Combustíveis muito caros? Estas dicas ajudam a poupar o depósito
Aumentos sucessivos dos combustíveis levam à necessidade de reduzir consumos. Especialistas aconselham suavidade nos pedais, verificação de pneus e nunca deslizar em ponto morto.
Os combustíveis em Portugal vendem-se a preços recorde. Depois de semanas a fio de aumentos consecutivos nos preços, as famílias tiveram um alívio na semana passada, quando os preços da gasolina e do gasóleo desceram, ainda que menos do que o esperado pelo Governo. Mas durou pouco tempo e, esta segunda-feira, os preços voltam a subir.
Face à alta do barril de Brent nos mercados internacionais, a necessidade de poupar nos combustíveis é redobrada. O ECO contactou a Deco Proteste e o Automóvel Clube de Portugal (ACP) para saber se existem truques que ajudem a suavizar o impacto da subida dos combustíveis na carteira dos automobilistas portugueses.
Aceleração e travagem
Uma condução mais económica e eficiente não só mantém o impacto ambiental no mínimo, como ajuda a manter reduzido o desgaste do veículo. Quanto menos pisar o acelerador, menores serão as rotações por minuto. Desde que abaixo das 2.000, a Deco Proteste garante que está na zona de poupança. Ao realizar manobras, pode até mesmo aproveitar o movimento gerado pelo suave levantar do pé da embraiagem, de forma a não alimentar desnecessariamente o motor.
Para os carros com a devida tecnologia, Bruno Gomes da ACP explica que as funções do computador de bordo permitem dar informações destinadas a uma condução Eco. Desde que não seja um fator de distração, a mesma tecnologia permite observar os consumos instantâneos que o automóvel tem nos vários momentos de condução. No entanto, a ACP recomenda verificar o consumo médio da viatura, que pode ser consultado desde o último abastecimento ou a longo prazo.
No momento de aceleração e travagem, os pedais devem ser utilizados de forma leve e progressiva, avança a Deco Proteste. Desta forma, o veículo não consome energia em excesso para acelerar até uma dada velocidade, pelo que apenas necessita de a manter. Ao aumentar a distância de segurança face aos carros da frente, consegue ainda uma maior margem para evitar travagens bruscas, e assim perder velocidade. Idealmente, se puder simplesmente levantar o pé do acelerador, evita desperdiçar por completo a energia despendida ao acelerar.
As acelerações intensas desgastam pneus, embraiagem, amortecedores e o motor. Neste aspeto, a ACP até acrescenta que, independente do tipo de veículo, existe uma recomendação universal: respeitar sempre os limites de velocidade.
Motor e caixa de mudanças
Deve também conduzir com a mudança mais elevada possível. A quarta mudança pode ser engrenada a partir dos 40 km/h, e a sexta a partir dos 60 km/h. Contudo, a partir dos 80 km/h torna-se necessário exercer uma maior pressão no acelerador, o que vai aumentar o consumo, explica a Deco Proteste. Adicionalmente, assim que ligar a ignição, não tem de aquecer o motor. Basta arrancar em primeira, e passar para a segunda mudança tão depressa quanto possível.
A ACP recomenda também a utilização do sistema Start-Stop quando disponível. Caso tal não seja possível, a Deco Proteste aconselha que, caso preveja ficar parado mais do que um minuto, deve desligar o motor. Um carro a trabalhar em ponto morto consome meio litro de combustível por hora, pelo que ambas as fontes também recomendam não deixar o veículo deslizar em ponto morto nas grandes descidas. É preferível travar com o motor. Assim, ao retirar o pé do acelerador, a alimentação é cortada, e a gestão eletrónica do motor consegue fazer uma melhor gestão dos consumos.
Além de limitar o uso do ar condicionado, pois também aumenta o consumo de combustível, pode ainda minimizar o peso extra desnecessário no carro. Alexandre Marvão, coordenador da área da mobilidade da Deco Proteste, esclarece: “Se levar uma carga de 100 kg num veículo médio, poderá registar um aumento no consumo de 6-7% ao conduzir na cidade.”
Em linha com a recomendação anterior, o coordenador sugere manter o tejadilho do veículo livre: “Caixa de Bagagem, suportes de bicicletas e antenas de grandes dimensões podem prejudicar a qualidade aerodinâmica do veículo e levar a um aumento do consumo entre 5 e 8 por cento.”
Manutenção do automóvel
Existem também alguns passos a adotar fora do veículo para o tornar mais eficiente, e um dos pontos abordados por ambas as fontes contactadas pelo ECO diz respeito à pressão dos pneus.
Alexandre Marvão explica que “o consumo de combustível aumenta 1 a 2% a cada 0,2 bar de baixa pressão” nos pneus. Mas, por outro lado, se a pressão for excessiva, a aderência ao piso diminui. Por este motivo, e de modo a poupar combustível, Bruno Gomes recomenda o uso “da máxima [pressão] admissível pelo fabricante”.
Em linha com esta recomendação, o coordenador da Deco Proteste recomenda ainda que se façam manutenções periódicas conforme sugeridas pelo fabricante, mesmo após o período de garantia, de modo a manter a eficiência do motor e minimizar os consumos. Adicionalmente, “se os componentes essenciais do sistema de ignição, injeção e combustível não funcionarem com eficiência perfeita, o consumo também poderá aumentar de 3,5% a 10%”, diz Marvão.
Por fim, verificar os filtros do ar e mudar o óleo periodicamente permitem não só poupar combustível como prolongar a vida do motor. “O entupimento do filtro causa um aumento no consumo de combustível até 10%”, explica Marvão, pelo que estes devem ser limpos ou substituídos regularmente. Um entupimento de filtro de 5%, por exemplo, pode causar um aumento de cerca de 2,5% em consumos.
Por sua vez, o óleo deve ser mudado, de forma geral, a cada 20 ou 30 mil quilómetros e o seu nível verificado a cada seis meses, já que o consumo excessivo exige uma verificação do mecânico. Com a devida manutenção do óleo, o consumo de combustível pelo veículo pode ver uma redução de 1% a 3%.
Fora da estrada
Desde 4 de março que o programa AUTOvoucher foi reforçado, passando dos 5 para os 20 euros por pessoa, uma mudança que resultou em mais 819 mil portugueses inscritos na plataforma num prazo de duas semanas. A medida, em vigor desde novembro de 2021, permite que os contribuintes que realizem compras num posto de abastecimento, ainda que não comprem combustível, recebam um reembolso desde que paguem com cartão bancário. O Governo já anunciou, inclusive, o prolongamento desta medida até abril.
Alexandre Marvão recomenda também “dar prioridade aos transportes públicos” e à “mobilidade ativa”, visto este ser um caminho “incontornável em detrimento da utilização do veículo privado”. Mediante a disponibilidade, o carro pode ser utilizado apenas para as deslocações indispensáveis, e os transportes públicos para as viagens mais frequentes.
Em alternativa, a Deco Proteste propõe a partilha do carro com amigos ou colegas de trabalho, ou mesmo a utilização de aplicações para encontrar pessoas com o mesmo destino e disponíveis para partilhar despesas (em ambos os casos, usar máscara por segurança não será má ideia). Nas grandes cidades, pode ainda tirar proveito de aplicações de micromobilidade com carros, scooters, bicicletas ou trotinetas.
Caso seja imprescindível a utilização do veículo particular, a Deco Proteste recomenda a recorrer aos postos de abastecimento com o preço mais baixo e a acompanhar os descontos através de cartões de fidelização. No entanto, é de evitar os descontos que “obriguem a compras cruzadas, visto obrigarem a realizar compras seguintes de forma a beneficiar do desconto”, esclarece Marvão. O melhor, segundo o responsável, é optar sempre pelos descontos diretos e que sejam acumulativos.
Precisamente neste âmbito, a Deco Proteste realizou um estudo comparativo, em 2012, entre combustíveis premium e low-cost. À data, o estudo não encontrou vantagens na aquisição de combustíveis aditivados, conclusão à qual a entidade acrescentou o comentário que todos os combustíveis vendidos no país têm origem no mesmo produtor. Razão pela qual têm de respeitar critérios que os torna aptos a serem utilizados em segurança.
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