Emissão de dívida a 10 anos com juro negativo foi “elevado sucesso”, diz Leão
Ministro das Finanças diz ao ECO que o "sucesso" do leilão "comprova o trabalho e a estratégia que Portugal tem conseguido executar no atual contexto e também aproveitar a atuação do BCE".
O “elevado sucesso” da emissão de dívida a 10 anos de Portugal — que pela primeira vez na história do país teve taxas de juro negativas — irá permitir poupar nos custos nacionais, garante o Ministro das Finanças, João Leão, em declarações ao ECO. O governante atribui o bom desempenho ao “trabalho e estratégia” do país, num cenário de forte apoio do Banco Central Europeu (BCE).
“A primeira emissão de obrigações do Tesouro deste ano foi executada com elevado sucesso, mantendo uma perspetiva de regularidade na colocação de dívida em mercado primário e proporcionando liquidez à curva de dívida pública da República”, aponta João Leão, sobre a operação que aconteceu na manhã desta quarta-feira.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP emitiu 500 milhões de euros em obrigações a 10 anos, com uma taxa de juro de -0,012%. Além deste montante, colocou também 750 milhões de euros com um juro de 0,319%, o mais baixo de sempre para esta maturidade.
“O sucesso do leilão de hoje vem comprovar o trabalho e a estratégia que Portugal tem conseguido executar no atual contexto e também aproveitar a atuação do Banco Central Europeu”, sublinha o ministro. “O valor baixo de juros e os prazos mais longos alcançados permitirão assumir menos encargos com a dívida e um alongamento das amortizações futuras de dívida“.
Este é um marco histórico para o país que nunca se tinha financiado em mercado primário a 10 anos (que é a maturidade benchmark) com juros negativos. No mercado secundário, este marco já tinha sido alcançado no início de dezembro, com a yield nacional a saltar entre “terreno” positivo e negativo deste então, beneficiando da bazuca de 1,85 biliões de euros que o BCE tem para comprar divida pública e privada emitida nos países da Zona Euro. Esta quarta-feira esta taxa negoceia em 0,021%.
O ministro das Finanças diz que na operação, a primeira do ano, foi aproveitada “a procura evidenciada pelos principais benchmarks” — 2,7 vezes superior à oferta — para o país se financiar em 1.250 milhões de euros. É pouco mais de 8% da totalidade de 15 mil milhões de euros em OT previstos para o ano todo.
Acrescenta que estes resultados não só “contribuirão positivamente para a estratégia de alongamento da maturidade média da dívida pública, bem como para a redução do custo médio de financiamento”. As obrigações do Tesouro emitidas durante o ano de 2020 tiveram uma maturidade média aproximada de 10 anos e custo médio de cerca de 0,6% (abaixo de 1,1% em 2019).
(Notícia atualizada às 13h50)
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