Banca portuguesa será das mais castigadas pelo fim das moratórias. FMI pede “estratégia de saída cuidadosa”

"Alguns dos sistemas financeiros que poderão enfrentar um impacto maior com o fim destas medidas também apresentam buffers de capital comparativamente mais reduzidos", alerta o FMI.

Portugal, assim como a generalidade dos países europeus, recorreu às moratórias para proteger famílias e empresas, mas também às linhas de crédito para salvar muitos negócios do forte impacto da crise provocada pelo novo coronavírus. A banca nacional foi pró-ativa na concessão destas “redes de salvação” num contexto de forte contração económica. Contudo, alerta o Fundo Monetário Internacional (FMI), com o fim destas benesses, o setor financeiro português será dos mais castigados. O impacto na solvabilidade do sistema nacional será bem mais expressivo que generalidade do setor internacional.

“Moratórias e linhas de crédito Covid deram o necessário apoio” para que a liquidez continuasse a fluir. As “moratórias reduziram de forma expressiva o incumprimento no crédito, que teria atingido diretamente os rácios de capital e reduzido o apetite da banca pela concessão de crédito”, diz o FMI, enquanto as linhas de crédito garantidas pelos Estados “permitiram aos bancos evitarem perdas potenciais”. Foram ambas medidas muito importantes para responder à pandemia, mas o prazo de validade de ambas está a chegar ao fim.

“O fim destas medidas poderá levar a um aumento do incumprimento nos créditos”, alerta o FMI no Global Financial Stability Report, onde antecipa que poderá, por isso, ser necessário que os bancos aumentem as provisões, mas também para se prepararem para um impacto maior dos ativos ponderados pelo risco. O resultado será uma redução nos rácios de capital.

Considerando o elevado peso das moratórias (Portugal apresenta a terceira maior proporção destas na análise do FMI), mas também o das linhas de crédito garantidas, a banca portuguesa poderá, de acordo com cálculos do FMI, ser das mais castigadas pelo fim de ambas as medidas de apoio em tempos de Covid-19.

"Alguns dos sistemas financeiros que poderão enfrentar um impacto maior com o fim destas medidas também apresentam buffers de capital comparativamente mais reduzidos.”

Global Financial Stability Report

FMI

O FMI diz que, em média, esta fase de phasing-out das medidas de apoio pode ter um impacto de 20 pontos-base nos rácios de capital dos bancos, mas será pior em alguns sistemas financeiros. Na Grécia, as provisões e a ponderação dos ativos de risco deverá retirar quase 120 pontos aos rácios, mas em Itália a “fatura” também vai superar os 100 pontos, assim como em Espanha. Depois de Chipre surge então Portugal, com os bancos a poderem ver os seus rácios de capital a encolherem em cerca de 80 pontos-base.

“Alguns dos sistemas financeiros que poderão enfrentar um impacto maior com o fim destas medidas também apresentam buffers de capital comparativamente mais reduzidos”, alerta o FMI. “São países em que a pandemia está a ter um impacto macroeconómico mais farto, por isso será crítica uma estratégia de saída cuidadosa”, defende.

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Wall Street abre em baixa, após recordes. Investidores aguardam dados do emprego

Os principais índices norte-americanos abriram a sessão desta terça-feira em queda ligeira, com os investidores a aguardarem os dados que serão divulgados sobre a vaga de empregos dos EUA.

As bolsas norte-americanas abriram a sessão desta terça-feira em queda ligeira, num movimento de correção, depois de os dados económicos terem levado o S&P 500 e o Dow Jones a renovarem máximos na sessão anterior, devido às esperanças renovadas de recuperação económica. Esta terça-feira serão divulgados novos dados sobre o mercado de trabalho.

O índice de referência S&P 500 cede 0,18%, para 4.070,76 pontos. Já o industrial Dow Jones desvaloriza 0,21%, para 33.455,18 pontos, enquanto o tecnológico Nasdaq perde 0,15% para 13.684,56 pontos. De sublinhar que tanto o S&P 500 como o Dow Jones renovaram máximos na sessão anterior, estão, por isso, a corrigir dos fortes ganhos.

Além disso, os investidores estão em stand-by a aguardar os dados que serão divulgados esta terça-feira sobre a abertura de empregos na maior economia mundial.

Na última sessão, as bolsas tinham beneficiado dos dados sobre o mercado de trabalho norte-americano, bem como da China. O relatório divulgado na sexta-feira revela que houve um aumento de 916 mil postos de trabalho em março, o que supera em larga medida os 647 mil postos de trabalho previstos pelos economistas da Reuters. Trata-se do maior aumento em sete meses e poderá abrir a porta ao início do maior crescimento económico em quase quatro décadas.

Ao mesmo tempo, esta terça-feira foi revelado que o setor dos serviços na China acelerou em março. Os dados do índice composto PMI, que mede a evolução da atividade na indústria e serviços, revelam que este indicador subiu de 51,5 para 54,3 em março, números que superam as estimativas dos analistas que apontavam para uma subida de 52,1.

Estes dados estão a gerar uma maior confiança por parte dos investidores de que a recuperação económica poderá ser mais ágil do que o previsto inicialmente. “As razões com o otimismo estão relacionadas com o facto de que o inverno da Covid está a chegar ao fim e com a vacinação podemos ver a luz ao fim do túnel. A economia parece estar a reflorecer”, disse Darren Schuringa, CEO da ASYMmetric ETF, citado pela Reuters.

Entre as cotadas, nesta sessão, a Tesla está a perder 0,66% para 686,46 dólares, depois de ter disparado mais de 4% na sessão anterior.

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Ficar em casa: um perigo inevitável

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  • 6 Abril 2021

António Bello, fundador e diretor executivo da Associação Just a Change, reflete sobre a importância de ter uma casa com condições em tempos de pandemia e dá a conhecer o trabalho do Just a Change.

Há um ano que ficar em casa é o dia-a-dia da maior parte dos portugueses. Em casa, estamos abrigados da pandemia. Esta dimensão de abrigo que as nossas casas nos proporcionam é algo que não realizamos todos os dias. Ocorre-nos, principalmente, quando sentimos o seu efeito protetor: quando chove, quando está frio, ou, na situação atual – menos frequente, felizmente -, quando existe uma pandemia.

A hierarquia das necessidades [1], proposta por Abraham Maslow, aponta o abrigo com uma das mais básicas necessidades do ser humano, e a sua ausência compromete a satisfação de necessidades mais elevadas. Na verdade, o nosso lar está de tal forma relacionado com a condição humana que existe um termo para quem não o tem: sem-abrigo. Até na língua se revela a importância da “casa” na determinação da nossa condição humana.

Estamos fartos de estar em casa, mas não podemos negar que esta serviu o propósito de abrigo e nos protegeu contra o vírus.

"Como podem estas pessoas tomar medidas de precaução como “lavar as mãos frequentemente com água e sabão” quando não têm água ou saneamento? Como podem “evitar utilizar espaços comuns com outras pessoas presentes” quando no mesmo quarto dorme uma família inteira? Ou como podem “deixar os sapatos à porta de casa” quando o chão dentro de casa é de terra e lama?”

António Bello

Fundador e Diretor Executivo da Associação Just a Change

Mas, e se a nossa casa for fonte de doença, desconforto ou mal-estar? Se esta, em vez de nos proteger, nos ataca? Ou se, neste contexto atual, não oferece condições mínimas de defesa contra a pandemia? Esta é a realidade de milhares, só em Portugal. Pessoas que vivem em casas sem condições de segurança, saúde, conforto ou higiene.

Segundo um estudo publicado em 2018 pelo INE, mais de 60.000 pessoas vivem em casas sem água canalizada ou saneamento, e mais de 30.000 não têm eletricidade. Também segundo dados do Eurostat, um em cada quatro portugueses não tem condições para manter a sua casa quente, tornando Portugal o 2º país da UE com o maior aumento na taxa de mortalidade durante o inverno, apesar dos nossos invernos pouco rigorosos [2].

Antes e depois de uma reabilitação da Just a Change em Óbidos.

Como podem estas pessoas tomar medidas de precaução como “lavar as mãos frequentemente com água e sabão” quando não têm água ou saneamento? Como podem “evitar utilizar espaços comuns com outras pessoas presentes” quando no mesmo quarto dorme uma família inteira? Ou como podem “deixar os sapatos à porta de casa” quando o chão dentro de casa é de terra e lama?

Talvez a única recomendação que conseguem cumprir é a de “não convidar nem permitir que outras pessoas entrem em sua casa durante o período de isolamento”, o que já não faziam antes, por vergonha ou por ninguém lá conseguir ou querer entrar.

"Acreditamos que reabilitar uma casa é uma oportunidade para a reconstrução de uma vida, o que resulta na melhoria do bem-estar e na redução de riscos para a saúde e segurança. ”

António Bello

Fundador e Diretor Executivo da Associação Just a Change

Para além da falta de condições para cumprir as devidas precauções sanitárias, muitas destas casas são, elas próprias, um foco de doença. Doenças respiratórias, provocadas por má qualidade do ar, humidade, pó, gases e fumos que não são devidamente extraídos, infeções por contacto com fungos, insetos ou ratos; gripes e constipações causadas pelo frio e pela chuva que cai dentro de casa, ou pela falta de água quente para um duche; existe, até, quem corra perigo de vida, apenas por estar dentro de uma casa em risco de desabamento do telhado ou de apanhar um choque elétrico provocado por uma instalação degradada.

Decerto que nada disto invalida a necessidade de confinamento que se impôs ao país. Mais do que nunca, a nossa vida passa-se em torno da nossa casa. Mas infelizmente, para muitos portugueses ficar em casa não é sinónimo de ficar protegido. É precisamente o oposto.

Conscientes desta crise habitacional, o Just a Change tem como missão reabilitar casas de pessoas carenciadas. Acreditamos que reabilitar uma casa é uma oportunidade para a reconstrução de uma vida, o que resulta na melhoria do bem-estar e na redução de riscos para a saúde e segurança. Mas significa também promover a inclusão social, o que tem um impacto direto na redução da pobreza, trazendo melhorias significativas em termos de saúde pública e eficiência energética.

[1] Abraham H. Maslow (1987). Motivation and personality (3ª ed.), Nova Iorque.
[2] LIDDELLl, Christine et al., Excess winter deaths in 30 European countries 1980–2013: a critical review of methods, (2016) Journal of Public Health.

Para apoiar a luta contra a Pobreza Habitacional, consigne 0,5% do seu IRS ao Just a Change. Basta inserir o NIF 509 583 148! Saiba mais no site do Just a Change.

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Indico Capital Partners lança nova edição do programa de investimento em conjunto com Google for Startups

Dia 21 de abril será realizada uma sessão de apresentação do programa de 2021, com a presença de Cristina Fonseca, e na qual serão reveladas as startups já admitidas.

A Indico Capital Partners acaba de anunciar o lançamento oficial da edição de 2021 do programa de investimento e aceleração em jovens startups, em conjunto com a Google for Startups. Às empresas atuais do fundo, que já angariaram 626 milhões de euros desde 2019, vão juntar-se, agora, dez novas startups que procuram o seu primeiro investidor institucional.

As candidaturas para o programa de 2021, que tem destinado um milhão de euros para as dez recém-criadas startups, já estão abertas. No próximo dia 21 de abril será realizada uma sessão de apresentação do programa deste ano, com a presença de Cristina Fonseca, e na qual serão reveladas as startups já admitidas. A inscrição no webinar deve ser realizada através deste link.

“Queremos encorajar as startups que estejam prontas para se lançarem no mercado a candidatarem-se ao nosso investimento de 100.000 euros. O programa de 12 meses de pre-seed inclui aconselhamento intensivo, apresentações de fundadores e investidores internacionais de grande sucesso, apresentações de parceiros do ecossistema, apoio na captação de fundos e de talento e muito mais, tanto da Google como da Indico”, afirma Cristina Fonseca, partner da Indico, citada em comunicado. “Todas as empresas do nosso programa angariaram rapidamente capital adicional depois de receberem o nosso investimento enquanto participam no programa”, acrescenta.

O programa de investimento pretende fomentar “uma maior criação de startups e dar projeção às mais promissoras para que possam internacionalizar e usufruir de oportunidades de investimento maiores”, nomeadamente o acesso a mais financiamento da Indico, que pode atingir os cinco milhões de euros por empresa, refere Stephan Morais, managing partner da Indico.

Em 2020, a Indico Capital Partners estabeleceu uma parceria com a Google e lançou um programa de investimento pre-seed (capital semente) com o apoio da Google for Startups. No ano passado, mais de 140 startups em Portugal candidataram-se ao programa e sete foram selecionadas para integrar o portfolio da Indico, recebendo cada uma 100 mil euros de investimento.

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Confinamento no fim de semana da Páscoa ficou 27% abaixo do nível de 2020

Entre sexta-feira e domingo de Páscoa, pouco mais de metade dos portugueses permaneceram em casa. O valor ficou 27% abaixo do nível registado no período comparável do ano passado.

A Páscoa de 2020 foi o dia de maior confinamento dos portugueses. Um ano depois, o nível de confinamento na Páscoa de 2021 foi em 27% inferior, com apenas 54% dos portugueses em casa, concluiu o painel de mobilidade da empresa de dados PSE Analytics. Este último dado compara com os 79% de portugueses que se mantiveram em casa no domingo de Páscoa no ano passado.

A Semana Santa decorreu este fim de semana, entre sexta-feira e domingo. Mas foi um período significativamente diferente ao do ano passado. Apesar de o país se manter em estado de emergência por causa da Covid-19, a Páscoa de 2020 deu-se no pico da primeira vaga da pandemia, enquanto, este ano, surge numa altura em que está em curso um plano de reabertura. Ainda assim, neste fim de semana em particular, a obrigação era de recolhimento domiciliário e estava em vigor uma proibição de circulação entre concelhos.

Segundo a PSE Analytics, no sábado, o confinamento foi de 49,2%. O valor esteve em linha com os quatro sábados anteriores, em que a média de confinamento se cifrou em 51,8%. Concretamente em relação ao domingo de Páscoa, “esse valor ficou nos 56,5% e “compara com o comportamento que atualmente existe aos domingos” — nos últimos quatro, antes da Páscoa, “também eles com restrições, a média de confinamento foi de 58%”, destaca a PSE Analytics em comunicado.

Fonte: Painel de Mobilidade PSE 2021

Em suma, “em termos gerais, o fim de semana da Páscoa revelou uma mobilidade em linha com o que são os sábados e domingos na atualidade mais recente: menor mobilidade do que nos dias úteis, e mais portugueses a efetuarem deslocações de proximidade”, afirma a empresa. “Já nos dias úteis, o confinamento verificado este ano esteve próximo dos valores verificados antes da pandemia, em 2019. Em média, o confinamento de 2021, nesta Semana Santa, foi apenas oito ou nove pontos percentuais acima dos valores ‘normais’, nos dias úteis”, acrescenta a consultora.

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IGCP avança com nova emissão de dívida sindicada a 10 anos

  • ECO
  • 6 Abril 2021

Nova emissão sindicada permitirá à instituição liderada por Cristina Casalinho passar a ter uma nova linha de referência a 10 anos.

Portugal vai voltar a fazer uma emissão de dívida com recurso a um sindicato bancário, a segunda deste ano. Já mandatou instituições financeiras nacionais e internacionais para colocar títulos com maturidade em 2031, ou seja com uma maturidade de 10 anos.

De acordo com a Bloomberg, citada pelo Jornal de Negócios, Portugal mandatou o BBVA, BNP, Caixa BI, Citi e o Credit Agricole CIB para prepararem a operação de financiamento de longo prazo.

Esta emissão, que poderá chegar ao mercado já esta quarta-feira, 7 de abril, permitirá à instituição liderada por Cristina Casalinho, passar a ter uma nova linha de referência a 10 anos.

Será a segunda emissão sindicada deste ano, depois de ter lançado uma operação de financiamento a 30 anos em fevereiro. À data, emitiu 3 mil milhões de euros em títulos com maturidade a 30 anos, pagando um juro de 1,02%.

Atualmente, a taxa a 10 anos está nos 0,24%, depois de ter chegado a transacionar em valores negativos nos mercados. Depois de obter uma taxa abaixo de zero em janeiro, na operação mais recente com esta maturidade Portugal acabou por pagar 0,237%.

(Notícia atualizada às 14h20 com mais informação)

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Há 874 novos casos de Covid-19. Morreram mais duas pessoas

  • ECO
  • 6 Abril 2021

Nas últimas 24 horas foram identificados 874 novos casos de coronavírus, um número que reflete o "atraso de integração de 599" casos registados no fim de semana.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) identificou 874 novos casos de infeção por coronavírus, elevando para 824.368 o número de infetados desde o início da pandemia. O boletim nota, contudo, que os novos casos “refletem o atraso de integração de 599 notificações laboratoriais positivas que reportam ao fim de semana”. Morreram mais duas pessoas.

Do número total de infetados, a esmagadora maioria está a fazer o tratamento em casa, sendo que 504 (-32) estão internados em unidades hospitalares, dos quais 113 (+1) nos cuidados intensivos. Há mais de 14 mil pessoas sob vigilância das autoridades de saúde.

O número de recuperados está atualmente nos 781.537, mais 894 pessoas face ao balanço anterior. Portugal regista ainda 25.944 casos ativos de infeção.

Boletim epidemiológico de 6 de abril

A região de Lisboa e Vale do Tejo concentrou a maioria das novas infeções registadas nas últimas 24 horas. Dos 874 novos casos registados nas últimas 24 horas, 317 foram nesta região: 36,3% do total do país.

Os dados da DGS mostram que o valor do Rt mantém-se nos 0,98 a nível nacional e em 1 no continente, o que significa que cada pessoa infetada contagia, em média, uma pessoa.

Relativamente à incidência da doença, a média de novos casos por 100 mil habitantes nos últimos 14 dias em Portugal continua em 62,8. No continente, o valor é ainda mais reduzido (60,9 casos por 100 mil habitantes).

(Notícia atualizada às 14h17 com mais informação)

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Em 2019 havia 5,4 médicos e 7,4 enfermeiros por 1.000 habitantes. Com pandemia número aumentou

Em 2020 havia mais médicos e mais enfermeiros inscritos nas respetivas ordens do que em 2019. Números também aumentaram no SNS.

Em 2019, existiam em Portugal 5,4 médicos e 7,4 enfermeiros por 1.000 habitantes, indicam os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) divulgados esta terça-feira. Com a pandemia, este número aumentou para 5,6 e 7,6 respetivamente, segundo contas feitas pelo ECO.

“Em 2019, estavam inscritos na Ordem dos Médicos [OM] 55.432 profissionais”, refere o comunicado do gabinete estatístico. Este valor representa um aumento de 75% face a 1999.

No entanto, estes são ainda valores pré-pandemia de Covid-19. Segundo as estatísticas publicadas pela OM, a 31 de dezembro de 2020 estavam inscritos 57.976 médicos, mais 2.544 que no ano analisado pelo INE.

O aumento deu-se também no Serviço Nacional de Saúde (SNS), como indica o Portal da Transparência. Em dezembro de 2019 havia 29.018 médicos no SNS (incluindo médicos internos) e em dezembro de 2020 o número era de 29.539, mais 521. Ao longo de 2020 houve várias oscilações no número de médicos, mas o setor público acabou o ano com mais médicos do que começou.

Nos enfermeiros também é possível verificar um aumento. Aliás, desde 2015 que o número de enfermeiros não pára de crescer, quer no geral, quer no SNS. Posto isto, em 2019 estavam inscritos na Ordem dos Enfermeiros 75.773 profissionais, de acordo com o INE, mais do dobro que em 1999.

Já em 2020, o documento da ordem indica a 31 de dezembro estavam inscritos mais 2.334 enfermeiros, ou seja, 78.117. O aumento é também notável no SNS. De acordo com o Portal da Transparência, em dezembro de 2019 havia 45.367 enfermeiros a trabalhar no SNS e em dezembro de 2020 o número aumentou para 48.630.

O ECO fez as contas – com base na última atualização da população feita pelo INE, que se refere apenas a 2019 (10.295.909 habitantes) – e concluiu que em 2020, havia aproximadamente 5,6 médicos e 7,6 enfermeiros por 1.000 habitantes.

Maioria dos profissionais trabalhava em hospitais em 2019

No documento divulgado pelo gabinete de estatística, é também referido a especialidade e local de trabalho dos médicos e enfermeiros em 2019. A maioria trabalhava num hospital em Portugal (52% do total de médicos e 60% dos enfermeiros).

Quanto às especialidades, mais de 60% dos médicos eram especialistas (33.775), sendo a Medicina Geral e Familiar, a Pediatria, a Medicina Interna e a Anestesiologia as especialidades com mais profissionais. De acordo com as estatísticas da OM, em 2020 as especialidades com mais médicos foram as mesmas.

“Ainda em 2019, a propósito de algumas especialidades médicas com mais interesse no contexto da pandemia Covid-19, existiam 201 especialistas em Doenças Infecciosas (mais do dobro dos existentes em 1999 e mais de 1/3 em relação a 2014), 661 médicos especialistas em Pneumologia (mais de 40% em relação a 1999 e 12% em relação a 2014), e 547 especialistas em Saúde Pública (com um aumento superior a 1/3 em relação a 1999 e de 13% em relação a 2014)”, lê-se no documento do INE.

Quanto aos enfermeiros, em 2019 73,8% eram generalistas e 26,2% especialistas. As especialidades com mais saída são enfermagem de reabilitação e enfermagem médico-cirúrgica.

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Governo avança com fiscalização do trabalho e “testagem massiva” na localidades com mais casos de Covid-19

O Governo vai avançar com a "testagem massiva" de pessoas nos concelhos onde há maior incidência da Covid-19. Maior número de casos em alguns locais está relacionado com obras públicas e agricultura.

O Governo vai avançar com a “testagem massiva” nas localidades onde a incidência da Covid-19 é maior, de forma a identificar casos de infeção, sobretudo de pessoas que estejam assintomáticas. A informação foi transmitida pelo primeiro-ministro, António Costa, depois de uma reunião por videoconferência com os autarcas dos concelhos de Portugal continental que acumulam mais de 240 casos por 100 mil habitantes a 14 dias.

Numa conferência de imprensa a partir de São Bento (Lisboa), o chefe do Governo explicou que as regiões onde a incidência da doença continua elevada têm “um padrão comum”: “Na generalidade dos casos, trata-se de surtos com origem em situações em que há concentração de pessoas em habitação precária, temporária, associada a obras públicas, ou a colheitas, ou a unidades industriais que recorrem também à habitação local.”

Face a isto, o Governo, em coordenação com diversos ministérios, estipulou que a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) e as autoridades de saúde deverão reforçar o trabalho de controlo da pandemia que é feito nesses locais. O objetivo é, por um lado, melhorar as condições sanitárias e, por outro, acelerar a testagem em massa, nos casos em que ela ainda não esteja a ser feita.

“Em contacto com o Ministério do Trabalho, Ministério das Infraestruturas, Ministério do Ambiente e Ministério da Agricultura, [ficou estabelecida] a necessidade de articularmos agora ações específicas da ACT, em conjunto com as autoridades de saúde públicas, tendo em vista a criação de melhores condições sanitárias nesses locais de residência e, também, para se desenvolverem, nos casos em que ainda não estejam em curso, ações de testagem massiva tendo em vista detetar, nessas zonas, pessoas que estão infetadas, e quebrar essas cadeias de transmissão”, afirmou o primeiro-ministro, em declarações transmitidas pela RTP3.

"Na generalidade dos casos, trata-se de surtos com origem em situações em que há concentração de pessoas em habitação precária, temporária, associada a obras públicas, ou a colheitas, ou a unidades industriais que recorrem também à habitação local.”

António Costa

Primeiro-ministro

Quanto à totalidade dos concelhos na zona laranja da matriz de risco, por terem maiores incidências, a polícia vai andar mais na rua. António Costa salientou que, em conjunto com o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, foi determinado que, “durante os próximos 15 dias, haverá um reforço dos efetivos da GNR ou da PSP” em todos os 20 concelhos com mais de 120 casos por 100 mil habitantes, “de forma a reforçar as ações de fiscalização”.

Referindo-se a essas duas dezenas de concelhos, o líder do Executivo indicou serem “concelhos relativamente aos quais é necessário procurar tomar medidas tendo em vista identificar quais são os focos das cadeias de transmissão”. Todo este esforço visa evitar que, na reavaliação que será feita na próxima semana, seja necessário “regredir” no plano de desconfinamento, “parar” ou “que alguns concelhos tenham de o fazer”.

Contando com as regiões autónomas, sete concelhos têm mais de 240 casos por 100 mil habitantes: Carregal do Sal, Machico, Moura, Odemira, Portimão, Ribeira de Pena e Rio Maior. Outros 19 têm incidências entre 120 e 240: Alandroal, Albufeira, Beja, Borba, Câmara de Lobos, Cinfães, Figueira da Foz, Figueiró dos Vinhos, Funchal, Lagoa, Marinha Grande, Penela, Ponta Delgada, Ponta do Sol, Ribeira Brava, Santa Cruz, Soure, Vila do Bispo e Vimioso.

Costa recomenda beber café “à vez”

No rescaldo da reabertura das esplanadas dos cafés e restaurantes, o primeiro-ministro aproveitou a presença dos jornalistas para reforçar os apelos à contenção dos portugueses e à adoção de todas as medidas de segurança quando se encontrem nestes locais.

“É muito bom que o possam fazer”, disse, referindo-se à ida às esplanadas. “Mas é bom que o possam continuar a fazer. Por isso, é essencial que possamos viver este momento de reabertura com todas as cautelas e não esquecer que a pandemia não passou. O vírus continua a estar aí e a variante dominante é a variante britânica, que se caracteriza pela enorme transmissibilidade”, alertou.

Face a isto, António Costa sugeriu outra medida. Por exemplo, quando várias pessoas estão à mesma mesa numa esplanada (o máximo permitido são quatro), “que todos bebam café à sua vez, para não estarem sem máscara todos ao mesmo tempo”.

“Berbicacho” com AstraZeneca pode tornar vacinação mais lenta

Além disso, o primeiro-ministro admitiu também esta terça-feira que, se for confirmado pela EMA a existência de um um “berbicacho” com a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca, haverá inevitáveis consequências na morosidade dos planos de vacinação da União Europeia.

“No quadro da União Europeia, consideramos que é fundamental que haja uma posição uniforme relativamente às recomendações e indicações fixadas pela EMA no que respeita a cada uma das vacinas. Se houver um berbicacho, então isso terá inevitáveis consequências no processo de vacinação”, apontou António Costa.

Neste ponto, o primeiro-ministro referiu que o processo de vacinação na Europa tem estado “fortemente condicionado pela capacidade de produção a montante”, designadamente “pelo incumprimento por parte da AstraZeneca das suas obrigações contratuais”.”Se houver restrições acrescidas, isso traduzir-se-á inevitavelmente numa maior morosidade na forma de desenvolvimento do plano de vacinação“, reforçou o primeiro-ministro.

António Costa observou depois que, neste momento, na União Europeia, não há vacinas alternativas para substituir imediatamente as da AstraZeneca.”E as indicações médicas e farmacológicas, obviamente, têm de ser seguidas e respeitadas”, acrescentou.

(Notícia atualizada às 18h10)

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FMI alinha com Centeno e vê Portugal a crescer 3,9% em 2021

O FMI prevê que a economia portuguesa cresça 3,9% em 2021, tal como o Banco de Portugal. A taxa de desemprego deverá subir para os 7,7%.

Com os encontros de Primavera chega esta terça-feira mais um World Economic Outlook do Fundo Monetário Internacional (FMI) em que as previsões para a economia mundial são melhoradas, face à estimativa divulgada em janeiro. Contudo, para Portugal, a última estimativa era de outubro (6,5%) do ano passado e já estava bastante desatualizada. A nova estimativa passa por um crescimento do PIB de 3,9% em 2021, exatamente a mesma previsão do Banco de Portugal.

Esta revisão em baixa é explicada pelo que aconteceu em Portugal desde então: por um lado, o PIB não caiu tanto quanto o esperado em 2020, o que faz com que a variação em 2021 não seja tão expressiva; por outro lado, o segundo confinamento e as novas variantes vieram atrasar a retoma económica, mesmo com o processo de vacinação em curso, condicionando a recuperação do PIB. O Governo também já admitiu que a economia vai crescer menos do que os 5,4% que tinha estimado no Orçamento do Estado para 2021.

Curiosamente, apesar da revisão em baixa do PIB, a previsão para a taxa de desemprego mantém-se nos 7,7% em 2021, também igual à do Banco de Portugal. O FMI não explica as suas previsões, mas esta manutenção deverá ser explicada pelo melhor desempenho do mercado de trabalho em 2020 face ao esperado.

Nas previsões relativas a 2022, o Fundo assume políticas invariantes — só conta com as medidas já legisladas — e vê o PIB a crescer 4,8%, atingindo o nível pré-crise (2019). Ou seja, mesmo sem medidas de estímulo económico que possam existir no Orçamento do Estado para 2022, os técnicos em Washington antecipam uma aceleração da retoma da economia portuguesa, o que deverá explicar-se por uma maior recuperação do setor do turismo. À boleia desse crescimento, a taxa de desemprego deve cair para os 7,3%.

A confirmarem-se estas taxas de crescimento, Portugal irá ter uma expansão menor comparativamente com a da Zona Euro em 2021 — o PIB agregado da União Monetária crescerá 4,4%, após cair 6,6% em 2020 –, mas superior em 2022, ano em que os países da área do euro deverão crescer 3,8%, o que compara com 4,8% em Portugal. Já o mercado de trabalho continuará melhor em Portugal tanto em 2020, como em 2021 e 2022, de acordo com as previsões do FMI.

Espanha, por exemplo, irá crescer 6,4% em 2021 e 4,7% em 2022, mas o PIB espanhol caiu 11% em 2020 por causa da pandemia, quase mais quatro pontos percentuais do que Portugal. No caso da Alemanha, o FMI prevê que cresça 3,6% em 2021 e 3,4% em 2022, após uma queda de 4,9% em 2020. Apesar destes crescimentos serem expressivos em termos históricos, principalmente nas duas últimas décadas, os números mostram que os países europeus ficam aquém das outras grandes economias.

É o caso dos EUA onde o reforço dos estímulos orçamentais levou a revisões em alta por parte do FMI: o PIB norte-americano vai crescer 6,4% em 2021 e 3,5% em 2022, após uma queda de apenas 3,5% em 2020. Esta melhoria da previsão nos Estados Unidos bastou para que o crescimento do PIB mundial fosse também revisto em alta para os 6% em 2021 e 4,4% em 2022, depois de uma queda de 3,3% em 2020.

Gita Gopinath, economista-chefe do FMI, escreve no relatório que é expectável que, no médio prazo, o impacto da pandemia na economia mundial seja inferior ao da crise financeira. Contudo, os danos serão mais desiguais tanto entre países como dentro dos mesmos, entre setores e franjas da população. Gopinath antecipa um impacto maior nos países mais pobres e em desenvolvimento, o que contrasta com a crise anterior em que as economias avançadas foram as mais afetadas.

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Após o “grande confinamento”, FMI teme a “retoma divergente”

Um ano depois da pandemia ter chegado a todo o mundo, a preocupação do FMI passou do "grande confinamento" com impacto histórico para a "retoma divergente" que se assiste.

Exatamente há um ano, o Fundo Monetário Internacional anunciava a chegada do “grande confinamento”, acompanhado da maior recessão desde a Segunda Guerra Mundial, provocado pela pandemia de Covid-19. Várias vagas e variantes depois, a preocupação da instituição está agora na “retoma divergente” com uma divisão entre países e dentro dos países. Este é o tema do novo World Economic Outlook (WEO) publicado esta terça-feira.

Ainda que com elevada incerteza sobre a trajetória da pandemia, a saída desta crise de saúde e económica está cada vez mais visível“, assume Gita Gopinath, economista-chefe, no documento em que o FMI revê em alta as previsões de crescimento em 2021 e em 2022. Com a vacinação em curso e as economias mais adaptadas à nova realidade, assim como o reforço dos estímulos orçamentais em alguns países, a retoma económica terá um impulso em todas as regiões do mundo.

Contudo, “as retomas mostram divergências perigosas entre e dentro dos países dado que as economias com uma distribuição das vacinas mais lenta, uma política orçamental mais limitada e mais dependentes do turismo estão com um desempenho menos positivo“, recorda Gopinath. Desde logo, as economias avançadas terão uma recuperação mais rápida do que as economias em desenvolvimento, ao contrário do que aconteceu na crise anterior.

Mas mesmo dentro das economias avançadas há diferenças significativas. Os EUA, mais uma vez, voltam a recuperar mais rápido do que a Zona Euro, principalmente por causa dos vários pacotes de estímulos, incluindo os 1,9 biliões de dólares já aprovados sob a administração Biden. A economia norte-americana será a única grande economia a ultrapassar em 2022 o nível do PIB que estava projetado antes da pandemia (e no arranque de 2021 já terá recuperado da quebra de 2020), de acordo com as contas do FMI.

As outras economias avançadas, incluindo a Zona Euro, vão recuperar a um passo mais lento, com o nível do PIB a recuperar totalmente do pré-crise em 2022 (a trajetória de crescimento anterior à pandemia demorará mais). Esse padrão é também seguido por várias economias em desenvolvimento — à exceção da China (onde o vírus teve origem) cujo PIB nem chegou a cair em 2020 — que só irão recuperar totalmente em 2023.

A economista-chefe do FMI avisa que esta divergência irá aumentar a desigualdade das condições de vida entre os países. Entre 2020 e 2024, o Fundo estima que haja uma perda anual de PIB per capita na ordem dos 5,7% para os países mais pobres, o que compara com 2,3% para as economias avançadas. “Estas perdas vão reverter os ganhos da redução da pobreza“, alerta Gita Gopinath, estimando que mais 95 milhões de pessoas tenham entrado na definição de pobreza extrema em 2020.

Divergência também é setorial e geracional

A retoma divergente também está a acontecer dentro dos países. O estudo do FMI conclui que os mais jovens e os trabalhadores com menos qualificações estão a ser muito mais afetados, assim como as mulheres. Ainda assim, os 16 triliões de dólares de estímulo orçamental injetados até ao momento, de acordo com a estimativa do FMI, “preveniu resultados muito piores”. O Fundo estima que o colapso das economias podia ter sido pelo menos três vezes superior ao que se verificou sem a mobilização dos fundos públicos.

Ainda assim, é preciso fazer mais, argumenta Gita Gopinath, pedindo aos políticos para continuarem a ajudar as economias. O objetivo agora passa por “direcionar as medidas” e aplicar uma “abordagem à medida” das necessidades, calibrando as políticas para ajudar os que foram mais afetados pela crise pandémica, assim como as empresas dos setores cuja retoma é mais limitada, como é o caso do turismo.

“Ao longo do último ano temos visto inovações significativas na política económica e ajudas massivamente dimensionadas ao nível nacional, particularmente nas economias avançadas que têm a capacidade para pagar estas iniciativas. Um esforço igualmente ambicioso é agora necessário ao nível multilateral para assegurar a retoma e construir melhor para a frente“, conclui Gita Gopinath, alertando que “sem esforços adicionais para dar a todas as pessoas uma oportunidade justa, as diferenças das condições de vida entre países podem aumentar significativamente e poderá ser revertido o progresso de décadas na redução da pobreza mundial“.

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Berlim saúda imposição de uma taxa mínima de imposto avançada por Washington

  • Lusa
  • 6 Abril 2021

O facto de a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, se ter pronunciado a favor de tal medida é "um avanço", disse Scholz, acrescentando que "agora é realista que cheguemos a um acordo este ano".

A Alemanha considera a proposta americana de uma taxa mínima de imposto para as empresas como um “grande passo em frente”, disse esta terça-feira o ministro das Finanças alemão, Olaf Scholz, afirmando que era possível um acordo “este ano”. O facto de a secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, se ter pronunciado a favor de tal medida é “um avanço”, disse Scholz aos jornalistas, acrescentando que “agora é realista que cheguemos a um acordo este ano”.

Os EUA querem pressionar os parceiros internacionais a chegar a acordo sobre uma taxa mínima de imposto para as empresas, independentemente do país em que estão sediados, numa altura em que pretendem financiar um plano de investimento através do aumento dos impostos sobre as empresas norte-americanas.

Estamos a trabalhar com os países do G20 para chegar a acordo sobre uma taxa mínima de imposto sobre as empresas“, disse Yellen na segunda-feira. O objetivo, disse Yellen, é “parar a fundo esta corrida” por parte dos países que oferecem taxas de impostos cada vez mais baixas para atrair negócios para as suas jurisdições e assegurar um ambiente competitivo.

“Estou confiante que seremos capazes de parar esta “má tendência”, disse Scholz antes de uma reunião virtual dos ministros das Finanças do G20 na quarta-feira. A posição de Yellen é “um vento favorável decisivo para uma tributação mínima” que a Alemanha e a França defendem, acrescentou Scholz.

Ambos os países são de facto fortes apoiantes das extensas negociações fiscais em curso sob os auspícios da OCDE. Além da tributação das empresas, trata-se também de adotar um sistema internacional para tributar os gigantes digitais.

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