Produção da OPEP recuou em 1,9 milhões de barris por dia em junho

  • Lusa
  • 14 Julho 2020

A produção de petróleo da OPEP recuou em 1,9 milhões de barris por dia no mês de junho segundo o relatório mensal divulgado. Também em maio a produção do "ouro negro" tinha recuado.

A produção de petróleo da OPEP recuou de novo em junho, com os países que integram a organização a respeitarem o acordo destinado a impulsionar os preços, num mercado deprimido pela crise da covid-19.

A produção recuou em 1,9 milhões de barris por dia no mês de junho, segundo fontes citadas no relatório mensal da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), divulgado esta terça-feira.

No mês de maio, a produção já tinha recuado 6,3 milhões de barris por dia. A Arábia Saudita foi a responsável por mais de metade deste esforço, com as suas extrações de petróleo a recuarem 923 mil barris por dia durante um mês.

O Iraque também contribuiu com menos 449 mil barris por dia em relação ao mês anterior, enquanto a Venezuela, que produziu 356 mil barris diários, baixou a produção em 199 mil barris.

Os membros da OPEP e um grupo de produtores aliados, incluindo a Rússia, concordaram em fazer novos cortes na produção a partir do início de maio, mantendo-se a redução em julho.

O corte na produção destina-se a impulsionar os preços, que recuaram fortemente devido à crise sanitária, com uma queda acentuada na procura, em particular nos transportes.

Após uma queda na procura mundial de petróleo em 2020 calculada em 8,8 milhões de barris por dia, sob efeito da pandemia, a OPEP aponta para uma recuperação de sete milhões de barris diários em 2021.

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CMVM suspende ações do Benfica com Vieira e SAD arguidos

O regulador do mercado de capitais decidiu avançar com a suspensão da negociação das ações, mas também das obrigações, da SAD encarnada.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) decidiu avançar com a suspensão da negociação das ações, mas também das obrigações, da SAD encarnada. Está a aguardar a divulgação de informação relevante para o mercado, isto no dia em que é avançado que Luís Filipe Vieira e a própria SAD foram constituídos arguidos.

O Conselho de Administração da CMVM “deliberou a suspensão da negociação das ações Sport Lisboa e Benfica – Futebol SAD e outros instrumentos relacionados, aguardando a divulgação de informação relevante ao mercado”, refere o regulador em comunicado.

A CMVM não explica qual o motivo. Contudo, esta decisão surge depois de ter sido conformada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) a constituição de três arguidos, uma pessoa singular e duas coletivas, por fraude fiscal no âmbito da operação “saco azul”, que envolve o Benfica.

De acordo com A Bola, e já confirmado pelo ECO, o presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, é um dos arguidos nesta investigação, como responsável pela SAD, assim como a própria sociedade desportiva e a Benfica Estádio.

“No âmbito deste inquérito foram, ontem [na segunda-feira], constituídos três arguidos, uma pessoa singular e duas coletivas”, disse a PGR. O jornal desportivo acrescentou que esta terça-feira será ouvido, entre outros, o administrador financeiro da SAD, Domingos Soares de Oliveira.

A investigação da Autoridade Tributária (AT) remonta a 2018, quando foram feitas buscas às instalações “encarnadas”, por suspeitas da emissão de faturas de serviços fictícios de uma empresa informática, que o Benfica pagou. Em causa estarão 1,8 milhões de euros que terão sido pagos pelas sociedades encarnadas, durante seis meses, para pagar serviços que não foram prestados.

(Notícia atualizada às 14h56 com mais informação)

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Costa defende na Hungria que Estado de direito não deve ser associado ao Fundo de Recuperação

  • Lusa e ECO
  • 14 Julho 2020

A posição de Portugal é que esta é uma matéria fulcral, mas que deve ser tratada em sede própria, designadamente através do artigo 7º do Tratado. Costa manifestou-se confiante num acordo no sábado.

O primeiro-ministro, António Costa, defendeu esta terça-feira à saída de uma reunião com o seu homólogo húngaro, Viktor Orbán, que a questão do Estado de direito, embora “central” para Portugal, não deve ser relacionada com as negociações sobre o plano de recuperação.

Depois de um encontro bilateral com o seu homólogo húngaro, no quadro dos contactos que tem realizado com outros líderes europeus para preparar o Conselho Europeu que arranca na próxima sexta-feira em Bruxelas, António Costa, em declarações à RTP em Budapeste, apontou que muitas vezes é a “falta de diálogo” que previne compromissos, pelo que considerou “importante” a conversa mantida com Orbán, na qual foi abordada a delicada questão da eventual condicionalidade na disponibilização de fundos de recuperação ao cumprimento do Estado de direito, que, segundo Bruxelas, está ameaçado na Hungria.

Costa apontou que “com a Hungria há um problema particular, que tem a ver com a questão do Estado de direito e qual é a relevância que deve ter nesta condicionalidade”, no quadro das negociações sobre o Fundo de Recuperação, e indicou que a posição de Portugal é que esta é uma matéria fulcral, mas que deve ser tratada em sede própria, designadamente através do artigo 7º do Tratado, que dota a UE da capacidade de intervir em caso de risco manifesto de violação grave dos valores comuns, e que de resto já foi acionado ao encontro da Hungria.

“Como sabe, para nós a questão das liberdades, democracia e Estado de direito são questões centrais e que devem ser resolvidos nos termos próprios do Tratado, com base no artigo 7º, porque não se trata de discutir simultaneamente valores e dinheiro. Os valores não se compram. Se há um problema de valores, aí deve ser tratado, como está previsto, no artigo 7º como uma condicionante à participação na própria União”, defendeu.

Para António Costa, outro tema, distinto, “é a discussão relativamente a este programa de recuperação financeira, onde aquilo que importa assegurar é um adequado controlo do uso dos fundos europeus”, algo que considerou “absolutamente razoável” e que todos aceitam, incluindo a Hungria, disse acreditar.

“Eu acho que esta conversa é importante, porque todos temos de perceber quais são efetivamente os pontos de conflito que estão em aberto, para fazer um trabalho e um esforço para, até ao próximo Conselho, encontrarmos soluções para os diferentes pontos. Acho que há muitas vezes falta de diálogo entre as pessoas, e estes contactos bilaterais permitem perceber melhor quais são as dificuldades de uns e de outros, quais são os pontos de vista de uns e de outros, e isso aproxima e facilita a construção de acordos”, disse.

O primeiro-ministro, que na véspera esteve em Haia para um encontro com o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, notou a propósito que “todos os primeiros-ministros andam mais ou menos neste momento a circular pelas diferentes capitais, procurando identificar quais são as dificuldades que uns e outros têm”.

Costa voltou a manifestar-se confiante num acordo já na próxima cimeira, até porque, salientou, adiar uma solução para “uma situação dramática que hoje a Europa está a viver, já não só do ponto de vista sanitário, mas também do ponto de vista económico e do ponto de vista do emprego” seria algo que “nenhum cidadão na Europa, em parte alguma da Europa, pode perceber”.

Como sabe, eu sou um otimista impenitente e, portanto, não vejo razão para que, desde que haja vontade política, não possa haver acordo no próximo fim de semana. Não sei se é a 17 [de julho, sexta-feira], não sei se é a 18, não sei se teremos de ficar mesmo para 19, mas não vejo nenhuma razão para que não haja acordo”, reforçou. Costa revelou ainda que, tal como fizera na véspera com o chefe de Governo holandês, também explicou a Orbán “a especificidade regional da situação que se vive em Portugal” a nível da pandemia da covid-19, isto no dia em que a Hungria também colocou Lisboa na ‘lista vermelha’.

“Sei que amanhã haverá uma reunião do Governo húngaro, e o primeiro-ministro ficou de considerar todos os dados e documentação que lhe forneci”, declarou, sublinhando que, na sua conversa com Orbán, enfatizou o facto de o aumento de casos em Portugal ser muito localizado e de Portugal ser “dos países que mais testes fizeram”, pelo que seria “muito injusto penalizar quem faz um esforço muito grande para identificar as pessoas infetadas”, ao contrário de outros Estados-membros que preferem outras abordagens.

Depois das deslocações a Haia e Budapeste, António Costa estará a partir de sexta-feira em Bruxelas, para participar num Conselho Europeu no qual os 27 vão tentar ‘fechar’ um compromisso sobre o Fundo de Recuperação europeu e o orçamento plurianual da União para 2021-2027.

Costa esclarece posição sobre Hungria

No Twitter, o primeiro-ministro veio esclarecer a sua posição: “Defendo que quem não partilha os valores da UE deve sair ou ver o seu direito de voto suspenso e não poder comprar com cortes orçamentais a violação desses valores”, escreveu, assinalando que “o Estado de Direito deve ser tratado na sede própria e os valores não se compram nem se negoceiam”.

(Notícia atualizada no dia 15 de julho às 13h23 com esclarecimento de António Costa)

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CMVM quer poupar até 500 mil euros com redução em quase um terço nos deveres de reporte

Supervisor pôs em consulta pública quatro propostas de regulamentos. Intermediários financeiros e peritos avaliadores de imóveis são os mais beneficiados com um corte para metade dos deveres.

A Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) quer simplificar os regulamentos e, consequentemente, cortar custos próprios e dos supervisionados. Por isso, o regulador liderado por Gabriela Figueiredo Dias colocou em consulta pública quatro projetos regulamentares com os quais poderá reduzir em 29% os deveres de reporte periódico dos emitentes.

“As alterações que se pretende introduzir visam a eliminação de informação não essencial para efeitos de supervisão, sujeita a duplo reporte ou que já decorra de deveres de reporte a nível europeu; a estabilização a médio e longo prazo e a harmonização transversal dos deveres; e aperfeiçoamentos e clarificações face a desenvolvimentos de mercado e das melhores práticas de supervisão”, explica a CMVM, em comunicado.

Em causa está a eliminação de 19 deveres de reporte regular de um total de 66 deveres atualmente em vigor e ajustamentos a outros 34 deveres (ou seja, 52% do total). Trata-se de informação desatualizadas ou duplicadas como, por exemplo, informação de day-trading que é enviada à CMVM tanto pelas corretoras como pela bolsa.

Intermediários financeiros e peritos avaliadores de imóveis são os mais beneficiados com um corte de 50% dos deveres. Em sentido contrário, organismos de investimento coletivo estrangeiros comercializados em Portugal, pacotes de produtos de investimento de retalho e de produtos de investimento com base em seguros (PRIIP) e sociedades de consultoria para investimento não beneficiam de qualquer eliminação.

Fonte: CMVM

O objetivo é simplificar processos e reduzir custos. A estimativa da CMVM é que tenha uma poupança própria (essencialmente conseguida pelo menor esforço de tratamento de dados) entre 300 mil e 500 mil euros a médio prazo. Para os supervisionados, não há cálculos, mas a comissão espera também que os custos iniciais de adaptação sejam amortizados a médio prazo e que haja, posteriormente, poupanças. Já para quem entrar agora no mercado, essas poupanças (face aos atuais supervisionados) seria imediata.

Os projetos regulamentares são conhecidos numa altura em que a CMVM está também em processo de revisão do código dos valores mobiliários. A comissão já enviou ao Ministério das Finanças a sua proposta e está atualmente à espera de feedback, o que foi atrasado pela mudança no ministro das Finanças (com a saída de Mário Centeno e a entrada de João Leão) e pela Covid-19.

A revisão poderá igualmente reduzir ainda mais os deveres de reporte já que, nessa proposta, a CMVM identificou mais duplicações, neste caso, ad hoc ou seja, informação que tem de ser comunicado ao supervisor após ter ocorrido.

Informação reforça sobre reclamações e comissões bancárias

“O exercício de simplificação foi conduzido tendo presente a necessidade de manter intacta e, em alguns casos, até reforçar, a proteção dos investidores”, explica a CMVM sobre a proposta pública. É que nem tudo são reduções nos deveres. Os ajustamentos incluem também nova informação a reportar.

É o caso, por exemplo, um novo dever de reporte semestral das reclamações recebidas dos investidores pelas entidades supervisionadas e resolvidas sem necessidade de intervenção da CMVM. “Com esta alteração, a CMVM passará a ter informação sobre todas as reclamações dos investidores não profissionais apresentadas junto de intermediários financeiros, sociedades gestoras organismos de investimento coletivo, sociedades de investimento autogeridas e entidades gestoras de plataformas de crowdfunding“, aponta.

O mesmo acontece com um ajustamento ao reporte de informação previsto no preçário dos intermediários financeiros que é usado nos simuladores de custos da CMVM, nomeadamente para as ofertas de empréstimos obrigacionistas junto de investidores de retalho. O supervisor espera que aumente a transparência, comparabilidade e concorrência de custos de serviços oferecidos pelas diversas entidades.

“Esta é uma das iniciativas decisivas no projeto de simplificação regulatória que a CMVM vem desenvolvendo desde 2017 e que chega à fase de consultas públicas, após cerca de dois anos de trabalho, tendo sido objeto, em várias fases, de interações com as entidades sujeitas aos deveres de reporte e com as respetivas associações representativas”, acrescenta o supervisor sobre os documentos que estão abertos a sugestões e comentários até 25 de agosto de 2020.

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Autoridade da Concorrência prepara acusação no setor do lixo urbano

  • Lusa
  • 14 Julho 2020

Autoridade da Concorrência tem em curso uma investigação no setor dos resíduos sólidos urbanos e “em breve” vai formular a acusação.

A Autoridade da Concorrência (AdC) tem em curso uma investigação no setor dos resíduos sólidos urbanos e “em breve” vai formular a acusação, anunciou esta terça-feira no parlamento a presidente daquela autoridade, Margarida Matos Rosa.

“De facto, temos uma investigação nesse setor, por repartição no mercado, e em breve teremos uma acusação formulada”, disse Margarida Matos Rosa, respondendo a uma pergunta dos deputados sobre a concorrência nos resíduos sólidos urbanos, numa audição regimental esta terça-feira na comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

Há um ano, a AdC anunciou a realização de buscas e apreensões em duas localizações de sete entidades do setor dos resíduos, em Lisboa, “por suspeitas de práticas anticoncorrenciais lesivas do normal funcionamento do mercado”.

Durante a audição, os deputados questionaram também a AdC sobre os preços dos combustíveis que nos painéis colocados nas autoestradas não revelam diferenças de relevo.

“Se tivermos indícios fortes, que nos permitam fazer investigação, faremos. Mas ter preços iguais nos painéis não é prova. Os outros podem imitar e colar-se ao preço”, explicou a presidente da AdC aos deputados.

Margarida Matos Rosa disse ainda que muitos dos setores económicos que revelaram pouca confiança dos portugueses, segundo o Eurobarómetro, correspondem aos que são também mais investigados pela AdC.

“Alguma dessa perceção [dos portugueses no Eurobarómetro] está com certeza correta”, disse aos deputados, defendendo a necessidade de serem aplicadas recomendações que já produzidas pela AdC sobre esta matéria.

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Pagamento extra aos médicos terá efeito limitado, diz sindicato

  • Lusa
  • 14 Julho 2020

Pagamento extra para recuperar a atividade suspensa por causa da pandemia terá um efeito limitado pois os médicos estão esgotados e a maioria já ultrapassou as 150 horas extras, alerta sindicato.

O presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) diz que o pagamento extra para recuperar a atividade suspensa por causa da pandemia terá um efeito limitado pois os médicos estão esgotados e a maioria já ultrapassou as 150 horas extraordinárias.

“É uma medida que, na prática, tem uma repercussão muito limitada porque estamos a falar de médicos que, neste momento, estão esgotados. Além disso, não podem fazer essa atividade no horário de trabalho, só nas horas extra, e a esmagadora maioria já ultrapassou as 150 horas de trabalho extraordinário”, afirmou hoje Roque da Cunha.

O responsável considera que a portaria publicada esta terça-feira, que aprova o regime excecional de incentivos à recuperação da atividade assistencial não realizada por causa da pandemia da Covid-19, “é o Governo a atirar areia para os olhos dos portugueses”.

“Dos biliões do programa, estamos a falar de tostões para investimento no Serviço Nacional de Saúde”, disse Roque da Cunha, sublinhando que o essencial é investir nas infraestruturas dos hospitais, em equipamentos e meios humanos.

“O investimento tem de ser nas infraestruturas dos hospitais, nos equipamentos dos hospitais. Para se fazer cirurgias, é necessário fazer um conjunto de meios complementares de diagnóstico e muitos hospitais têm piores condições do que os privados”, afirmou.

O secretário-geral do SIM lembrou ainda que “já existiam listas de espera de um e dois anos antes da pandemia” e considerou essencial que o setor social, as misericórdias e os privados “contribuam ativamente” nesta matéria.

“Durante pandemia, o tempo continuou a correr, continuou a haver cancros e hérnias para serem operados e houve um acumular, perante um atraso que já existia e que era muito importante. E esse atraso existia apesar do SIGIC”, o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia, criado na sequência dos programas para combater as listas de espera.

O SIGIC prevê que, quando um hospital público não consegue garantir a cirurgia no tempo de resposta estipulado, o sistema propõe transferir o utente para outro hospital público ou emite um vale-cirurgia para que este recorra a um dos hospitais privados ou sociais convencionados com o Ministério da Saúde.

Além de equipas esgotadas nos hospitais, Roque da Cunha lembrou que os procedimentos agora demoram mais tempo (por causa das desinfeções exigidas na sequência da pandemia) e são mais onerosos, por causados equipamentos de proteção exigidos.

O dirigente sindical sublinhou igualmente a importância de tratar dos doentes não Covid, afastados dos hospitais não só pela suspensão das consultas (e meios de diagnóstico não urgentes), mas pelo próprio medo de contaminação por causa da Covid-19.

A portaria hoje publicada em Diário da República define que as “primeiras consultas” de especialidade que ficaram por fazer por causa da suspensão da atividade médica devido à pandemia serão pagas no máximo a 95% e as cirurgias a 75%.

O documento justifica a suspensão da atividade médica assistencial não urgente com a “necessidade de prontidão, adequação e segurança dos estabelecimentos e serviços do Serviço Nacional de Saúde (SNS) à pandemia”.

“Tal suspensão, determinada a 16 de março e em vigor até 02 de maio de 2020, teve impacto nos tempos de espera para a realização de consultas referenciadas pelo Consulta a Tempo e Horas, e bem assim para a realização de cirurgias no âmbito do Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia”, reconhece.

Segundo os administradores hospitalares, estarão em atraso dezenas de milhares de cirurgias e mais de um milhão de consultas.

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Bruxelas pede que países da UE não ajudem empresas ligadas a paraísos fiscais

  • Lusa
  • 14 Julho 2020

Comissão Europeia recomendou os países da União Europeia a não darem ajudas estatais a empresas com ligações a paraísos fiscais ou condenadas por fraude e evasão fiscal.

A Comissão Europeia recomendou esta terça-feira que os países da União Europeia (UE) não deem ajudas estatais, devido à crise gerada pela Covid-19, a empresas com ligações a paraísos fiscais ou condenadas por fraude e evasão fiscal.

“A Comissão Europeia recomendou hoje que os Estados-membros não concedam apoio financeiro a empresas com ligações a países que figuram na lista da UE de jurisdições fiscais não cooperantes [paraísos fiscais], devendo igualmente aplicar-se restrições às empresas que tenham sido condenadas por crimes financeiros graves, incluindo, entre outros, fraude financeira, corrupção, não cumprimento de obrigações fiscais e de segurança social”, vinca o executivo comunitário numa informação hoje divulgada.

Numa altura que vários países da UE – incluindo Portugal – tentam ajudar as suas economias abaladas pela crise gerada pela Covid-19, nomeadamente no âmbito das regras mais flexíveis de Bruxelas para auxílios estatais, a Comissão Europeia destaca que “o objetivo da recomendação de hoje é fornecer orientações aos Estados-membros sobre como estabelecer condições para o apoio financeiro, que permitam prevenir a utilização abusiva de fundos públicos e reforçar as salvaguardas contra os abusos fiscais em toda a UE, em consonância com o direito comunitário”.

“Ao coordenar as restrições em matéria de apoio financeiro, os Estados-membros evitariam também discrepâncias e distorções no mercado único”, acrescenta a instituição.

Adotado em meados de março passado, este enquadramento europeu temporário para os auxílios estatais alarga os apoios que os Estados-membros podem prestar às suas economias em altura de crise gerada pela pandemia, em que muitas empresas enfrentam graves problemas de liquidez.

Entre as medidas possíveis estão subvenções diretas ou apoios em benefícios fiscais, garantias públicas para empréstimos e ainda recapitalizações de companhias, suporte este que deve ser utilizado apenas como último recurso.

Compete aos países decidir se avançam com este tipo de ajudas, pedindo depois autorização à Comissão Europeia, pelo que a recomendação de hoje tem o intuito de “fornecer um modelo aos Estados-membros, consentâneo com o direito da UE, sobre como evitar que o apoio público seja utilizado para fins de fraude, evasão e elisão fiscais, para o branqueamento de capitais ou para financiar o terrorismo”.

O executivo comunitário aconselha ainda a que, “caso os Estados-membros decidam introduzir as disposições em apreço na sua legislação nacional”, devem basear-se na lista da UE de jurisdições fiscais não cooperantes, que a seu ver é a “melhor base para a aplicação das restrições, uma vez que permitirá a todos os Estados-membros agir de forma coerente e evitar medidas individuais suscetíveis de violar o direito da UE”.

“Ao mesmo tempo, a Comissão está pronta para debater com os Estados-membros os seus planos específicos para garantir que a concessão de auxílios estatais, em especial sob a forma de recapitalizações, se limita às empresas que pagam a sua quota-parte de impostos”, adianta a instituição.

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Reino Unido dá até 2027 para operadoras expulsarem chinesa Huawei da rede 5G

A Huawei vai ser gradualmente expulsa da rede móvel de quinta geração no Reino Unido, decretou o Governo de Boris Johnson. Operadoras ficam já proibidas de adquirir equipamento da marca.

O Governo britânico proibiu as empresas de telecomunicações britânicas de adquirirem novos equipamentos fabricados pela Huawei e lançou as bases para a expulsão total da empresa chinesa da rede 5G na região. A decisão foi oficializada pelo Conselho de Segurança Nacional britânico, um órgão que é encabeçado pelo primeiro-ministro, Boris Johnson.

Ao abrigo da decisão confirmada esta terça-feira, as empresas do setor terão que desligar todos os equipamentos da Huawei que sirvam de base ao funcionamento do 5G até 2027. A partir desse ano, a Huawei estará totalmente fora da rede móvel de quinta geração no Reino Unido, espera o executivo. Além disso, as operadoras terão dois anos para abandonar a tecnologia da Huawei na rede de fibra ótica.

Esta era uma medida já esperada, mas que representa um recuo de Boris Johnson face ao que tinha decidido recentemente. Ainda em janeiro, o executivo dizia ser possível mitigar o risco de ciberespionagem no uso de equipamento da fabricante chinesa, uma acusação que tem perseguido a Huawei nos últimos meses e que a gigante da tecnologia nega veementemente. Na altura, a quota de mercado da Huawei foi limitada a 35%.

A motivar a alteração de postura estarão as sanções dos EUA à Huawei, que deverão limitar o fornecimento de alguns componentes de hardware à empresa chinesa. Essas sanções deverão forçar a Huawei a procurar alternativas na China, gerando ainda mais preocupações de segurança aos responsáveis políticos no Reino Unido.

Lamentavelmente, o nosso futuro no Reino Unido politizou-se. Isto tem a ver com a política comercial dos EUA e não com segurança.

Edward Brewster

Porta-voz da Huawei no Reino Unido

A Huawei já reagiu à decisão britânica. Numa declaração enviada ao ECO, Edward Bewster, porta-voz da Huawei no Reino Unido, apelou ao Governo britânico para que reconsidere a decisão e mostra-se desiludido com o país.

“Esta decisão desapontante é uma má notícia para toda a gente no Reino Unido que tenha um telefone móvel. Ameaça colocar o Reino Unido na via digital mais lenta, aumentar os preços e aprofundar a divisão digital. Em vez de ‘nivelar’, o Governo está a desnivelar e apelamos a que reconsiderem. Continuamos confiantes de que as restrições norte-americanas não afetarão a resiliência e a segurança dos produtos que fornecemos para o Reino Unido”, assegura o responsável da empresa.

“Lamentavelmente, o nosso futuro no Reino Unido politizou-se. Isto tem a ver com a política comercial dos EUA e não com segurança”, frisa Edward Bewster. “Nos últimos 20 anos, a Huawei focou-se em construir um Reino Unido melhor e mais conectado. Como negócio responsável, vamos continuar a dar suporte aos nossos clientes como sempre temos feito”, reforça.

Agora, a Huawei vai “conduzir uma revisão detalhada” das medidas anunciadas esta terça-feira, bem como as implicações das mesmas para o negócio da empresa naquela região. “Vamos trabalhar com o Governo do Reino Unido para explicar como podemos continuar a contribuir para um Reino Unido melhor e mais conectado”, conclui.

Uma pedrada na relação bilateral

Efetivamente, a expulsão da Huawei da rede 5G britânica representa uma vitória para os EUA. A Administração Trump é frontalmente contra a tecnologia chinesa e tem vindo a pressionar a Europa a apertar o cerco ao 5G da Huawei. O país teme que a tecnologia fabricada pela empresa chinesa possa servir de veículo de espionagem do regime comunista chinês.

Ao mesmo tempo, esta tomada de posição de Boris Johnson deverá enfurecer Pequim e deteriorar significativamente as relações entre o Reino Unido e a China. A relação entrou em decadência nas duas últimas semanas, depois de o regime de Xi Jinping ter implementado em Hong Kong uma lei de segurança ao arrepio das condições do acordo de cedência do território que entrou em vigor em 1997.

Na sequência da entrada em vigor dessa lei, que permite ao regime chinês perseguir e prender os críticos do regime, o Reino Unido decidiu abrir as portas aos residentes de Hong Kong, dando ainda a possibilidade de estes pedirem a nacionalidade britânica passados alguns anos.

(Notícia atualizada pela última vez às 14h10 com reação da Huawei)

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Grandes êxitos são música para os ouvidos dos investidores

Há fundos de investimento a adquirir royalties de grandes êxitos musicais e a transformá-los em retornos a distribuir por quem neles investe, conseguindo superar o rendimento gerado nas bolsas.

O universo da música movimenta muitos milhões de euros e rende muito dinheiro a quem está no meio. Mas até os pequenos investidores podem tirar partido do rendimento gerado por este universo. Prova disso mesmo são os fundos de investimento que adquirem royalties de grandes êxitos musicais e os transformam em retornos a distribuir por quem neles investe, conseguindo com isso superar mesmo o rendimento gerado pelo desempenho dos mercados acionistas.

Um artigo da Bloomberg revela o recente frenesim que se tem gerado em torno desta nova realidade da qual os próprios músicos procuram tirar partido. A agência de notícias começa por dar o exemplo de Richie Sambora, o principal guitarrista dos Bon Jovi até 2013, que no início deste ano vendeu os direitos sobre a música “Livin’on a Prayer” e alguns outros grandes êxitos da banda de rock. Esta alienação foi feita ao Hipgnosis Songs Fund, um fundo de investimento transacionado na bolsa de Londres. À semelhança de um fundo imobiliário que investe em propriedades, este possui um portefólio focado em propriedade, mas musical.

Lançado em 2018, o Hipgnosis Songs Fund permite que desde grandes investidores até pequenos investidores tenham acesso aos rendimentos de royalties e propriedade intelectual a partir de uma seleção de músicas que ficaram famosas por artistas tão diversos como Adele, Eurythmics e Al Green. O fundo acabou de arrecadar 236 milhões de libras (260 milhões de euros) numa venda de ações para ajudar a financiar novas aquisições musicais.

O Hipgnosis é dirigido pela Merck Mercuriadis, que já foi responsável pela gestão das carreiras de artistas como Elton John, Beyoncé e Iron Maiden. Os títulos deste fundo subiram mais de 10% este ano, tornando-se num “êxito” na bolsa londrina, onde muitas empresas viram o seu desempenho ser afetado pela disseminação do coronavírus e pelos subsequentes bloqueios.

Neste trabalho, a Bloomberg explica que esses bloqueios trouxeram mesmo novas oportunidades para quem compra músicas, já que vários artistas procuraram formas alternativas para ganhar dinheiro, e compensar as perdas de bilheteira nos espetáculos ao vivo cancelados devido à pandemia. “Não há dúvida de que o nosso alicerce, que já era bastante maciço, cresceu durante o curso da pandemia”, disse Mercuriadis, citado pela agência de notícias, lembrando que “muitos artistas não poderão fazer digressões nos próximos dois anos.”

Face a este quadro, o Hipgnosis, procura combinar dois mundos aparentemente díspares: o dos compositores e artistas ansiosos por ganhar dinheiro com a sua música e o dos investidores – grandes ou pequenos – ansiosos por gerar rendimentos num quadro de pressão negativa nos retornos dos títulos de empresas atingidas pelo vírus que se veem ainda obrigadas a cancelar dividendos.

Mas a Hipgnosis é apenas um dos exemplos entre os que no mercado financeiro procuram tirar rendimento dos grandes sucessos musicais. A Providence Equity Partners e a Warner Music lançaram o fundo de investimento Tempo Music Investments fund avaliado em 650 milhões de dólares no final do ano passado. Já a Primary Wave Music Publishing angariou mil milhões de dólares para dois fundos de propriedade intelectual nos últimos quatro anos e prepara-se para em breve lançar um terceiro fundo de grandes dimensões, refere a Bloomberg citando fontes próximas do processo.

“Durante uma recessão, não deixamos de ouvir música”, diz Paulo Flood, gestor de fundos da Newton Investment Management que aponta a Hipgnosis como sendo um dos seus investimentos de topo, sinalizando assim a relevância que o investimento no universo musical pode ter no quadro atual de pandemia.

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ERSE fixa em cinco anos prazo para compensações não pagas serem devolvidas às tarifas

  • Lusa
  • 14 Julho 2020

As compensações devidas aos clientes de eletricidade e gás natural que não sejam pagas em cinco anos, revertem para o sistema tarifário em benefício de todos os consumidores.

As compensações devidas aos clientes de eletricidade e gás natural e que, por facto imputável a estes, não sejam pagas em cinco anos, revertem para o sistema tarifário em benefício de todos os consumidores, segundo o regulador do setor energético.

A instrução nº 2/2020 da Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE), agora publicada, que estabelece o prazo e os procedimentos para que os montantes sejam devolvidos às tarifas, destina-se aos comercializadores e operadores de redes de distribuição dos setores da eletricidade e do gás natural e é aplicável a todo o território nacional.

Segundo a ERSE, atendendo a que, por facto imputável ao consumidor a quem o montante é devido – como por exemplo a inexistência / impossibilidade de contacto – nem sempre é possível pagar as compensações determinadas no regulamento, os comercializadores e os operadores de redes passam agora a ter um prazo – de cinco anos – após o qual devem identificar esses montantes para serem considerados para efeitos tarifários e deduzidos nas tarifas de acesso às redes, assim beneficiando todos os consumidores.

De acordo com Regulamento da Qualidade de Serviço (RQS) da ERSE, quando ocorram determinados incumprimentos do nível de serviço regulamentado, os consumidores têm direito a uma compensação paga pelo respetivo comercializador, como por exemplo quando um comercializador não responde ou não responde atempadamente a reclamações.

Quando se trata do comercializador de último recurso (CUR), que é regulado pela ERSE, se este não responder num prazo de até 15 dias úteis, o cliente tem direito a uma compensação até 20 euros.

No caso do mercado liberalizado, os valores variam e são contratualizados entre cliente e comercializador, explica.

O regulamento também prevê compensações a pagar pelo operador de rede de distribuição por incumprimentos no âmbito da qualidade de serviço, como o incumprimento do intervalo de tempo para início de visita combinada, não ter disponibilidade de agenda para marcação de ativação ou de desativação do fornecimento, não cumprimento do tempo de chegada ao local para assistência técnica.

Nestes casos, o cliente tem também direito a uma compensação até 20 euros.

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Lojas e restaurantes pedem desconto de 40% nas rendas até dezembro

Os estabelecimentos de comércio, serviços e restauração pedem uma redução de 40% nas rendas até dezembro, mas também a suspensão da taxa liberatória para os senhorios.

Os estabelecimentos de comércio, serviços e restauração continuam a alertar para a situação em que se encontram devido à pandemia. Assim, as três associações que representam o setor uniram-se e pedem uma redução de 40% nas rendas entre abril e dezembro, mas também isenções fiscais para os senhorios, nomeadamente a suspensão da taxa liberatória.

Num comunicado conjunto, a Confederação do Comércio e Serviços de Portugal (CCP), a Associação de Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP) e a Associação das Marcas de Retalho e Restauração (AMRR) dizem, em comunicado, ser uma questão de “justiça” que os custos com as rendas possam ser “repartidos entre empresas, senhorios e o Estado”.

Embora aplaudam a aprovação recente no Parlamento de suspensão da renda fixa nos centros comerciais até março de 2021, estas três associações sublinham que “importa também encontrar soluções para apoiar os estabelecimentos de comércio, serviços e restauração que estiveram encerrados ou cuja atividade esteve e ainda se encontra altamente restringida por imposição legal”.

Assim, afirmando que a maioria das empresas não consegue suportar os custos que existiam antes da pandemia, estes estabelecimentos pedem uma “redução de 40% do montante das rendas entre 1 de abril e 31 de dezembro de 2020”, refere o comunicado. Ao mesmo tempo defendem a “suspensão, no mesmo período, da taxa liberatória a que estão sujeitos os senhorios em termos de IRS”.

Para as associações, esta é uma “proposta que reparte os sacrifícios” e que “pode dar um contributo fundamental para a viabilidade económica destas empresas e para a manutenção de um grande número de postos de trabalho”.

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Famílias estão a gastar em média 700 euros por ano com telecomunicações, alerta a AdC

A presidente da AdC também defende que os preços das telecomunicações são mais elevados em Portugal do que no resto da União Europeia. Estima um gasto médio de 700 euros/ano por família.

A presidente da Autoridade da Concorrência (AdC) considera que os preços das telecomunicações em Portugal “são mais elevados do que na União Europeia”, estimando “um gasto médio por família de 700 euros por ano”. Margarida Matos Rosa está a ser ouvida na Comissão de Economia, Inovação, Obras Públicas e Habitação.

“No caso das fidelizações dos serviços de telecomunicações, identificámos várias vulnerabilidades em termos de concorrência. Preços mais elevados do que na União Europeia, com um gasto médio por família de 700 euros por ano, uma reduzida mobilidade dos consumidores com práticas opacas muito semelhantes entre operadores e um elevado número de reclamações”, afirmou, de acordo com o discurso introdutório, cuja transcrição foi cedida ao ECO por aquela autoridade.

Assim, “nesta sequência, a AdC emitiu várias recomendações ao legislador e ao regulador setorial, em particular no que diz respeito à moderação nos períodos de fidelização. E sem as quais a entrada de novos operadores no setor no curto e longo prazo pode ficar sem efeito prático”, defende a presidente do regulador da Concorrência.

70% dos contratos têm fidelização

Por um lado, ao afirmar que os preços das telecomunicações são altos em Portugal, a AdC coloca-se ao lado da Anacom, que tem vindo a reiterar esta posição em contraciclo com o que tem sido transmitido pelas operadoras através da Apritel. Inclusivamente, a associação setorial encomendou um estudo à Deloitte que concluiu que os preços das telecomunicações são baixos em Portugal comparativamente com ofertas semelhantes numa série de outros países. A Anacom contesta esta conclusão.

Por outro lado, a AdC é muito crítica das estratégias de fidelização de clientes no setor, que travam a mobilidade entre operadoras. “A análise da AdC revela que mais de 70% dos contratos incluem cláusulas de fidelização, quase todos com o período máximo permitido por lei – 24 meses”, lê-se na apresentação que Margarida Matos Rosa levou à Assembleia da República esta terça-feira.

“Metade destas cláusulas são refidelizações, por exemplo, novos períodos de fidelização estabelecidos após a fidelização inicial. É esta prática generalizada de refidelizações que, reiteradamente, impõe aos consumidores encargos com a rescisão antecipada que nos preocupa e que limita a concorrência”, considera a presidente. “A AdC concluiu que estes encargos chegam a atingir os 1.000 euros e inviabilizam a mudança e a escolha dos consumidores”, reitera.

Em defesa do “roaming nacional”

A consideração sobre os preços elevados não foi, contudo, a única posição em que a AdC alinhou com a Anacom. Já na audição, o assunto do lançamento do 5G, a quinta geração de redes de comunicações, também foi alvo de discussão pública no Parlamento e a presidente defendeu a obrigatoriedade do roaming nacional, ou seja, de os prestadores de serviços partilharem infraestrutura, outra medida muito contestada pelas operadoras de telecomunicações.

Em resposta a questões colocadas pelos deputados, Margarida Matos Rosa apelou à criação de condições para que operadores virtuais, que não adquiram espetro de 5G no leilão de outubro, mas que queiram operar no mercado português, possam “negociar com quem tem o acesso a esse mesmo espetro”. O processo do 5G está novamente a desenvolver-se e espera-se que os direitos de utilização de frequências estejam atribuídos após o fim do leilão em janeiro ou fevereiro de 2021.

(Notícia atualizada pela última vez as 12h34)

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