Fim da parceria com Bankia vale 571 milhões, Mapfre exige mais dinheiro

  • ECO Seguros
  • 3 Janeiro 2022

A transação, pelos 51% no negócio Vida e pelo acordo de distribuição não Vida, cifra-se em 571 milhões de euros. A Mapfre quer arbitragem para obter um acréscimo a rondar 52 milhões.

A Mapfre exerceu a opção de venda prevista no acordo de bancassurance que, durante mais de 20 anos, mantinha com o Bankia, entretanto comprado e absorvido pelo CaixaBank. Mas, discordando dos montantes que considera subvalorizados, o grupo segurador vai bater-se por mais.

Para concretizar o fim dos acordos que ligavam Mapfre e Bankia, o grupo segurador vai receber 571 milhões de euros do CaixaBank pelos 51% da empresa conjunta Bankia Vida (BV) e pela resolução do contrato de agência para distribuição de seguros não-Vida nos balcões do Bankia.

Segundo detalha a Mapfre, num comunicado distribuído através do regulador espanhol do mercado de capitais (CNMV), do montante total percebido, 294 milhões de euros representam 100% do valor de mercado (determinado por perito independente) atribuído aos 51% de participação na BV e 225 milhões de euros pelo negócio de não Vida, ao que acresce 10% (+/-52 milhões) que são devidos à Mapfre pelo fim da aliança de bancassurance por força da fusão Bankia-CaixaBank.

Com base na valorização do negócio que desenvolvia com o Bankia, a Mapfre afirma que manifestou à contraparte a sua discordância sobre o valor de mercado atribuído ao negócio Vida (BV). Neste sentido, a Mapfre avisa que vai submeter a transação a uma arbitragem para que, em vez de um prémio de 10%, lhe sejam pagos 20% conforme, afirma, decorre dos contratos resolvidos por via da terminação dos negócios Vida e não Vida. Ou seja, ao invés de 110%, que supostamente inclui valorização e ganhos cessantes com apólices ainda em vigor, a Mapfre pretende ser compensada em 120% pelos negócios de que se desvinculou e espera elevar a receita até aos 623 milhões de euros.

A querela sobre o prémio da transação prossegue defesa da posição assumida pelo grupo segurador já no final de março, quando se concluía a fusão CaixaBank-Bankia.

No mesmo comunicado, a seguradora indica que a operação supõe a contabilização de um ganho líquido de 171 milhões de euros, que poderão ser acrescidos de mais 52 milhões de euros brutos, em 2022, em função do resultado do procedimento arbitral.

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Trump, Ivanka e Donald Jr. intimados por procuradora-geral de Nova Iorque

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2022

As intimações de Trump, do filho Donald Trump Jr. e da filha Ivanka Trump resultam de uma investigação "à avaliação de propriedades pertencentes ou controladas" por Trump e a sua empresa.

O ex-presidente norte-americano Donald Trump e os seus dois filhos mais velhos foram intimados pela procuradora-geral de Nova Iorque, Letitia James, para depor no âmbito da investigação em curso sobre os negócios da família, foi divulgado esta segunda-feira.

As intimações de Trump, do filho Donald Trump Jr. e da filha Ivanka Trump resultam de uma investigação “à avaliação de propriedades pertencentes ou controladas” por Trump e a sua empresa, a Trump Organization, lê-se no documento judicial tornado público esta segunda-feira, citado pela agência noticiosa norte-americana Associated Press (AP).

A tentativa da procuradora-geral de obter o depoimento do ex-presidente norte-americano foi noticiada em dezembro, mas a ação judicial noticiada esta segunda-feira foi a primeira indicação de que os investigadores estão também a recolher informação sobre Ivanka e Donald Jr..

Espera-se agora que os Trumps iniciem procedimentos judiciais para anular as intimações, desencadeando uma disputa legal semelhante à registada no ano passado depois de o gabinete de Letitia James ter intimado outro filho de Trump.

Trump processou James no mês passado, tentando pôr fim à investigação depois de ela o ter intimado a comparecer a 7 de janeiro para um depoimento. A ação judicial de Trump, intentada num tribunal federal, alega que a investigação violou os seus direitos constitucionais “num esforço mal disfarçado para difamar publicamente Trump e os seus associados”.

O processo judicial desta segunda-feira constitui a primeira admissão pública por parte da procuradora-geral de que já anteriormente tinha intimado Trump a depor.

Letitia James, uma democrata, passou mais de dois anos a averiguar se a Trump Organization enganou bancos e autoridades tributárias quanto ao valor dos seus bens, inflacionando-o para obter empréstimos com melhores condições, ou minimizando-o para pagar menos impostos.

A equipa de James inquiriu no ano passado Eric Trump, um dos filhos do ex-presidente e executivo da Trump Organization, como parte da investigação.

O gabinete de James foi a tribunal para impor o cumprimento da intimação de Eric Trump, e um juiz ordenou-lhe que testemunhasse, depois de os seus advogados terem abruptamente cancelado um depoimento previamente agendado.

Apesar de esta investigação, civil, ser separada de uma investigação criminal conduzida pelo ministério público de Manhattan, o gabinete de James tem estado envolvido em ambos.

No início de 2021, o antigo procurador do ministério público, Cyrus Vance Jr., obteve acesso aos registos fiscais antigos do magnata do setor imobiliário, após uma disputa judicial de vários anos, que por duas vezes chegou ao Supremo Tribunal Federal.

Antes de deixar o cargo, no final do ano passado, Vance convocou um novo grande júri para ouvir provas enquanto avaliava se haveria de formular mais acusações com base na investigação, pela qual a Trump Organization e o seu diretor financeiro de longa data, Allen Weisselberg, foram em julho indiciados por fraude fiscal.

Weisselberg declarou-se inocente das acusações que alegavam que ele e a empresa teriam fugido ao pagamento de impostos sobre elevados lucros indiretos pagos a executivos.

Ambas as investigações relacionam-se, pelo menos em parte, com acusações feitas em reportagens e pelo ex-advogado pessoal de Donald Trump, Michael Cohen, de que o multimilionário tinha um historial de deturpar o valor das suas propriedades e bens.

O gabinete da procuradora-geral de Nova Iorque emitiu intimações a administrações locais no âmbito da investigação civil para obter os registos fiscais da propriedade de Trump situada a norte de Manhattan, Seven Springs, e de benefícios fiscais que Trump obteve por colocar terras num fundo de conservação.

Posteriormente, Vance emitiu intimações relativas à obtenção dos mesmos registos.

A procuradoria-geral nova-iorquina tem estado igualmente a analisar questões semelhantes relacionadas com um edifício de escritórios de Trump na cidade de Nova Iorque, um hotel em Chicago e um campo de golfe perto de Los Angeles.

O Gabinete de Letitia James também obteve uma série de decisões judiciais favoráveis obrigando a empresa de Trump e um escritório de advogados que contratou a entregar uma grande quantidade de registos.

Contactados pela AP, os advogados dos gabinetes de Trump e da procuradora-geral de Nova Iorque não prestaram ainda esclarecimentos sobre a intimação hoje conhecida.

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Governo prepara plano B alternativo à venda da Efacec

O Governo queria concluir a venda da Efacec até ao fim de 2021, mas agora já admite ficar com a empresa no universo empresarial público. Decisão anunciada nos próximos dias.

O Governo já está a trabalhar num plano B, alternativo à reprivatização da Efacec, e que passa pela manutenção da empresa no universo da Parpública, para reestruturar e privatizar mais tarde. Depois de semanas de negociações com a DST, a única candidata à compra da empresa industrial, permanecem divergências sobre o refinanciamento e capitalização a realizar pelo Banco de Fomento. A menos de um mês das legislativas, a hipótese de o Governo desistir da venda da Efacec ganha assim força.

Oficialmente, nem o Ministério das Finanças, que tutela a Parpública, nem o Ministério da Economia que partilha a tutela do Banco de Fomento, com o Terreiro do Paço, responderam às perguntas do ECO, mas a promessa de uma decisão sobre a reprivatização até ao final do ano falhou. As negociações continuaram já no início do ano, contudo as divergências mantiveram-se e, de acordo com duas fontes, os contactos entre a Economia, o Banco de Fomento e a DST revelaram que havia pouca confiança num acordo de parte a parte. Como o ECO revelou em primeira mão, em causa está, especialmente, uma linha de 140 milhões de euros, com período de carência de capital e juros, para permitir a redução da dívida da Efacec a 90 milhões de euros, o teto exigido pela DST em função dos resultados operacionais históricos da companhia.

A decisão final poderá ser anunciada ainda esta semana, e a confirmar-se o falhanço da venda da Efacec, o plano B, alternativo, exige uma negociação com a Comissão Europeia, e a Direção Geral da Concorrência, ao abrigo do regime de auxílios de Estado. A Efacec ficaria no universo público, seria nomeada uma nova administração executiva para realizar uma reestruturação para posterior venda noutras condições.

A decisão de reprivatização da Efacec deveria ter sido tomada no primeiro trimestre de 2021, mas o processo foi resvalando com a consequente deterioração das contas da empresa. O ministro da Economia garantiu por diversas vezes que a decisão seria tomada até ao final do ano mas, na última semana de dezembro, o ministro das Finanças disse que as negociações ainda estavam a decorrer e sem prazos definidos. Agora o processo parece ter chegado ao fim. Pelos menos para já, porque Siza Vieira também já frisou que “o Estado não tem vocação para gerir empresas industriais”.

“Se esta proposta não se concretizar, a empresa tem de continuar nas mãos do Estado, sendo que esta não será a melhor maneira para funcionar, perante os desafios que tem pela frente”, acrescentou Siza Vieira, num encontro com jornalistas a 2 de dezembro.

A empresa já recebeu um novo balão de oxigénio depois de ter sido assinado um novo empréstimo de 45 milhões de euros para para garantir o funcionamento da empresa enquanto o processo de reprivatização não era concluído.

Caixa Geral de Depósitos, Millennium bcp, Novobanco e Montepio foram as quatro instituições que formam o novo sindicato bancário que emprestou mais 45 milhões à empresa, confirmou ao ECO Siza Vieira. O Banco de Fomento garantiu 80% do valor do empréstimo através da Linha de Apoio à Economia Covid-19 para empresas exportadoras da indústria e do turismo, com uma dotação de 1.050 milhões.

Este crédito segue-se aos 70 milhões concedidos em agosto do ano passado, também garantidos pelo Estado, e que já estão há esgotados.

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MP arquiva suspeitas de abuso de poder na distribuição manual do Marquês

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2022

O Ministério Público arquivou o inquérito relacionado com a eventual prática de um crime de abuso de poder pela funcionária que atribuiu manualmente o processo Operação Marquês a Carlos Alexandre.

O Ministério Público (MP) arquivou o inquérito relacionado com a eventual prática de um crime de abuso de poder pela funcionária que atribuiu manualmente o processo Operação Marquês ao juiz Carlos Alexandre.

Segundo o despacho de arquivamento, datado de 06 de dezembro, a procuradora Maria Isabel Santos decidiu arquivar o inquérito por considerar não terem sido “recolhidos indícios suficientes da verificação do crime de abuso de poder indiciado, ou outro”.

O despacho de arquivamento, do qual foi dado conhecimento ao Conselho Superior da Magistratura (CSM), refere que “não se logrou demonstrar” que a atribuição manual do inquérito Operação Marquês ao juiz Carlos Alexandre “tenha sido propositada e, muito menos a instâncias de quem, se da própria [escrivã] ou de terceiros”.

Nesta investigação o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa concluiu que essa atribuição “foi manual, não foi presidida por nenhum magistrado, nem presenciada por qualquer outro funcionário do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC)”.

O MP concluiu, contudo, que “não se logrou recolher qualquer indício, testemunhal, documental ou outro, de que a escrivã tenha recebido instruções de qualquer pessoa, magistrado, funcionário ou outro, para atribuir tal processo, bem como diversos outros [processos] ao juiz Carlos Alexandre”.

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CSM assume que investigação da Operação Marquês foi feita à margem da lei

Conselho Superior recusou-se a enviar ao ECO o relatório que revela que não foi feito um sorteio eletrónico do processo Marquês. Foi distribuído diretamente a Carlos Alexandre.

Sete anos depois de Sócrates ter sido detido, em direto para as televisões verem, no aeroporto de Lisboa — no âmbito da Operação Marquês –, o Conselho Superior da Magistratura (CSM) admite que o processo foi parar diretamente às mãos do juiz de instrução, na fase de inquérito, sem passar pelo sorteio eletrónico, como manda a lei, segundo avançou o DN.

Porém, no relatório que o CSM redigiu em novembro, o órgão que fiscaliza a atuação dos juízes fala apenas numa “irregularidade procedimental”. O ECO/Advocatus pediu para consultar esse mesmo relatório, mas a resposta do CSM foi negativa. “Sobre o pedido de acesso ao relatório em questão, informa-se que o mesmo não será disponibilizado. Este foi remetido ao requerente, de acordo com decisão do plenário de dia 9 de novembro de 2021, devidamente anonimizado no que concerne à identidade dos intervenientes”, disse em resposta.

Em abril do ano passado — logo após a decisão instrutória do processo Marquês — o vice-Presidente do CSM, José Lameiras, ordenou a realização de uma “averiguação no sentido de saber se existem, ou não, novos elementos que não sejam do conhecimento do Conselho”, no que toca à distribuição manual feita do processo da Operação Marquês — em 2014, na fase de inquérito — que foi parar às mãos de Carlos Alexandre.

O CSM decidiu agir depois da queixa do juiz de instrução Ivo Rosa — que acabou a pronunciar Sócrates de seis crimes, numa das decisões mais polémicas da história da Justiça portuguesa — em que denunciou que a maioria dos processos que foram parar ao Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC) – onde estavam apenas colocados Carlos Alexandre e o próprio Ivo Rosa — foram distribuídos de forma manual, sem sorteio. O que não é conforme à lei, já que obriga a que estes sorteios sejam eletrónicos, para evitar distribuições arbitrárias. Ivo Rosa vai mais além: explica que esta suspeita recai sobre o período temporal de setembro de 2014 e abril de 2015.

Ou seja, na altura em que o processo, vindo do Ministério Público, foi parar às mãos de Carlos Alexandre – a 9 de setembro de 2014 – que ficou o responsável pelo mesmo na fase de inquérito. E que resultou na prisão preventiva do ex-líder do Governo por quase um ano e numa detenção filmada em direto pelas televisões portuguesas, no aeroporto de Lisboa. No total, foram distribuídos 215 processos, 128 de forma manual, segundo as contas do próprio Ivo Rosa, no despacho de instrução.

Segundo Ivo Rosa, entre setembro de 2014 e abril de 2015, Carlos Alexandre terá recebido 26 processos por distribuição eletrónica, 33 por sorteio manual e 56 por atribuição manual. Já para João Bártolo — o juiz que à época estava no Ticão — foram 26 processos por distribuição eletrónica (sorteio), 38 por sorteio manual e 72 por atribuição manual.

O inquérito — cujas conclusões o ECO teve acesso — defende que esta atribuição ao juiz Carlos Alexandre violou o princípio do juiz natural, princípio que garante a imparcialidade e a independência de quem vai apreciar o processo. Mas assumiu que agora já é tarde para agir porque o procedimento disciplinar já caducou. E justifica que não admite que tenha havido “dolo” nem “má intenção” nesta distribuição manual. Questionado pelo ECO/Advocatus, o Conselho Superior da Magistratura informa que já prestou diversos esclarecimentos sobre o tema não fazendo mais comentários.

A atribuição do processo ao juiz Carlos Alexandre foi executada por uma funcionária judicial sem a presença de nenhum dos dois juízes que então integravam o Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC). A defesa de Sócrates alega que esta funcionária que fez a distribuição “já vinha a trabalhar com Carlos Alexandre há anos” em outro tribunal e que “não era ela que estava para ser nomeada escrivã do TCIC” em setembro de 2014.

Segundo o advogado de José Sócrates, o CSM recusou durante cinco meses a José Sócrates a entrega das conclusões deste inquérito, tendo sido necessário recorrer à Comissão de Acesso aos Documentos Administrativos (CADA), que ordenou que fosse entregue a documentação.

No entender do advogado, a distribuição do processo foi feita por uma funcionária judicial “da absoluta confiança do juiz Carlos Alexandre”.

Pedro Delille lamentou ainda que o órgão máximo de gestão e disciplina da magistratura judicial considere que o sorteio eletrónico dos processos seja obrigatório, mas depois não retire as devidas consequências quando tal não acontece.

O advogado de José Sócrates lembrou que o juiz de instrução Ivo Rosa considerou que havia uma nulidade insanável na forma como o processo foi entregue ao seu colega Carlos Alexandre, mas em vez de tirar consequências, “chutou para canto”.

O advogado do ex-primeiro-ministro admitiu ainda que esta questão possa vir a ser evocada pela defesa no decurso do processo, uma vez que se trata de “uma nulidade absoluta”.

Entretanto, em carta aberta ao CSM divulgada pelo Diário de Notícias, José Sócrates afirmou que “o relatório admite, finalmente, que (…) a distribuição do processo Marquês foi manipulada e falsificada”.

“Não foi feita por sorteio, não foi feita com a presidência de um juiz, não foi feita de modo a garantir igualdade na distribuição de serviço”, realçou o antigo primeiro-ministro, sublinhando que aquilo que aconteceu no dia 09 de setembro de 2014 “foi uma trapaça jurídica com o objetivo de escolher, de forma arbitrária, o juiz do caso”.

“Irregularidade procedimental? Não, senhores conselheiros, o que aconteceu não foi uma irregularidade, mas uma manipulação gravíssima da escolha do juiz por forma a tornar o todo o processo judicial num jogo de cartas marcadas”, escreveu José Sócrates na carta aberta.

José Sócrates tinha sido acusado neste processo pelo Ministério Público, em 2017, de 31 crimes, designadamente corrupção passiva, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e fraude fiscal. No entanto, na decisão instrutória, em abril de 2021, o juiz Ivo Rosa decidiu ilibar José Sócrates de 25 dos 31 crimes, pronunciando-o, para ir a julgamento, por seis crimes apenas.

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As 12 promessas do PS para os próximos quatro anos

São 12 as promessas que os socialistas fazem aos eleitores para ter o voto no dia 30. Há contas certas, convergência com a UE, subida de salários e um piscar de olhos aos médicos e aos professores.

Ao lado de António Costa, Mariana Vieira da Silva revelou as 12 promessas-chave do Partido Socialista para as eleições legislativas antecipadas de 30 de janeiro. Na apresentação desta segunda-feira das linhas gerais do programa eleitoral do PS, a atual ministra da Presidência, que é o braço direito do primeiro-ministro, prometeu “continuidade” do percurso feito até aqui e, depois de “virar a página da austeridade”, quer “virar a página da pandemia”.

Mariana Vieira da Silva explicou que os desafios identificados em 2019 — boa governação, alterações climáticas, demografia, desigualdades e sociedade digital — mantêm-se atuais pelo que o programa eleitoral segue a mesma estrutura. Ainda assim, há uma atualização do programa uma vez que “algumas coisas foram feitas, outras ultrapassadas e há passos novos que queremos dar”, referiu.

Eis as 12 promessas do PS para as eleições:

  1. Convergir em termos económicos entre 2021 e 2026. Crescer por ano em média 0,5 pontos percentuais acima da média da União Europeia (27 Estados-membros) e um ponto percentual acima da média da Zona Euro (19 Estados-membros);
  2. Manter as contas públicas certas. Reduzir, no mínimo, até 2026, o peso da dívida pública no PIB para valores inferiores a 110%;
  3. Alterar o regime de recrutamento, introduzindo fatores de estabilidade reforçada no acesso à carreira de professor;
  4. Prosseguir o trabalho de revisão e generalização do modelo das unidades de saúde familiar (USF), garantindo que elas cobrem 80% da população na próxima legislatura;
  5. Garantir a visitação domiciliária pelos cuidados de saúde primários dos residentes em estruturas para idosos;
  6. Aumentar, até 2026, para 80% o peso das energias renováveis na produção de eletricidade, antecipando em quatro anos a meta estabelecida;
  7. Creches gratuitas, de forma progressiva, até 2024. O primeiro ano em 2022, o segundo ano em 2023 e o terceiro ano em 2024;
  8. Aprovar as alterações legislativas para a Agenda do Trabalho Digno na Assembleia da República até julho de 2022;
  9. Discutir novas formas de equilíbrio dos tempos de trabalho, incluindo a ponderação de aplicabilidade em diferentes setores das semanas de quatro dias;
  10. Aumentar até 2026 o peso das remunerações no PIB em três pontos percentuais para atingir o valor médio da União Europeia (48% do PIB) – aumentar o rendimento médio por trabalhador em 20% entre 2022 e 2026;
  11. Apoiar, até 2026, 30 mil jovens em cursos profissionais nas áreas emergentes e na formação superior nas áreas STEAM (Ciências, Tecnologias, Engenharias, Artes e Matemática);
  12. Aumentar em 25% face a 2017 o número de empresas nacionais exportadoras para atingir um volume de exportações equivalente a 53% do PIB em 2030.

A ministra detalhou algumas das medidas, nomeadamente o compromisso de fazer um referendo à regionalização em 2024 e a implementação de novas medidas para “simplificar o acesso aos fundos europeus”, como o Portugal 2030, cujo acordo de parceria com a Comissão Europeia foi negociado pelo atual Governo mas será assinado pelo próximo.

Mariana Vieira da Silva referiu ainda que o programa eleitoral prevê que se duplique a abrangência do Porta 65, a retoma do acordo de médio prazo sobre os rendimentos acompanhado por um quadro fiscal adequado para as empresas, o aumento do salário mínimo até 900 euros em 2026 e o alargamento do IRS Jovem.

Leia as linhas gerais do programa eleitoral do PS:

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Trabalhadores da Sumol+Compal convocam greve para 12 de janeiro

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2022

Os trabalhadores da Sumol+Compal reivindicam a “reformulação do escalonamento da tabela salarial, quase totalmente absorvida pelo SMN".

Os trabalhadores da Sumol+Compal anunciaram esta segunda-feira a realização de uma greve no próximo dia 12, alegando “intransigência” da administração perante reivindicações como reformulação da tabela salarial e perspetivas de progressão na carreira.

Em comunicado enviado à Lusa, a direção do Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Agricultura e das Indústrias de Alimentação, Bebidas e Tabacos (SINTAB) afirma que, conforme decisão tomada em plenários realizados em novembro nas unidades de Almeirim (Santarém) e de Pombal (Leiria), foi emitido um pré-aviso de greve para o dia 12 de janeiro, com concentrações à porta das duas fábricas e a realização de uma manifestação em frente à Câmara Municipal de Almeirim, com a presença da secretária-geral da CGTP, Isabel Camarinha.

Esta decisão deriva da intransigência que a administração tem demonstrado na recusa da séria negociação da carta reivindicativa apresentada pelos trabalhadores”, afirma a nota.

Segundo o SINTAB, os trabalhadores da Sumol+Compal reivindicam a “reformulação do escalonamento da tabela salarial, quase totalmente absorvida pelo SMN [salário mínimo nacional], e a implementação de perspetivas de progressão de carreira”.

O sindicato alega que a administração da empresa “não tem dado qualquer resposta objetiva, desvalorizando a iniciativa e os próprios trabalhadores”.

O comunicado lembra que, em plenários realizados em novembro, tinha já sido deliberado “o combate à contínua precarização da mão-de-obra, por recurso excessivo e injustificado à prestação de serviços externos e trabalho temporário, bem como a firme oposição aos despedimentos coletivos que a empresa colocou em prática durante os últimos anos”.

Na Carta Reivindicativa então aprovada, era pedida uma valorização do vencimento base em 150 euros, para todos os trabalhadores, para inverter a perda do poder de compra ocorrida na última década, a atualização do subsídio de turno para 25% do salário base, bem como das horas noturnas (de 27,5% para 35% e de 39% para 50%) e do subsídio de refeição para 7,5 euros.

Por outro lado, os trabalhadores querem a adoção de “um sistema de diuturnidades, assente em seis escalões, em que cada escalão represente a permanência de cinco anos na mesma função”, e uma valorização salarial acessória de 50 euros em cada diuturnidade.

Outras reivindicações são a implementação de 25 dias de férias sem penalizações e a redução faseada da carga semanal para 35 horas, “possibilitando aos trabalhadores a melhoria de qualidade da sua vida familiar, conciliando-a com a sua vida profissional, contribuindo para a melhoria dos índices de produtividade da empresa”, afirma o documento.

A greve irá decorrer entre as 23:00 do dia 11 e as 08:00 do dia 13 de janeiro, estando a manifestação em frente à câmara de Almeirim agendada para o período das 14:00 às 16:00 de dia 12.

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PS quer subir salário mínimo nacional para 900 euros até 2026

O PS quer fazer o salário mínimo aumentar 195 euros em quatro anos, dos atuais 705 euros para 900 euros. A promessa foi feita na apresentação do programa eleitoral do partido.

Caso vença as eleições marcadas para 30 de janeiro, o Partido Socialista quer fazer subir o salário mínimo para 900 euros até 2026, de modo a combater as desigualdades. Esta promessa foi deixada esta segunda-feira por Mariana Vieira da Silva, na apresentação das linhas gerais do programa eleitoral do partido liderado por António Costa.

A retribuição mínima mensal garantida está hoje fixada em 705 euros, depois de ter aumentado 40 euros entre 2021 e 2022. Essa foi a segunda atualização deste valor em plena pandemia, tendo sido feita no âmbito da meta do atual Governo de chegar aos 750 euros até 2023.

Convém explicar, contudo, que a reprovação da proposta de Orçamento do Estado para este ano (OE2022) veio colocar em causa esse objetivo, uma vez que, em reação, o Chefe de Estado dissolveu a Assembleia da República e antecipou as eleições legislativas, marcando-as para o próximo dia 30 de janeiro.

Ora, caso vença essa corrida, o Partido Socialista já tem em mente uma nova meta para o salário mínimo nacional, revelou esta segunda-feira Mariana Vieira da Silva. Quer puxá-lo para, pelo menos, 900 euros até 2026.

Na negociação do OE2022, António Costa chegou a prometer subir a retribuição mínima mensal garantida para 850 euros até 2025, revendo-se agora esse objetivo. O objetivo, explicou Mariana Vieira da Silva, é combater as desigualdades, o que passa, disse, pelos rendimentos, pelas qualificações e pela coesão territorial.

No que diz respeito aos rendimentos, Mariana Vieira da Silva defendeu que o salário mínimo deve evoluir de forma “faseada, previsível e sustentável” e acrescentou que o PS quer também fazer subir em três pontos percentuais até 2026 o peso das remunerações no Produto Interno Bruto (PIB), o que “significa aumentar o rendimento médio do trabalhador em 20%, entre 2021 e 2026”, salientou a mesma socialista.

Além disso, o PS quer retomar, caso vença as eleições, o acordo de rendimentos que estava a ser negociado em sede de Concertação Social antes da crise pandémica, prometendo incluir nesse âmbito “um quadro fiscal adequado para que as empresas assegurem, a par da criação de emprego, níveis de valorização salarial, nomeadamente no que diz respeito aos salários médios”. De notar que a fiscalidade é sempre um dos pontos mais destacados pelos empregadores, no que diz respeito à eventual valorização dos trabalhadores.

Ainda relativamente aos impostos, mas quanto às famílias, António Costa comprometeu-se esta segunda-feira a avançar, caso saia vitorioso da ida às urnas, com o desdobramento dos escalões do IRS que estava previsto no OE2022 e que acabou por cair po terra com o seu chumbo, bem como com o alargamento a mais anos e mais jovens do IRS Jovem, que passaria, assim, a abranger os cinco primeiros anos da vida ativa.

Por outro lado, Mariana Vieira da Silva revelou que o PS quer ver aprovadas no Parlamento até julho deste ano as alterações legislativas implicadas na chamada Agenda do Trabalho Digno, que inclui medidas relativas ao trabalho temporário, ao outsourcing e ao trabalho nas plataformas digitais. Este pacote foi aprovado em Conselho de Ministros pouco antes da reprovação do OE2022 e não chegou a tempo de fazer caminho na Assembleia da República, já que este órgão acabou por ser dissolvido.

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Costa promete contas certas e quer baixar dívida pública para 110% do PIB

O candidato do PS a primeiro-ministro apresentou esta segunda-feira as linhas gerais do programa eleitoral com que se candidata às eleições legislativas de 30 de janeiro.

O discurso que deu a vitória ao PS em 2019, após o primeiro excedente orçamental da democracia, mantém-se no centro da retória de António Costa: as contas certas vieram para ficar e os socialistas traçam o objetivo de baixar a dívida pública para menos de 110% do PIB até ao final da legislatura (2026). A promessa foi deixada esta segunda-feira pelo candidato a primeiro-ministro na apresentação das linhas gerais do programa eleitoral do Partido Socialista às eleições de 30 de janeiro.

Temos de chegar a 2024 com uma dívida pública que não ultrapasse os 116% do PIB, o nível pré-pandemia, para que em 2026 o rácio esteja abaixo dos 110% do PIB, protegendo a credibilidade internacional do país“, afirmou Costa, revelando um dos objetivos do cenário macroeconómico subjacente ao programa eleitoral do PS e ao programa de Governo, caso vença as eleições como indicam as sondagens. Segundo o socialista, a redução da dívida pública, antes da pandemia, permitiu uma poupança anual de sete mil milhões de euros em juros para as famílias, empresas e Estado, em comparação com a fatura do serviço da dívida pública e privada em 2015.

Anteriormente, Mariana Vieira da Silva, um dos braços direitos de Costa tanto no Governo como no PS, tinha afirmado que o “objetivo das contas certas mantém-se e é reforçado”. “Não há oposição entre contas certas e crescimento económico“, argumentou a atual ministra da Presidência. E inaugurou o novo leva do PS: Depois de virar a página da austeridade, é preciso “virar a página da pandemia” em 2022.

A mesma ideia foi utilizada por António Costa para pedir novamente uma “maioria” aos eleitores dado que a “questão central” que se coloca neste ato eleitoral “é a governabilidade do país”. “Nas atuais circunstâncias, para garantir a estabilidade e previsibilidade na vida dos portugueses e das portuguesas, é fundamental que haja uma maioria”, afirmou o primeiro-ministro, em linha com o que tem dito nas últimas entrevistas, revelando de seguida para que quer essa maioria.

Costa alertou ainda que “não podemos andar de crise em crise, de Governos provisórios de dois anos“, em linha com o que tem dito o Presidente da República, inclusive na mensagem de Ano Novo. “Sem uma maioria do PS, as medidas do OE2022 não conseguem passar no Parlamento”, reforçou, dando esse argumento para convencer os eleitores a votar em si.

Costa promete medidas do OE2022 com retroativos

Um dos compromissos de Costa para com os eleitores é a execução “integral” das medidas de apoio à família e de incentivo às empresas que estavam previstas no Orçamento do Estado para 2022, cujo chumbo no Parlamento ditou a realização das eleições antecipadas. Costa quer executar as mesmas medidas, caso seja eleito com maioria absoluta, e com retroativos a 1 de janeiro.

Em causa está o aumento extraordinário até 10 euros das pensões até 1.097 euros, o desdobramento do 3.º e 6.º escalão do IRS para diminuir a tributação sobre a classe média, o aumento do mínimo de existência (mais 170 mil agregados familiares ficariam isentos), alargamento do IRS Jovem para cinco anos, a triplicação das bolsas para mestrados, a transição para gratuitidade das creches e a garantia infantil que, segundo Costa, iria retirar da pobreza extrema 120 mil crianças.

Para as empresas havia o fim definitivo do pagamento especial por conta (PEC) e um “forte incentivo ao investimento na modernização” com uma dedução à coleta de 25% das despesas de investimento. Além disso, Costa promete avançar com o “regime mais competitivo de toda a União Europeia para a tributação dos rendimentos da propriedade intelectual” e a “criação de regimes de tributação muito atrativos para a remuneração sobre a forma de planos de participação social nas startups“.

Novo Governo PS será “mais compacto” e uma “task force ao serviço da recuperação do país”

Falando do futuro, o atual primeiro-ministro garante que um novo Governo liderado por si será “mais compacto”, tal como já tinha adiantado recentemente, após ter feito o maior executivo da história da democracia portuguesa. O próximo Governo, caso vença as eleições como indicam as sondagens, “será uma task force ao serviço da recuperação do país”, garantiu, referindo que o foco estará na “recuperação da economia de cada um, das famílias, das empresas”.

Não podemos perder tempo“, alertou, dando destaque à execução na totalidade dos fundos europeus do Portugal 2020, ao arranque “imediato” do Portugal 2030 e à continuação do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Outro dos compromissos de Costa passa pela “redução dos custos de contexto” para as empresas, continuando a aposta no Simplex da administração pública e tornando a justiça económica “mais célere”. O socialista diz que desde 2017 foi possível reduzir em 40% o número de pendências na justiça cível e comercial e que agora é preciso fazer o mesmo na justiça fiscal.

Afirmando que há “mais vida para além da pandemia”, Costa ensaiou o discurso de “esperança” e de “progresso” que quer prometer às “novas gerações”, com foco na “garantia de habitação acessível, do trabalho digno (combatendo a precariedade); do acordo de conciliação da vida pessoal e profissional”, entre outros fatores.

Um dos pontos que mais tem assinaldo nas últimas intervenções é a convergência do peso dos salários em Portugal com a média europeia. Para tal, será necessário, segundo as contas do PS, que os salários cresçam 20% nos próximos quatro anos. Costa admite que esta é uma meta ambiciosa, mas deixou a certeza de que “o aumento dos salários médicos tem de ser sustentado nos ganhos de produtividade”. A aposta será nas “qualificações e inovação para ter bens e produtos de maior valor acrescentado para que haja empresas mais produtivas e uma economia mais competitiva”, garante.

Na área da saúde, deixou a promessa de tornar “mais atrativa” a carreira dos médicos com especialidade em medicina geral e familiar para que atinja a meta — já definida em 2015 mas nunca concretizada — de que todos os cidadãos tenham médico de família.

(Notícia atualizada às 19h45 com mais informação)

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Apple é a primeira empresa a valer 3 biliões de dólares

A tecnológica tornou-se esta segunda-feira na primeira empresa a atingir uma capitalização de mercado de 3 biliões de dólares. Há analistas que acreditam que pode ir mais longe.

A Apple começou 2022 com o pé direito. Na primeira sessão do ano, a cotação chegou aos 182,86 dólares por ação, preço que avalia a tecnológica em 3 biliões de dólares, com os investidores confiantes que vai continuar a apresentar bons resultados. É a primeira cotada a atingir aquele valor de mercado.

A sessão está a ser de ganhos para a empresa liderada por Tim Cook. Os títulos chegaram a um máximo de 182,88 dólares, recuando depois para a cerca de 181,90 dólares, a valorizar 2,6%.

Os resultados do quarto trimestre ficaram abaixo das previsões dos analistas, o que o CEO atribuiu aos problemas nas cadeias de abastecimento. Ainda assim, as receitas aumentaram 29% em relação ao período homólogo, com a Apple a mostrar que continua a ser capaz de crescer em todas as categorias de produtos.

A pandemia acelerou as vendas da empresa, com o trabalho a partir de casa e os confinamentos a aumentarem a procura por produtos como os iPhone, iPad e computadores Mac. As receitas do ano fiscal de 2021 atingiram os 366 mil milhões de dólares, mais 33% do que em 2020.

Uma normalização dos contrangimentos nas cadeias de abastecimento ao longo deste ano pode contribuir para acelerar os números da empresa de Cupertino. Os analistas têm também sublinhado o aumento nas receitas dos serviços, como a Apple Music ou a Apple TV, que avançaram 25,6% no último trimestre.

A aposta da Apple na realidade aumentada e virtual, uma área onde também a Meta Platforms (ex-Facebook) está a investir de forma maçiça, tem sido outro foco dos analistas. É esperado o lançamento de um capacete de realidade virtual da empresa do símbolo da maçã em 2023.

A marca dos 3 biliões é sobretudo simbólica — com uma cotação inferior a 182,86 volta a ficar abaixo daquela avaliação — mas mostra a confiança dos investidores.

Alguns analistas acreditam que a Apple pode ir mais longe. A Morgan Stanley atribuiu à empresa, em dezembro, um preço-alvo para os 12 meses seguintes de 200 dólares por ação. Wamsi Mohhan, do Bank of America Merril Lynch (BofA), elevou a parada até aos 210 dólares, igualando o preço apontado pelo JPMorgan Chase. A avaliação média atual é de cerca de 175 dólares, abaixo da cotação atual.

A empresa norte-americana tinha atingido os 2 biliões de dólares há cerca de 16 meses. Só em 2021 as ações valorizaram 34%.

No campeonato das tecnológicas mais valiosas, segue-se a Microsoft com uma capitalização bolsista de 2,5 biliões de dólares, a Alphabet (Google) com 1,92 biliões, a Amazon com 1,7 biliões.

Notícia atualizada às 20h00

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Sonatrach investe 35.500 milhões até 2026 com Espanha e Portugal ‘na mira’

  • Lusa
  • 3 Janeiro 2022

O grupo petrolífero planeia colocar em serviço, já neste mês, o quarto turbo-alimentador do gasoduto Medgaz, que transporta gás argelino para Espanha e Portugal.

O grupo energético estatal argelino Sonatrach revelou esta segunda-feira que vai investir 40.000 milhões de dólares (35.550 milhões de euros) entre 2022 e 2026 na exploração, produção e refinação de gás, projetos que beneficiarão Espanha e Portugal.

Em declarações à cadeia de televisão argelina AL24 News, o presidente da Sonatrach, Touflik Hakkar, disse que o grupo petrolífero planeia colocar em serviço, já neste mês, o quarto turbo-alimentador do gasoduto Medgaz, que transporta gás argelino para Espanha e Portugal.

Este turbocompressor vai garantir o abastecimento do mercado espanhol de acordo com as quantidades contratuais, estimadas em 10.500 milhões de metros cúbicos, e atender a eventuais solicitações de quantidades adicionais, afirmou o presidente da Sonatrach.

Em novembro de 2021, a Argélia decidiu abdicar da exploração do Gasoduto Maghreb Europa (GME), que atravessa Marrocos, para abastecimento de Espanha e Portugal.

“O nosso plano de investimentos entre 2022 e 2026 é de cerca de 40.000 milhões de dólares, em que 8.000 milhões (7.010 milhões de euros) estão previstos já para 2022”, disse Hakkar.

O presidente da Sonatrach precisou que um terço dos investimentos implicará parceiros internacionais.

“A maior parte [dos investimentos] será consagrada à exploração e à produção, para preservar as capacidades de produção, e ainda a projetos de refinação para responder à procura nacional de combustíveis”, pormenorizou.

Este plano inclui a construção de uma refinaria em Hassi Messaoud (o maior campo de petróleo da Argélia, no centro do país) e uma extensão da já existente em Skikda (nordeste), destinada a converter certos derivados em combustíveis, acrescentou.

As receitas do grupo estatal aumentaram 70% em 2021, graças a um aumento de 19% nas exportações de hidrocarbonetos, indicou Hakkar, especificando que a Sonatrach exportou 34.500 milhões de dólares (30.570 milhões de euros) em 2021 contra 20.000 milhões de dólares (17.720 milhões de euros) em 2020.

Hakkar sublinhou que o preço médio do barril de petróleo andou em torno dos 70 dólares (62,03 euros), mas realçou que a estratégia da Sonatrach tem na base um preço de 50 dólares (44,30 euros), “para evitar qualquer oscilação do mercado”.

Quarta maior potência económica do continente africano, a Argélia está particularmente exposta às variações do preço do petróleo, devido à dependência das receitas petrolíferas, que representam mais de 90% das receitas externas.

Em fins de dezembro, o Banco da Argélia anunciou que a recente recuperação do preço do petróleo permitiu reduzir o défice comercial argelino, que se contraiu “de 10.504 milhões de dólares (9.310 milhões de euros) no final de setembro de 2020 para 1.571 milhões de dólares (1.392 milhões de euros) em setembro de 2021”.

Em 2011, a Sonatrach anunciou um plano de investimentos de 60.000 milhões de dólares (53.170 milhões de euros) para o período 2011/2015, com o objetivo de fortalecer as suas capacidades de produção.

Com o colapso dos preços do petróleo bruto de 2014, o grupo reduziu, no entanto, os investimentos, que foram posteriormente revistos em baixa após o surgimento da pandemia de Covid-19 em 2020 e uma nova queda nos preços do “ouro negro”.

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Vacinar, testar e reforçar a capacidade do SNS. Conheça as medidas para enfrentar a pandemia

Ordem dos Médicos e o Instituto Superior Técnico antecipam o pico da onda entre 20 e 24 de janeiro de 2022, com um número de casos diários que pode atingir os 100 mil e cerca de 2.200 internamentos.

A Ordem dos Médicos (OM) e o Instituto Superior Técnico (IST) propõem um conjunto de medidas para enfrentar a pandemia no início deste ano. Do novo indicador de avaliação da pandemia às medidas de intervenção não-farmacológica, fique a conhecer as sugestões.

De acordo com as instituições, após quase dois anos de atividade é expectável que a pandemia evolua para uma fase terminal e “endémica”, à semelhança da gripe, tal como disse Marcelo Rebelo de Sousa e Lacerda Sales.

No entanto, a Ordem dos Médicos e o Instituto Superior Técnico alertam que, embora se fale em endemia, em Portugal “persiste um excesso de transmissibilidade e de imprevisibilidade sobre gravidade, repercussão nos grupos pediátricos, sequelas e duração da imunidade (natural ou vacinal), além das incertezas do Inverno, da emergência de novas variantes e da ausência de vacinas específicas”.

De acordo com modelos matemáticos, que têm monitorizado a evolução da pandemia e na ausência de alterações significativas de comportamentos da população, “prevê-se o pico da onda atual entre 20 e 24 de janeiro de 2022, com um número de casos diários que pode atingir os 100 mil e cerca de 2.200 internamentos, dos quais até 225 em UCI, e os óbitos não deverão exceder os 30 por dia em média deslizante a sete dias.

De forma a prevenir a gravidade e a letalidade e promover, em segurança, a normalidade social e económica do país, fique a conhecer as medidas da Ordem dos Médicos e do Instituto Superior Técnico.

  • Indicador de Avaliação da Pandemia (IAP): A Ordem dos Médicos e o Instituto Superior Técnico desenvolveram um indicador que permite uma monitorização mais fina e precoce da atividade e da gravidade, fundamentando uma abordagem mais coerente.
  • Vacinação: o objetivo é promover o esquema vacinal completo com reforço (EVC+R) para prevenir inicialmente a gravidade e depois a transmissibilidade. Vacinação de reforço dos vulneráveis; vacinar todos os com 65 ou mais anos (estima-se que num total de 2,3 milhões cerca de 15% não tenham recebido o reforço) e, de seguida, os com idade igual ou superior a 50 anos; Vacinação de reforço com vacina RNAm de todas as pessoas que receberam a vacina da Janssen ou duas tomas da vacina da AstraZeneca; Vacinação de reforço nos vacinados com menos de 50 anos, excluindo as pessoas com duas tomas de vacina RNAm com a 2ª administração há menos de 4 meses, e segundo critérios de exposição profissional e idade; Antecipar a 2ª toma dos 5 aos 11 anos com um intervalo de 3 a 4 semanas entre tomas.
  • Medidas de Intervenção Não-Farmacológica: O objetivo destas medidas é ganhar tempo para vacinar. O uso da máscara deve manter-se em todos os espaços públicos, bem como a lavagem das mãos, a distância de segurança (> 2 metros), o arejamento dos espaços fechados e o teletrabalho, sempre que possível. Recomenda-se evitar aglomerados, concentrações e ajuntamentos, sobretudo para os vulneráveis ou sintomáticos com teste negativo. O Certificado Digital Covid (CDC) mantém-se necessário para aceder ao interior de restaurantes, hotéis ou similares. De acordo com o estado vacinal, pode associar-se ao CDC testes para aceder a ajuntamentos ou espetáculos culturais ou desportivos. A abertura de bares noturnos e discotecas ficará dependente da evolução epidemiológica, da descida sustentada do IAP (exemplo, 80 pontos) e/ou da taxa de cobertura vacinal.
  • Testagem: Os testes devem ser feitos o mais próximo do evento. Os Testes Rápidos de Antigénio (TRAg) nas 24 horas anteriores, os autotestes com validação nas 12 horas antecedentes ou a PCR nas 48 horas prévias. Os indivíduos sintomáticos, mesmo se vacinados, constituem a indicação prioritária de realização de teste. Os testes podem realizar-se para aceder a ajuntamentos ou espetáculos, sendo dispensados os indivíduos com EVC+R há mais de sete dias após o reforço ou com EVC feito com 2 tomas de vacina RNAm há menos de 4 meses após a segunda toma.
  • Abordagem dos casos positivos: O site da Direção-Geral da Saúde (DGS) deve disponibilizar instruções claras e simples de procedimentos para isolamento e autoavaliação (próprio e família) e sinais de alarme para referenciação hospitalar. Os testes PCR ou TRAg não necessitam de confirmação e fazem registo automático no SINAVE para emissão de declaração extraordinária de incapacidade temporária pelo período mínimo de duração. Os doentes em autoavaliação não necessitam de seguimento no Trace Covid-19, com alocação dos respetivos recursos à atividade assistencial habitual, e em caso de dúvidas ou sinais de alarme contactam o SNS24. A duração do isolamento é de sete dias para assintomáticos ou com evolução favorável (sem febre há três ou mais dias e resolução sustentada), sem necessidade de teste final, manutenção das medidas de prevenção e evitando contatos sociais de risco até ao 10º dia. Se critérios de gravidade (internamento) ou nos imunodeprimidos, duração de acordo com a avaliação médica habitual.
  • Contactos com casos positivos: O site da DGS deve incluir instruções simples sobre tipificação de contactos com caso positivo confirmado nas 48 horas anteriores ao início dos sintomas ou à colheita do teste se assintomático. Os contactos de baixo risco devem manter as medidas de prevenção e evitar ajuntamentos e contatos sociais de risco até ao 7º dia. Nos contactos de alto risco deve-se ter em consideração o estado vacinal.Se EVC+R há mais de sete dias ou EVC com 2 tomas RNAm há menos de quatro meses, os procedimentos são iguais aos de baixo risco. Nos restantes indivíduos com contacto de alto risco, o isolamento profilático tem a duração de sete dias com teste PCR ao 7º dia. Em todos os casos de contacto de baixo ou alto risco, há indicação para testagem se aparecimento de sintomas. O pedido de testes e as declarações extraordinárias de incapacidade temporária devem ser emitidos pelos delegados de saúde e/ou SNS24.
  • Outras medidas: Reforço dos meios necessários para assegurar a capacidade de resposta em tempo oportuno, nomeadamente no SNS24, nas equipas de saúde pública, na testagem e centros de vacinação e articular a resposta assistencial com os setores privado, social e militar, incluindo o seguimento de doentes com critérios de gravidade no domicílio, de modo a evitar o agravamento do impacto da pandemia nos doentes não Covid. Disponibilizar de forma regular e transparente dados relativos aos doentes internados e aos falecidos, nomeadamente idade, comorbilidades, estado vacinal, para monitorizar a situação e fundamentar decisões de implementação ou alívio de medidas. Acelerar o acesso a fármacos antivíricos e anticorpos monoclonais (mAB) neutralizantes, com critérios de seleção e de administração, tendo em consideração o valor prognóstico da precocidade. Criação de Programa Nacional para a Condição Pós-Covid-19. Avaliar a dispensa de testes ao 7º dia dos contactos de alto risco sem EVC completo e a redução para cinco dias do isolamento por positividade ou por contacto de acordo com evidência científica, evolução epidemiológica ou do IAP ou taxa de cobertura vacinal. Antecipar a eventual necessidade de uma 4ª dose de vacina de reforço com uma composição mais atual para as novas variantes.

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