Mayan correu em Belém por um Portugal mais liberal

  • Lusa
  • 17 Janeiro 2021

O candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves, acompanhado pelo presidente da Iniciativa Liberal (IL), fez uma corrida, que considerou ser mais um treino para Belém e para um “Portugal mais liberal”.

O candidato presidencial Tiago Mayan Gonçalves, acompanhado pelo presidente da Iniciativa Liberal (IL), fez este domingo uma corrida, em Lisboa, que considerou ser mais um treino para Belém e para um “Portugal mais liberal”. O ponto de encontro foi junto ao Padrão dos Descobrimentos. Tiago Mayan Gonçalves e João Cotrim Figueiredo apareceram equipados de calções e também com máscara, não se deixando intimidar pelo frio que se fazia sentir.

Depois de uma conversa com os jornalistas, partiram, com o devido distanciamento entre ambos, para uma corrida junto ao rio Tejo. Questionado se este foi já um treino para Belém, o candidato a Presidente da República respondeu: “É, mas a verdade é que é também o treino para uma corrida de um Portugal mais liberal que já começou há três anos, com a fundação do partido IL”. “E esta é mais uma etapa nessa corrida que está a ter sucesso e estou convencido de que terá também sucesso no dia 24 de janeiro”, frisou.

Neste oitavo dia de campanha e terceiro de confinamento geral, tal como Mayan e Cotrim, muitas outras pessoas estavam na zona a passear, correr ou a andar de bicicleta. Instado a comentar, o candidato presidencial referiu estar a ver “pessoas a fazer desporto e isso é possível e essa é uma das 51 exceções possíveis neste confinamento”.

O que eu estou a ver é as pessoas a fazerem o que é permitido no contexto atual e da parte do Governo, se o confinamento foi definido desta forma, então os cidadãos estão a cumprir”, salientou. A corrida de hoje, frisou, tem um “caráter simbólico”, mas apontou também a importância de as “pessoas não perderam a esperança no futuro, preservarem a sua saúde mental e física”.

“Queria fazer esse apelo a todas as pessoas para que se tentem preservar. A esperança de um futuro melhor está aí, eu pretendo representar essa esperança e, neste período muito difícil, há pequenas coisas que todos podemos fazer, nomeadamente dar uma corrida ou um passeio”, salientou.

Tiago Mayan fez um balanço positivo da primeira semana de campanha, apesar do contexto de pandemia, e apontou um contínuo crescendo no apoio desde que a sua candidatura foi anunciada. “Independentemente das dificuldades de fazer uma campanha, eu jogo o jogo com as regras que tiver e estou a fazê-lo com gosto e muita vontade e estou a ter muita resposta, quer de cidadãos, quer nas redes sociais”, frisou.

João Cotrim Figueiredo, presidente da IL e deputado único na Assembleia da República pelo partido, juntou-se a Tiago Mayan depois de ter votado antecipadamente esta manhã para as presidenciais e afirmou que o candidato liberal “tem sido uma revelação”.

Respondendo aos que “achavam que a IL não devia ter um candidato porque era um partido demasiado pequeno ou porque o Tiago não estava preparado porque não tinha notoriedade, nem experiência mediática”, Cotrim Figueiredo respondeu: “Eu sabia que o Tiago era capaz de fazer aquilo que fez, com integridade, com coragem, assumidamente liberal, por as nossas ideias e o liberalismo outra vez no topo da agenda da discussão política”.

João Cotrim Figueiredo aproveitou para deixar um agradecimento. “Obrigado Tiago pela coragem enorme que tiveste em avançar, pelo trabalho que estás a fazer pelo liberalismo e pela IL”, salientou.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

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Ana Gomes elogia poder local no voto antecipado e agradece apoio de Rui Pinto

  • Lusa
  • 17 Janeiro 2021

A candidata Ana Gomes elogiou este domingo o “extraordinário trabalho” do poder local no voto antecipado e agradeceu o apoio do alegado pirata informático Rui Pinto que divulgou o seu voto.

A candidata presidencial Ana Gomes elogiou este domingo o “extraordinário trabalho” do poder local no voto antecipado e agradeceu o apoio do alegado pirata informático Rui Pinto, que já divulgou publicamente o seu boletim com o voto na diplomata. Questionada pelos jornalistas no final de uma visita aos Bombeiros Voluntários de Odivelas sobre o voto antecipado em mobilidade, que decorre este domingo em todo o país, Ana Gomes começou por elogiar os autarcas.

“Acho que é significativo que cerca de 245 mil cidadãos se tenham inscrito e destaco o extraordinário trabalho do poder local para assegurar as condições de desdobramento das mesas que facilitam que, hoje [domingo] e daqui a uma semana, os cidadãos se sintam em segurança para ir votar”, disse.

No entanto, a candidata lamentou que, apesar de ter havido tempo suficiente desde o início da pandemia, não se tenha legislado sobre o voto por correspondência e eletrónico. “Apesar de tudo, há muitos cidadãos que não vão poder exercer o seu direito de voto, a começar pela emigração, é uma vergonha”, criticou.

Questionada sobre as filas que se têm registado em alguns pontos do país, a militante do PS – partido que deu liberdade de voto – disse não saber exatamente o que se está a passar, uma vez que esteve em campanha durante toda a manhã. “É possível que em alguns sítios a afluência de cidadãos num determinado momento explique as filas”, disse, apelando à responsabilidade para que todos mantenham o distanciamento enquanto aguardam a sua vez de votar.

Hacker Rui Pinto mostrou no Twitter voto em Ana Gomes

Na rede social Twitter, o alegado pirata informático Rui Pinto revelou que foi um dos portugueses a votar antecipadamente e publicou o seu boletim de voto, com a cruzinha em Ana Gomes. “Recebo com satisfação e sentido de responsabilidade as declarações de voto de todos aqueles que trabalham por um Portugal mais justo e melhor, que não continue a desperdiçar os recursos que tem, que não continue a deixar o dinheiro fugir para os offshores”, afirmou.

Para Ana Gomes, “o Rui Pinto é, sem dúvida, um desses portugueses que contribui para esse combate contra a corrupção, pela transparência”. “Tenho muito gosto e, com sentido de responsabilidade, aceito o voto dele e de todos os portugueses que querem combater a corrupção”, reforçou.

Os portugueses começaram a votar este domingo, uma semana antes das presidenciais de 24 de janeiro, no chamado voto antecipado em mobilidade para o qual se inscreveram 246.880 eleitores, um número recorde.

Lisboa é o concelho com mais inscritos, 33.364, seguido do Porto, com 13.280, e Coimbra, com 9.201, de acordo com o mapa publicado pelo Ministério da Administração Interna, em que se informa quais os locais de voto em cada um dos concelhos. Os concelhos com menos inscritos são Porto Moniz, na Madeira, com oito inscritos, seguindo-se Nordeste, São Miguel, nos Açores, com nove, e Barrancos, distrito de Beja, com 14.

Depois da experiência de 2019, nas europeias e legislativas, o voto antecipado em mobilidade alargou-se, das capitais do distrito para as sedes dos concelhos, e o objetivo é simples: evitar grandes concentrações de pessoas devido à epidemia de covid-19 no país. Quem estiver inscrito para o voto antecipado de hoje e não o fizer, pode fazê-lo no próximo domingo.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.009.991 mortos resultantes de mais de 93,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 8.709 pessoas dos 532.416 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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João Ferreira diz que PR deve usar poderes para aprovação de nova lei da habitação

  • Lusa
  • 17 Janeiro 2021

O candidato presidencial João Ferreira defendeu este domingo que o Presidente da República deve usar de todos os seus poderes para tentar que seja criada uma nova lei da habitação.

O candidato presidencial João Ferreira defendeu este domingo que o Presidente da República deve usar de todos os seus poderes para tentar que seja criada uma nova lei da habitação, tema que considera ser “um grave problema” nacional. “O Presidente da República deve usar de todos os seus poderes e de toda a sua influência para salientar a urgência de uma nova lei”, defendeu, intervindo numa sessão sobre direito à habitação, na sociedade Voz do Operário, no centro de Lisboa.

O candidato comunista sublinhou que o Presidente da República não pode “olhar para lado” e “ser alheio a esta realidade”, considerando que a habitação “tem de ser encarada como aquilo que é: um grave problema nacional”. Para João Ferreira, o atual e anteriores presidentes da República deviam ter-se empenhado nesta questão, não promulgando a lei do arrendamento urbano, “muito conhecida como a lei dos despejos”, que em conjunto com os vistos ‘gold’ formou a “tempestade perfeita”.

“Com esta lei, em sintonia com os chamados vistos gold, com os benefícios fiscais para residentes estrangeiros, criou-se a tal tempestade perfeita de desregulamentação do mercado de arrendamento, de favorecer o crescimento do investimento financeiro no setor imobiliário, conduzindo a uma autêntica catástrofe para milhares e milhares de famílias, muitos despejados”, afirmou. Segundo o candidato apoiado pelo PCP e pelo PEV, o parque habitacional em Portugal “ultrapassa em 700 mil fogos o número de famílias”, o que, para si, significa que o problema está em “políticas erróneas”.

“Aquilo que temos em Portugal é a concretização, na prática, do velho sonho liberal de deixar ao mercado a resolução dos problemas”, afirmou, sublinhando que o Presidente da República “não se pode resignar” perante milhares de famílias com problemas no acesso à habitação.

Antes da sua intervenção, foram ouvidos diversos testemunhos, entre os quais o de Romão Lavadinho, presidente da Associação de Inquilinos Lisbonenses, que disse que em Portugal apenas 2% da habitação é pública enquanto noutros países ronda os 30%. Falando no problema das rendas especulativas, Romão Lavadinho exemplificou que arrendar um T2 com 50 metros quadrados em Lisboa não fica abaixo de 1.100 euros, o que é incomportável para a maioria dos portugueses.

Ao início da tarde, João Ferreira tem agendado uma ação de contacto com trabalhadores de uma superfície comercial em Lisboa. De seguida, uma sessão dedicada ao movimento associativo popular com a Associação de Moradores de Santo António dos Cavaleiros, em Loures.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

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Há 10.385 novos casos de Covid-19 e 152 mortos

É um recuo em ambos os indicadores depois de sábado ter sido o pior dia de sempre desde o início da pandemia. No entanto, a desaceleração poderá estar relacionada com o dia da semana.

Portugal registou 10.385 novos casos de Covid-19 e 152 mortos devido à doença, nas últimas 24 horas, segundo indica o boletim epidemiológico divulgado este domingo pela Direção Geral de Saúde (DGS). É um recuo em ambos os indicadores depois de sábado ter sido o pior dia de sempre desde o início da pandemia. No entanto, a desaceleração poderá estar relacionada com o dia da semana (já que se trata do pior domingo de sempre) e ainda não com uma reação ao novo confinamento que entrou em vigor na sexta-feira passada.

Há, atualmente, 134.011 casos de Covid-19, mais 5.846 do que no sábado, o que significa que os novos casos aumentaram mais do que as recuperações. Já recuperaram da doença provocada pelo SARS-Cov-2 406.929 pessoas, mais 4.387 do que na última atualização do boletim.

A maioria dos casos ativos encontra-se a recuperar em casa, mas o número de pessoas internadas continua a aumentar, havendo ainda 4.889 hospitalizados (mais 236 que no último balanço), numa altura em que os hospitais estão sob forte pressão e já alertaram que a situação não sustentável. Entraram para os cuidados intensivos 9 pessoas, estando assim um total de 647 pessoas.

Boletim epidemiológico de 17 de janeiro

Centro regista mais mortes do que o Norte

Em termos regionais, Lisboa e Vale do Tejo mantém-se como a região com maior número de novos casos. Nas últimas 24 horas foram mais 4.190, colocando o total em 184.063. No Norte foram confirmados 3.448 novos casos, no Centro 1.862, no Alentejo 388, no Algarve 348, na Madeira 118 e nos Açores 31.

Foi também em Lisboa que morreram mais pessoas por Covid-19, mais precisamente, 59. Segue-se o Centro (42), o Norte (33), Alentejo (12), Algarve (três) e Madeira (três). Na região autónoma dos Açores não foi registado qualquer óbito nas últimas 24 horas.

(Notícia atualizada às 14h30)

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Eletrificação, biocombustíveis e captação de carbono. Como o novo CEO da Galp vê o futuro da energia

Andy Brown assume funções dentro de um mês, numa altura em que a petrolífera aposta na transição energética. Apesar do background no petróleo, gestor traz experiência nesse campo.

A petrolífera Galp Energia chamou um homem ligado à transição energética para novo CEO. Apesar da longa experiência ligada a uma empresa tradicional do setor, Andy Brown tem defendido o papel das petrolíferas no caminho global das energias limpas.

É britânico, engenheiro formado pela Universidade de Cambridge e desempenhou múltiplas funções durante 35 anos na Shell, período durante o qual trabalhou países como Nova Zelândia, Holanda, Brunei, Itália e Omã. E — a 19 de fevereiro — irá pôr fim a seis anos de Carlos Gomes da Silva na liderança da Galp, numa altura em que a empresa se debate com a sua posição no mercado. Enquanto investe fortemente nas energias renováveis, é o petróleo que sustenta o negócio.

“Como é que vamos fazer avançar este mundo que precisa de descarbonizado? Como vamos conseguir garantir que o mundo tem mais energia com menos CO2?”. As questões eram levantadas por Brown — na altura diretor de upstream da Shell, num discurso em novembro de 2017, sobre o futuro da energia.

"[A Shell] é uma empresa com um portefólio diversificado, mas as suas raízes são fundamentalmente o petróleo e gás. Penso que o papel de empresas como a Shell é por vezes incompreendido.”

Andy Brown

Futuro CEO da Galp Energia

A Shell, tal como a Galp Energia, é um dos players tradicionais do petróleo, mas já na altura estava envolvida com energia limpa, através da negociação de renováveis, da captura de carbono ou da criação de parques eólicos. “É uma empresa com um portefólio diversificado, mas as suas raízes são fundamentalmente o petróleo e gás”, dizia Brown. “Penso que o papel de empresas como a Shell é por vezes incompreendido“.

Voltando à questão de Brown, como é que se descarboniza? E o que é que uma petrolífera pode fazer para isso? “Essencialmente temos de eletrificar rapidamente, temos de cultivar biocombustíveis, temos de aumentar de forma massiva a captura e armazenamento de carbono“, explica o gestor, que não acredita no fim dos combustíveis fósseis, mas sim num maior peso da eletricidade. E os transportes são o maior exemplo disso.

Num outro discurso — anterior à pandemia, portanto com previsões desatualizadas –, Brown delineava o que seria o mundo dentro de duas décadas. “O cenário base é que teremos 170 milhões de veículos elétricos, em 2040, 10% da frota global. A eficiência energética nos carros vai ser mais importante do que o impacto da energia do veículo”, dizia o novo gestor da Galp, empresa que acaba de entrar no negócio do lítio, um importante componente para as baterias dos carros elétricos.

"[A Shell] é uma empresa com um portefólio diversificado, mas as suas raízes são fundamentalmente o petróleo e gás. Penso que o papel de empresas como a Shell é por vezes incompreendido.”

Andy Brown

Futuro CEO da Galp Energia

A eletrificação da economia não significa, no entanto, o fim das petrolíferas. “Onde acreditamos que haverá uma procura persistente de petróleo é na carga, no transporte marítimo, no transporte aéreo, com o mundo a crescer 3% a 4% ao ano e onde é muito mais difícil descarbonizar essas fontes. E com as outras fontes, podemos ver um mundo onde realmente a procura por petróleo pode aumentar. Bem, isto soa a uma desculpa para uma empresa de petróleo. Não é. É apenas a realidade”, defendia Brown há três anos.

Desde então, muito mudou e, no último ano, a pandemia atirou as economias para uma realidade completamente diferente, nomeadamente no que diz respeito à procura mundial por petróleo. O que não mudou é a dificuldade em incluir estes setores na transição energética, estando algumas experiências a serem feitas com o novo interesse de Brown: o hidrogénio.

Após a saída da Shell, o britânico tornou-se consultor de uma série de projetos, incluindo da ZeroAvia, uma startup ligada ao hidrogénio verde e às células de combustível para aviação. Na Galp, irá acompanhar a criação de uma central de produção de hidrogénio verde em Sines (num consórcio com a EDP, a REN, a Martifer e a dinamarquesa Vestas). Numa primeira fase, está prevista a instalação de um projeto-piloto de 10MW de eletrólise que, ao longo da década, poderá evoluir até 1GW de capacidade de eletrólise.

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Leão infetado com Covid-19. Siza Vieira, Elisa Ferreira, Vestager e Dombrovskis em isolamento

O ministro das Finanças português, João Leão, está infetado com Covid-19. Os Vice-Presidentes Executivos Margrethe Vestager e Valdis Dombrovskis e a comissária Elisa Ferreira são pessoas de contacto.

O ministro das Finanças João Leão está infetado com Covid-19, mas assintomático e a trabalhar, segundo anunciou este sábado o Governo. O gabinete de Leão não avançou como é que o ministro foi infetado, mas há outros membros do Executivo também doentes. Três elementos que estiveram na visita da Comissão Europeia a Portugal e um membro do Governo português ficaram isolados.

“O Ministro de Estado e das Finanças, João Leão, testou positivo à Covid-19. Está em confinamento domiciliário, não tendo até ao momento apresentado quaisquer sintomas e encontrando-se a trabalhar“, anunciou o ministério em comunicado.

O governante participou, na sexta-feira, em reuniões de trabalho com a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, e o colégio de comissários que se deslocou a Lisboa, no âmbito da Presidência Portuguesa da União Europeia. “As autoridades portuguesas informaram a Comissão Europeia de que o ministro das Finanças João Leão testou positivo à Covid-19, após o final da visita do Colégio a Lisboa para reunir com a Presidência Portuguesa da União Europeia”, diz fonte oficial da Comissão ao ECO.

“Com base nas informações recebidas, os Vice-Presidentes Executivos Margrethe Vestager e Valdis Dombrovskis, assim como a comissária Elisa Ferreira, são considerados pessoas de contacto. Estes três membros do Colégio de Comissários foram informados e respeitarão as regras belgas de quarentena [a partir de sábado] (teste no sétimo dia; quarentena pelo menos até ao resultado do segundo teste; isenção para exercer funções essenciais)”.

Nem a Presidente nem os outros membros da delegação do Colégio preenchem os critérios para serem considerados pessoas de contacto e não irão ficar, por isso, em isolamento. “A Presidente von der Leyen e o Colégio desejam uma rápida recuperação ao ministro João Leão”, acrescenta a mesma fonte da Comissão Europeia.

Além destes, há também um elemento do Executivo de António Costa em isolamento: Pedro Siza Vieira. “O Ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital entrou hoje [domingo] em isolamento profilático, determinado pelas autoridades de Saúde. O Ministro teve um contacto com o Ministro da Finanças que, entretanto, acusou positivo à Covid-19″, diz fonte oficial do Ministério ao ECO.

“Mesmo tendo sido sempre salvaguardadas todas as normas de segurança, foi considerado, como medida de mera precaução, que o Ministro cumprisse um isolamento profilático, apesar de não ter sido testado e de não apresentar quaisquer sintomas. O Ministro manter-se-á a trabalhar a partir de casa“, acrescenta.

João Leão é o quinto membro do Governo a testar positivo à Covid-19, de acordo com o levantamento feito pelo ECO. O primeiro foi o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor. Já em novembro, o ministro do Planeamento, Nelson de Souza, testou positivo para o SARS-CoV-2, depois do secretário de Estado do Planeamento, Ricardo Pinheiro, ter também testado positivo ao novo coronavírus.

Mais recentemente, também esta semana, a ministra do Trabalho, Ana Mendes Godinho, testou positivo à Covid-19. A governante está igualmente com “sintomas ligeiros” e encontra-se em confinamento domiciliário. Em consequência de “outros contactos”, o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o ministro do Mar, Serrão Santos, estão em isolamento.

(Notícia atualizada às 14h35)

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Terminou o Dakar. Veja o rally mais famoso do mundo em 30 imagens

Chegou ao fim a 43ª edição do rally Dakar. Peterhansel e Benevides foram os mais rápidos nos desertos da Arábia Saudita. O ECO mostra as imagens da prova de todo-o-terreno mais famosa do mundo.

Chegou ao fim a 43ª edição do Dakar, que se estendeu ao longo de 14 dias, divididos por 12 etapas. Stéphane Peterhansel e Kevin Benevides, nos carros e motas respetivamente, foram os grandes vencedores da edição 2021 do Rally Dakar, que se realizou nas dunas da Arábia Saudita pelo segundo ano consecutivo.

O francês Peterhansel, ao volante de um MINI John Cooper Works versão Buggy, completou a prova em 44h 28m 11s juntando mais um título ao extenso curriculum conquistado na competição de todo-o-terreno mais exigente do mundo. Entre carros e motas, este é o 14º título do francês na prova.

Nas motos, o argentino Kevin Benevides, aos comandos de uma Honda CRF 450 Rally venceu o rally pela primeira vez ao completar a prova em 47h 18m 14s. Joaquim Rodrigues foi o melhor português nas motos, terminando a corrida na 11ª posição, a cerca de 3 horas do vencedor, enquanto Rui Gonçalves obteve a 19ª posição, a mais de 6 horas de Kevin Benevides.

Estes são alguns dos melhores momentos:

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Voto antecipado gera confusão de filas em Lisboa, mas decorre sem incidentes

  • ECO e Lusa
  • 17 Janeiro 2021

Em Lisboa, junto à Reitoria da Universidade de Lisboa, registavam-se, ao longo da manhã, grandes filas de eleitores para votar.

Os portugueses começaram este domingo a votar escolher o próximo Presidente da República. O voto antecipado decorre sem incidentes, de acordo com a Comissão Nacional de Eleições (CNE), mas está a gerar longas filas. Em Lisboa — onde estão inscritas 33.364 pessoas para votar de forma antecipada —, a Cidade Universitária é o ponto central e a fila desde vai desde a Reitoria da Universidade de Lisboa até ao jardim do Campo Grande.

Pela terceira vez desde 2019, é possível o voto antecipado, e está a decorrer essa votação desde as 8h00 deste domingo, para a qual se inscreveram mais de 246 mil eleitores, um número recorde. Segundo as informações recebidas do Ministério da Administração Interna (MAI), “não há qualquer tipo de incidentes, há uma boa afluência” e as assembleias de voto nas 308 sedes do concelho abriram todas sem problemas, disse à Lusa João Tiago Machado, da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

Lisboa é o concelho com mais inscritos, 33.364, seguido do Porto, com 13.280, e Coimbra, com 9.201, de acordo com o mapa publicado pelo Ministério da Administração Interna, em que se informa quais os locais de voto em cada um dos concelhos. Os concelhos com menos inscritos são Porto Moniz, na Madeira, com oito inscritos, seguindo-se Nordeste, São Miguel, nos Açores, com nove, e Barrancos, distrito de Beja, com 14.

Em Lisboa, junto à Reitoria da Universidade de Lisboa, registavam-se, ao longo da manhã, grandes filas de eleitores para votar. As enormes filas e a confusão para encontrar as secções de voto surpreenderam os milhares de eleitores que decidiram exercer durante a manhã o voto antecipado em mobilidade.

Filas que contornavam parques de estacionamento, outras que se estendiam por várias dezenas de metros: era este o cenário. Apesar da extensão das filas, o tempo de espera era curto e a maioria das pessoas não ficava mais do que dez minutos à espera para votar. Contudo, algumas pessoas mostravam-se insatisfeitas quando chegavam a uma secção de voto e, afinal, estavam no local errado.

 

Depois da experiência de 2019, nas europeias e legislativas, o voto antecipado em mobilidade alargou-se, das capitais do distrito para as sedes dos concelhos, e o objetivo é simples: evitar grandes concentrações de pessoas devido à epidemia de covid-19 no país. Quem estiver inscrito para o voto antecipado de hoje e não o fizer, pode fazê-lo no próximo domingo.

Segundo as regras definidas pela Direção-Geral da Saúde para as eleições, para ir votar, seja hoje ou no próximo domingo, os eleitores terão de usar máscara e, preferencialmente, levar uma caneta, por uma questão sanitária e de higiene. É preciso desinfetar as mãos antes de votar e depois de votar. E os membros das mesas têm de usar máscara e/ou viseira ou óculos de proteção. É aconselhado que, enquanto se espera para votar, os eleitores respeitem a distância de segurança, o que poderá estar a contribuir para as filas.

Além das 246 mil pessoas que pediram o voto antecipado presencial, 10.334 pessoas em confinamento devido à covid-19 inscreveram-se também para o voto antecipado. Os eleitores em confinamento obrigatório determinado pelas autoridades de saúde devido à covid-19 têm mais um dia, este sábado, para manifestar a sua intenção de votar antecipadamente. Os idosos a viver em lares também o poder fazer.

No entanto, só poderão fazer este pedido os eleitores a quem tenha sido decretado confinamento pelas autoridades de saúde pública até quinta-feira, 14 de janeiro, dez dias antes das presidenciais. É o que estipula a lei aprovada em outubro, no parlamento, que regula o direito de voto antecipado para os eleitores que estejam em confinamento obrigatório, devido à pandemia da doença covid-19, em atos eleitorais e referendários em 2021.

O que quer dizer que quem foi confinado a partir de sexta-feira, seja por estar doente seja por isolamento profilático (devido a um contacto com uma pessoa infetada), já não poderá pedir para votar antecipadamente. Feito o pedido, equipas municipais, devidamente equipadas e com regras sanitárias estritas, recolherão os votos entre 19 e 20 de janeiro, segundo informação da administração eleitoral.

As eleições presidenciais, que se realizam em plena epidemia de covid-19 em Portugal, estão marcadas para 24 de janeiro e esta é a 10.ª vez que os portugueses são chamados a escolher o Presidente da República em democracia, desde 1976.

A campanha eleitoral termina em 22 de janeiro. Concorrem às eleições sete candidatos, Marisa Matias (apoiada pelo Bloco de Esquerda), Marcelo Rebelo de Sousa (PSD e CDS/PP) Tiago Mayan Gonçalves (Iniciativa Liberal), André Ventura (Chega), Vitorino Silva, mais conhecido por Tino de Rans, João Ferreira (PCP e PEV) e a militante do PS Ana Gomes (PAN e Livre).

(Notícia atualizada às 15h10)

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📹Posso sair de casa? Quais as exceções? Perguntou ao Google, nós respondemos

Portugal volta ao confinamento geral com o dever de recolhimento domiciliário, tal como ocorreu em março do ano passado. Mas, desta vez, as exceções à circulação são mais alargadas.

Face ao contexto pandémico e com o agravar da situação epidemiológica, Portugal voltou a entrar em confinamento geral para travar o agravamento da pandemia, tal como aconteceu em março.

Existem várias exceções ao dever de confinamento geral, que vão desde a aquisição de bens e serviços essenciais à atividade física e desportiva ao ar livre, passando pela participação em cerimónias religiosas. Saiba quais são todas as deslocações permitidas no vídeo:

http://videos.sapo.pt/HpkbsZf4P3WbZosVCMca

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Profissionais de saúde começam hoje a receber segunda dose da vacina

  • Lusa
  • 17 Janeiro 2021

Os primeiros profissionais de saúde que foram vacinados contra a covid-19 no final do ano vão começar a receber este domingo a segunda dose do fármaco da BioNTech/Pfizer.

Os primeiros profissionais de saúde que foram vacinados contra a covid-19 no final do ano vão começar a receber este domingo a segunda dose do fármaco da BioNTech/Pfizer. Segundo uma nota do Ministério da Saúde, começam a ser administradas as segundas doses das vacinas contra a covid-19 aos quase 30 mil profissionais de saúde de contextos prioritários de hospitais e cuidados de saúde primários.

O ministério indicou ainda que, a nível europeu, a farmacêutica BioNTech/Pfizer vai proceder a uma “alteração às quantidades de entrega de vacinas contra a covid-19, afetando parcialmente a entrega da semana de 18 de janeiro [segunda-feira]”.

A 27 de dezembro iniciou-se a primeira fase da vacinação contra o vírus SARS-CoV-2, abrangendo os profissionais dos centros hospitalares universitários do Porto, Coimbra, Lisboa Norte e Lisboa Central, que receberam a vacina desenvolvida pela Pfizer-BioNTech. Desde então e até sexta-feira, cerca de 106 mil pessoas já foram vacinadas em Portugal continental, incluindo também utentes e funcionários de lares de idosos.

A primeira fase do plano, até final de março, abrange também profissionais das forças armadas, forças de segurança e serviços críticos. Nesta fase, serão igualmente vacinadas, a partir de fevereiro, pessoas de idade igual ou superior a 50 anos com pelo menos uma das seguintes patologias: insuficiência cardíaca, doença coronária, insuficiência renal ou doença respiratória crónica sob suporte ventilatório e/ou oxigenoterapia de longa duração.

A segunda fase arranca a partir de abril e inclui pessoas de idade igual ou superior a 65 anos e pessoas entre os 50 e os 64 anos, inclusive, com pelo menos uma das seguintes patologias: diabetes, neoplasia maligna ativa, doença renal crónica, insuficiência hepática, hipertensão arterial, obesidade e outras doenças com menor prevalência que poderão ser definidas posteriormente, em função do conhecimento científico.

Na terceira fase, será vacinada a restante população, em data a determinar. As pessoas a vacinar ao longo do ano serão contactadas pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS). A pandemia de covid-19 provocou, pelo menos, 2.009.991 mortos resultantes de mais de 93,8 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP. Em Portugal, morreram 8.709 pessoas dos 532.416 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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Morgues e crematórios cedem à pressão do agravamento da Covid-19

  • ECO
  • 17 Janeiro 2021

Mortes por Covid-19 registadas nos últimos 15 dias representam já cerca de 20% do total desde o início da pandemia. A situação criou um problema nos hospitais, especialmente de Lisboa, avança o JN.

As morgues dos hospitais estão cheios devido ao agravamento da mortalidade no país, acompanhado da subida do recurso a cremação, segundo noticia este domingo o Jornal de Notícias (acesso pago). As mortes por Covid-19 registadas nos últimos 15 dias representam já cerca de 20% do total desde o início da pandemia.

O agendamento de cremações costuma demorar cerca de dois dias, mas o aumento da mortalidade (provocada em grande parte pelo surto de Covid-19, mas não só) alargou os prazos para cerca de uma semana. A situação criou um problema nos hospitais, especialmente os de Lisboa, onde já há unidades a recorrer a contentores frigoríficos.

Só na região de Lisboa, cerca de 55% dos mortos são cremados, sendo que “a capacidade de frio dos hospitais está esgotada e alguns estão a climatizar salas” para o efeito, diz o presidente da Associação Nacional das Empresas Lutuosas, Carlos Almeida, ao JN. No Porto, os centros hospitalares de Santo António e de São João garantem que não há sobrecarga.

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O adeus a uma das centrais a carvão mais poluentes da Europa

Chegou a ser a 17ª central a carvão com maiores emissões de CO2 da UE. "O problema sempre foi o CO2, mas diziam que era um poluente verde, por ser capturado pelas árvores e transformado em oxigénio".

Fechou portas definitivamente de quinta para sexta-feira, mas foi na véspera de Natal, a 24 de dezembro de 2020, que a central termoelétrica da EDP em Sines queimou carvão pela última vez. Nesse dia esgotou o stock dessa fonte de energia fóssil e altamente poluente, que era já residual, apesar de ter licença para operar até às 23h59 de 14 de janeiro de 2021.

Nelson Silva, de 63 anos, está agora na pré-reforma mas lembra-se bem dos tempos áureos da maior central de produção de energia do país. Funcionário da EDP e vindo da central da EDP de Setúbal — alimentada a fuelóleo e com custos de operação muito mais caros caros — chegou a Sines em 1987, estavam já os dois primeiros grupos em funcionamento, o terceiro prestes a entrar em operação e o quarto ainda em construção. O seu posto de trabalho era na mesa de comando da central e era assistente de condução de centrais térmicas.

Lembra-se bem que a central de Sines foi construída porque “era perigoso o país depender apenas do petróleo e derivados”, provenientes de países onde a instabilidade política era enorme. Portugal queimava nessa altura 5.280 toneladas de fuelóleo por dia em Setúbal para garantir o abastecimento de energia elétrica ao país. Mas as crises petrolíferas da década de 70 fizeram entrar o carvão em cena para assegurar um nível de “potência instalada” no país necessária à satisfação dos consumos nacionais e permitir a diversificação das fontes de energia primária.

O carvão tinha a desvantagem de ser mais poluente, reconhece Nelson Silva, mas na altura as preocupações climáticas estavam ainda bem longe de dominar a opinião pública. “No início não havia qualquer controlo das emissões em Sines. Via-se o fumo amarelado a sair das chaminés, por causa do enxofre, o horizonte manchado por cima do mar. Mais tarde foi retificado, foi feito um investimento enorme. O enxofre passou de 2500 mg por m3 para menos de 200 mg por m3, as emissões de óxido de nitrogénio (NOx) foram reduzidas em mais de 10 vezes, as cinzas foram sempre capturadas. O problema era o CO2, mas na altura dizia-se que era um poluente verde, porque era capturado pelas árvores e transformado em oxigénio”, conta ao ECO/Capital Verde.

De acordo com a associação ambientalista Zero, a central de Sines era responsável em média por 12% das emissões de gases de efeito de estufa em Portugal. “Produzia eletricidade recorrendo à queima de carvão através de quatro grupos geradores, com uma potência elétrica instalada total de 1.256 MW. Apesar dos equipamentos de despoluição instalados, a central a carvão de Sines era fonte significativa de emissão de diversos poluentes, como os óxidos de azoto, dióxido de enxofre, partículas e metais pesados, cujas quantidades lançadas para a atmosfera em Portugal sofrerão agora uma redução importante”, refere a Zero.

Para a história, Sines fica como um colosso energético. Um terço da energia elétrica consumida em Portugal chegou a vir de lá: 29% nos anos 90, 20% na década de 2000 e 15% na década de 2010. Ao longo da sua vida, produziu 294TWh, tendo emitido para a rede nacional 274TWh (5,5 vezes o consumo nacional do ano de 2019, segundo dados REN), o que equivale a abastecer uma população de 60 milhões de pessoas durante um ano.

Havia anos em que a central trabalhava sempre no máximo, de dia e de noite, todos os dias. E só não trabalhava mais porque não dava. Às vezes lá abrandava no inverno, quando havia muito vento e muita chuva e as eólicas e as barragens entravam em funcionamento. Agora não temos energia que chegue, estamos a importá-la de Espanha e mais de 50% dependentes das centrais a gás natural”, diz Nelson Silva.

A central a carvão da EDP também há de ser lembrada como a instalação com maior peso nas emissões de carbono em Portugal: em 2018, foi a 17ª central térmica a carvão e a 22ª instalação com maiores emissões de dióxido de carbono da União Europeia. Em 2020 foi responsável pela emissão de 1,6 milhões de toneladas de dióxido de carbono, menos 2 milhões de toneladas (menos 54%) que em 2019.

Nelson Silva lembra-se também que tudo lá dentro era grande, enorme, as salas, as oficinas, o refeitório, “muito maior do que na central de Setúbal”.

“Até os comunicados do Conselho de Administração eram impressos em folhas A3. Tudo era gigante“, conta Nelson Silva ao ECO/Capital Verde. Sines era como uma pequena cidade, onde diariamente habitavam cerca de 400 pessoas, que com o passar dos anos e das décadas foram “desaparecendo” à medida que se iam reformando, sem serem substituídas. Os serviços administrativos foram os primeiros a ficar desertos e a vir para Lisboa, veio depois a automação e as tarefas que antes eram feitas por duas ou três pessoas ficaram concentradas apenas numa.

“O refeitório estava sempre cheio e havia turnos para almoçar. Nos últimos anos era um deserto, almoçavam lá 10 ou 20 pessoas”, lembra.

Em Sines já não há carvão. “Após o fecho, inicia-se agora a fase de descomissionamento e, posteriormente, os trabalhos de desmantelamento da central que levarão cerca de cinco anos a estar concluídos”, garante a elétrica, que vai ainda receber uma parte dos 200 milhões do Fundo de Transição Justa que vem para Portugal para ajudar na transição energética.

Quanto à central propriamente dita, com as suas imponentes chaminés com 225 metros de altura, fonte oficial da EDP tinha já revelado ao ECO/Capital Verde que não será reconvertida para “queimar” nenhum outro combustível, poluente ou não poluente, para a produção de energia elétrica.

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