, Solidariedade e Segurança Social, o que “surpreendeu” António Saraiva. “A surpresa vem, para mim, do ministério do Trabalho. É a surpresa de quem ocupa a pasta”, diz o presidente da CIP, em entrevista ao Jornal de Negócios e à Antena 1. “Não posso dizer se é [uma surpresa] agradável ou desagradável. É surpresa porque não era expectável que fosse a anterior secretária de Estado do Turismo a ocupar esta pasta”, acrescenta.

António Saraiva não põe em causa o currículo ou a competência de Ana Mendes Godinho, referindo que lhe dará “o benefício da dúvida”.

“O seu currículo de facto aponta nesse sentido, é um quadro superior do Ministério do Trabalho e por isso não vou discutir o currículo, também não vou discutir a sua competência. Vamos esperar, vamos dar o benefício da dúvida porque, como tenho dito – entre os parceiros sociais não sou apenas eu a dizê-lo – o que importa são as políticas, os objetivos que o ministério traça, mais do que a pessoa que comanda o ministério“, conclui.

(Notícia atualizada às 14h18 com declarações de António Saraiva sobre Ana Mendes Godinho)

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Vistos Gold: Investimento brasileiro sobe 46% até setembro

  • Lusa
  • 20 Outubro 2019

Nos primeiros nove meses do ano, o investimento chinês captado através de vistos gold caiu 11% em termos homólogos. Em sentido inverso, o investimento brasileiro disparou 46%.

O investimento chinês captado através dos vistos gold recuou 11% até setembro, face a igual período de 2018, para 180 milhões de euros, enquanto o brasileiro aumentou 46,5% para 132,6 milhões de euros.

De acordo com dados do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF), nos primeiros nove meses do ano o investimento proveniente da China por via de Autorizações de Residência para Atividade de Investimento (ARI) atingiu 180 milhões de euros, menos 11% em termos homólogos. Entre janeiro e setembro foram concedidos 323 vistos ‘dourados’ a cidadãos de origem chinesa. Nos primeiros nove meses de 2018 o investimento de origem chinesa foi de 203 milhões de euros.

Já o investimento brasileiro, por via da ARI, ascendeu a 132,6 milhões, mais 46,5% que um ano antes, num total de 176 vistos.

Relativamente ao investimento oriundo da Turquia, este recuou 48,5% entre janeiro e setembro, face ao mesmo período de 2018, para 38,5 milhões de euros. Até setembro foram atribuídos 71 ARI a cidadãos turcos.

No top 5 do investimento por nacionalidades, constam ainda os Estados Unidos, totalizando 38,5 milhões de euros até setembro, com 49 ARI concedidos. A Rússia, com 40 vistos ‘gold’, totalizou um investimento de 26,3 milhões de euros no período em análise.

Em setembro, o investimento total proveniente de ARI ascendeu a 48.450.021,42 euros, uma subida de 29,7% face ao registado em igual mês de 2018 (37 milhões de euros). Comparativamente a agosto, quando o investimento foi de 82,5 milhões de euros, este registou um recuo de 41%. Nos primeiros nove meses do ano, o investimento captado totalizou 601,5 milhões de euros, mais 1% que um ano antes.

Em quase sete anos – o programa ARI foi lançado em outubro de 2012 –, o investimento acumulado até setembro totalizou 4.851.321.701,65 euros, com a aquisição de imóveis a somar 4.378.813.787,85 euros. Os vistos “dourados” atribuídos por via da transferência de capital ascendem a 472.507.913,8 euros. Desde a criação deste instrumento, que visa a captação de investimento, foram atribuídos 7.960 ARI: dois em 2012, 494 em 2013, 1.526 em 2014, 766 em 2015, 1.414 em 2016, 1.351 em 2017, 1.409 em 2018 e 998 em 2019.

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Trudeau em risco de perder a maioria nas legislativas de 2.ª feira no Canadá

  • Lusa
  • 20 Outubro 2019

Há eleições legislativas esta segunda-feira no Canadá e o primeiro-ministro em funções, Justin Trudeau, corre o risco de perder a maior. Trudeau tem estado envolto em múltiplas polémicas recentemente.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, corre o risco de perder a maioria nas legislativas de segunda-feira, tornando-se o primeiro chefe de governo canadiano apoiado por uma maioria parlamentar a falhar a reeleição desde 1935.

Para analistas, o líder do Partido Liberal, 47 anos, é “vítima” de uma combinação de polémicas em sua volta e das elevadas expectativas que criou. Em setembro, fotografias de Trudeau com a cara pintada de preto, numa, de castanho, noutra, suscitaram forte polémica, a mais recente de uma série envolvendo situações mais graves, como a revelada no princípio do ano pela anterior procuradora-geral, que disse ter sido pressionada pelo primeiro-ministro para não avançar com um processo contra uma empresa do Quebeque.

Não penso que ele seja completamente rejeitado, só que não é visto com o interesse, como o líder, se quiserem, que as pessoas queriam e esperavam”, explicou à Associated Press o professor de história canadiana e relações internacionais da Universidade de Toronto Robert Bothwell.

O principal adversário de Trudeau, o líder do Partido Conservador, Andrew Scheer, 40 anos, é um político de carreira descrito pelos seus próximos como brando e reservado, traço que pode agradar aos eleitores mais cansados do fulgor de Trudeau.

Scheer, de 40 anos, acusa Trudeau de falsidade e critica-o por não ser sequer capaz de dizer quantas vezes pintou a cara de escuro. Promete eliminar a taxa de carbono e reduzir a despesa pública, incluindo a ajuda externa, 25%.Mas Scheer também tem tido percalços, tendo sido criticado por “embelezar” o currículo e por ter dupla nacionalidade canadiana e norte-americana, como foi revelado este mês pelo jornal Globe and Mail.

Em 2015, Justin Trudeau reafirmou a identidade liberal do país depois de quase 10 anos de governo conservador e é considerado pelos liberais como uma luz de esperança na era Trump, sobretudo desde que Trudeau apareceu na capa da revista Rolling Stone sob o título “Porque não pode ser ele o nosso Presidente?”.

O ex-Presidente dos Estados Unidos Barack Obama manifestou publicamente o seu apoio, apelando aos canadianos que reelejam Trudeau, um “líder eficaz e trabalhador” e “um progressista”, que não foge de “grandes questões como as alterações climáticas”.

Trudeau tem defendido a diversidade e a igualdade de género e o seu governo reflete-o: metade dos membros do executivo são mulheres, dois ministros são de ascendência ‘sikh’ e o ministro da Imigração é um refugiado nascido na Somália.

Os esforços de Trudeau para encontrar um equilíbrio entre o desenvolvimento económico e a defesa do ambiente tem sido criticada tanto à direita como à esquerda, porque se por um lado adotou o imposto sobre o carbono, por outro recuperou um projeto estagnado para a expansão do oleoduto de Alberta. Aquele que é considerado o seu maior feito é o acordo de comércio livre com os Estados Unidos.

Andrew Scheer defende valores bem diferentes: fiscalmente prudente, pessoalmente contra o aborto e contra a legalização da ‘cannabis’ (que Trudeau legalizou). Quando falta um dia para as eleições, todas as sondagens apontam para que nem Liberais nem Conservadores obtenham a maioria absoluta. O cenário mais provável é a de que venha a ser formado um governo minoritário, que terá de contar com alianças de pequenos partidos.

A câmara baixa do parlamento do Canadá é composta por 338 deputados. Para ter a maioria absoluta, um partido tem de eleger pelo menos 170 deputados. Um governo de coligação é teoricamente possível, mas improvável, dado não fazer parte da tradição e cultura política canadiana.

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FMI apela ao termo dos conflitos comerciais e alerta para incerteza do Brexit

  • Lusa
  • 20 Outubro 2019

A reunião de outono do FMI terminou com um apelo ao termo dos conflitos comerciais e um aviso sobre a incerteza em torno do divórcio do Reino Unido da União Europeia.

A reunião de outono do Fundo Monetário Internacional terminou, este sábado, com um apelo ao crescimento global e ao termo dos conflitos comerciais que põem em causa esse crescimento, assim como a incerteza em torno do Brexit.

Os membros do Fundo Monetário Internacional (FMI), durante a assembleia geral de outono, que encerrou este sábado, em Washington, debateram como aumentar a “pressão do grupo” sobre os países em confronto comercial, de modo a que melhorem e respeitem as regras globais do comércio, disse a diretora-geral da instituição, Kristalina Georgieva, na conferência de imprensa de encerramento dos trabalhos.

A tensão comercial entre os Estados Unidos e a China foi um dos principais temas de discussão na assembleia do FMI, assegurou Georgieva, que não quer, no entanto, limitar as fragilidades no crescimento do comércio às “guerras de tarifas” entre Pequim e Washington. “Todos sabemos muito bem que a economia atual é muito mais uma economia de serviços, de trocas eletrónicas, áreas que os acordos comerciais [ainda] têm dificuldade em abranger”, afirmou.

Sobre o Brexit, Georgieva limitou-se a dizer, de acordo com as agências internacionais de notícias, que “encontrar uma solução poderia ajudar a reduzir as incertezas” que pesam na economia mundial. “Há uma cadeia de custos e consequências, que vai das tensões comerciais à incerteza, daí à desaceleração do investimento, daí à desaceleração do crescimento, daí à potencial erosão do emprego e, a partir daí, à erosão da confiança do consumidor”, afirmou.

O comité de desenvolvimento do FMI recordou, por seu lado, que o crescimento está a diminuir, assim como o investimento e a atividade industrial, recordou ainda a instabilidade das trocas comerciais e alertou para as alterações climáticas, que estão “aumentar a vulnerabilidade dos países mais pobres”.

O presidente do Banco Mundial, David Malpass, apelou a “todas as ferramentas políticas apropriadas”. “A boa notícia – afirmou – é que ainda é possível um amplo crescimento”. “A cooperação multilateral é necessária para reduzir os conflitos comerciais”, disse Mario Draghi, no termo da sua derradeira reunião como presidente do Banco Central Europeu (BCE), recordando as novas tarifas norte-americanas, recém-aplicadas sobre produtos europeus, que vão de aviões da Airbus, a vinho, queijo e azeite.

Com um crescimento global esperado de 3%, o valor mais baixo desde a crise financeira de 2008, “não há espaço para erros políticos”, afirmou a economista-chefe do FMI, Gita Gopinath, quando foram reveladas as previsões do FMI, no início da semana.

Além do comércio, os Estados-membros expressaram igualmente preocupação com o impacto potencial da ‘criptomoeda’ esperada do Facebook para 2020. O G7, grupo dos sete países mais industrializados (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Reino Unido, Itália e Japão), concordou na quinta-feira com a necessidade de estabelecimento de um quadro jurídico, como pré-requisito para o lançamento de moedas digitais. Os riscos foram também assinalados pelos ministros das Finanças do G20, que querem uma avaliação de riscos, antes do lançamento.

A presidência japonesa do G20 também pediu ao FMI que examine as implicações macroeconómicas para os países membros. Kristalina Georgieva assegurou, este sábado, que o FMI está a ter “uma abordagem muito equilibrada” sobre o assunto, examinando benefícios (permitir que o maior número possível de pessoas aceda a serviços de pagamento) e riscos (ameaça à soberania).

“Pode haver abusos para fins ilegais e, no pior dos casos, para o financiamento do terrorismo”, reconheceu Georgieva, sobre as ‘criptomoedas’. Sublinhou porém a sua inevitabilidade. “Continuaremos a trabalhar com toda a consciência” dos riscos, acrescentou.

França, Itália e Alemanha disseram na sexta-feira que a moeda anunciada pelo Facebook não seria bem-vinda à Europa, e que tomariam medidas para impedir a sua entrada. Quanto à reforma interna do sistema de quotas na organização, com implicações ao nível de votos, o Comité Monetário e Financeiro, principal órgão executivo do FMI, confirmou o prolongamento do processo de 2020 até o final de 2023. A decisão foi interpretada como uma tentativa de evitar um conflito com os Estados Unidos.

Washington teme uma reforma que dê maior peso à China e a outros mercados emergentes, na tomada de decisões dentro do FMI.

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José Maria da Fonseca: sete gerações a fazer vinho, um setor onde tudo está inventado

O ECO foi até à JMF, em Azeitão, falar com pai e filho sobre dificuldades, desafios e riscos que o negócio vinícola enfrenta, num tempo em que nada tem a ver com 1834, ano em que nasceu a empresa.

António Maria Soares Franco, à esquerda, e António Soares Franco, à direita. Filho e pai, administrador com o pelouro do marketing e vendas e presidente da José Maria da Fonseca, respetivamente.Hugo Amaral/ECO

Quase a completar 185 anos, pela José Maria da Fonseca (JMF) já passaram sete gerações (descendentes do fundador, o Sr. José Maria da Fonseca). O segredo da longevidade é gerir com vontade de prosseguir um projeto que é 100% familiar, pensando na geração futura, diz António Soares Franco, presidente da empresa e pai de António Maria Soares Franco e Sofia Soares Franco, que também trabalham no negócio da família e fazem parte da mais recente geração a gerir a empresa.

“Uma coisa é gerirmos para desfrutar, outra coisa é gerir a pensar que isto é um património que vem de trás e que nós estamos aqui para passar para a frente. Há aqui uma filosofia de vida diferente. É pensar a médio longo prazo, ainda que, hoje em dia, seja difícil”, conta António Soares Franco, em entrevista ao ECO.

Mas, é na junção entre tradição e inovação que parece estar a melhor receita para a longevidade. O ECO foi até à sede da JMF, em Azeitão, falar com pai e filho sobre as dificuldades, desafios e riscos que o setor vinícola enfrenta.

Como inovar num setor onde tudo está inventado?

“É muito difícil inovar num setor em que tudo já está inventado”, começa por admitir António Soares Franco. “Há vinhos tintos, brancos, rosés e de sobremesa. Diria que ficamos por aí. Podemos é jogar com castas, com métodos de vinificação, ocasiões de consumo… A criatividade é muito importante”, diz.

O grande desafio — num mundo que é, cada vez mais, de antecipação — passa por adivinhar futuras tendências e alterações de consumo. “Às vezes, antes mesmo da oportunidade, já temos de estar lá”, diz o presidente da empresa vinícola com sede em Azeitão.

Para o seu filho, António Maria Soares Franco, administrador com o pelouro do marketing e vendas, a vantagem de uma empresa familiar como a JMF é o mix entre família e profissionais na gestão da empresa. “A família pensa mais a longo prazo e os profissionais a curto prazo. São mais pragmáticos”, diz. “É no equilíbrio destas duas forças que vamos, muitas vezes, encontrar espaços no mercado onde é possível lançar produtos”, acrescenta.

Dos vinhos sem álcool ao restaurante By The Wine, do tratamento das vinhas com proteção integrada ao sistema de rega gota-a-gota, um dos temas centrais na JMF é a sustentabilidade. “Começa nas vinhas, passa para a adega e vai até ao packaging dos vinhos, à nossa relação com a comunidade ou à responsabilidade social”, afirma o administrador da empresa.

Uma fábrica a céu aberto. Um negócio arriscadíssimo

No que toca às alterações climáticas, a equipa de enologia e vinicultura da produtora de vinhos tem feito bastante investigação, quer em termos de cascas, quer em termos de novas formas de cultivo, de plantas ou de podar a vinha. “Tudo para conseguirmos viver num mundo onde, inevitavelmente, os extremos climáticos vão acontecer mais frequentemente”, refere.

Nós trabalhamos com a fábrica a céu aberto, estamos sujeitos ao clima e, por isso, mais do que ninguém, estamos atentos a todos os problemas das alterações climáticas.

António Soares Franco

Presidente da José Maria da Fonseca

“Uns anos é calor a mais, outros anos é chuva a menos”, diz o António Soares Franco. “Lá em casa, a minha mulher diz: ‘os agricultores nunca estão satisfeitos’. É verdade. Nós trabalhamos com a fábrica a céu aberto, estamos sujeitos ao clima e, por isso, mais do que ninguém, estamos atentos a todos os problemas das alterações climáticas. Somos a primeira linha a ser afetada”, afirma.

Dependente do clima, o líder da JMF admite que é o negócio vinícola é, realmente, arriscadíssimo. “Por isso é que uns anos há mais, outros menos. No ano passado houve muito pouco, este ano houve não tanto como se estava à espera”, diz António Soares Franco.

António Soares Franco na adega da Casa Museu José Maria da Fonseca, em Azeitão.Hugo Amaral/ECO

Este ano, a expectativa é positiva. “Temos dados muito positivos em relação à qualidade. Mas só falo a seguir ao São Martinho, como se costuma dizer: ‘até ao lavar dos cestos é vindima'”, acrescenta.

Além do clima, o setor, tal como muitos noutros, tem dificuldades em encontrar quem queira trabalhar as vinhas. “Cada vez mais é mais difícil ter mão-de-obra para trabalhar as nossas vinhas. Daí que todo o trabalho que a enologia esteja a fazer para o futuro é no sentido de ter vinhas que dependem menos de mão-de-obra. É importante, não só no nosso setor como noutros setores da agricultura”, diz António Maria Soares Franco. “Ao mesmo tempo, temos de ir vendo se é possível pagar melhor por esse tipo de trabalho, porque, de facto, hoje em dia não é fácil conseguir arranjar mão-de-obra para a agricultura”, acrescenta.

O ponto não é falta de atratividade. “Diria que, para pessoas que têm formação, é com certeza atrativa porque é uma indústria virada para fora, com horizontes mais largos do que as fronteiras de Portugal”, garante o pai. Mas para a mão-de-obra menos qualificada as dificuldades são grandes. “Não é fácil encontrarmos [mão-de-obra] e temos sempre vagas em aberto para esses lugares de entrada. É bom que os políticos se apercebam disso. Não é uma questão de irmos a mão-de-obra temporária ou a gente que vem da Ásia… Queremos que as pessoas façam carreira cá dentro, que evoluam”, acrescenta.

E para o Executivo, o empresário deixa ainda outros recados: “Acho muito importante, sob o ponto de vista fiscal, é haver estabilidade fiscal. Há muitos anos que vivemos numa constante alteração“. “A cada ano que passa aparecem mais requisitos e mais custos para as empresas. No fundo, é aquilo que chamamos de custos da legalidade e que pesam cada vez mais sobre as empresas hoje em dia”, complementa António Maria Soares Franco.

Os empresários defendem ainda que as empresas familiares deveriam ser mais acarinhadas. “As empresas familiares são um motor da economia, não são só as Galp e as EDP desta vida. São as empresas familiares que fazem a economia mexer efetivamente. São responsáveis por grande parte do investimento que se realiza neste país. E, portanto, acho que deviam ser ainda mais acarinhadas”, sublinha António Maria Soares Franco..

“Não ponho de parte que daqui a dez anos não haja vinho que chegue no mundo”

De colheita em colheita, muito tem mudado no mercado vinícola e, a partir de certa altura, também chegaram alguns receios de que as novas gerações não fossem tão adeptas do vinho como as anteriores. “A certa altura convenci-me que a nova geração ia criar-nos problemas, porque estava muito mais virada para outro tipo de bebidas alcoólicas”, começa por contar António Soares Franco, em entrevista ao ECO.

Certo é que os problemas que o presidente da José Maria da Fonseca antevia acabaram não se concretizar. “Tem sido uma surpresa muito positiva porque há cada vez mais interesses nas novas gerações pelo vinho, pela cultura e sociabilidade do vinho”, diz. “Não ponho de parte que daqui a dez anos não haja vinho que chegue no mundo. Não é um cenário que eu descarte”, afirma.

Os preços são muito baixos para o trabalho que dá gerir uma vinha. Não se enriquece com uma vinha.

António Soares Franco

Presidente da José Maria da Fonseca

“Talvez assim os preços subissem alguma coisa e os viticultores de alguns países, sobretudo de algumas regiões de Portugal, fossem recompensados, porque agora não são devidamente recompensados. Os preços são muito baixos para o trabalho que dá gerir uma vinha. Não se enriquece com uma vinha”, afirma o presidente da JMF.

O regresso dos consumidores aos vinhos europeus

António Maria Soares Franco diz que estamos a assistir a um regresso dos consumidores aos vinhos europeus. “O mercado do vinhos andou como um ponteiro. Antigamente era muito mais vinhos europeus, depois passamos por uma fase, no final dos ano 90 e princípio do milénio, em que os vinhos do novo mundo ganharam uma preponderância grande, nomeadamente vinhos da Austrália, Chile, Argentina, Estados Unidos e África do Sul. Eram vinhos beber mais fáceis de beber e de entender para um consumidor que estava a entrar no consumo de vinhos”, explica.

Depois das primeiras provas e à medida que os consumidores vão entrando neste mercado e bebendo cada vez mais vinhos, “o próprio paladar vai exigindo coisas mais sofisticadas e mais complexas”. “Estamos a assistir, nos últimos anos, a um regresso dos consumidores a vinhos europeus. Cascas diferentes, muitos vinhos de lote e mais sofisticados e complexos. Temos visto, quer Portugal, quer Itália, Espanha ou França, a crescer vendas lá fora”, afirma. “Há um ressurgimento dos países europeus no negócio do vinho”, acrescenta.

No ano passado, o volume de negócios da JMF foi de 24 milhões de euros.Hugo Amaral/ECO

O problema de Portugal, para o administrador da JMF, é que o preço médio a que os vinhos portugueses vendem lá fora continua a ser bastante baixo e abaixo de muitos outros países. “E não faz muito sentido, sobretudo se pensarmos no tipo de custos que as empresas têm, quer a nível da dimensão da propriedade — que continua a ser uma dimensão de vinha relativamente baixa –, quer a nível das castas — porque as castas portuguesas, comparadas com as internacionais, produzem bastante menos por hectare”, explica António Maria Soares Franco.

“As condições naturais da indústria de vinho português têm custos de produção acima de outros países. Portanto, nós, inevitavelmente, não podemos estar a competir em preço lá fora”, refere. “Numa empresa como a nossa, que vende muitos milhões de garrafas, obviamente que o volume é um tema importante (…) mas temos de trabalhar cada vez mais a valorização dos nossos vinhos. Não só a JMF, mas os vinhos portugueses em geral”, remata.

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