Moderna pede autorização para terceira dose da vacina nos EUA

  • Lusa
  • 2 Setembro 2021

De acordo com a Moderna, os níveis de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 “baixaram significativamente” ao fim de “cerca de seis meses” após a primeira série de duas injeções.

O laboratório farmacêutico Moderna apresentou à agência norte-americana do medicamento (FDA) os primeiros dados para a obtenção de autorização para uma terceira dose da vacina contra a Covid-19 nos Estados Unidos.

“Estamos felizes por iniciar o pedido e empenhados em manter-nos à frente do vírus”, disse, em comunicado divulgado na noite de quarta-feira, o diretor-executivo do laboratório, Stéphane Bancel.

A empresa biotecnológica norte-americana forneceu os resultados de testes realizados em cerca de 350 participantes, que receberam uma dose de reforço seis meses após a segunda injeção.

A Moderna disse ainda que pretende enviar esses dados também à Agência Europeia do Medicamento (EMA) e a outras entidades reguladoras no resto do mundo “durante os próximos dias”.

A dosagem para este reforço é de 50 microgramas, ou seja, metade da dosagem das primeiras duas injeções.

De acordo com a Moderna, os níveis de anticorpos contra o vírus SARS-CoV-2 “baixaram significativamente” ao fim de “cerca de seis meses” após a primeira série de duas injeções.

Porém, “após uma terceira dose, foi atingido um nível de anticorpos semelhante” ao alcançado anteriormente em todas as faixas etárias.

A tolerância à dose de reforço foi semelhante às duas primeiras injeções.

Em meados de agosto, o consórcio Pfizer/BioNTech também apresentou os seus primeiros resultados à FDA para sustentar um pedido de autorização para a administração da terceira dose da vacina.

A FDA anunciou na quarta-feira que um comité consultivo irá reunir-se em 17 de setembro para “discutir o tema das doses adicionais de vacina covid-19” e, especificamente, para analisar o pedido da Pfizer para pessoas até 16 anos de idade.

O parecer deste comité é necessário antes de uma eventual autorização.

As autoridades de saúde sénior anunciaram, no final de agosto, que em 20 de setembro teria início uma campanha de revacinação para todos os norte-americanos que receberam a segunda dose das vacinas da Pfizer ou da moderna há pelo menos oito meses.

No entanto, os especialistas criticaram a decisão, anunciada antes que as agências científicas realizassem as suas análises independentes.

Além disso, os dados disponíveis mostram, por enquanto, que as vacinas continuam a ser muito eficazes contra os casos graves de doença, hospitalizações e óbitos, o que continua a ser o seu principal objetivo.

O assunto da terceira dose também reacendeu a questão das desigualdades no acesso às vacinas, numa altura em que muitos países, especialmente em África, tiveram acesso a um número muito limitado de doses.

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Estado vai poupar menos em juros em 2022 do que em 2021

O Ministério das Finanças prevê poupar menos 11 milhões de euros com os juros da dívida em 2022, em comparação com o valor que previu para 2021.

O gabinete de João Leão prevê poupar 150 milhões de euros na fatura dos juros da dívida pública, menos do que os 161 milhões de euros que previa poupar em 2021. Os dados constam do quadro de políticas invariantes entregue este ano e no ano passado e mostram que as poupanças “automáticas” com os juros estão a encolher. O que fizer o Banco Central Europeu (BCE) nos próximos meses será decisivo para o custo da dívida.

Apesar do aumento da dívida pública, Portugal tem conseguido desde 2015 poupar nos juros que paga para a manter graças aos juros diretores historicamente baixos e à compra de dívida pública por parte do banco central liderado por Christine Lagarde. Para tal contribuiu também a melhoria do rating da República e a substituição de dívida do passado com juros mais elevados por dívida nova com juros mais baixos.

Esta tendência manteve-se inclusive durante a pandemia, mesmo com o endividamento público a disparar para compensar a quebra de rendimento nas empresas e cidadãos, tendo o Estado poupado 544 milhões de euros em 2020. A despesa com juros passou assim de 8,4 mil milhões de euros em 2014, o valor recente mais elevado, para os 5,6 mil milhões de euros em 2020, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), o equivalente a cerca de 2,8% do PIB.

Segundo o quadro de políticas invariantes relativo a 2022 entregue pelas Finanças no Parlamento esta semana, as poupanças “automáticas” com juros — as quais se podem somar mais quando for apresentado o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022) — corresponderão a 150 milhões de euros, menos 11 milhões de euros do que o mesmo documento de 2021. Em causa estão os juros devidos pelas administrações públicas pelo que se incluem não só os juros da dívida pública, mas também os “custos financeiros da dívida financeira das empresas públicas reclassificadas, bem como aos juros devidos pelos restantes subsetores das Administrações Públicas”, segundo o Ministério das Finanças.

Foi no início deste ano que a presidente do IGCP, Cristina Casalinho, alertou que “o chão das taxas de juro baixas poderá já estar para trás de nós“. Ou seja, os juros da dívida soberana não deverão baixar ainda mais e poderão até começar a subir, consoante as decisões do BCE ao nível dos juros diretores e da compra de ativos, as quais estão dependentes da evolução duradoura e futura da taxa de inflação da Zona Euro. “É normal que exista um certo sentimento de urgência por parte dos emitentes em aproveitar este momento”, acrescentou.

Uns meses depois, os números da agência que gere a dívida pública já sugerem que esse chão foi atingido. O boletim mensal do IGCP relativo a agosto indica que o custo da dívida emitida em 2021, até ao momento, é de 0,6%, o que compara com os 0,5% registados no conjunto de 2020. Contudo, quando se olha para o stock da dívida e não só para a nova, é provável que o seu custo continue a descer para lá dos 2,2% em que terminou o ano passado, pelo que continuará a haver poupanças.

Tal deve-se à revisão em alta generalizada do crescimento económico na Zona Euro nos últimos meses, influenciado pelo avanço do processo de vacinação. “Este acréscimo das taxas de juro de colocação no leilão de hoje é justificado por um movimento geral de mercado ancorado na melhoria das projeções económicas“, justificou Casalinho em março relativamente a um leilão em que foram exigidos juros mais elevados a Portugal do que no passado. “Não podemos considerar o contexto de taxas de juro negativas a 10 anos como a representação de normalidade da atividade económica”, recordava.

Este mês o conselho de governadores do BCE vai reunir-se mas não é expectável que haja decisões sobre o futuro da política monetária, dado que em julho foi adaptado o discurso à nova estratégia do banco central aprovada por unanimidade. Contudo, recentemente surgiram pressões de alguns países para se ter em atenção a subida da taxa de inflação. A ideia dominante, tanto no BCE como na Fed, é que o agravamento dos preços é temporário, desaparecendo no início de 2022.

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5 coisas que vão marcar o dia

Serão conhecidos dados sobre o passo da economia nacional no final de agosto e a inflação na OCDE. É também dia de debate entre os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa.

O dia será marcado por vários indicadores estatísticos, nomeadamente sobre o pulso da economia nacional no final de agosto e a inflação na OCDE, mas também dados relativos ao desemprego jovem. É também nesta quinta-feira que chega a decisão do Tribunal de Justiça da União Europeia sobre o imposto sobre veículos usados aplicado em Portugal. No campo da política, vai decorrer um debate entre os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa.

Economia continua a estabilizar?

O Banco de Portugal publica o indicador diário de atividade económica, que permite medir o pulso à economia nacional. A economia portuguesa estabilizou na terceira semana de agosto, continuando a beneficiar do alívio das regras que arrancou no início do mês, que contribui para o dinamismo económico.

Como evolui o desemprego jovem?

O Eurostat divulga esta quinta-feira dois indicadores que permitem compor uma imagem dos jovens em Portugal e na União Europeia. Por um lado, será conhecido o desemprego jovem durante o ano de 2020, sendo também publicados dados sobre a participação dos mais novos na educação e no mercado de trabalho, o que poderá mostrar a percentagem de jovens “nem nem”, que não estão a trabalhar nem a estudar.

Candidatos à Câmara Municipal de Lisboa juntam-se em debate

No caminho para as eleições autárquicas deste ano, que se realizam a 26 de setembro, chegou a altura do debate entre os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa. O atual presidente, Fernando Medina, que se recandidata numa coligação entre o PS Livre, vai enfrentar concorrentes como Carlos Moedas, candidato da lista formada por PSD, CDS, MPT, Aliança e PPM, num debate transmitido na SIC.

Tribunal de Justiça toma decisão sobre imposto sobre veículos em Portugal

Será divulgado, esta quinta-feira, o acórdão do Tribunal de Justiça da União Europeia, na sequência de uma queixa da Comissão Europeia contra Portugal. A queixa debruça-se sobre um alegado incumprimento da legislação comunitária relativa a imposto sobre veículos (ISV). Em causa está uma questão sobre liquidação de ISV de usados, sem componente ambiental.

OCDE publica inflação

É ainda conhecido o Índice de Preços do Consumidor na Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE). Em junho, a inflação nos países da OCDE acelerou para 4,1%, nomeadamente com o impacto das restrições motivadas pela pandemia e, ao mesmo tempo, com a recuperação das economias.

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223 funcionários da Segurança Social ganham bónus mensal até 500 euros

O Ministério de Trabalho avança ao ECO que serão 223 os funcionários que receberão o prémio de desempenho pelo sucesso na cobrança de dívidas.

A Segurança Social vai distribuir um bónus de quase 1,3 milhões de euros por 223 trabalhadores como recompensa pelos resultados obtidos, no último ano, na cobrança de dívidas, indicou fonte oficial do Ministério do Trabalho ao ECO.

De acordo com uma portaria publicada esta quarta-feira, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS) fixou, em 2020, o seu objetivo de cobrança em 456 milhões de euros, mas o montante efetivamente recolhido ascendeu a 470,6 milhões de euros, o que se “traduziu na superação do objetivo definido“.

Tal significa que os trabalhadores do IGFSS que exercem funções de cobrança no Departamento de Gestão da Dívida (DGD) terão agora direito a uma recompensa equivalente a 13% do montante da taxa de justiça cobrado em 2020, isto é, cerca de 1,3 milhões de euros.

Segundo a legislação em vigor, estes prémios variam em função da carreira e categoria dos trabalhadores. Assim, aos assistentes técnicos será atribuído um bónus mensal de 340 euros, enquanto para os dirigentes intermédios e técnicos superiores está fixado um prémio mensal de 500 euros.

Ao ECO, fonte do Ministério do Trabalho avançou que, no total, 223 trabalhadores do DGD deverão receber prémios de desempenho, este ano, dos quais 76 assistentes técnicos, 120 técnicos superiores e 27 dirigentes intermédios.

O pagamento destas recompensas é feito trimestralmente (no último mês de cada trimestre) e tem efeitos retroativos ao início do ano. Ou seja, de três em três meses, os técnicos superiores e dirigentes intermédios podem receber 1.500 euros além do salário, enquanto os assistentes técnicos podem amealhar 1.020 euros em prémios. Como a portaria só foi publicada agora, os primeiros três quartos do bónus deverão chegar, contudo, de uma só vez.

O montante global fixado este ano para prémios de desempenho é superior ao do ano passado (em 2020, foi de pouco mais de um milhão de euros), mas também é maior o universo de beneficiários (em 2020, receberam bónus cerca de 160 trabalhadores).

Estes prémios de desempenho foram desenhados pelo anterior ministro do Trabalho e da Segurança Social, Vieira da Silva, seguindo o modelo já aplicado à administração fiscal para estimular a produtividade global dos serviços e o cumprimento dos objetivos. A Provedora de Justiça chegou a criticar a criação destas recompensas, dizendo que “gostaria de compreender” como é a escassez de recursos na Segurança Social se coaduna com estes prémios de desempenho em função da cobrança de dívida.

É o Fundo de Cobrança Coerciva que financia este bónus, sendo importante explicar que este é, por sua vez, alimentado pelo orçamento do IGFSS.

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Após Luz Saúde, CUF exclui atos da convenção com ADSE e cria nova tabela de preços

Existem "algumas áreas, procedimentos e médicos que deixarão de estar incluídos na convenção" com a ADSE, diz a CUF. Lusíadas Saúde também admite excluir alguns atos e criar nova tabela.

As novas tabelas do regime convencionado da ADSE entraram em vigor esta quarta-feira, mas não estarão a 100% em todos os hospitais privados. O grupo Luz Saúde anunciou que decidiu retirar alguns serviços e atos clínicos da convenção, decisão que foi já replicada pela CUF. Em ambos os casos, foi criada uma tabela específica para os beneficiários do subsistema de saúde, para os atos excluídos da convenção. Já a Lusíadas Saúde diz estar ainda a analisar, mas também admite seguir os passos dos outros grupos.

A CUF “vai continuar a garantir a prestação de cuidados de saúde ao abrigo do regime convencionado, com um corpo clínico dedicado e com uma grande abrangência de atos médicos, desde Consultas, Atendimento Permanente, Internamento, Cirurgias, Exames ou Tratamentos em áreas como Cardiologia, Medicina Interna, Oncologia, Ortopedia, Pediatria”, segundo se lê no comunicado publicado no site. No entanto, existem “algumas áreas, procedimentos e médicos que deixarão de estar incluídos na convenção”.

Desta forma, os beneficiários da ADSE e dos subsistemas IASFA, SAD PSP e SAD GNR “poderão optar pelo regime livre, acedendo a uma Tabela específica criada pela CUF para os mesmos, para que possam continuar a ter acesso a todos os médicos e cuidados de saúde para além da convenção”, adianta o grupo.

Com estas mudanças, a CUF decidiu avançar com um “período de transição”para a nova tabela. O objetivo é que “os atos médicos agendados até 31 de agosto – e que se realizam já depois da entrada em vigor da nova tabela a 1 de setembro – possam ainda realizar-se, sempre que possível, ao abrigo da convenção”.

Já a Lusíadas Saúde diz estar ainda a “analisar o impacto e as respetivas implicações dos novos termos, condições e regras apresentadas”, em comunicado. O grupo assegura que “vai continuar a garantir a generalidade da prestação de cuidados de saúde ao abrigo do regime convencionado”, mas admite que “há determinados procedimentos clínicos, especialidades ou médicos que poderão deixar de estar incluídos na convenção”.

Caso se verifique a exclusão de alguns atos, a Lusíadas Saúde “contactará proativamente os Clientes beneficiários desse subsistema público no sentido de encontrar soluções que garantam a estabilidade e a continuidade dos seus cuidados clínicos”.

Para além disso, prevê também, tal como os outros grupos, que os clientes Lusíadas Saúde que sejam beneficiários da ADSE e dos subsistemas IASFA, SAD PSP e SAD GNR “terão acesso a uma Tabela específica, criada pelo Grupo Lusíadas Saúde para os procedimentos clínicos e especialidades de saúde não convencionados”.

A nova tabela da ADSE surgiu depois de uma atualização de vários preços, nomeadamente com mudanças nos copagamentos e preços das consultas, contemplando também a introdução de novos atos.

(Notícia atualizada às 10h20)

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Covid-19 soma 40 mil milhões à dívida pública até ao final de 2022

O ministro das Finanças deu detalhes sobre o aumento do apoio às famílias com filhos em entrevista à RTP e apontou para uma subida do salário inicial dos técnicos superiores na administração pública.

É um legado pesado: entre o início de 2020 e o final de 2022, a pandemia de Covid-19 vai somar entre 35 a 40 mil milhões de euros à dívida pública, de acordo com a estimativa do ministro das Finanças. Em entrevista à RTP3 esta quarta-feira, João Leão assumiu que este “é um legado que ficará durante vários anos”. Sobre o Orçamento do Estado para 2022 (OE 2022), adiantou pormenores sobre o aumento do apoio às famílias com filhos e a revelou a intenção de subir o salário inicial dos técnicos superiores da função pública.

O ministro das Finanças admite que a “crise teve um impacto substancial” na dívida pública portuguesa, tendo esta crescido cerca de 20 mil milhões de euros em 2020 e já soma mais cinco mil milhões este ano. Até ao final de 2022, Leão estima que o peso poderá mesmo chegar a entre 35 e 40 mil milhões de euros, o que mostra a dimensão do “legado que a crise vai deixar na dívida pública” em Portugal. No setor privado, no mesmo período, a estimativa é de cinco mil milhões de euros: quatro mil milhões concentrados nos cidadãos e mil milhões nas empresas.

Porém, o Governo compromete-se a “apresentar uma trajetória de redução da dívida pública” em percentagem do PIB, o que Leão espera que dê “credibilidade e segurança” ao Estado português junto dos mercados financeiros. Para já, mantêm-se as estimativas que tinham sido reveladas no Programa de Estabilidade em abril: o objetivo é baixar o rácio para os 128% do PIB em 2021 e 123% do PIB em 2022, beneficiando do crescimento da economia que o ministro até admite que pode ser superior ao estimado atualmente.

Até estamos convictos de que vamos superar essas estimativas“, disse, referindo-se ao crescimento conjunto de 9% em 2021 e 2022. Se tal ocorrer, o ministro indicou que Portugal deve chegar ao nível pré-pandemia antes do esperado, logo no arranque do próximo ano. Num momento em que as previsões estão a ser revistas em alta, tal como admitiu recentemente o BCE, Leão adianta que “neste momento estamos em condições de dizer que não vamos precisar de um orçamento retificativo“.

Para chegar a esse nível de crescimento económico no próximo ano, as Finanças contam com o estímulo do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), do qual esperam executar “mais de três mil milhões de euros” em 2022, “essencialmente em investimento”. O PRR mais os investimentos estruturantes que já estavam em andamento poderão ter um impacto no PIB “acima de 2%” no próximo ano, de acordo com o ministro, que promete em simultâneo “dar incentivos fortes ao investimento” privado no OE 2022.

Orçamento 2022 será para “lidar com o legado da crise”

O principal objetivo do próximo Orçamento, o qual o Governo tem de entregar no Parlamento até 11 de outubro, será “lidar com os legados da crise mais brutal das últimas décadas”, consolidando a recuperação económica, isto, garantindo que o PIB “ultrapasse bastante o valor pré-pandemia”, assinalou Leão, assegurando que terá um “pacote [de estímulos] desenhado para esse efeito”.

Além dos investimentos, o Ministério das Finanças quer “ajudar os mais jovens a inserirem-se no mercado de trabalho e garantir que os setores mais atingidos sejam ajudados nesta fase de recuperação”. Na área da saúde, o foco estará no reforço da atividade não Covid que tem de recuperar atividade programada, ao passo que na educação as atenções estarão na recuperação das aprendizagens.

Quanto a impostos, Leão continua sem se comprometer com uma descida, afirmando apenas que não os irá aumentar: “Temos de fazê-lo [descer os impostos] com conta, peso e medida“, argumentou. Ainda assim, deixa alguns sinais, desde logo para as famílias com filhos cujos abonos (para as classes baixas e média baixa) e deduções fiscais (para as classes média e média alta): até 2023, o Governo quer assegurar que todas as famílias recebam pelo menos 600 euros por ano por filho e 900 euros no caso do segundo filho. Para as crianças em risco de pobreza extrema o valor sobe para 1.200 euros.

O ministro das Finanças concretizou ainda a medida lançada por António Costa no Congresso do PS, revelando que o IRS será não só alargado como se tornará mais automático, o que permitirá incluir mais jovens logo à partida sem necessitar da sua ação no preenchimento da declaração de IRS.

A nível salarial, João Leão comprometeu-se com o aumento do salário mínimo, sem adiantar um número, e com o “reforço salarial à entrada”, já em 2022, dos técnicos superiores do Estado — e não de outras carreiras como a dos médicos ou professores, por exemplo. Os técnicos superiores da administração pública têm sido referidos em discursos recentes do primeiro-ministro com uma preocupação em termos de valorização salarial. Para já, as Finanças estão a “estudar como e a ver como” é que a medida se vai concretizar.

No OE 2022 constará também uma verba de 990 milhões de euros para a TAP e uma “verba para capitalizar” o Banco Português de Fomento para que este seja capaz de alavancar a dotação do InvestEU, o sucessor do Plano Juncker, através do Banco Europeu de Investimento, até a um total de nove mil milhões de euros mobilizados.

Leão “tem todo o interesse” em ter decreto de execução orçamental

Perante as críticas de Marques Mendes, o ministro das Finanças justifica o atraso com a publicação do decreto-lei de execução orçamental — não houve em 2020 e ainda não há em 2021, apesar de a lei o obrigar — com a pandemia e o esforço que o seu Ministério tem feito na resposta de emergência à Covid-19. “A pandemia teve um impacto tremendo” na “absorção” do tempo da sua equipa, argumentou.

Porém, Leão considera que este “é um decreto muito importante” e que, por isso, existe “toda a vontade” e “todo o interesse de o ter ainda este ano”. O ministro disse que “as grandes questões” relativamente à execução orçamental deste ano passava pelas normas de execução das medidas Covid-19, as quais ficaram logo definidas no início do ano por causa do segundo confinamento, e as normas de execução do PRR, o que ficou acautelado pouco depois.

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José Luís Carneiro acredita que esquerda “terá razões” para apoiar opções orçamentais do Governo

  • Lusa
  • 1 Setembro 2021

“A relação com os parceiros parlamentares tem sido uma relação muito construtiva, do ponto de vista do interesse nacional”, disse o secretário-geral adjunto do PS.

O secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, disse esta quarta-feira, no Cartaxo, ser seu entendimento que a esquerda parlamentar “terá razões” para “apoiar as opções orçamentais futuras”, porque “estão muito adequadas” àquilo que são as suas preocupações.

Sem querer comentar declarações dos líderes do PCP e do BE sobre o processo negocial para o Orçamento do Estado (OE) para 2022, já que a “articulação” com o Governo é feita pelo secretário de Estado dos Assuntos Parlamentares, José Luís Carneiro frisou que “a relação com os parceiros parlamentares tem sido uma relação muito construtiva, do ponto de vista do interesse nacional”.

“As garantias e os valores do investimento público previsto, por força dos instrumentos europeus, são de tal ordem que, do meu ponto de vista, a esquerda parlamentar terá razões, mas é o meu ponto de vista pessoal, para apoiar as opções orçamentais futuras, porque elas trazem mais investimento público na saúde, na educação, nos transportes e na mobilidade, nas políticas de habitação”, declarou.

José Luís Carneiro acrescentou as medidas de combate à pobreza e às desigualdades e “preocupações que não têm uma inserção direta no orçamento”, como “a questão da dignidade das questões laborais”.

Há prioridades que estão definidas por parte do Primeiro-Ministro e secretário-geral do Partido Socialista que, do meu ponto de vista, estão muito adequadas àquilo que são as preocupações dos nossos parceiros parlamentares”, declarou.

José Luís Carneiro afirmou que a relação com os parceiros parlamentares tem sido “muito construtiva, do ponto de vista do interesse nacional” e que “a estabilidade política é um valor muito relevante” no momento atual, tanto pela necessidade de “debelar a pandemia”, como para assegurar a aplicação dos fundos europeus disponíveis, num “quadro temporal muito curto”.

“A boa e rápida execução dos fundos europeus disponíveis é um fator muito relevante”, tal como “a estabilidade política é essencial” na criação de “condições para que o país se concentre naquilo que é essencial”, declarou.

A coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, afirmou que houve um “mau começo” nas negociações sobre o OE 2022, enquanto o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, declarou que só falará do orçamento do próximo ano quando o atual estiver executado, o que, disse, ainda não aconteceu.

O secretário-geral adjunto do PS esteve hoje no Cartaxo (distrito de Santarém) para participar na inauguração da sede da campanha do partido para as eleições autárquicas de 26 de setembro.

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Órgãos sociais do Benfica demitem-se e marcam eleições para 9 de outubro

A 9 de outubro haverá eleições no Benfica para que os sócios decidam a sucessão de Luís Filipe Vieira. Rui Costa, que era o presidente desde julho, demitiu-se.

Os órgãos sociais do Sport Lisboa e Benfica decidiram esta quarta-feira em reunião plenária demitirem-se e marcaram eleições para o dia 9 de outubro. Segundo o comunicado do presidente da mesa da assembleia geral, António Pires de Andrade, houve unanimidade na opinião de que “se deveria partir para a marcação do ato eleitoral”.

“Assim, e no seguimento das conclusões alcançadas, e tendo também presente o calendário desportivo a que o Sport Lisboa e Benfica está obrigado até ao final do corrente ano, foi opinião unânime de todos os membros dos diversos Órgãos Sociais que se deveria partir para a marcação do ato eleitoral, destinado à eleição dos novos órgãos Sociais para os próximos quatro anos“, lê-se no comunicado. O dia 9 de outubro calha a um sábado.

A intenção de marcar eleições existe desde que Luís Filipe Vieira foi detido no âmbito da operação “Cartão Vermelho”, tendo este renunciado à presidência do clube e da Benfica SAD, a qual passou para as mãos de Rui Costa. Em entrevista à TVI no final de julho, o ex-jogador do clube recusou colocar a hipótese de se candidatar: “Toda a gente que trabalha comigo está proibida de me falar em eleições”, disse, afirmando que “jamais aceitaria ser príncipe herdeiro”.

Para já, Rui Costa recebe os elogios dos órgãos sociais demissionários: “Hoje, dia 1 de setembro de 2021, foi com satisfação que o Plenário dos mesmos Órgãos Sociais concluiu na sua análise que, aqueles objetivos, então traçados, foram atingidos e que se conseguiu uma forte estabilidade no Clube“, refere-se no comunicado, nomeadamente a qualificação para a Liga dos Campeões que rendeu 37 milhões de euros ao clube.

“Em breve será apresentado aos sócios o Programa de todo o Processo Eleitoral”, assinala ainda o presidente da mesa da assembleia geral, desejando que “o mesmo decorra com elevação e qualidade, que engrandeça uma vez mais o espírito de unidade entre todos os sócios e que sirva para uma discussão de ideias e projetos dos vários candidatos que venham a apresentar-se ao ato eleitoral“.

Luís Filipe Vieira foi detido a 7 de julho, no âmbito de uma investigação que envolve negócios e financiamentos superiores a 100 milhões de euros com prejuízos para o Estado. De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), em causa estão suspeitas de “crimes de abuso de confiança, burla qualificada, falsificação, fraude fiscal e branqueamento”.

(Notícia atualizada às 21h58 com mais informação)

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S&P 500 e Nasdaq entram em setembro com o pé direito

O Dow Jones desceu ligeiramente enquanto o S&P 500 e o Nasdaq valorizaram à boleia da subida das cotadas tecnológicas.

O S&P 500 e o Nasdaq atingiram máximos intradiários nesta quarta-feira, fechando a primeira sessão de setembro em alta. Este foi o resultado de um maior interesse pelas cotadas tecnológicas aliado à esperança de que a Fed vai manter os estímulos durante mais tempo por causa dos dados do mercado de trabalho. O Dow Jones fechou em terreno negativo.

O índice industrial desvalorizou 0,14% para os 35.312,53 pontos ao passo que o tecnológico Nasdaq valorizou 0,33% para os 15.309,38 pontos. O S&P 500 — que acumula uma valorização de 20% desde o início do ano — subiu 0,03% para os 4.524,09 pontos. O setor tecnológico, o qual tende a beneficiar do ambiente de taxas de juro baixas, subiu 0,5%, com destaque para a Apple que valorizou mais de 1%, atingindo um novo máximo.

Os números do mercado de trabalho divulgado esta quarta-feira mostram uma evolução menos positiva do que a esperada: as empresas criaram menos empregos em agosto do que o previsto, num total de 374 mil postos de trabalho, o que compara com a estimativa do Dow Jones de 600 mil empregos. Além disso, também foram revelados novos dados que mostram que a atividade das fábricas na Ásia e na Europa também perdeu dinamismo em agosto.

Os mercados aguardam agora pelos dados mais completos que vão ser divulgados na sexta-feira, mas já existe a expectativa de que os piores números do mercado de trabalho levem a Reserva Federal norte-americana a atrasar a redução da compra de ativos que está prevista ainda para este ano, o que tenderia a beneficiar os mercados bolsistas.

Por outro lado, outros dados mostraram que a atividade industrial nos EUA acelerou em agosto, de forma inesperada, graças a uma subida forte do número de encomendas. Porém, um indicador do emprego nas fábricas baixou para um mínimo de nove meses.

Em Wall Street, um dos setores que mais desceu foi a da energia, registando a terceira sessão consecutiva de quedas. Tal acontece num dia em que a cotação do petróleo está em baixa depois de a OPEP (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) ter decidido manter o atual acordo sobre o aumento gradual da produção.

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Exportações de calçado crescem 12,3% até junho para 752 milhões

  • Lusa
  • 1 Setembro 2021

O calçado português dá sinais de recuperação, mas ainda não será este ano que regressa aos níveis pré-pandemia, antecipa a APICCAPS.

As exportações da indústria portuguesa de calçado aumentaram 12,3%, para 752 milhões de euros, no primeiro semestre face ao período homólogo, com 33 milhões de pares vendidos, divulgou esta quarta-feira a associação setorial.

“Num período ainda de grande indefinição no plano internacional – recorde-se que os dados do World Footwear apontam para uma plena recuperação do setor de calçado a nível mundial apenas em 2023 – o calçado português dá sinais de recuperação”, destaca o Gabinete de Estudos da Associação Portuguesa dos Industriais de Calçado, Componentes, Artigos de Pele e Seus Sucedâneos (APICCAPS), tendo por base dados do Instituto Nacional de Estatística (INE).

Segundo a associação, “o setor está ainda dependente da evolução de vários indicadores”, como a evolução da pandemia, a situação no Afeganistão, o aumento dos custos das matérias-primas e as dificuldades logísticas, “mas dificilmente atingirá já este ano os níveis de 2019”.

Apesar do recuo das exportações em França (menos 2,6% para 144 milhões de euros), a Europa é apontada, por agora, como “um grande motor de crescimento do setor”.

Destaque também para o crescimento registado nas vendas para a Alemanha, que superou a França e ascendeu ao primeiro lugar entre os grandes mercados do setor, com um crescimento de 39,4%, para 186 milhões de euros.

No espaço comunitário, a APICCAPS salienta ainda os “bons desempenhos” nos Países Baixos (mais 12,3%, para 111 milhões de euros) e Espanha (crescimento de 2,9%, para 52 milhões de euros), sendo que “também no Reino Unido há bons indicadores a reportar” (mais 14,1%, para 41 milhões de euros).

Já fora do espaço europeu, a associação dá conta de “bons sinais” nos EUA (mais 10%, para 33 milhões de euros), China (mais 32,8%, para 9,6 milhões de euros) e Canadá (mais 41,2%, para 9,5 milhões de euros).

Segundo a APICCAPS, também o setor de artigos de pele e marroquinaria “apresenta bons indicadores” este ano, apresentando no primeiro semestre um crescimento de 21,4% nas exportações, para 84 milhões de euros.

Neste setor, os mercados de Espanha (mais 6,1%, para 21 milhões de euros), França (mais 14,9%, para 16 milhões de euros), Turquia (mais 31,8%, para 11 milhões) e EUA (mais 370%, para sete milhões de euros) destacam-se pela evolução registada.

“Ainda que com um desempenho geral mais modesto”, o subsetor de componentes para calçado parece também estar a “animar” em 2021: de janeiro a junho, exportou 23 milhões de euros, o que representa um crescimento de 2,2% relativamente a 2020, avança a associação.

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Ainda é cedo para falar do impacto financeiro das novas tabelas, diz presidente da ADSE

  • Lusa
  • 1 Setembro 2021

O processo de revisão das tabelas da ADSE foi “longo” e “complicado”, reconhece Manuela Faria.

A presidente da ADSE, Manuela Faria, faz um balanço positivo do longo trabalho que culminou com as novas tabelas de preços do regime convencionado, que entraram em vigor esta quarta-feira, mas sublinha ser ainda cedo para estimar o impacto financeiro.

“Neste momento é muito cedo para dizer porque temos atos que passaram a estar incluídos, que são uma novidade” para os quais “não temos histórico” para “calcular o impacto financeiro [que resulta da atualização das tabelas] para a ADSE”, referiu, em entrevista à Lusa, a presidente do Conselho Diretivo da ADSE.

Manuela Faria adiantou, contudo, que a expectativa é que o impacto seja inferior aos 14 milhões de euros referidos num estudo recentemente publicado pelo economista e vogal da direção do subsistema de saúde da Função Pública Eugénio Rosa.

“A expectativa em termos de impacto financeiro, daquilo que vai ser novo, não terá esse impacto, mas estamos a preparar a máquina para fazer essas contas”, referiu Manuela Faria, sublinhando que ainda demorará algum tempo até poder dizer um valor que tenha alguma consistência.

As novas tabelas da rede convencionada da ADSE, em vigor a partir de hoje, procedem a uma atualização de preços das consultas, passaram a incluir novos atos médicos, tendo suprimido outros que estavam desatualizados e vieram ainda impor tetos máximos para milhares de procedimentos cirúrgicos, medicamentos hospitalares e próteses.

O processo de revisão destas tabelas – a primeira desde que estavam em aplicação – foi “longo” e “complicado” reconhece Manuela Faria, considerando que o “saldo é francamente positivo”.

Passada esta “primeira fase” de entrada em vigor das novas tabelas, a presidente de ADSE refere que o trabalho vai continuar.

“O trabalho é contínuo e não vai acontecer ficarmos mais uma série de anos largos à espera que a tabela da ADSE seja revista”, referiu, assinalando que a velocidade com que são introduzidas novas práticas e atos médicos obriga a que a tabela tenha de ser alvo, daqui para a frente, de ajustamentos que se vão justificando à luz dessa evolução da Medicina.

Sublinhando que a atualização das tabelas visou responder a vários compromissos – não aumentar a percentagem de copagamentos dos beneficiários ou garantir a sustentabilidade financeira da ADSE – a presidente do Conselho Diretivo do instituto que gere o subsistema de saúde os funcionários e reformados da função pública considera estarem criadas condições para reforçar a rede convencionada o que, afirmou, já está a verificar-se.

Em 2020 fizemos 88 novas convenções. Este ano, desde que começámos o processo das novas tabelas, o interesse dos prestadores aumentou e até esta data temos 160 novos pedidos de convenção, contra 66 no mesmo período de 2020”, precisou.

Neste contexto, adiantou que em 2020 foi feita uma atualização do cadastro das convenções, o que permitiu limpar algumas com mais de 30 e de 40 anos que já não se encontravam ativas.

Manuela Faria salientou ainda que a ADSE está a trabalhar para que a rede convencionada chegue à generalidade do território. “Estamos a contar que em locais em que haja prestadores de saúde, haja convenção com a ADSE”, referiu.

Com a nova tabela, nas consultas de medicina geral os prestadores passam a receber 25 euros (contra os 18,46 euros que até agora recebiam), sendo 20 euros suportado pela ADSE e cinco euros pelos beneficiários.

O copagamento a cargo do beneficiário aumenta de 3,99 para cinco euros, mas a percentagem de comparticipação do beneficiário reduz de 21% para 20%. Apesar do aumento do valor, Manuela Faria afirmou que o ‘feedback’ que está a chegar é positivo.

ADSE com 103 mil novos beneficiários com alargamento a contratos individuais

A ADSE registou a entrada de quase 103 mil novos beneficiários desde que foi aberto o processo de inscrição dos trabalhadores com contratos individuais em entidades públicas. O número foi adiantado pela presidente do Conselho Diretivo da ADSE, Manuela Faria, que, em entrevista à Lusa, referiu ainda que a idade média dos 102.787 novos beneficiários ronda os 39 anos.

Em causa estão as inscrições na ADSE apuradas até ao dia 25 de agosto, sendo que o processo de alargamento do subsistema de saúde da função pública aos contratos individuais de trabalho de entidades empregadoras públicas decorre até 09 de setembro. Aquele universo de inscrições inclui 66.146 titulares e 36.641 familiares (na maioria dependentes), acreditando a presidente da ADSE que, com o aproximar do final do prazo, o número aumente.

Prazo médio dos reembolsos ronda os 55 dias

O prazo médio dos reembolsos da ADSE ronda atualmente os 55 dias, segundo disse à Lusa a presidente do Conselho Diretivo do instituto de proteção e assistência na doença dos trabalhadores da Administração Pública.

O prazo médio dos reembolsos neste momento são 55 dias e eventualmente estarei a pecar por excesso”, disse, em entrevista à Lusa a presidente da ADSE, Manuela Faria, referindo o “grande esforço” que foi feito nos últimos tempos para reduzir o tempo de espera.

Em 2019, o tempo de espera médio para os beneficiários serem reembolsados das despesas realizadas quando recorrem a consultas ou serviços médicos fora da rede convencionada rondava os 90 dias.

Relativamente às regularizações dos hospitais privados, Manuela Faria sublinhou que este é um dossier que tem estado a ser trabalhado e que centrará atenções uma vez atualizadas as novas tabelas de preços do regime convencionado, que hoje entraram em vigor.

“Este é um dossier que iríamos agarrar a seguir às tabelas. Temos agora serenidade suficiente para tratar dele”, referiu Manuela Faria, sustentando que as novas tabelas, ao fecharem os preços de centenas de atos e serviços médicos (sobretudo em cirurgias) também vão permitir suavizar a questão das regularizações por excesso de faturação.

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DGS recomenda dose extra da vacina a pessoas com imunossupressão

Três meses após a última toma, as pessoas com imunossupressão poderão tomar uma terceira dose da Moderna ou da Pfizer.

As pessoas com imunossupressão poderão tomar uma terceira dose de uma vacina de mRNA (Moderna ou Pfizer) contra a Covid-19, três meses depois da última toma. A Direção-Geral da Saúde (DGS) atualizou esta quarta-feira a norma com o objetivo de salvaguardar a eficácia das vacinas em pessoas que possam não ter alcançado o nível de proteção adequado.

A Direção-Geral da Saúde (DGS) passou a recomendar, para as pessoas com mais de 16 anos e em condições de imunossupressão, a administração de uma dose adicional de vacina contra a COVID-19“, anuncia a entidade liderada por Graças Freitas em comunicado divulgado esta quarta-feira.

A autoridade de saúde salienta que “esta recomendação é uma nova oportunidade de vacinação, dentro do esquema inicial estipulado, e tem como objetivo salvaguardar a eficácia das vacinas em pessoas com imunossupressão que possam não ter alcançado o nível de proteção adequado“.

Na semana passada, a diretora-geral da Saúde, Graça Freitas, tinha explicado que este grupo é “restrito”. “Serão menos de 100 mil pessoas”, quantificou. Na mesma ocasião, além de referir os imunossuprimidos, a diretora-geral da Saúde referiu que a terceira dose poderá vir a ser recomendada para os mais velhos, doentes ou pessoas com outra condição “que não os deixou duradouramente protegidos”, para os quais “está a ser equacionado um reforço”.

A norma estabelece as situações em que se considera uma pessoa com imunossupressão: pessoas com “transplante alogénico de órgãos sólidos” ou pessoas cujo esquema vacinal inicial contra a COVID-19 foi realizado “durante um período ou contexto clínico de imunossupressão grave”. Neste segundo caso, há dois critérios:

  • Depleção linfocitária (nomeadamente, esplenectomia ou terapêutica com alemtuzumab, leflunomida, rituximab e ocrelizumab), cladribina, ciclosporina, anti-metabolitos (nomeadamente, terapêutica com ciclofosfamida, azatioprina, micofenolato de mofetilo, metotrexato), quimioterapia para doença oncológica ou dose elevada de corticosteroides (prednisolona dose cumulativa >10mg/dia durante, pelo menos, três meses ou prednisolona >20mg/dia durante, pelo menos, duas semanas ou equivalente);
  • Infeção por vírus da imunodeficiência humana (VIH) com contagem de linfócitos T-CD4+ <200/µL.

Esta é uma recomendação da DGS e não uma obrigação, tal como ninguém é obrigado a tomar a vacina. Além disso, a DGS acrescenta na norma que a “vacinação de pessoas com imunossupressão deve ser efetuada sob orientação e prescrição do médico assistente”.

A autoridade de saúde explica que “a eficácia das vacinas pode ser inferior em pessoas com condições de imunossupressão”, daí que seja recomendada a dose adicional. “Embora, nos ensaios clínicos iniciais, os dados sobre a eficácia, a segurança e a imunogenicidade das vacinas fossem muito limitados para esta população, a evolução do conhecimento científico sugere que a administração de uma dose adicional potencia a resposta imunológica contra a COVID-19“, justifica-se na norma.

(Notícia atualizada às 20h48 com mais informação)

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