Nestes países, a vacina contra a Covid é obrigatória para alguns setores

Em Portugal, a vacinação contra a Covid-19 é voluntária. Contudo, pelo Europa há alguns setores em que  é obrigatório tomá-la, como é o caso dos profissionais de saúde ou dos funcionários em lares.

Desde o final do ano passado, que a vacinação contra a Covid é uma das principais “armas” para combater a pandemia. Em todo o mundo, as posições dos governos relativamente a tornar obrigatória a toma da vacina divergem. E se em Portugal a vacinação é voluntária, pela Europa há alguns setores em que é obrigatório tomar a vacina, como é o caso dos profissionais de saúde ou dos trabalhadores em lares.

Em Portugal, e tal como acontece com outras vacinas, a toma da vacina contra a Covid-19 é gratuita e voluntária, embora seja recomendada pela autoridades de saúde no combate contra a pandemia. E apesar de na maioria dos países europeus esta vacina continuar a ser meramente recomendada, há cada vez mais países a torná-la obrigatória para alguns setores.

Em Itália entrou em vigor em abril uma lei de emergência sanitária que prevê que “as pessoas que trabalham em estruturas socio-sanitárias, públicas e privadas, em farmácias e consultórios privados, estão obrigadas a ser vacinadas“. O objetivo passa por “proteger o máximo possível a equipa médica e paramédica e aqueles que estão em ambientes que podem estar mais expostos ao risco de infeção”, explicou o governo de Mario Draghi, em comunicado, citado pela Reuters (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Em caso de incumprimento, e se trabalhar em contacto com o público, o infrator pode mesmo chegar a ser suspenso sem qualquer remuneração. Esta obrigatoriedade não foi vista com bons olhos por parte de alguns profissionais de saúde, que interpuseram uma ação contra a medida no tribunal administrativo de Brescia, no norte de Itália, segundo a agência Lusa.

Também, no mês passado o Reino Unido seguiu os passos de Itália, mas anunciando que a vacina contra a Covid-19 vai passar a ser obrigatória para todos os funcionários de lares de idosos em Inglaterra. Esta medida ainda deverá ser aprovada, mas estima-se que entre em vigor já em outubro e terá um período de carência de 16 semanas (cerca de quatro meses). Além disso, o governo inglês está também a ponderar estender esta medida aos profissionais de saúde.

Mais recentemente, nesta segunda-feira, o presidente francês anunciou também que a vacinação vai passar a ser obrigatória a partir de 15 de setembro para todos os profissionais de saúde, incluindo todo o pessoal dos lares, hospitais e serviços administrativos. “Se não agirmos agora, o número de casos e hospitais vai aumentar”, afirmou Emmanuel Macron, numa comunicação ao país. O Chefe de Estado francês foi mais longe e chegou a admitir alargar esta obrigatoriedade a toda a população.

Também no mesmo dia, a Grécia tomou a mesma decisão, numa altura em que se regista uma subida de infeções no país associados à variante Delta. Assim, a partir de 16 de agosto, os funcionários de lares de idosos vão ser suspensos se não agendarem a vacina contra a Covid-19. O mesmo acontecerá aos trabalhadores de hospitais públicos e privados se não o fizerem, a partir de 1 setembro. “O país não fechará novamente por causa de alguns”, disse o primeiro-ministro grego, Kyriakos Mitsotakis, acrescentando que “não é a Grécia que está em perigo, mas os gregos não vacinados”, alertou, numa declaração transmitida pelas televisões e citada pela Reuters (acesso condicionado, conteúdo em inglês).

Ainda que sem uma decisão definitiva, no Luxemburgo esta também poderá vir a ser uma hipótese. Apesar de 70% dos profissionais de saúde estarem já completamente inoculados, o presidente da Federação dos Hospitais do Luxemburgo (FHL), Philippe Türk, considera que esta taxa não é suficiente, pelo que defende que o Governo devia tornar obrigatória, disse em declarações à RTL, citadas pelo Luxembourg Times (acesso livre, conteúdo em inglês).

Por outro lado, na Alemanha, Angela Merkel afasta, para já, tornar a tornar a vacinação contra a Covid-19 obrigatória, defendendo uma maior aposta na comunicação dos benefícios das vacinas para garantir a adesão da população. “Não creio que possamos ganhar a confiança mudando o que dissemos, ou seja, que não é uma vacinação obrigatória”, disse a chanceler alemã, em conferência de imprensa no Instituto Robert Koch (RKI), citada pela Lusa.

E fora da Europa?

Também fora da Europa as posições divergem. Nos Estados Unidos, apesar de não haver uma lei nacional nesse sentido, vários Estados e empresas estão a aumentar a pressão sobre os colaboradores para que sejam vacinados, pedindo comprovativos sobre o estado de vacinação, e implementando políticas que restringem as atividades dos trabalhadores não vacinados. Por exemplo, no banco Morgan Stanley a partir de dia 12 de julho todos os funcionários, clientes e visitantes que não tenham recebido a vacina serão “barrados” à porta.

Já em São Francisco, o presidente da câmara ordenou que os seus 35 mil funcionários fossem vacinados, caso contrário poderiam ser objeto e uma ação disciplinar que poderá culminar no despedimento. Os funcionários têm até ao final deste mês para relatar o seu estado de vacinação, segundo a CBS News (acesso livre, conteúdo em inglês).

Pela Oceânia, mais precisamente nas ilhas Fiji, quem não for vacinado contra a Covid-19 não vai poder trabalhar. Assim, até 15 de Agosto, os funcionários públicos devem estar vacinados pelo menos com a primeira dose da vacina, sendo que serão despedidos se não receberem a segunda dose da vacina até 1 de novembro, de acordo com a AFP (acesso livre, conteúdo em inglês). “No jabs, no job” (sem vacinas, sem emprego) é o lema.

Também o Cazaquistão tornou, em finais de junho, a vacinação obrigatória ou, em alternativa, a obrigatoriedade de apresentação de um teste negativo à Covid para empresas com mais de 20 funcionários, revela a Reuters. Ao mesmo tempo, e também pela Ásia, no Turquemenistão a vacinação vai ser obrigatória para todas as pessoas com mais de 18 anos, salvo algumas exceções.

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Quidgest vai entrar em novos mercados na Europa. Está com “radar no mundo inteiro”

A multinacional tecnológica acredita que vai ter "grandes oportunidades de negócio" nos países do Benelux e Nórdicos. Com esta expansão, passa a disponibilizar tecnologia em 20 mercados.

A Quidgest, multinacional de software portuguesa, fechou uma parceria de desenvolvimento de negócio e software com a η!Transformers, empresa sediada nos Países Baixos. Com este acordo, vai entrar na Bélgica, Países Baixos, Luxemburgo, Dinamarca, Finlândia, Islândia, Noruega e Suécia e passa a estar presente em cerca de 20 mercados a nível mundial. No entanto, a empresa destaca que “está com o radar em aberto ao mundo inteiro”.

“Temos tecnologia muito preparada para estes mercados maduros. Depois da Alemanha, esta região da Europa é um alvo muito apetecível para o desenvolvimento do nosso negócio. Este novo parceiro nesta zona da Europa traduz-se numa postura proativa e acreditamos que vamos ter nestes países inseridos no Benelux e Nórdicos grandes oportunidades de negócio”, explica ao ECO, Carlos Costa, marketing e partnerships manager da Quidgest.

A partir desta parceria, a η!Transformers, que conta com fundadores com mais de 25 anos de experiência na área das tecnologias de informação, passará a beneficiar do potencial de desenvolvimento de tecnologia do Genio, a plataforma de geração automática de software da Quidgest que permite acelerar o processo de desenvolvimento em até 100 vezes, e irá vender soluções desenvolvidas pela Quidgest nos setores do retalho, banca, saúde e administração pública, entre outros.

O partnerships manager da Quidgest conta que a η!Transformers “tem contactos ao mais alto nível e estão em processos de transformação digital e que precisam do tipo de tecnológica e soluções digitais mais ágeis” que a multinacional portuguesa pode oferecer.

Já Aernoudt Bottemanne, fundador da η!Transformers, afirma em declarações ao ECO, que escolheram Quidgest porque a multinacional portuguesa “revelou que a abordagem conduzida por data e impulsionada por inteligência artificial permite a maior produtividade para o desenvolvimento de aplicações de grande dimensão. O valor que conseguimos criar juntos para os nossos clientes é gigantesco visto que a quantidade de dinheiro poupado em construir soluções que funcionam exatamente de acordo com as necessidades é enorme”, refere.

Em Portugal, a Quidgest, que emprega cerca de 100 colaboradores, conta com clientes como a Assembleia da República, Turismo de Portugal, FC Porto, Instituto português de qualidade, Centro Hospital de Lisboa, Hospital São João, Provedor de Justiça, CCDR Algarve, IEFP, Região Autónoma dos Açores, Universidade Nova de Lisboa, Universidade Aberta, Eurobic, EDP, Inatel Fundação, Altice Cuidados de Saúde, Câmara Municipal do Porto, entre outros.

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Vacina da Sputnik V continua sem dar dados para conseguir entrar na Europa

Previa-se que o regulador europeu, que lançou a avaliação formal da vacina russa em março, decidisse em maio ou junho se aprovaria o uso do fármaco na UE.

A Sputnik V, da Rússia, é uma das vacinas contra a Covid-19 em fase de aprovação na União Europeia (UE). Contudo, os responsáveis pelo desenvolvimento desta vacina têm falhado repetidamente no fornecimento de dados que permitam perceber se esta cumpre ou não as regras que possam levar à sua aprovação no Velho Continente.

No início de junho, prazo que estava definido para apresentação de dados sobre os ensaios clínicos da vacina, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA, na sigla em inglês) quase não recebeu dados de fabricação, e os dados clínicos que a agência recebeu estavam incompletos, segundo adiantou uma fonte à Reuters (acesso livre, conteúdo em inglês).

Pessoas próximas do Instituto Gamaleya da Rússia, que desenvolveu a Sputnik V e supervisionou os testes clínicos, atribuem a falha repetida em fornecer algumas informações à falta de experiência em lidar com reguladores estrangeiros.

Previa-se que a EMA, que lançou a avaliação formal da vacina russa em março, decidisse em maio ou junho se aprovaria o uso do fármaco na UE. O bloco comunitário está a administrar, atualmente, quatro vacinas contra a Covid-19 (Pfizer, Moderna, Janssen e AstraZeneca), havendo outras em fase de aprovação.

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Descarbonizar fábricas da Repsol em Sines vai exigir mais investimento

A Repsol vai fabricar polímeros termoplásticos de origem fóssil em Sines, mas "o projeto é compatível com matérias primas descarbonizadas". O ECO sabe que para isso é preciso investimento adicional.

No total, a Repsol vai investir 725 milhões de euros nas suas instalações químicas da Zona Industrial e Logística de Sines (ZILS), revelou a aicep Global Parques. O investimento divide-se em 657 milhões para duas novas fábricas de polímeros termoplásticos, 22 milhões em tancagem e pipelines para produtos de base, 18 milhões em interligação à rede elétrica e 30 milhões em parques solares fotovoltaicos.

Num primeiro momento, a matéria-prima para o fabrico destes polímeros (que servem para produzir todo o tipo de produtos de plástico) será ainda em grande parte de origem fóssil, mas fonte oficial da Repsol revelou ao ECO/Capital Verde que “o projeto é compatível com futuras matérias-primas descarbonizadas”. Um exemplo: resíduos de plásticos que não podem ser reciclados e têm como destino o aterro sanitário.

O ECO/Capital Verde sabe, no entanto, que para que as fábricas da Repsol em Sines se tornem mais “verdes” no futuro será necessário investimento adicional que não está incluído no pacote inicial de 725 milhões de euros.

A empresa conta já neste momento com certificação ISCC PLUS para produzir poliolefinas circulares (polietileno e polipropileno) partir de óleo de resíduos de plástico reciclado não adequados para reciclagem mecânica, juntamente com matéria-prima convencional. A meta é reciclar o equivalente a 20% da produção até 2030 e no início de 2020 a Repsol certificou todos os seus complexos petroquímicos para produzir sob a certificação ISCC Plus.

No entanto, a empresa garante apenas que todos os polímeros termoplásticos fabricados em Sines serão 100% recicláveis (ou seja, vão dar origem a produtos que no futuro podem seguir para reciclagem e serem reaproveitados) e “podem ser utilizados para aplicações especializadas e alinhadas com a transição energética nas indústrias farmacêutica, automóvel e alimentar”.

As duas novas fábricas entrarão em funcionamento no terceiro trimestre de 2025 e por ano vão produzir, em conjunto, 600 mil toneladas de polietileno linear (PEL) e polipropileno (PP), dois dos mais comuns polímeros termoplásticos no mundo, que vão depois ser usados em toda a cadeia da indústria de transformação de plásticos em Portugal.

Aprovado pelo Governo como Projeto de Interesse Nacional, o projeto prevê um ganho líquido direto de 800 milhões na balança comercial portuguesa de mercadorias “através do fornecimento de polietileno e polipropileno aos principais clusters exportadores de Portugal, que vão desde as indústrias automóvel e de dispositivos médicos até à indústria de alimentação e bebidas e embalagens para bens de consumo”.

Filipe Costa, CEO da aicep Global Parques, já disse mesmo que “este investimento vai acrescentar mais de mil milhões de euros por ano à balança comercial de Portugal, entre substituições de importações, novas exportações e um impulso à indústria portuguesa”.

Fonte da Repsol realça que se trata do “maior investimento industrial realizado em Portugal nos últimos 10 anos” e que, ao impacto direto deste investimento na balança comercial, soma-se ainda um “efeito multiplicador da disponibilização, em volume e proximidade, de matérias indispensáveis à competitividade e ao crescimento da indústria transformadora destes setores exportadores”.

“A empresa está comprometida com uma química eficiente no seu processo industrial e orientada para a economia circular, com o objetivo de reciclar o equivalente a 20% da sua produção de poliolefinas até 2030“, disse a mesma fonte ao ECO/Capital Verde, acrescentando também que a petrolífera “está a transformar os seus complexos industriais em centros multienergéticos, equipando-os com tecnologias que permitem descarbonizar os seus processos, através da melhoraria da eficiência energética, do impulso da economia circular, da produção de hidrogénio verde e incremento da utilização e captura de CO2”.

Quanto aos polímeros termoplásticos que serão produzidos em Sines, a Repsol diz que estão muito presentes na vida quotidiana — agro-indústria , automóveis, saúde e higiene — e que “desempenham um papel no cenário de menor intensidade de carbono”.

“As aplicações destes materiais acompanham a transição energética. A título de exemplo, melhoram o isolamento dos edifícios, reduzem o esforço de climatização e reduzem o peso dos automóveis, permitindo um menor consumo de energia em mobilidade”, diz a mesma fonte.

Incentivos fiscais de 63 milhões dados pelo Governo à Repsol só chegam em 2023

A petrolífera espanhola decidiu apostar em Sines para “expandir a sua gama de produtos” e o investimento de 725 milhões de euros será realizado, na totalidade, pela Repsol, cujo recente Plano Estratégico prevê um investimento total de 18,3 mil milhões de euros entre 2021 e 2025.

No contexto de Projeto de Interesse Nacional, diz a Repsol, foram contratados incentivos fiscais, através da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal, num montante até 10,1 % do investimento elegível que vier efetivamente a ser realizado, cumprindo assim com o limite estabelecido no Mapa de Auxílios Regionais Comunitário para a região do Alentejo.

“Estes incentivos fiscais [no valor de 63 milhões de euros] carecem da aprovação pela Direção-Geral de Concorrência da UE, o que poderá não acontecer antes de 2023. O crédito fiscal só pode ser utilizado após esta aprovação. Ainda assim, este crédito fiscal depende do cumprimento do projeto, que será acompanhado pela AICEP, monitorizando as metas de resultado, vendas, VAB e criação de emprego entre 2021-2033″, disse fonte da Repsol ao ECO/Capital Verde.

A empresa já revelou também que está de olho no hidrogénio verde português e a dialogar com possíveis parceiros, mas para já não tem “nada a anunciar nessa área” para a região de Sines, onde será feito o investimento.

Além da construção de duas fábricas, o projeto incluirá a criação de novas instalações logísticas, que permitirão desenvolver sinergias na área industrial, melhorar a conexão ao mercado europeu e reduzir a pegada de carbono do transporte dos produtos, que “serão transportados maioritariamente por via férrea”.

“Estão também previstos investimentos em infraestruturas a cargo de várias entidades, nomeadamente em rodovia, ferrovia e infraestrutura elétrica”, rematou fonte da Repsol.

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Lisboa acompanha perdas da Europa, com EDP e papeleiras a pressionar

A praça lisboeta está em queda, com o grupo EDP a pesar no desempenho do PSI-20. Subidas do BCP e da Galp Energia não são suficientes para compensar as perdas.

A bolsa nacional está em queda, prolongando as perdas sentidas na sessão anterior. A praça lisboeta é contagiada pelo sentimento negativo que se verifica nas congéneres europeias, apesar de registar perdas ligeiras. Subidas do BCP e da Galp Energia não são suficientes para puxar o índice de referência português para “terreno” positivo perante a pressão da EDP.

O PSI-20 cai 0,20% para os 5.185,66 pontos. Já no Velho Continente, as principais bolsas arrancam o dia pintadas de vermelho, com o índice pan-europeu Stoxx 600 a perder 0,2%. Já o espanhol Ibex 35 desvaloriza 0,5% na abertura, bem como o britânico FTSE 100, enquanto o francês CAC 40 e o alemão Dax perdem 0,4%.

Na bolsa de Lisboa, a maior parte das cotadas regista perdas. Destaque para o grupo EDP, com a casa-mãe a cair 1,54% para os 4,676 euros e a subsidiária EDP Renováveis a recuar 1,14% para os 20,76 euros. A elétrica deu conta esta terça-feira que as energias renováveis representaram 81% da eletricidade gerada pela empresa no primeiro semestre de 2021: mais de metade de origem eólica (51%), 29% hídrica e 0,5% solar.

Já a Jerónimo Martins cai 0,38% para os 16,865 euros. Nota também para o setor da pasta e do papel. A Navigator perde 0,20% para os 2,96 euros, na abertura desta sessão, enquanto a Altri desvaloriza 0,28% para os 5,355 euros.

A contrabalançar estas quedas, encontram-se os “pesos pesados” Galp Energia e BCP. A petrolífera ganha 0,54% para os 8,884 euros, enquanto o banco liderado por Miguel Maya avança 1,46% para os 0,1316 euros. Estas subidas não são, ainda assim, suficientes para impulsionar o PSI-20 para “terreno” positivo.

Fora do índice principal, nota para as ações da SAD do Benfica, que têm estado em alta depois dos desenvolvimentos no processo “Cartão Vermelho”, que envolve Luís Filipe Vieira. Os títulos da SAD benfiquista avançam 5,61% para os 3,20 euros.

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Nas notícias lá fora: Pinault, Sputnik V e redes sociais

Os SPAC atraíram mais um multimilionário, desta vez a família Pinault. Destaque para a Sputnik V, que não dá dados para poder entrar na Europa, mas também para notícias sobre o Twitter e o Facebook.

Família Pinault junta-se ao lote de multimilionários à procura de oportunidades de negócio através dos SPAC, enquanto a Sputnik V continua sem conseguir obter a aprovação por parte do Velho Continente para ser injetada no braço dos europeus. As redes sociais também merecem destaque, nomeadamente o Twitter e o Facebook, assim como Itália que decidiu banir grandes cruzeiros de atracarem em Veneza.

Financial Times

Família Pinault dá impulso aos SPAC na Europa

A família Pinault vai juntar-se à já longa lista de “patrocinadores” dos special purpose acquisition company (SPAC), almejando captar até 300 milhões de euros que serão investidos em negócios nos setores do entretenimento e lazer. O I2PO será lançado em Paris, contando também com o apoio da Centerview Partners e a liderança de Iris Knobloch, antiga executiva da WarnerMedia.

Leia a notícia completa no Financial Times (conteúdo em inglês, acesso pago)

Reuters

Sputnik V continua sem dar dados para conseguir entrar na Europa

A União Europeia está a administrar, atualmente, quatro vacinas contra a Covid-19, havendo outras em fase de aprovação. Uma delas é a Sputnik V, da Rússia, que chegou a ser ponderada como solução para fazer face à escassez de vacinas. Contudo, os responsáveis pelo desenvolvimento desta vacina têm falhado repetidamente no fornecimento de dados que permitam perceber se esta cumpre ou não as regras que possam levar à sua aprovação no Velho Continente.

Leia a notícia completa na Reuters (conteúdo em inglês, acesso pago)

Bloomberg

Itália bane grandes cruzeiros para proteger Veneza

Itália decidiu banir a entrada de grandes navios de cruzeiro de atracarem em Veneza. O acesso à icónica Praça de São Marcos tem sido, durante anos, motivo de “confronto” entre ambientalistas e operadores turísticos, mas agora ficou decidido que os cruzeiros vão mesmo ser impedidos de se aproximarem daquele local para o proteger do excesso de turismo.

Leia a notícia completa na Bloomberg (conteúdo em inglês, acesso pago)

Tech Crunch

Twitter vai permitir limitar quem pode fazer reply aos tweets

O Twitter adicionou uma nova funcionalidade que vai permitir a qualquer pessoa definir quem pode, ou não, fazer reply aos tweets que publica. Até agora, era possível fazer isso no momento em que se carregava no botão de publicar, mas o sistema passa a permitir que se possa fazer o mesmo já depois de o tweet estar publicado.

Leia a notícia completa no Tech Crunch (conteúdo em inglês, acesso livre)

Business Insider

Facebook despediu dezenas de colaboradores por acesso a dados de utilizadores

O Facebook teve mão pesada com colabores da rede social que abusaram do acesso a informações privadas de utilizadores. De acordo com uma cópia do livro: “An Ugly Truth: Inside Facebook’s Battle for Domination“, entre janeiro de 2014 e agosto de 2015, Mark Zuckerberg despediu 52 funcionários por acesso indevido a informações privadas de quem usa a rede social.

Leia a notícia completa no Business Insider (conteúdo em inglês, acesso livre)

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“Trabalhar à distância criou ainda mais invisibilidade para as mulheres”

As mulheres ainda são uma minoria no ecossistema das tech. Em número e em funções de liderança. A pandemia não ajudou a melhorar esta situação. Como dar a volta ao status quo?

Em ano de pandemia há boas e más notícias para as mulheres portuguesas. O fosso de género foi encurtado, com mais mulheres a ocupar posições no Governo ou no Parlamento, levando Portugal a subir uma posição, para o 21º lugar, no Global Gender Gap Report 2021, do World Economic Forum, mas esta poderá ser uma visibilidade pública que esconde o véu que recaiu sobre muitas das mulheres trabalhadoras em tempos de Covid-19. O mundo tech não foi exceção.

“A pandemia afetou para pior as mulheres que já trabalhavam nas tech, e isto porque passaram a ter ainda mais trabalho: para além de trabalharem para a empresa, eram sobretudo as mulheres a tratar mais dos filhos, acompanhá-los na escola, organizar refeições, etc.”, descreve Manuela Doutel Haghighi. “Trabalhar à distância criou ainda mais invisibilidade para as mulheres que já não sabiam valorizar-se e a fazer network. As mulheres tiveram de provar ainda mais o seu valor em relação aos seus colegas homens. Com a desculpa da pandemia, muitas empresas não deram promoções ou aumentos de salários, e os que deram, foi mais a homens que pediram e souberam valorizar-se mais facilmente”, reforça a profissional com mais de 20 anos de experiência em projetos de transformação digital.

Com a desculpa da pandemia, muitas empresas não deram promoções ou aumentos de salários, e os que deram, foi mais a homens que pediram e souberam valorizar-se mais facilmente

Manuela Doutel Haghighi

Uma opinião partilhada, em parte, por Anabela Ferreira. “No global, acredito que a pandemia teve um impacto negativo em todo o ecossistema, independentemente do género ou da área de atividade. Sabemos que em Portugal as mulheres ainda são vistas pela maioria da sociedade como sendo quem trata da casa, dos filhos, etc. e, neste contexto a pandemia trouxe um maior desgaste”, considera a agile coach da Natixis.

Pandemia: a tempestade perfeita para as mulheres

Estudos dão conta desse desgaste. 2020 foi a tempestade perfeita para muitas mulheres na força de trabalho, segundo o relatório “Women @ Work: A Global Outlook”, da Deloitte: a carga horária aumentou, cerca de metade diz ter vivido situações de assédio ou comportamentos não inclusivos no emprego. A maioria está a planear deixar o atual emprego em dois anos e cerca de um quarto deixar de vez a vida ativa. Em Portugal, os números não são conhecidos, mas um inquérito realizado em abril pela Nova Information Management School (Nova IMS), da Universidade Nova de Lisboa, sobre bem-estar dos portugueses – com um universo de 233 respostas – dá conta que as mulheres estão entre quem mais acusou o stress em situação de teletrabalho.

“Com o teletrabalho, as relações entre o trabalho, a família e os momentos de descanso deterioraram-se, com jornadas mais longas, o que aumenta os níveis de stress e ansiedade entre os profissionais. Por outro lado, este período de incerteza e de maior risco de desemprego parece afetar particularmente as mulheres e os jovens”, refere Diego Costa Pinto, diretor do marketing analytics lab da NOVA IMS. Enquanto os níveis de ansiedade dos homens subiram 61%, o mesmo valor referente às mulheres disparou 78%. Outra diferença significativa entre géneros é que, para a maioria das mulheres, os níveis de stress sobem durante o trabalho (56%). Já para os homens, os momentos de maior tensão e ansiedade são durante os momentos de descanso e com a família (53%).

A World Economic Forum (WEF) considera que que os efeitos da pandemia foram devastadores no alcance da igualdade de género. Será necessária mais uma geração para atingir a igualdade de género, de 99.5 anos para 135.6 anos (e a pandemia ainda não acabou)! As mulheres ocupam de forma predominante as profissões ligadas à saúde, tendo sofrido um desgaste superior. A acrescentar ainda são as mulheres a cuidar maior número de horas dos descendentes e ascendentes”, destaca Ana Margarida Trigo, consultora na KCS IT e Application Security Controller na COFCO International.

Mulheres ainda uma minoria nas tech e ultra-minoria na liderança

Mas o papel central que as tecnologias assumiram num mundo em pandemia dá a Anabela Ferreira esperança que isso ajude a atrair mais mulheres para um setor onde estão sub-representadas e onde escasseiam mulheres em funções de liderança.

“No setor das tech a pandemia pode ter tido um impacto muito diferente, dando visibilidade ao fato de que a tecnologia nos pode ajudar no emprego, no estudo e em outras atividades. Para a maioria das pessoas a tecnologia deixou de ser apenas redes sociais e Internet para passar a ser uma verdadeira ferramenta de trabalho com muitas outras funcionalidades, competências e vantagens. Será que com esta visibilidade se vai aumentar o número de mulheres que vê a tecnologia como uma possível carreira? O futuro o dirá. A nós cabe-nos abrir este caminho”, diz a agile coach da Natixis.

E não se antevê um caminho fácil. O Pioneers Report traça o percurso. Em Portugal, de acordo com a OCDE, as mulheres já representam 57% dos dos estudantes de Ensino Superior nos cursos STEM (Ciências, Tecnologias, Engenharia e Matemática), mas ainda são uma minoria nos dedicados à área tecnológica, como Ciências da Computação, Engenharia da Computação ou Sistemas de Informação. No trabalho, essa desigualdade tende a agravar-se.

Ora vejamos. 39% das mulheres dizem estudar ou ter estudado em turmas com apenas duas mulheres ou menos por cada dez homens (versus 23% que referem estudar ou ter estudado em turmas com mais de quatro mulheres por cada dez homens). No trabalho, mais de metade (55%) diz trabalhar em departamentos com apenas duas mulheres ou menos por cada dez homens (versus 22% que dizem trabalhar em departamentos com mais de quatro mulheres por cada dez homens). E 10% dizem ser as únicas mulheres nos departamentos onde trabalham.

As tech parecem ser um lugar solitário para as mulheres. “No mundo ocidental, ainda são muito poucas as jovens que escolhem o ramo da tecnologia para os seus estudos superiores, e isso reflete-se no mercado laboral, não só a nível dos cargos puramente tecnológicos, mas até noutras áreas como a gestão de projetos digitais, em que não é necessária uma formação dessa natureza. Digo mundo ocidental, porque em países asiáticos como a Índia ou a China, existem em proporção mais mulheres a estudarem e a trabalharem nas áreas tecnológicas”, refere Manuela Doutel Haghighi.

Ainda existe uma grande falta de mulheres na tecnologia, dado que temos a tendência a escolher outras áreas para as quais estamos, ou achamos estar, mais vocacionadas. Ainda assim, é notório o aumento do número de mulheres a escolher estas áreas. No entanto, e dada a escolha habitual para outras áreas de formação, este crescimento dificilmente conseguirá equilibrar a balança entre homens e mulheres

Anabela Ferreira

“Da minha experiência ainda existe uma grande falta de mulheres na tecnologia, dado que temos a tendência a escolher outras áreas para as quais estamos, ou achamos estar, mais vocacionadas. Ainda assim, é notório o aumento do número de mulheres a escolher estas áreas. No entanto, e dada a escolha habitual para outras áreas de formação, este crescimento dificilmente conseguirá equilibrar a balança entre homens e mulheres”, afirma Anabela Ferreira.

Uma visão partilhada por Ana Margarida Trigo. “Os departamentos tech continuam na sua maioria com um reduzido número de mulheres. Aquando da escolha das áreas profissionais, as adolescentes transmitem falta de conhecimento sobre a diversidade de escolha existente dentro das profissões tech e claro, continuam a não se ver representadas na tecnologia, o que também leva ao seu afastamento de áreas que percecionam como masculinas”, diz a consultora. “Precisamos olhar para a paridade em todos os espetros, começando pela distribuição de tarefas no lar e pelo acesso a diversas atividades vistas como femininas/masculinas, evitando a segregação dos géneros logo na infância.”

Uma balança claramente desequilibrada no que toca aos cargos de liderança. O Pioneers Report revela essa desigualdade: 63% das mulheres que trabalham em tecnologia não têm funções de coordenação/liderança. Uma questão de representatividade num setor onde as mulheres deverão representar cerca de 30% dos profissionais?

“Acredito que não reflete apenas a falta de representatividade na força de trabalho, mas também a falta de oportunidades de promoção que se reflete na falta de confiança para se autopromoverem e se candidatarem a lugares de coordenação e liderança. Neste contexto, a criação de ações de sensibilização que possam consciencializar a sociedade como um todo de que as mulheres estão tanto, ou mais, preparadas para assumir cargos de liderança”, argumenta a agile coach na Natixis.

Existe ainda o fenómeno de nome glass cliffing, que corresponde à promoção feminina apenas quando uma organização está em maus lençóis. Em poucas palavras é receber um pomar de maçãs podres

Ana Margarida Trigo

No que toca aos cargos relacionados à coordenação ou liderança, a falta de representatividade feminina é transversal a qualquer área profissional. Parece que as mulheres só são promovidas a estas posições quando estas não são atrativas para os seus pares masculinos. Existe ainda o fenómeno de nome glass cliffing, que corresponde à promoção feminina apenas quando uma organização está em maus lençóis. Em poucas palavras é receber um pomar de maçãs podres”, lamenta a também vice-chair IEEE-PT e membro do comité da Women in Engineering da região 8 (Europe, Africa and Middle East), Ana Margarida Trigo.

Cochair do Women’s Network da empresa onde trabalha – grupo criado há três anos por voluntários para funcionar como uma rede de apoio para as mulheres se sentirem empoderadas – quando Manuela Doutel Haghighi começou a analisar o tema chegou a algumas conclusões sobre a situação no setor. “Reparámos que não só não tínhamos mulheres suficientes em número, refletindo a realidade do mercado das tech, mas também as que tínhamos estavam sub-representadas em áreas como a gestão, a área comercial, e até financeira. Mais ainda, quanto mais se subia na pirâmide dos escalões e portanto liderança e salários maiores, menos mulheres havia”, descreve.

Aplicando data analytics ao assunto, três tendências sobressaíram. Em “certas áreas só tinham homens nas várias camadas, confirmando a teoria de que pessoas escolhem pessoas como elas para gerir as suas equipas”, que áreas onde havia mulheres (mesmo que raras) na liderança, “tinham mais mulheres na sua equipa e em posições mais seniores”.

Mas não só. “Através de dois anos de workshops que demos dentro da empresa e com os nossos clientes e parceiros, a grande maioria das mulheres tinham baixos níveis de autoconfiança, coragem, e possuíam uma ingenuidade intrínseca que trazem desde a infância de acreditarem no reconhecimento automático dos seus esforços”, comenta.

Depois a “há a educação em que a fórmula mágica é ‘quanto mais estudares, melhores boas notas terás, maior reconhecimento irás obter com diplomas’”. Sobretudo, “acreditam que existe uma justiça laboral onde quem mais e bem trabalha, é automaticamente recompensada em termos de progressão de carreira, salarial, e promoção a postos de liderança”, descreve Manuela Doutel Haghighi.

Um desfasamento entre a teoria e a prática do ambiente de trabalho. “Para se ser líder, é preciso ter coragem, ter audácia, e estar à vontade para (de vez em quando) ser o centro das atenções. Ou seja é preciso saber arriscar. É preciso aceitar que se pode falhar, é preciso aceitar que se tomem decisões difíceis, é sobretudo preciso aceitar que um líder é alguém acima de tudo que se respeite, e não que se goste. Agora as mulheres, e a narrativa da sociedade encoraja muito isso. Acham que, antes de tudo, têm de ser agradáveis para os outros”, comenta Manuela Doutel Haghighi.

“As mulheres não se candidatam a postos onde não tenham a certeza absoluta de ter sucesso, não percebem ou não querem se meter em jogos de bastidores, politiquices, que fazem parte da realidade empresarial. E isso reflete-se depois nas promoções a lugares de chefia. Mas pior ainda, quando são promovidas, ainda têm o síndrome da impostora em que continuam a achar que não merecem e vão ser apanhadas em falta!”, reforça. Para além disso, “como inúmeros estudos já o demonstraram, existem preconceitos inconscientes sobretudo nos líderes de muitas empresas que não se dão ao trabalho de reparar que tendem a promover pessoas que se pareçam e que ajam como eles… Ora como a grande maioria dos líderes nas techs (e não só) são homens, escolhem homens como eles para posições de chefia e liderança… como eles.”

Mulheres nas tech ganham entre 10 a 30% menos

Menos mulheres nas tech, menos profissionais do sexo feminino na liderança e, no fim do dia, fazendo as contas, como é que tudo isso se reflete nas remunerações auferidas nas tech pelas mulheres? Afinal este é um setor onde a procura por profissionais está sempre em alta, paga acima da média e nem a pandemia parece ter abrandado a procura pelas empresas. Um estudo recente da Landing.Jobs dá disso sinal: quase três quartos (74%) das empresas preveem aumentar o número de contratações ainda este ano. E os salários também deverão “engordar”.

O Pioneer Report dá conta que 38% das mulheres recebe entre 1.000 e 1.499 euros. Estarão estes salários alinhados com os seus pares masculinos? Ou à semelhança do que que descreve relatório Estado da Nação: Educação, Emprego e Competências em Portugal, da Fundação José Neves, também aqui em média, os homens licenciados ganham mais 38% do que as mulheres com o mesmo grau de ensino?

“Em termos de remuneração existem vários fatores que podem colocar barreiras às mulheres. A própria dificuldade no acesso a cargos de liderança no feminino, pode refletir a diferença entre remunerações de homens e mulheres com o mesmo grau de ensino. Ainda existe uma barreira na transparência dos salários dentro das empresas. Por vezes esta falta de informação faz com que os salários sejam mais baixos para as mulheres por não haver fator comparativo”, diz Anabela Ferreira.

E o mesmo diz Manuela Doutel Haghighi. “Mesmo nas tech, as mulheres recebem menos que os homens para funções iguais. No melhor dos casos, menos 10%, mas na realidade mais para os 20 a 30% em termos de disparidades”, diz. “À medida que aumenta o nível de qualificação, maior é o diferencial salarial entre homens e mulheres, sendo particularmente evidente entre os quadros superiores”, continua.

“Neste nível de qualificação, o gap é de 26,4% na remuneração base e de 27,9% nos ganhos. Ou seja, ao entrar no mercado do trabalho, as mulheres apesar de serem mais qualificadas, não conseguem tão facilmente ganhar tanto quantos os homens para postos iguais porque ainda são vistas como não tão dedicadas pois um dia virão a ter filhos (uma mulher em Portugal que não esteja em casal e não tenha filhos, mesmo que seja administradora delegada duma multinacional, é ainda, infelizmente, vista como uma mulher falhada); não se sabem vender nem valorizar, não mostram espírito de liderança, nem capacidade de gestão como os homens; mostram-se acima de tudo mais como trabalhadoras árduas e dedicadas”, refere.

A tudo isto junta-se outro tema no setor privado: “As mulheres são ingénuas: acreditam que se trabalharem muito e bem, serão recompensadas como o eram na escola e faculdade, com boas notas. Ora o mundo real não funciona como no sistema de educação.”

“Os homens são educados para serem ambiciosos, tal como refere Simon Sinek, até no campo emotivo, os homens são educados a dar o primeiro passo e a lidar com a rejeição, a mulher a esperar pelos convites. A meu ver, se as mulheres têm menos autoconfiança na sua generalidade, então não serão tão ambiciosas no momento do pedido do salário, da promoção, do bónus”, comenta Ana Margarida Trigo. “Em Portugal as empresas ainda não colocam claramente nas propostas de emprego o salário, ou gama de salários para uma determinada posição, sei que ter pelo menos uma gama de valores iria ajudar as pessoas com uma menor autoconfiança, mas igual competência a igualarem os rendimentos aos seus pares”, refere Ana Margarida Trigo.

Como dar a volta ao status quo?

Num momento em que as empresas avançam com mensagens de empoderamento feminino, como é que se pode alterar este status quo? Como é que, para começar, se pode atrair mais mulheres para o mundo tech?

“Continuamos a tentar tratar os problemas do presente sem pensar no que podemos fazer para alavancar o futuro. Na área da tecnologia temos cada vez mais de trabalhar a pensar no futuro, ir junto dos mais jovens e apresentar a área da tecnologia como uma opção viável de carreira, sem olhar a género”, diz Anabela Ferreira.

Cada vez mais vemos comunidades internas e/ou externas às empresas criarem projetos de mentoria, de empoderamento, de liderança dedicadas às mulheres. É importante mostrar à nossa sociedade que as mulheres e os homens têm os mesmos direitos e que deveriam ser livres e incentivados a escolher os seus caminhos”, diz ainda. “Apesar de estarmos na era digital, onde o mundo pode ser acedido por todas e todos, ainda é notório o desconhecimento das diferentes oportunidades de carreira ligadas às tech. Mais uma vez, independentemente de ser mulher, todas as carreiras profissionais e respetivas progressões devem estar disponíveis e acessíveis em igualdade de circunstâncias”, defende.

“Num país ainda muito tradicionalista como é Portugal, é preciso encorajar uma educação (formal e lúdica) menos focada no género identitário, e mais nos skills necessários no mundo do trabalho, como a liderança, o apetite para o risco, a pesquisa, a negociação. Por exemplo, devemos encorajar as meninas a rebolarem na lama, a fazerem desporto, a caírem e fazerem nódoas negras… Pode não ficar bonito para as fotos do Facebook, mas dá-lhes confiança para toda a vida! Ou seja, aquilo a que chamávamos Marias rapazes antigamente e como se fosse defeito, deviam ser todas as meninas!”, comenta Manuela Doutel Haghighi.

Devemos aproveitar as redes sociais para mostrar às meninas e jovens que têm a possibilidade de influenciar as tecnologias que usam todos os dias ao aprenderem a programar essas mesmas tecnologias. Que se pode trabalhar numa empresa tech e ser-se cool, feminina e qualquer tipo de personalidade”, continua. E, acrescenta, “devíamos encorajar as mulheres que como eu já estão nas tech há alguns anos, a irem as escolas fazer palestras, ir a reuniões de pais e professores para inspirarem todos a incentivar o ensino e as carreiras nas tech, fazer parcerias com liceus, Universidades, e muita muita publicidade para dar visibilidade a estas mulheres”, defende a também mentora da Portuguese Women in Technology.

“O empoderamento feminino acontece quando as mulheres se expressam. É necessário dar oportunidade para as mulheres poderem partilhar conhecimento técnico desde cedo, de forma a ser possível validar o seu valor, para perceberem que são igualmente capazes e um dia, terem evidencias para se sentirem merecedoras de promoção. A autoconfiança feminina é um aspeto a trabalhar, tal como a síndrome do impostor“, conclui Ana Margarida Trigo.

(artigo atualizado às 10h59)

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Maioria quer demissão de Vieira do SLB e 62% pedem que Costa e direção saiam, revela sondagem

  • ECO
  • 14 Julho 2021

Cerca de 88% dos inquiridos considera que Vieira deve demitir-se da liderança do Benfica, enquanto 62% quer a saída de Rui Costa e da direção.

Depois dos desenvolvimentos do processo “Cartão Vermelho”, a maioria dos portugueses (88%) considera que Luís Filipe Vieira deve demitir-se do cargo de presidente do Benfica, segundo uma sondagem da Aximage para o Jornal de Notícias (acesso pago), DN e TSF. Quanto a Rui Costa e à restante equipa de diretores, 62% defendem a demissão em bloco e eleições antecipadas.

Vieira, que é suspeito de abuso de confiança, burla qualificada, fraude fiscal e branqueamento de capitais, foi detido na semana passada e suspendeu o mandato, que foi assumido por Rui Costa. Entre os benfiquistas, são 84% aqueles que querem a saída de Vieira, segundo mostra a sondagem, cujo trabalho de campo foi feito já depois do anúncio da suspensão de funções.

A percentagem daqueles que querem a saída de Rui Costa é menor entre os adeptos do clube dos encarnados: 52% dos benfiquistas queriam novas eleições, mas 40% defendiam que o presidente interino se mantivesse. As eleições deverão mesmo realizar-se no clube, até ao final deste ano, segundo um comunicado do Benfica.

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De Madoff a Oliveira e Costa. As maiores fraudes financeiras de sempre

Esquemas em pirâmide, vendas ilícitas ou ocultação de fundos: as fraudes financeiras proliferam e a última crise destapou vários casos. Veja o ranking com as maiores.

Esquemas em pirâmide, roubos ou ocultação de contas. As fraudes financeiras são tão antigas quanto as próprias finanças, mas 2008 foi um ano pródigo para a descoberta de negócios ilegais quando a crise económica global trouxe para a luz as vulnerabilidades do sistema. Em muitos casos, é possível identificar a pessoa ou empresa por trás do plano.

Não há um top ou ranking que defina exatamente quais as maiores fraudes financeiras de sempre — os critérios podem diferir e há esquemas para todos os gostos –, mas há um nome que é quase consensual: Bernard (Bernie) Madoff. Foi o maior “esquema de Ponzi” de sempre, que chegou aos 65 mil milhões de dólares, que o empresário norte-americano dizia gerir através do seu banco de investimento.

Destes, cerca de 45 mil milhões eram lucros falsos. O esquema em pirâmide liquidou ao todo 19 mil milhões de dólares de investidores, celebridades e instituições de caridade que eram clientes de Madoff desde a década de 1970. Personalidades como Steven Spielberg ou Kevin Bacon, e bancos como o Santander e o BBVA, constam da lista de lesados. De fundos portugueses julga-se que entraram 76 milhões de euros no esquema fraudulento de Madoff. Os lesados têm tentado aos poucos reaver o dinheiro investido, sendo que já terão sido recuperados 13,3 mil milhões de dólares (cerca de 12 mil milhões de euros), 70% do total perdido pelos investidores.

A 11 de dezembro de 2008, Bernard Madoff, então com 71 anos, foi condenado pelo juiz Denny Chin a 150 anos de prisão por vários crimes de fraude, branqueamento de capitais e relatórios falsos de despesa — a pena máxima pedida pelos procuradores americanos. Madoff acabou por morrer no cárcere, a 14 de abril de 2021, com 82 anos.

O esquema Ponzi pode ter sido celebrizado por Madoff, mas quem lhe deu nome foi o próprio Charles Ponzi. Nascido em Itália em 1882, percebeu que podia comprar selos para cartas de baixo custo, enviá-los para o estrangeiro e revendê-los a um preço mais elevado. Começou a angariar investidores, mas — em vez da taxa real de retorno de 5% — anunciava-lhes um ganho de 50%. Usava o dinheiro que recebia de uns para pagar aos outros até que a pirâmide caiu e Ponzi teve de fugir para os Estados Unidos, onde acabou por morrer.

Crise de 2008 faz disparar fraudes

Ao longo dos anos houve múltiplos esquemas e fraudes a marcarem a história. Entre eles contam-se as tentativas de vender a Torre Eiffel (duas vezes) por Victor Lustig ou o leilão do próprio Império Romano pelo suposto assassino do Imperador. Mas foi durante a crise de 2008 que as fraudes financeiras proliferaram (ou pelo menos, estão mais próximas e ainda frescas nas memórias e nas carteiras de muitos).

Quase tão conhecido quanto Madoff é o nome de Jerome Kerviel. Era trader júnior de derivados da Société Générale (onde tinha chegado em 2000 com apenas 23 anos), quando foram descobertas negociações não autorizadas entre 2006 e 2008 que acabaram por gerar perdas de 4,9 mil milhões de euros. O francês viria a ser conhecido como o “trader solitário” e entrou numa guerra judicial com a financeira que ainda dura.

Por volta da mesma altura o diretor-geral do Anglo Irish Bank, o terceiro maior banco da Irlanda, era descoberto por ter escondido 87 milhões de euros em empréstimos, num processo que resultaria na nacionalização do banco em 2009.

O mesmo destino teve, em Portugal, o Banco Português de Negócios (BPN), que foi nacionalizado em 2008 pelo Governo de José Sócrates. Logo na altura o presidente executivo desde 1998, António Oliveira e Costa, foi detido por suspeitas de irregularidades que levaram ao colapso. Só nove anos mais tarde, em 2017, o ex-banqueiro foi condenado a 14 anos de prisão pelos crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação de documentos, infidelidade, aquisição ilícita de ações e fraude fiscal, tendo sido apenas absolvido do crime de branqueamento de capitais. Em 2018, viu a pena agravada em mais um ano de cadeia por abuso de confiança.

Oliveira e Costa — que não cumpriu a totalidade da pena pois morreu em março de 2020 — mantém-se no topo da lista das fraudes financeiras nacionais. No entanto, a falência do Banco Espírito Santo (BES) em 2014 está igualmente sob investigação. Aliás, teve já início o julgamento do antigo presidente Ricardo Salgado, por três crimes de abuso de confiança no âmbito da Operação Marquês.

Quais são os hotéis mais caros do país? Quem são as personalidades mais influentes no TikTok? E os gestores mais bem pagos da nossa bolsa? De segunda a sexta-feira, todos os dias há um ranking para ver aqui no ECO.

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Hoje nas notícias: SLB, rastreio e a vacina da Covid-19

  • ECO
  • 14 Julho 2021

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

Depois dos desenvolvimentos do processo “Cartão Vermelho”, 88% dos portugueses defendem que Luís Filipe Vieira deve deixar o cargo de presidente do Benfica. No campo da pandemia, a capacidade de rastreamento dos contactos dos infetados com Covid-19 atinge níveis baixos, mesmo numa altura em que os profissionais envolvidos no processo aumentam. Já quanto à vacina, a hesitação em tomar o fármaco ganha maior dimensão entre os desempregados e as pessoas que consomem mais redes sociais. Veja estas e outras notícias que marcam as manchetes nacionais.

Maioria quer demissão de Vieira do SLB, revela sondagem

A maioria dos portugueses, 88%, consideram que Luís Filipe Vieira deve demitir-se do cargo de presidente do Benfica, segundo uma sondagem da Aximage para o JN, DN e TSF. Quanto a Rui Costa e à restante equipa de diretores, 62% defendiam a demissão em bloco e eleições antecipadas, algo que deverá acontecer até ao final do ano.

Leia a notícia completa no Diário de Notícias (ligação indisponível).

Um quarto dos contactos de infetados com Covid-19 não é rastreado

Só foi possível rastrear 74% dos contactos de infetados com Covid-19 em Portugal, na última semana de junho. Este valor corresponde à menor capacidade de rastrear e isolar contactos desde que os dados começaram a ser divulgados, apesar de o número médio de profissionais envolvidos no rastreamento ser o mais elevado desde o início de abril. Para além do aumento de casos, cansaço e falta de pessoal também contribuem para este fenómeno.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado)

Desempregados e dependentes das redes sociais mais hesitantes com vacina

Inquéritos realizados a nível europeu nos últimos meses mostram que se verifica mais resistência à vacina entre a população pouco qualificada, desempregada, que vive fora das zonas urbanas. Existe maior hesitação entre os homens que mulheres, e mais na faixa etária entre os 35 e os 49 anos do que entre os mais jovens ou mais velhos. Para além disso, “pessoas que usam as redes sociais intensamente (durante três ou mais horas por dia) são ligeiramente mais hesitantes (30%) do que os outros”, sinaliza o relatório.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso condicionado).

Testes gratuitos prometidos pelo Governo falham devido a problema informático

Os testes rápidos de antigénio comparticipados pelo Estado a 100% ainda não não estão a ser operacionalizados, devido a um problema informático no software usado pelas farmácias e que é assegurado pelos Serviços Partilhados do Ministério da Saúde. “Ainda não conseguimos fazer os testes com comparticipação porque não podemos emitir a notificação de comparticipação”, explica a responsável de uma farmácia abrangida nesta medida.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso condicionado).

Vacinação antecipada para mais de seis mil alunos de Erasmus

Cerca de seis mil estudantes do Ensino Superior que vão frequentar o programa Erasmus no primeiro semestre do próximo ano letivo estão a ser chamados para serem vacinados. O objetivo é que possam viajar com, pelo menos, uma dose da vacina contra a Covid-19. Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior validou listagens de alunos elaboradas pelas faculdades e remeteu-as para a task force.

Leia a notícia completa no Jornal de Notícias (acesso pago).

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Marcelo “nada preocupado” com o OE. Recebe partidos até agosto

  • Lusa
  • 14 Julho 2021

Marcelo Rebelo de Sousa está convencido de que haverá "viabilização do Orçamento para o ano que vem e do Orçamento para 2023" e "nada preocupado" com esta matéria.

O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, vai receber os partidos políticos com assento parlamentar até ao final de julho, início de agosto, mas reiterou que não está “nada preocupado” com a aprovação do Orçamento do Estado para 2022.

“Eu fiquei de me encontrar com os partidos ainda antes das férias de verão, para aqueles que as tiverem, e portanto, como fiz nos últimos anos, certamente terei audiências aos partidos políticos até ao final de julho, até ao começo de agosto“, declarou o chefe de Estado aos jornalistas, no Museu Nacional de Arte Antiga, em Lisboa.

Antes, Marcelo Rebelo de Sousa tinha sido questionado sobre a aprovação do Orçamento do Estado para 2022, reiterando que está convencido de que haverá “viabilização do Orçamento para o ano que vem e do Orçamento para 2023” e “nada preocupado” com esta matéria.

“Há meses que não tenho essas reuniões [com os partidos]. Tinha de 15 em 15 dias pela própria lógica da renovação do estado de emergência, terminaram em maio”, referiu.

Segundo o Presidente da República, “agora é altura de haver essas reuniões”, antes do “período eleitoral” das autárquicas de 26 de setembro, “que não é bom período para estar a receber os partidos”.

Nestas declarações aos jornalistas, à margem da apresentação de um livro do anterior presidente do conselho de administração da RTP, Gonçalo Reis, o chefe de Estado foi também questionado acerca da reunião com especialistas sobre a evolução da covid-19 em Portugal marcada para 27 de julho.

Marcelo Rebelo de Sousa confirmou que “as sessões do Infarmed foram acordadas com o senhor primeiro-ministro, concretamente uma reunião antes do mês de agosto, para fazer o balanço da situação e para olhar para o mês de agosto”.

“Faz sentido olhar para o que foi a evolução em maio, junho, julho – a última reunião foi no final de maio, e agora temos o retrato mais completo sobre maio, junho, e teremos sobre julho – e olhar para agosto e, portanto, para aquilo que pode ser a evolução desta fase que queremos que seja final da pandemia”, considerou.

Quanto a uma possível alteração da matriz de risco, o Presidente da República respondeu que seria prematuro comentar agora essa questão, que poderá vir a ser abordada “ou não nessa sessão, fora da sessão, antes da sessão” de 27 de julho.

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Bruxelas tem até dia 19 para nova decisão sobre ajuda à TAP

A suspensão da anulação da ajuda à companhia aérea em 2020, decretada pelo Tribunal Geral da EU, está quase a terminar. Comissão terá de adotar uma nova decisão até à próxima segunda-feira.

O acórdão do Tribunal Geral da União Europeia que a 19 de maio anulou a injeção de 1,2 mil milhões de euros na TAP, na sequência de uma queixa apresentada pela Ryanair, determinou simultaneamente a suspensão dos efeitos da decisão, tendo em conta o grave impacto para a companhia e a economia portuguesa. E dava duas opções à Comissão Europeia: ou avançar para um investigação aprofundada, o que não veio a acontecer, ou produzir uma nova decisão no espaço de dois meses. O prazo termina na próxima segunda-feira. O plano de reestruturação também não deve chegar antes dessa data.

“O Tribunal Geral determina, no entanto, que se a Comissão decidir adotar uma nova decisão sem iniciar o procedimento formal de investigação previsto no artigo 108.º do Tratado Sobre o Funcionamento da UE, a suspensão dos efeitos da anulação não poderão exceder dois meses a partir da data do acórdão”, pode ler-se no comunicado sobre a decisão judicial. O que significa que a suspensão dos efeitos da decisão termina no dia 19 de julho.

O ECO questionou a Comissão Europeia sobre a aproximação deste prazo limite, mas ainda não recebeu uma resposta. O que é esperado, no entanto, é que até essa data Bruxelas produza uma nova decisão que responda às questões suscitadas pelo Tribunal Geral da UE, evitando que a anulação dos 1,2 mil milhões de euros injetados na TAP em 2020 se materialize.

Plano de reestruturação também à espera

A resposta ao Tribunal Geral e a aprovação do plano de reestruturação da TAP são dois processos que correm separados na Comissão Europeia, mas ao que o ECO apurou junto de duas fontes, a luz verde ao segundo não deverá chegar antes da decisão sobre a primeira. Poderá, quando muito, chegar no mesmo dia.

O ministro das Infraestruturas afirmou na segunda-feira em entrevista à TVI24 que “o plano já não está em negociação” e que são esperadas novidades “nos próximos dias ou semanas”. “Há um trabalho que foi feito com a Comissão Europeia e esperamos que a breve prazo esteja aprovado”, acrescentou.

"O plano de reestruturação já não está em negociação. Esperamos ter o plano fechado com Bruxelas nos próximos dias ou semanas.”

Pedro Nuno Santos

Ministro das Infraestruturas

Pedro Nuno Santos salientou que, embora não exista ainda a luz verde de Bruxelas, a reestruturação já está em curso com a saída de trabalhadores — “são menos 2.400, um quarto da força de trabalho” — e a redução da frota. “Entre vendas e devoluções são quase menos 20 aviões no final do ano, face ao início de 2020. Passamos de 108 para 88 aviões”, precisou. Referiu ainda os cortes de 50% no salário dos pilotos e de 25% nos restantes trabalhadores, bem como a redução de rotas.

Questionado sobre as implicações de uma anulação da ajuda atribuída à companhia aérea em 2020, respondeu que “seria um drama para o país”, mas garantiu que o Governo continuaria “a encontrar soluções para salvar a TAP e a economia, que seria altamente afetada”.

O Tribunal Geral da União Europeia anulou a injeção de 1,2 mi milhões, a 19 de maio, por considerar que a aprovação pela Comissão Europeia não estava suficientemente fundamentada. A instituição com sede no Luxemburgo deu razão ao recurso da Ryanair, mas suspendeu a anulação, tendo em conta os graves impactos para a empresa e a economia, instando a Direção-Geral da Concorrência (DG Comp) a apresentar uma nova decisão.

O Tribunal considerou que não ficou demonstrado de forma inequívoca que a injeção pública era o único caminho possível, nem que não beneficia indevidamente terceiros. Além da ajuda à TAP, também o auxílio à KLM foi anulado. Questionada, a Comissão respondeu ao ECO a 6 de julho que “está a estudar cuidadosamente a decisão e a refletir sobre os possíveis passos seguintes”.

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