Banco de Portugal revê em alta crescimento para 4,8% este ano
Economia nacional vai crescer perto de 5%, diz o Banco de Portugal, confirmando a expectativa que tem sido referida pelo ministro das Finanças. O mercado de trabalho também vai melhorar ainda mais.
O Banco de Portugal (BdP) está mais otimista sobre a recuperação da economia portuguesa pós-pandemia. Em vez de um crescimento de 3,9% este ano, o banco central vê agora o PIB a crescer 4,8%, próximo dos 5% que o ministro das Finanças tem sinalizado recentemente. Esta revisão em alta de nove décimas torna o BdP na instituição mais otimista com o crescimento português.
“O crescimento da economia portuguesa no horizonte 2021-2023 é revisto em alta e o desemprego em baixa face à previsão de março“, afirma o Banco de Portugal no boletim económico de junho divulgado esta quarta-feira, antecipando que a economia portuguesa vai recuperar o nível de 2019 na primeira metade de 2022. Anteriormente apontava-se para a segunda metade de 2022.
O banco central explica que “o perfil do crescimento económico reflete uma reação mais rápida do que esperado ao levantamento das restrições a partir de março“, o que se reflete também na evolução do investimento e da procura externa.
Em 2022, a economia vai crescer 5,6%, segundo as previsões do Banco de Portugal, o que fica acima dos 5,2% estimados anteriormente. Em 2023, o crescimento abranda para os 2,4%. Na semana passada, o Banco Central Europeu também reviu em alta o crescimento da Zona Euro.
Para que este crescimento se verifique é preciso que se concretize o nível de investimento programado com um crescimento médio de 7% entre 2021 e 2023. “A componente empresarial deverá crescer 6,4% em média anual, suportada pelas condições financeiras favoráveis, pelos fundos europeus, pela recuperação da procura e pela gradual redução da incerteza”, explica o boletim económico, acrescentando que “o investimento público apresenta um crescimento mais elevado, cerca de 20% em média, refletindo a implementação do Plano de Recuperação e Resiliência, que representa cerca de 30% do investimento público previsto em 2022-23“.
No caso do mercado de trabalho, o emprego vai aumentar 1% em termos médios anuais nestes três anos, o que levará a uma descida da taxa de desemprego para 6,8% em 2023. Antes disso, vai aumentar em 2021 para os 7,2%. Os economistas do banco central mantêm a previsão de que o rendimento disponível real dos portugueses (como um todo) não vai sofrer uma queda: entre 2021 e 2023, vai aumentar 1,3% em média, “em resultado da recuperação do emprego e dos salários”, após já ter aumentado em 2020, apesar da crise pandémica.
Exportações de serviços não recuperam totalmente até 2023
Apesar do otimismo com a retoma da economia portuguesa, o mesmo não se aplica à evolução do turismo. “A recuperação das exportações de serviços será mais lenta, ficando mesmo abaixo do nível de 2019 no final do horizonte de projeção“, antecipam os economistas do banco central.
Esta evolução contrasta com o forte dinamismo das exportações de bens: “As exportações de bens recuperaram os níveis pré-crise logo na segunda metade do ano de 2020“, assinalam. Aliás, as exportações de bens já cresceram face a 2019 nos primeiros meses de 2021, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).
“A balança corrente e de capital apresenta um excedente de 0,9% do PIB em 2021 e próximo de 2% do PIB em 2022-23, devido à recuperação no turismo e à entrada de fundos europeus”, estima ainda o boletim económico.
O cenário macroeconómico do Banco de Portugal “assume a não retirada abrupta das políticas orçamental e monetária, devendo os apoios ser adaptados à evolução da crise“. Além disso, identifica riscos ascendentes como a utilização das poupanças das famílias acumuladas durante o período da crise.
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