Brisa no top 10 dos maiores negócios na Europa em pandemia
Grupo José de Mello e a Arcus acordaram venda de 81,1% da concessionária a um consórcio de investidores internacionais por 2.433 milhões de euros. É o oitavo maior negócio num mercado sob pressão.
A venda da maior parte do capital da Brisa a um consórcio de investidores internacionais está entre os maiores negócios realizados na Europa desde que o coronavírus chegou ao continente. Superior à alienação da concessionária de autoestradas portuguesas, por 2.433 milhões de euros, houve apenas sete outras operações.
Entre março e abril, ou seja considerando o período no qual a Europa está a ser afetada pela pandemia de Covid-19, o maior negócio de fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) foi a compra da Willis Towers Watson pela Aon, por 31.633 milhões de euros, gerando a maior corretora de seguros do mundo.
A fechar o pódio estão a venda de 50,26% do banco russo Sberbank of Russia ao Fundo Soberano da Rússia (por 26.401 milhões de euros) e a alienação da totalidade do capital da empresa especializada em testes de diagnóstico alemã Qiagen pela farmacêutica Thermo Fisher Scientific (por 10.017 milhões de euros), segundo os dados fornecidos pela Dealogic ao ECO.
A partir daqui, a lista inclui apenas negócios inferiores a cinco mil milhões de euros. Na oitava posição do ranking está a portuguesa Brisa, cuja venda ainda está em aberto, mas foi comunicado ao mercado a 28 de abril.
Dez maiores negócios de M&A na Europa
O Grupo José de Mello e a Arcus fecharam venda de 81,1% da concessionária a um consórcio formado por investidores formado pela APG (gestora de ativos da ABP, o fundo de pensões dos funcionários públicos e do setor da educação dos Países Baixos), o NPS (serviço nacional de pensões da República da Coreia) e a SLAM (gestora de ativos da Swiss Life, a maior seguradora do ramo vida na Suíça).
O valor do negócio não foi na altura divulgado, mas o ECO avançou que a operação situava a avaliação global da Brisa em torno de três mil milhões de euros. O montante apontado pela Dealogic — 2.433 milhões de euros — confirma essa avaliação.
A conclusão da venda está ainda dependente de aprovação das entidades reguladoras competentes, o que o grupo espera aconteça no terceiro trimestre do ano. Após o fecho do negócio, o Grupo José de Mello vai permanecer como acionista de referência da Brisa, com uma posição de 17% e “participação ativa na gestão” da empresa.
Vírus já infetou negócios. Operações caem 32,7%
O surto de Covid-19 fez estagnar parte das operações de M&A, tendo já sido cancelados alguns negócios. Nos que se mantêm de pé, a estratégia poderá ser de esperar por um momento mais favorável no mercado. Essa tendência já se nota no total de fusões e aquisições fechadas desde que o vírus chegou à Europa.
Entre março e abril, foram realizadas um total de 1.237 operações de M&A na Europa. O número fica 32,7% abaixo dos 1.838 negócios registados no mesmo período do ano passado.
É entre os negócios mais pequenos que o impacto é maior já que a quebra financeira foi inferior. O montante abrangido por estas operações totalizou 116.595,77 milhões de euros, o que representa uma quebra de 13,9% face ao período homólogo. Em maio, já foram registados mais quatro dezenas de negócios, próximos dos 900 milhões de euros.
A incerteza gerada pelo surto de Covid-19, incluindo devido ao impacto negativo na liquidez nos mercados financeiros, está a penalizar o mercado de M&A. No entanto, após a pandemia, é esperado um novo aumento com a reabertura de processos de venda, o crescimento transações motivadas por dificuldades financeiras e criação de novas oportunidades de investimento após a quebra das avaliações.
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