Marcelo reúne conselho de Estado na quarta-feira para analisar possibilidade de “estado de emergência”

O Presidente da República falou da "verdadeira quarentena voluntária" dos portugueses e remeteu para Conselho de Estado na quarta-feira um eventual "estado de emergência".

“Falo-vos para vos dizer três palavras muito simples e diretas: tenho acompanhado minuto a minuto a situação. E é, ao analisar essa situação e, para analisá-la, que decidi convocar o conselho de Estado para quarta-feira. Para que se debruce também sobre a eventual decisão de decretar o estado de emergência“, disse esta noite o Presidente da República.

Numa mensagem ao país, “pessoal e não como Presidente da República”, Marcelo Rebelo de Sousa dirigiu palavras de agradecimento a todos os portugueses e, em particular, aos profissionais de saúde. “A segunda palavra é para vos agradecer aquilo que tem sido uma verdadeira quarentena voluntária dos portugueses nos últimos dias. E depois agradecer, e já o fiz por escrito, aos profissionais de saúde”, sublinhou.

Em terceiro lugar, Marcelo declarou uma certeza: “Não é preciso apelar ao que já existe. Apelar aos menos jovens como eu, para que saibam compreender. Aos mais jovens, para que respeitem os menos jovens. Mais do que um apelo é uma certeza: vencemos crises, vencemos doenças. (…) Vamos vencer”, disse, sublinhando um sentido de unidade que é necessário e que tem sido uma constante em todo o processo. “Aquilo que é preciso decidir, será decidido. As medidas a tomar serão tomadas. Com os órgãos de soberania juntos, unidos. Presidente, Parlamento, Governo. Partidos solidários. O que nos une é muito mais do que aquilo que nos pudesse dividir”, disse ainda Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando que as palavras de hoje são uma comunicação pessoal e deixando para quarta-feira, no final do conselho de Estado, uma comunicação “mais formal como Presidente da República”.

Este domingo, na atualização do boletim sobre os infetados com o coronavírus, as autoridades de saúde deram conta de um total de 245 infetados, mais 76 casos do que no dia anterior.

António Costa anunciou, esta tarde, que, em coordenação com o chefe do governo espanhol Pedro Sánchez, decidiram confinar a circulação na fronteira entre Portugal e Espanha a bens e mercadorias, impossibilitando a passagem de turistas e lazer durante, pelo menos, um mês.

Notícia em atualização.

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Covid-19: Depois da sede, Parfois fecha as lojas de rua

Empresa portuguesa prepara-se para fechar lojas de rua a partir desta segunda-feira. Planeia também, numa segunda fase, encerrar temporariamente lojas em centros comerciais. Mantém vendas online.

Depois da sede, em Rio Tinto, a empresa portuguesa Parfois decidiu fechar todas as lojas de rua da marca a partir de 15 de março. A medida surge em resposta à pandemia de coronavírus, tendo como objetivo a prevenção e proteção dos clientes e colaboradores da empresa, explica a Parfois em comunicado.

“Já estamos a estabelecer contacto com centros comerciais e parceiros para, num segundo momento – o mais rápido que nos for possível e em consenso com os parceiros – assegurar o fecho das restantes lojas, nos centros comerciais. São decisões que não dependem apenas de nós mas esperamos conseguir assegurar de forma consensual o encerramento das nossas lojas”, detalha fonte da empresa em comunicado.

Apesar de as lojas físicas encerrarem, a loja online da marca vai continuar em funcionamento. “Conscientes de que o nosso produto não é de primeira necessidade, queremos manter a normalidade”, detalha a empresa. “Por esse motivo, assumimos o compromisso de ter, como sempre tivemos, altos níveis de prevenção nas entregas ao domicílio. Para proteção de todos serão tomadas medidas de descontaminação e de segurança na entrega”, assegura o comunicado. Assim, como se trata de uma “situação de exceção”, as devoluções passam também a ser sempre gratuitas e pelo período alargado de 60 dias, durante este processo.

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Portugal limita circulação de turistas nas fronteiras. Mantém circulação de bens e mercadorias

Medida acordada com Pedro Sánchez entra em vigor já amanhã. Entre Portugal e Espanha passarão apenas bens e mercadorias por via terrestre. Turismo e lazer ficarão de fora.

Portugal vai restringir a circulação de turistas e lazer na fronteira com Espanha durante pelo menos um mês, disse esta tarde o primeiro-ministro, na sequência das reuniões com o chefe do governo espanhol e também com o Presidente da República. O transporte de mercadorias manter-se-á, acrescentou.

Novas medidas, disse António Costa, serão anunciadas esta segunda-feira, depois da reunião entre os ministros da Administração Interna.

“Acordámos agir sempre em conjunto na gestão desta fronteira que é comum”, assegurou António Costa, remetendo para esta segunda-feira mais novidades sobre o tema. “Amanhã, logo a seguir a reunião dos ministros da Saúde e de Administração Interna, os nossos respetivos ministros definirão as regras que deverão obedecer aos seguintes princípios: manter a liberdade de circulação de mercadorias, garantir os direitos dos trabalhadores transfronteiriços, mas haver restrição à circulação para efeitos de turismo ou lazer”, assinalou.

António Costa disse ainda que vivemos um momento em que “não podemos gastar todas as munições imediatamente“. “A melhor forma de evitar a necessidade de tomar medidas mais duras é continuar a fazer, de uma forma responsável e voluntária, o que os portugueses têm feito: conter-se”, acrescentou, apelando à contenção. “Temos de evitar ao máximo possível a atividade mas garantir a atividade essencial à nossa existência”.

“Se for necessário declarar estado de emergência, assim será. Que ninguém tenha dúvidas”, disse ainda António Costa.

A medida de conter a circulação turística nesta altura do ano, diz o primeiro-ministro, é “particularmente importante tendo em conta que, como sabemos, nos períodos da Páscoa há tradicionalmente uma maior afluência de turistas espanhóis a Portugal”.

“Essas medidas serão acordadas amanhã, de forma a garantir que a nossa fronteira terrestre vai continuar a permitir o bom funcionamento das relações entre os dois países, mas garantir a segurança é imprescindível neste momento”, sublinhou o chefe do Executivo.

As novas regras, que deverão ser definidas “comummente após a reunião dos ministros da Administração Interna e do Interior, serão também aplicáveis “à fronteira aérea e a qualquer outro tipo de fronteira”.

“Situações como as que ocorreram nas últimas 24 horas, de um navio cruzeiro que não pode desembarcar passageiros em Portugal, desembarcaram em Espanha e virem por via terrestre não podem voltar a repetir-se”, assinalou.

Estado de emergência? Pedido deve ser feito pelo Presidente

Sobre a possibilidade de decretar “estado de emergência“, António Costa disse que essa será uma tarefa da competência do Presidente da República. “O estado de emergência é o Presidente da República. A competência para promover o estado de emergência é do Presidente da República. Para isso tem de ouvir o Governo e propor à Assembleia da República“, disse.

Costa adiantou ainda que, na reunião do Marcelo Rebelo de Sousa, falaram sobre esse tema. “O Presidente está a avaliar essa necessidade. A garantia que o Governo dará é que, quando o Presidente da República entender que o estado de emergência deve ser decretado, não colocaremos qualquer reserva a essa natureza. Aquilo que é necessário ter em conta é o quadro geral da nossa ordem jurídica”, disse.

Quando o Presidente da República entender que o estado de emergência deve ser decretado, não colocaremos qualquer reserva a essa natureza.

António Costa

Primeiro-ministro

No entanto, o primeiro-ministro disse perceber a “preocupação natural dos portugueses” que “é saber se é necessário ou não é necessário aumentar as restrições aos direitos, liberdades e garantias dos portugueses”, assegurou. “Tive a oportunidade de fazer a avaliação com o Presidente da República da forma como os portugueses têm estado exemplarmente a cumprir todas as normas”.

“Temos de manter a cabeça fria para não deixar de fazer aquilo que é essencial fazer mas evitar qualquer tipo de excesso. (…) Devemos adotar as medidas que sejam necessárias”, assinalou.

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Rio defende encerramento de fronteiras

  • ECO
  • 15 Março 2020

Líder do PSD considera "urgente" o fecho de fronteiras e garante que o Governo terá todo o apoio do partido para escalar as medidas de emergência.

Rui Rio defende o encerramento urgente das fronteiras com Espanha. Numa declaração na rede social Twitter, o líder do PSD faz este apelo no mesmo dia em que António Costa e Pedro Sanchéz vão reunir em teleconferência para avaliarem novas medidas de contenção do novo coronavírus Covid-19. E o fecho de fronteiras é um dos temas em cima da mesa.

 

Portugal registou 76 novos casos do novo coronavírus, com o número total de infetados confirmados pelas autoridades a subir para 245, à medida que a epidemia confirma a tendência de crescimento exponencial no país. Lisboa superou o Norte como a região com mais casos.

A região dos Açores anunciou o primeiro doente com Covid-19. Há dois recuperados. 106 doentes estão a ser tratados em casa face à situação de menor gravidade em que se encontram.

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Presidente da República faz hoje comunicação ao país

  • ECO
  • 15 Março 2020

Marcelo Rebelo de Sousa fará este domingo uma comunicação ao país. O Presidente reuniu este domingo com António Costa por vídeoconferência.

O Presidente da República fará este domingo uma comunicação ao país. A declaração de Marcelo Rebelo de Sousa aos portugueses surge numa altura em que Portugal está em estado de alerta mediante o aumento exponencial do número de casos de coronavírus.

Ainda não há indicação para a hora a que o Chefe de Estado fará comunicação nem a informação de como será feita. Este domingo, Marcelo Rebelo de Sousa reuniu com o primeiro-ministro, António Costa, por videoconferência.

O Presidente está em isolamento, em casa, em Cascais, apesar de ter testado negativo quanto à doença.

Esta tarde, a ministra da Saúde, Marta Temido, disse que “é previsível que a curva epidemiológica aumente até ao final de abril”. Isto depois de a Direção-Geral de Saúde ter dado conta da existência de 245 casos de Covid-19.

(Notícia atualizada às 18h16)

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Fnac alarga prazos de trocas para 45 dias

  • ECO
  • 15 Março 2020

A Fnac adotou um plano de contenção por causa do novo coronavírus Covid-19. Vai alargar prazos de trocas para comprar a partir de 1 de março e prefere pagamentos por cartão.

A Fnac decidiu alargar “o prazo de trocas e devoluções para 45 dias para compra efetuadas a partir de 1 de março”, uma das medidas de contenção do novo coronavírus Covid-19. Num email enviado aos clientes com cartão Fnac, o diretor-geral Nuno Luz aponta a “preferência de pagamento por via eletrónica, como contactless ou MB Way na app Cartão FNAC, para diminuir o risco de contacto por numerário”.

Por outro lado, a Fnac revela que, em relação a cancelamento de “espetáculos e eventos, na sequência das diretrizes lançadas pelas entidades de saúde”, os que já compraram bilhetes devem enviar emails para bilheteira.fnac.pt com pedido de informação sobre reembolsos.

Já em relação aos eventos próprios nos Fóruns Fnac, Nuno Luz revela que a Fnac decidiu-se pelo seu cancelamento, “de modo a assegurar a proteção da nossa comunidade de clientes, colaboradores e artistas”.

A Fnac vai adaptar os horários das lojas de acordo com as diretrizes de centros comerciais e organismos competentes.

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Marta Temido: “É previsível que a curva epidemiológica aumente até ao final de abril”

Ministra da Saúde voltou a apelar à responsabilidade individual, que deverá refletir-se na evolução da doença. "Todos somos poucos para parar o covid-19", disse Marta Temido.

“É previsível que a curva epidemiológica aumente até ao final de abril“, disse esta tarde Marta Temido, no habitual balanço diário a propósito do coronavírus. “Temos de nos preparar para este cenário e para esta realidade”, alertou a ministra, voltando a apelar à responsabilidade de cada um.

A ministra da Saúde apelou a que, em agregados em que um dos elementos seja profissional de saúde, a guarda das crianças fique a cargo do outro membro do casal.

Sobre as consultas não urgentes, que ontem a ministra tinha referido que seriam adiadas para libertar os serviços hospitalares, “a suspensão da atividade programada de caráter não urgente está já a ser comunicada”.

“Privilegia-se o atendimento em separado, o tratamento ambulatório e domiciliário”, referiu ainda Marta Temido, sobre os próximos passos de tratamento de eventuais contaminados com o coronavírus.

Todos somos poucos para parar o covid-19.

Marta Temido

Ministra da Saúde

Estamos a preparar o sistema de saúde da melhor forma possível“, anunciou, acrescentando que os profissionais que se disponibilizaram para reforçar os serviços de saúde, “se ainda não foram, serão contactados em breve”. “Todos somos poucos para parar o covid-19”, concluiu Marta Temido.

Graça Freitas, em seguida, disse-se surpreendida com a mobilização da sociedade a que tem assistido nas últimas horas. “É com imensa satisfação que vimos hoje, diversos setores a anunciar medidas, e medidas muito pertinentes”, disse a diretora-geral da Saúde.

A responsável da Direção-geral da Saúde recomendou ainda cuidados para o regresso ao trabalho, esta segunda-feira. “Amanhã vamos voltar ao trabalho e a primeira coisa a fazer é lavar bem as mãos antes de saúde de casa. Pegar num lenço para carregar no botão do elevador, por exemplo. Virar às costas ao parceiro, no elevador ou no transporte público, nesta fase vale. E continuar a não confraternizar de perto com quem trabalha connosco. Vamos organizar e manter a distância social. Quando se chega, lavar bem as mãos. Isto pode fazer a diferença”.

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Itália bate recorde de mortes nas últimas 24 horas e já regista 1.809

  • Lusa
  • 15 Março 2020

O número de mortes em Itália devido ao novo coronavírus atingiu este domingo as 1.809, o que representa um aumento recorde de 368 nas últimas 24 horas.

O número de mortes em Itália devido ao novo coronavírus atingiu este domingo as 1.809, o que representa um aumento recorde de 368 nas últimas 24 horas, segundo o último balanço divulgado pela Proteção Civil do país.

Há pelo menos 24.747 pessoas infetadas, mais 3.590 face aos dados avançados no sábado.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19, foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.000 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 160 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 139 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados.

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Covid-19 já matou mais de 6.000 pessoas em todo o mundo

  • Lusa
  • 15 Março 2020

Pelo menos 6.036 pessoas morreram entre 159.844 casos de infeção em 139 países e territórios desde o início da epidemia.

O número de mortes registadas no mundo devido ao novo coronavírus ultrapassou já as 6.000, além de quase 160.000 pessoas infetadas, de acordo com uma avaliação da AFP a partir de fontes oficiais.

Pelo menos 6.036 pessoas morreram entre 159.844 casos de infeção em 139 países e territórios desde o início da epidemia. Este número de casos diagnosticados, no entanto, reflete a realidade apenas de maneira imperfeita, pois os países têm políticas e critérios de contabilidade mais ou menos restritivos, alerta a AFP.

A China continua a ser o país com o maior número de óbitos (3.199), mas o principal foco de contaminação está agora na Europa, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), onde o surto de Covid-19 está a alastrar rapidamente e já causou pelo menos 1.907 mortos.

Só nas últimas 24 horas, Espanha anunciou a morte de mais 105 pessoas por causa do novo coronavírus e é o segundo país europeu mais afetado, com pelo menos 288 vítimas, apenas atrás de Itália, que contabilizava até este sábado 1.441 mortos.

Em Portugal, a Direção-Geral da Saúde (DGS) elevou este domingo o número de casos de infeção confirmados para 245, mais 76 do que os registados no sábado.

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Alemanha encerra fronteiras com França, Áustria e Suíça

  • Lusa
  • 15 Março 2020

Alemanha deverá fechar as estradas com França, Áustria e Suíça para travar o surto do vírus, e numa altura em que verificava uma corrida desenfreada aos supermercados nas zonas perto das fronteiras.

A Alemanha deverá encerrar segunda-feira as fronteiras com a França, Áustria e Suíça, numa tentativa de conter a propagação da pandemia Covid-19 e impedir o açambarcamento de bens de consumo, avançou hoje a imprensa alemã.

Segundo o diário Bild, para a decisão de encerrar as fronteiras pesou a vontade das autoridades de impedirem as compras em massa de bens de consumo em território alemão, que estarão a ser feitas por cidadãos estrangeiros que moram em zonas fronteiriças.

A medida terá sido tomada durante uma reunião por telefone entre a chanceler Angela Merkel, os ministros do Interior e da Saúde e os líderes dos Estados federados da Baviera, Baden-Württemberg, Sarre, e Renânia-Palatinado.

O encerramento das fronteiras entrará em vigor às 08h00 locais de segunda-feira (07h00 em Lisboa), estando previstas exceções para o transporte de mercadorias e para pessoas que trabalhem num dos lados da fronteira, mas que habitem no outro.

Mesmo nestes casos haverá restrições e um controlo apertado, avança o Bild.

O total de pessoas infetadas na Alemanha subiu para 3.795, mas 733 do que no sábado, havendo a registar a nona vítima mortal, uma mulher de 86 anos da Baviera.

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Mais de 50 médicos foram infetados e 150 estão em quarentena, diz sindicato

  • Lusa
  • 15 Março 2020

Sindicato Independente dos Médicos apela ao Governo para disponibilizar rapidamente mais meios de proteção aos profissionais de saúde. 50 médicos já foram infetados com o novo vírus.

O Sindicato Independente dos Médicos apelou ao Governo para disponibilizar rapidamente meios de proteção aos profissionais de saúde em Portugal, onde há mais de 50 médicos infetados com o novo coronavírus e mais de 150 em quarentena.

Em entrevista telefónica à agência Lusa, o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Roque da Cunha, avançou que Portugal regista mais de 50 médicos infetados com o vírus da pandemia Covid-19, com os últimos cinco casos identificados no Hospital SAMS, em Lisboa, e que há mais de 150 médicos em quarentena, apelando ao Governo para disponibilizar mais meios para aqueles profissionais trabalharem protegidos e protegerem os doentes.

“Neste momento, daquilo que é do nosso conhecimento, médicos infetados já ultrapassará a meia centena. Médicos em quarentena mais de 150. (…) Mais recentemente aconteceu no Hospital do SMAS, onde cinco médicos atestaram positivos e mais um técnico, um deles está no Hospital Curry Cabral [Lisboa]”, revelou Roque da Cunha.

O presidente do SIM observou que “com médicos doentes dificilmente haverá capacidade de responder ao exponencial crescimento da epidemia”.

Ontem [sábado] foi anunciado que existem dois milhões de máscaras, mas nós temos indicações todos os dias da dificuldade da disponibilidade dessas máscaras chegarem aos profissionais de saúde”, avisou, pedindo aos médicos para que não corram riscos e que no caso de não estarem devidamente protegidos, e de haver uma suspeita séria do vírus, de que tenham um cuidado redobrado.

A ministra da Saúde, Marta Temido, admitiu no sábado que algumas unidades hospitalares partiram para o combate à Covid-19 com stocks baixos de máscaras de proteção e anunciou um reforço de um milhão de unidades deste equipamento, a ser entregue durante este fim de semana.

Roque da Cunha criticou o Governo por não estar a escutar os médicos em relação à pandemia da Covid-19, referindo que estão disponíveis para ajudar.

“Que sejam os técnicos e os médicos a aconselharem o Governo, e nós estamos totalmente disponíveis, tal como a Ordem dos Médicos, para o fazer, infelizmente ainda não nos chamaram”, afirmou.

Sobre os novos cinco casos de médicos infetados com o vírus da Covid-19 no Hospital SAMS, Roque da Cunha apelou àquela unidade hospitalar privada para que “torne público o plano de contingência”, afirmando que são desconhecidas publicamente as medidas de prevenção da pandemia.

Questionado pela Lusa sobre o agradecimento dos portugueses aos profissionais de saúde, saindo às janelas e varandas às 22h00 para bater palmas, no sábado à noite, Roque da Cunha diz-se comovido.

Tem sido de facto um reconhecimento que nós agradecemos, que aliás deveria estender-se do Governo em relação à nossa parte. Vimos esse reconhecimento das pessoas. Necessitamos de estar protegidos para os tratar da melhor forma e de facto esse reconhecimento até devo dizer que me comove, ainda por cima, da forma espontânea como foi organizado”, disse.

O novo coronavírus responsável pela pandemia de Covid-19 foi detetado em dezembro, na China, e já provocou mais de 6.000 mortos em todo o mundo.

O número de infetados ronda as 160 mil pessoas, com casos registados em pelo menos 139 países e territórios, incluindo Portugal, que tem 245 casos confirmados. Do total de infetados, mais de 75 mil recuperaram.

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Q&A Coelho Dias (Marsh): Pandemia já está a estimular phishing via e-mail

Aproveitamento do surto de Coronavirus para tentativas de phishing via email é já evidente revela o especialista em cibersegurança da corretora Marsh Portugal que explica os riscos do teletrabalho.

Manuel Coelho Dias é especialista em ciberisco na Marsh, uma das maiores da corretoras de seguros e de consultoria de risco do mundo e também de Portugal. Licenciado em Direito, esteve na Deloitte antes de ingressar na atutal empresa onde acompanha clientes em processos de consultoria, gestão e transferência de riscos cibernéticos.

Perante a evidência de, para evitar a interrupção de negócio, as organizações estarem a orientar os seus colaboradores para trabalharem a partir de casa, novas situações se colocam e a segurança dos sistemas informáticos pode estar em causa. Respondeu a ECOseguros sobre quais os riscos atuais e que resposta pode dar o setor segurador.

Manuel Coelho Dias: “O acesso a informação corporativa deve ser feito utilizando VPN’s e seguindo procedimentos de autenticação forte para os sistemas corporativos onde se encontra armazenada a informação mais sensível”.

 

Qual a ameaça que o teletrabalho pode representar para a cibersegurança em grandes e pequenas organizações?

Do ponto de vista da cibersegurança as ameaças são várias, desde logo pela tentação de impormos alguns atalhos às medidas de segurança já em vigor nas nossas organizações. Estou a pensar no encaminhamento de informação corporativa para os emails pessoais ou a utilização de dispositivos pessoais (computadores, smartphones) para fins profissionais. Estas são situações que devemos evitar, tendo em conta que os nossos computadores pessoais e redes domésticas não têm o grau de proteção das redes e dispositivos corporativos.

Ao nível da segurança das redes, o acesso a informação corporativa deve ser feito utilizando VPN’s e seguindo procedimentos de autenticação forte para os sistemas corporativos onde se encontra armazenada a informação mais sensível.

A utilização de equipamentos pessoais para fins profissionais sem dúvida que favorece a instalação de programas maliciosos que podem comprometer a confidencialidade e integridade da informação.

Quais as medidas de segurança que se podem tomar, dada a falta de preparação prévia a que esta crise obrigou, para minimizar o riscos de entrada de estranhos nos sistemas?

Os colaboradores devem seguir escrupulosamente as regras aplicáveis nas suas empresas e entidades empregadoras, que são quem melhor conhece o risco especifico da operação IT, sobretudo no que diz respeito à utilização dos equipamentos profissionais, encriptação e VPN’s.

Quais as principais consequências: Roubo de dados, instalação de spyware ou malware nos sistemas? Ransomware? O que está a acontecer mais no mundo e em Portugal?

Não dispomos de dados ainda, pois a situação é muito recente. A esta altura as empresas estão preocupadas sobretudo com a continuidade do negócio, e só após esta fase poderemos fazer a contabilidade da evolução da atividade criminosa. Posso dizer que a esta altura há um claro aproveitamento da epidemia de Coronavirus para tentativas de phishing via email. Estas tentativas estão mais sofisticadas, utilizam a imagem corporativa dos alvos e são redigidas em língua fluente. É fundamental confirmar a origem das mensagens de email: usuário e domínio devem ser verificados ao carater. Por outro lado, poderá haver um agudizar das ameaças que marcaram os últimos 2 anos, especialmente as relacionadas com ransomwares.

Estão as empresas portuguesas bem preparadas para resistir a ataques?

Em regra, uma política integrada de segurança da informação e ativos tecnológicos tem em conta as dimensões, a resiliência e continuidade de negócio, independentemente do tamanho da organização. As entidades que investiram na sua operação IT estarão naturalmente melhor preparadas para lidar com as contingências desta epidemia. Pelo contrário, as que sofram contingências mais severas, e que podem passar no limite pela impossibilidade de operarem, têm aqui uma oportunidade para apostarem na resiliência dos seus sistemas.

Estão as empresas portuguesas bem cobertas quanto a seguros para esta se protegerem nesta situação?

A adesão aos seguros cyber no mercado português tem sido lenta mas progressiva. As empresas ainda não estão rendidas ao paradigma da mutualização dos riscos cibernéticos, mas é uma linha em franco crescimento.

Que podem as seguradoras fazer no momento como este quanto a cibersegurança?

Os seguradores têm disponíveis serviços de resposta a incidentes, em acrescento às coberturas, nas apólices cyber. É importante que os Seguradores tenham estas linhas de resposta a incidentes preparadas para fazer face a eventuais incidentes, sendo que os próprios seguradores também estão sujeitos às contingências desta epidemia, e, portanto, é um teste também à sua continuidade de negócio.

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