Costa descarta imposto sobre lucros extra das empresas

  • ECO
  • 2 Setembro 2022

O Governo terá decidido não avançar com um imposto sobre os lucros extraordinários das empresas. Aposta passará por dialogar e negociar reinvestimentos ou outras obrigações sociais.

O Governo terá decidido não avançar com um imposto especial sobre os lucros extraordinários das empresas, a chamada windfall tax, avança o Público (acesso pago). A medida poderia incidir em setores como a energia e a banca.

A medida está a ser utilizada em alguns países europeus, chegou a ser defendida por alguns setores do PS, incluindo Carlos César, Ana Gomes e Pedro Delgado Alves, bem como pelo ministro da Economia, António Costa Silva, que depois recuou. No entanto, é descartada pelo primeiro-ministro. “Há empresas cuja atividade tem vindo a beneficiar anormalmente pelo facto do aumento dos preços”, admitiu, recentemente, o Chefe de Governo, em reação a declarações de Carlos César, sublinhando, no entanto, que, “para algumas delas, é preciso ter em conta” que já existem “taxas e sobretaxas”.

Neste contexto, a aposta do Governo passará por dialogar com as empresas e negociar reinvestimentos ou outras obrigações sociais. Assim, de acordo com o Público, o Executivo tenciona avançar com uma solução que evite o aumento da carga fiscal sobre as empresas, mesmo para as que têm lucros extraordinários, aguardando pelas decisões europeias. Segundo a Bloomberg, o bloco europeu está a considerar várias medidas de emergência para intervir no mercado da eletricidade, entre as quais a aplicação de um teto sobre os preços e a criação de um imposto sobre os lucros extraordinários.

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Lesados do BPP arriscam “não receber nada”

  • Lusa
  • 2 Setembro 2022

Associação lesados do antigo Banco Privado Português (BPP) criticam pagamento de 160 milhões de euros em juros a favor do Estado pela Comissão Liquidatária.

A associação de lesados do Banco Privado Português (BPP) denunciou esta sexta-feira que estes poderão acabar por “não receber nada ou praticamente nada” devido ao pagamento “injustificado” de juros ao Estado por parte da Comissão Liquidatária (CL) do banco.

Num comunicado, a Privado Clientes refere que “a CL do BPP contabilizou 160 milhões de euros de juros a favor do Estado, com o dinheiro dos credores”, porque, “apesar de dispor de quantia suficiente desde o início da sua atividade, em 2010, esperou mais de dez anos para pagar ao Estado a totalidade da garantia bancária que este concedeu”.

Segundo precisa, “a este valor acrescem ainda os custos contabilizados oficialmente da operação da CL, entre 40 e 50 milhões na sua totalidade”.

“A pergunta que todos fazemos é a seguinte: Se a CL tinha a capacidade financeira de pagar ao Estado, porque não o fez antes? Entre o pagamento dos juros e as despesas da CL, há o risco real de não sobrar nada para os lesados”, afirma o presidente da Privado Clientes, Jaime Antunes, citado no comunicado.

Conforme salienta, “o pagamento dos juros, a acontecer, levará a que os lesados acabem por não receber nada ou praticamente nada de uma massa falida que contava com centenas de milhões de euros no banco”.

“Alguém entende que a CL, tendo centenas de milhões de euros no banco e recebendo zeros de juros, contabilize juros no valor de 160 milhões de euros…?”, questiona.

Considerando que a atuação da CL do BPP “tem resultado sempre em prejuízo dos lesados, cidadãos portugueses particulares”, a associação lembra que, “em 2008, o conselho de administração nomeado pelo Banco de Portugal recorreu à garantia bancária estatal para pagar aos credores institucionais e estrangeiros, discriminando os clientes particulares portugueses”.

Clientes portugueses que “agora, novamente, ficam de fora, com a contabilização de juros no valor de 160 milhões que poderia ter sido evitado”.

Para a Privado Clientes, a garantia bancária estatal “foi transvestida numa aplicação financeira que poderá dar 4% de juros anuais ao Estado, penalizando os credores novamente e de forma injustificada”.

No comunicado, a associação lembra que “a legalidade dos próprios juros” será ainda avaliada no âmbito de um processo pendente e que analisará “a legalidade da garantia prestada pelo BPP ao Estado”, que a Privado Clientes diz ter sido “dada sem apresentação de um plano de recuperação, quando a administração empossada pelo Banco de Portugal em 2008 o deveria ter feito”.

Esta administração esteve em funções até 2010, quando o Banco de Portugal retirou a licença ao banco, nomeando em seguida a Comissão Liquidatária.

O colapso do BPP, banco vocacionado para a gestão de fortunas, começou com a crise financeira de 2008 e culminou em 2010. Apesar da pequena dimensão do banco, a falência do BPP lesou milhares de clientes e o Estado, tendo ainda tido importantes repercussões devido a potenciais efeitos de contágio ao restante sistema quando se vivia uma crise financeira.

O fundador e antigo presidente do BPP, João Rendeiro, e outros ex-administradores do BPP foram acusados de crimes económico-financeiros ocorridos entre 2003 e 2008, na sequência de se terem atribuído prémios e apropriado de dinheiro do banco de forma indevida.

João Rendeiro morreu em 12 de maio numa prisão na África do Sul, onde estava desde 11 de dezembro de 2021, após três meses de fuga à justiça portuguesa para não cumprir pena em Portugal.

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Rússia deverá retomar envio de gás à Europa no sábado. Preços caem 5%

Envio de gás para a Europa através do gasoduto Nord Stream 1 deverá ser retomado no sábado, avança a Bloomberg. Notícia está a levar o mercado europeu a respirar de alívio, pelo menos por agora.

A Rússia deverá retomar no sábado o abastecimento de gás natural à Europa através do gasoduto Nord Stream 1, depois de o funcionamento da infraestrutura ter sido suspenso na quarta-feira para uma aparente manutenção de três dias.

A informação está a ser avançada pela Bloomberg. Citando dados da rede, a agência aponta que o fluxo deverá ser reestabelecido a 20% da capacidade da infraestrutura, como estava planeado.

A notícia é um alívio para os líderes europeus, que temem um corte total no fornecimento deste combustível ao continente por parte de Moscovo, como retaliação pelas sanções impostas para castigar o Presidente russo Vladimir Putin pela invasão da Ucrânia. Nos últimos meses, têm crescido as expectativas de que o Kremlin vai usar o gasoduto para pressionar o continente nos meses de maior frio no inverno.

A informação está a fluir para o mercado, com os futuros holandeses do TTF para entrega em outubro, o contrato de referência europeu, a aliviarem 5,76% na manhã desta sexta-feira, para 229 euros por megawatt-hora (MWh), segundo dados recolhidos pelo ECO na plataforma Barchart. Mas os preços chegaram a cair 9,5%, segundo a Bloomberg, embora tenham recuperado com os investidores a pesarem o risco de novas suspensões no aprovisionamento de gás russo.

A estatal russa Gazprom tinha anunciado uma suspensão de três dias do gasoduto para manutenção, o que levou a uma escalada nos preços do gás na Europa. A subida contagiou os preços da eletricidade, que alcançaram máximos acima dos 1.000 euros por MWh em alguns países da Europa central na semana passada.

Face a este cenário, a Comissão Europeia anunciou estar a preparar medidas de emergência que podem resultar na reforma do mercado grossista europeu. Além disso, os ministros da Energia da União Europeia vão reunir num Conselho extraordinário a 9 de setembro para discutir como responder à crise energética.

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Lisboa contraria Europa na nona sessão consecutiva de perdas. Grupo EDP cai mais de 1%

A bolsa portuguesa caminha para a nona sessão seguida de perdas, em contraciclo com a Europa. A pressionar o índice de referência nacional estão, sobretudo, as cotadas do grupo EDP.

A bolsa de Lisboa arrancou esta sexta-feira em terreno negativo, em contraciclo com a Europa, caminhando para a nona sessão consecutiva de perdas. A pressionar o índice de referência nacional estão as quedas do grupo EDP e da GreenVolt.

Pela Europa, o Stoxx 600 avança 0,6%, enquanto o alemão DAX sobe 1%, o francês CAC-40 valoriza 0,3% e o britânico FSTE 100 soma 0,3%, a par com o espanhol IBEX-35. Lisboa contraria a tendência da generalidade das praças europeias, com o PSI a ceder 0,46%, para 5.934,49 pontos, caminhando para a nona sessão consecutiva de perdas.

A pressionar o índice de referência nacional estão, sobretudo, as cotadas do grupo EDP. As ações da elétrica recuam 1,32% para 4,702 euros por ação, ao passo que a subsidiária EDP Renováveis desvaloriza 1,12%, para 23,75 euros. Ainda pelo setor energético, a GreenVolt cede 1,16%, para 9,40 euros.

EDP pressiona Lisboa

Entre os “pesos pesados” do PSI, nota negativa para a Nos e para os CTT. A empresa de telecomunicações recua 0,16% para 3,708 euros, enquanto os Correios desvalorizam 0,31%.

A Navigator recua 0,41%, para 3,894 euros, enquanto a Semapa perde 1,38%, para 14,30 euros.

Em contraciclo, e a evitar quedas mais expressivas do índice de referência nacional, estão a Galp Energia e a Mota-Engil. Os títulos da petrolífera portuguesa avançam 0,52%, para 10,71 euros, beneficiando da subida de cotações de petróleo nos mercados internacionais. Já as ações da construtora avançam 0,50%, após ter anunciado lucros de 12 milhões de euros no primeiro semestre.

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Hoje nas notícias: Pensões, gás e lucros extraordinários

  • ECO
  • 2 Setembro 2022

Dos jornais aos sites, passando pelas rádios e televisões, leia as notícias que vão marcar o dia.

O Governo vai aprovar na segunda-feira um pacote de apoios ao rendimento das famílias, face aos efeitos da inflação. Em cima da mesa está um aumento extraordinário das pensões. Já o PSD defende baixar o IVA da energia para a taxa reduzida. A marcar o dia está ainda a notícia de que o Executivo descarta criar um imposto especial sobre os lucros das empresas.

Pensionistas deverão receber bónus ainda este ano

O Governo prepara-se para dar um bónus aos pensionistas ainda este ano. De acordo com o Jornal de Negócios, em causa está o recebimento de parte da pensão ainda em 2022, em moldes ainda por definir. O objetivo é atenuar a perda de poder de compra causada pela escalada da inflação, sendo que este aumento não vai impedir a atualização extraordinária de pensões em 2023. A medida deverá estar incluída no pacote de dois mil milhões de euros que o Executivo vai aprovar na segunda-feira, onde estarão incluídas, também, alterações no IRS e no IVA de alguns produtos que reduzem a receita fiscal do Estado, bem como medidas mais direcionadas às famílias com baixos rendimentos.

Leia a notícia completa no Jornal de Negócios (acesso pago).

Costa descarta imposto sobre lucros extra das empresas

O Governo terá decidido não avançar com um imposto especial sobre os lucros extraordinários das empresas, a chamada windfall tax. A medida chegou a ser defendida por alguns setores do PS, incluindo Carlos César, e pelo ministro da Economia, António Costa Silva, que depois recuou. No entanto, é descartada pelo primeiro-ministro. Neste contexto, a aposta do Governo passará por dialogar com as empresas e negociar reinvestimentos ou outras obrigações sociais.

Leia a notícia completa no Público (acesso condicionado).

Governo e Galp foram à Nigéria para assegurar gás

O secretário de Estado da Energia, João Galamba, e o CEO da Galp, Andy Brown, deslocaram-se a Abuja, na Nigéria, para assegurar o cumprimento dos contratos de longo prazo para entrega de gás natural liquefeito (GNL) a Portugal. Estas reuniões acontecem num contexto de várias ameaças às entregas de GNL nos terminais europeus, incluindo Portugal. Já houve cargas de gás nigeriano para entrega ao território nacional, ao abrigo dos contratos de longo prazo da Galp, que foram desviadas para outros mercados.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

PSD quer baixar IVA da energia para 6%

O PSD propõe baixar o IVA da energia — gás, luz e combustíveis — para 6% e vai acrescentar esta medida ao plano de emergência social, a ser apresentado na Festa do Pontal. “Já não dá para esperar mais pelo Governo. O tempo de espera esgotou-se e há folga orçamental para isto”, afirmou o presidente dos sociais-democratas, em declarações ao Expresso. Para o PSD, a descida do IVA deve ser imediata e vigorar durante seis meses, sendo posteriormente reavaliada.

Leia a notícia completa no Expresso (acesso pago).

Altice vende Previsão à Golden Wealth Management

A Altice chegou a acordo para vender a Previsão, a gestora dos fundos de pensões dos funcionários das empresas que deram origem à Portugal Telecom, à Golden Wealth Management, que detém a SGF – Sociedade Gestora Fundos de Pensões, avança o Jornal Económico. O valor do negócio deverá rondar os dois milhões de euros, de acordo com fontes próximas do processo. Esta operação está na ASF – Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões para ser autorizada pelo regulador.

Leia a notícia completa no Jornal Económico (acesso pago).

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Galamba e Brown na Nigéria para assegurar entrega de gás a Portugal

  • ECO
  • 2 Setembro 2022

Secretário de Estado com a pasta da Energia e presidente executivo da Galp foram esta semana à Nigéria para garantir que Portugal recebe o gás natural liquefeito previsto nos contratos de longo prazo.

O secretário de Estado do Ambiente e da Energia, João Galamba, e o presidente da Galp, Andy Brown, foram esta semana à Nigéria para assegurar o cumprimento dos contratos de longo prazo para entrega de gás natural liquefeito (GNL) a Portugal, de acordo com notícias avançadas pelo Expresso (acesso pago) e pelo Público (ligação indisponível).

O governante reuniu com o Governo nigeriano em Abuja, recordando-o da relação de longo prazo entre os dois países no domínio energético e da necessidade de assegurar o aprovisionamento de GNL, no contexto da incerteza provocada pela guerra da Rússia na Ucrânia, refere o Público. A Nigéria é, atualmente, o principal fornecedor de gás a Portugal, com uma quota de 55% até julho.

O Expresso sublinha que já houve cargas de gás nigeriano com destino em Portugal, ao abrigo dos contratos de longo prazo da Galp (conhecidos por take or pay), que foram desviadas para outros países. Além disso, na Nigéria, têm-se registado ataques a oleodutos para roubo de petróleo, o que, segundo o semanário, tem causado constrangimentos também na logística de transporte de gás até ao enchimento dos navios que levam o GNL aos clientes da Nigéria.

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Pensionistas deverão receber bónus ainda este ano

  • ECO
  • 2 Setembro 2022

Governo estuda aumento antecipado aos pensionistas a pagar ainda este ano. Estarão na calha, também, alterações no IRS e descidas de IVA, bem como apoios mais direcionados às famílias vulneráveis.

O Governo prepara-se para aumentar as pensões de forma extraordinária ainda este ano, para atenuar o impacto da inflação no poder de compra dos pensionistas. A notícia foi avançada pelo Jornal de Negócios (acesso pago) esta sexta-feira, que indica que os moldes do aumento ainda estão por fechar.

O jornal refere que está a ser equacionado um bónus que equivale a parte da pensão, a receber até ao final do ano. A decisão não deverá impedir o aumento extraordinário das pensões em 2023, como tem acontecido nos últimos anos, garante a publicação, embora também refira que está por definir se este bónus vai ter impacto nessas contas.

O Executivo reúne num Conselho de Ministros extraordinário na segunda-feira, para aprovar medidas de apoio às famílias no contexto da subida dos preços (as empresas vão ter de esperar até depois de dia 9). O pacote deverá valer dois mil milhões de euros e inclui, segundo o Negócios, medidas que descem a receita fiscal através de mexidas no IRS, mas também no IVA de alguns produtos. Estarão ainda a ser estudados apoios para as famílias com menos rendimentos, que não beneficiariam dessas alterações no IRS.

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Ryanair admite instalar centro de treinos no Porto

  • Lusa
  • 2 Setembro 2022

Companhia aérea quer abrir um novo centro de treinos para pilotos e tripulantes de cabine na Península Ibérica e admitiu que o Porto é uma das hipóteses em consideração.

A Ryanair quer abrir um novo centro de treinos para pilotos e tripulantes de cabine na Península Ibérica e admitiu que o Porto é uma das hipóteses em consideração, avançou o presidente executivo, Michael O’Leary.

“Estamos interessados em abrir um centro de treinos na Ibéria. […] Seria muito bom para nós ter um centro de treinos [na Península Ibérica], mas estamos a falar no Porto, não em Lisboa”, disse o líder da companhia aérea irlandesa, num encontro com jornalistas, nas instalações da Ryanair em Dublin.

O responsável admitiu que o Porto é uma hipótese que está em cima da mesa, uma vez que a companhia tem uma operação expressiva no Aeroporto Francisco Sá Carneiro. A localização ainda não está decidida, mas a decisão deverá ser anunciada ainda este ano.

Questionado sobre se a abertura de um centro de treinos em Portugal seria uma forma de pressionar a TAP e o Governo a libertar faixas horárias nos aeroportos (slots), Michael O’Leary rejeitou a ideia.

“Não faria qualquer diferença para o Governo português ou para a TAP. O Governo português está a perceber que no futuro próximo será forçado a vender a TAP, talvez à Iberia”, disse o responsável da transportadora irlandesa, que tem criticado reiteradamente a ajuda estatal à companhia aérea portuguesa.

Relativamente aos 18 slots de que a TAP teve de abdicar no aeroporto de Lisboa – uma obrigação imposta pela Comissão Europeia, no âmbito do plano de reestruturação que está em curso – e que passaram para a easyJet, concorrente de baixo custo da Ryanair, O’Leary disse que “a Tap não se importa de competir com a easyJet porque ambas cobram tarifas altas”. “Não vamos crescer em Lisboa nos próximos dois anos, porque não há slots”, acrescentou.

O líder da Ryanair criticou ainda o argumento de que o aeroporto de Lisboa está a operar na sua máxima capacidade, com cerca de 20 milhões de passageiros movimentados por ano, caracterizando-o como uma “anedota”. No entanto, “se assim é”, disse, “abram [o aeroporto do] Montijo”. “Com o Montijo aberto, Lisboa iria crescer para 30 milhões de passageiros em cinco anos”, defendeu.

Para o ano corrente, as previsões da Ryanair apontam para 165 milhões de passageiros transportados, caso a conjuntura devido à guerra não se agrave, o que representa uma subida de 15% em relação ao período anterior à pandemia.

Michael O’Leary referiu a “recuperação muito forte este verão”, justificando-a com a decisão de não despedir trabalhadores durante a pandemia, tendo, ao invés, negociado com os sindicatos cortes salariais até 2024, o que, explicou, deixou a companhia irlandesa preparada para a retoma, ao contrário de outras companhias aéreas que fizeram despedimentos.

Questionado sobre a inflação e a perda de poder de compra dos consumidores, o responsável disse acreditar que a Ryanair irá absorver passageiros de outras companhias, por praticar preços mais baixos.

“Até que o custo de vida e os preços de energia estabilizem, penso que as pessoas vão estar nervosas, mas acredito que haverá uma transferência de passageiros de outras companhias para a Ryanair”, afirmou, vincando que “os passageiros vão sempre ter dinheiro para viajar” na sua companhia.

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Intervenção no mercado da eletricidade europeu: quais as opções?

Perante o aumento de custo com a eletricidade, a Comissão Europeia considera intervir no mercado da eletricidade europeu. Conheça alguns dos caminhos possíveis.

A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, anunciou que está a ser preparada uma “intervenção de emergência e uma reforma estrutural” no mercado da eletricidade da União Europeia (UE), tendo em conta os preços galopantes a que se tem assistido um pouco por toda a Europa. Um porta-voz da Comissão acrescentou, um dia depois, que as medidas mais imediatas serão anunciadas dentro de semanas, e a reforma mais estrutural avançará no início do próximo ano. Fonte do setor indica ao ECO/Capital Verde que estão em cima da mesa pelo menos dois tipos de intervenção: um alargamento do chamado “mecanismo ibérico” ao resto do continente europeu e a divisão do atual mercado grossista em dois. Mas há mais hipóteses que podem ser tidas em conta, recolhidas entre especialistas pelo ECO/Capital Verde.

“A Comissão Europeia está a trabalhar em duas questões diferentes: uma intervenção de emergência, a fim de aliviar algumas das questões que surgiram no setor da energia, tendo em conta a agressão da Rússia contra a Ucrânia e as perturbações nos fornecimentos à Europa e o efeito que isso teve nos preços e na Europa, em particular nos preços do gás e, portanto, também nos preços da eletricidade e, em segundo lugar, uma reforma mais estrutural do modelo de mercado da eletricidade”, explicou o porta-voz principal da Comissão Europeia, Eric Mamer.

A questão coloca-se porque, atualmente, o mercado grossista da eletricidade – onde os produtores a vendem aos comercializadores e a grandes consumidores – é um mercado marginalista. Ou seja: a cada hora são colocadas ofertas, das mais baratas – geralmente aquelas com origem renovável – até às mais caras – geralmente, de fonte fóssil – favorecendo as energias mais baratas. No entanto, é a última tecnologia a ser usada, portanto a mais cara do grupo, que define o preço que todos os produtores vão receber.

Num contexto em que os preços do gás natural atingem níveis recorde e que a situação de seca limita a possibilidade do uso de energia hídrica, o gás está a puxar os preços da eletricidade a nível europeu muito para cima, apesar de o anúncio da intervenção ter contribuído para algum alívio.

O atual mercado marginalista, analisa Gonçalo Aguiar, engenheiro electrotécnico e especialista em energia, “incentiva o investimento em tecnologias de baixo custo, pois são estas que lucram mais”, e evita que, como num modelo de licitação (pay-as-bid), os produtores tendam a subir os respetivos preços. Entre as desvantagens conta-se que, ao fazer a remuneração das energias limpas depender do preço do gás, cria-se o que pode ser considerado um incentivo perverso a manter o gás natural escasso e a preços altos, indica a mesma fonte.

Mecanismo ibérico torna-se europeu

Os preços da eletricidade na Península Ibérica têm-se distinguido pela positiva dos preços no resto da Europa, já que a Comissão Europeia permitiu a implementação do chamado mecanismo ibérico: um mecanismo que veio definir um limite aos preços do gás natural que é usado na produção da eletricidade. Esta energia pode assim ser vendida a um preço mais baixo no mercado grossista. Para que os produtores, ou seja as centrais a gás, não fiquem prejudicados com o limite imposto, são compensados com um subsídio, que é pago pelos beneficiários do mecanismo – isto é, aqueles que têm a fatura da eletricidade indexada a este mercado ou qualquer consumidor que tenha renovado o contrato desde que o mecanismo foi anunciado e ditou algum alívio.

A título de exemplo, os preços negociados no mercado ibérico para o dia 31 de agosto, tendo em conta já o custo do mecanismo, situam-se nos 476,39 euros por megawatt-hora, informa a Direção Geral de Energia e Geologia (DGEG). No mesmo dia, de acordo com a plataforma EpexSpot, França conta com um preço de 651,77 euros por MWh e a Alemanha está nos 604,49 euros/MWh.

No entanto, esta medida foi implementada na Península Ibérica tendo em conta as fracas interligações com o resto da Europa e escalá-la pode ter algumas desvantagens: “Sendo este mecanismo implementado a nível europeu é de esperar que a procura de gás aumente e as exportações de eletricidade para fora da UE também. Isto vai colocar pressão nas provisões de gás já formadas para o inverno e provavelmente um aumento nos preços do gás nos mercados internacionais”, indica Gonçalo Aguiar. Por outro lado, “com países altamente interligados no centro da Europa, torna-se muito mais complexo dividir os custos de forma justa”, diz.

Separar o mercado marginalista em dois

Se parte dos problemas do atual modelo estão relacionados com a contaminação dos preços da eletricidade, produzida a partir de fonte renovável com os da eletricidade produzida a partir de gás, uma das possibilidades é separar a negociação da eletricidade com origem em cada uma destas fontes. A vantagem é que a operacionalização não é complexa, avalia fonte do setor.

No entanto, a mesma indica que esta divisão pode reduzir o interesse no investimento em renováveis, já que retira a hipótese de remuneração mais alta que existe hoje, quando as tecnologias fósseis marcam o preço. “O grande problema desta proposta é que responsabiliza o consumidor em escolher que tipo de energia consumir consoante o preço no momento de consumo, também transferindo-lhe o risco de não abastecimento”, aponta, por sua vez, Gonçalo Aguiar, considerando que já existem dois mercados hoje em dia, dada a opção de assinar contratos bilaterais de fornecimento de energia fora do mercado grossista.

Reforçar apoios

Além de mudanças no funcionamento do mercado de eletricidade, pode atuar-se num alívio dos preços com uma redução da carga fiscal, defendem, em consonância, Gonçalo Aguiar e Miguel Checa, o CEO da Goldenergy, em declarações ao ECO/Capital Verde. O primeiro fala ainda de possíveis iniciativas como distribuir apoios sociais pelos mais afetados e da hipótese de usar as receitas das licenças de emissão de dióxido de carbono para reduzir os custos para os consumidores.

Durão Barroso considera que, perante a invasão russa à Ucrânia, a União Europeia deve “fazer algo semelhante ou comparável” à emissão de dívida conjunta, no valor de 750 mil milhões de euros, com que o bloco europeu respondeu à crise pandémica. A emissão de dívida serviria para “ajudar os países com os custos da energia que se podem tornar insuportáveis”.

Contratos longos e preços fixos

A aposta em contratos de fornecimento de gás a longo prazo poderia ajudar a obter preços mais baixos. Em paralelo, pode-se introduzir ou prolongar mecanismos de remuneração fixa aos produtores não gás. Algo como existe em Portugal, essencialmente no universo da energia eólica, as chamadas feed-in tariff – preços fixos a longo-prazo que, durante vários anos, excederam o preço de mercado, mas desde que se verificam os fortes aumentos de preços da eletricidade têm servido como seguro.

Em França, existe ainda um sistema que obriga a cerca de 25% da energia produzida pelas nucleares da EDF a ser vendido aos comercializadores franceses a um preço fixo de 42 €/MWh, exemplifica Gonçalo Aguiar.

Aposta na energia interna

O CEO da Goldenergy vê como uma boa alternativa para o controlo dos preços da eletricidade a aposta na aceleração da concessão de licenças para a instalação de energias renováveis, através de uma desburocratização e aceleração de processos das autorizações administrativas, e o aumento da capacidade de interconexão entre Portugal e Espanha e entre Espanha e França, tanto no que diz respeito ao gás natural e hidrogénio como na eletricidade.

Gonçalo Aguiar sugere ainda que seja considerada a exploração doméstica de gás natural na União Europeia. Por fim, Miguel Checa entende como relevante o fomento de medidas de eficiência energética e o reforço do financiamento do autoconsumo.

Nacionalizações

“Precisamos ter o controlo total da produção e do nosso futuro energético. Devemos garantir a nossa soberania diante das consequências da guerra e dos desafios colossais à frente”, afirmou a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, no anúncio da decisão de nacionalizar a francesa Electricite de France.

França reservou 9,7 mil milhões de euros para avançar com a nacionalização desta empresa, que já detinha em 85%. Contudo, “seria demasiado complexo e caro para o orçamento dos Estados adquirir as empresas energéticas de todo o continente europeu, principalmente quando existem empresas detidas por capitais estrangeiros”, considera Gonçalo Aguiar, ao mesmo tempo que relembra o efeito negativo que estas iniciativas poderiam ter em termos de investimento estrangeiro na Europa.

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Work-life balance? Sete políticas a que os departamentos de RH devem estar atentos

Saiba como pode implementar no departamento de RH políticas e iniciativas que contribuam para limitar os fatores de stress no trabalho e, ao mesmo tempo, fomentar o work-life balance.

Se, para alguns profissionais, o trabalho termina no final da jornada horária contratualizada, para outros, estende-se para lá do horário de saída e entra pelo fim de semana, dias de férias e até noites em que se está com a família. Mais cedo ou mais tarde, estes profissionais vão sentir o impacto e a sintomatologia do stresse.

Situações de stress continuadas no tempo levam a processos de burnout, com custos para os profissionais, empresas e economia. Portugal é um dos países da Europa onde os profissionais mais dizem sentir-se em risco de burnout.

Os departamentos de recursos humanos precisam de se envolver e conhecer melhor os hábitos de trabalho dos colaboradores, prevenindo riscos de stress acrescido que comprometam o seu bem-estar pessoal que, por sua vez, se reflete negativamente na produtividade do trabalho”, sugere a Adecco.

Eis sete sugestões que os empregadores podem implementar nas suas políticas de recursos humanos para limitar os fatores de stress no trabalho e, ao mesmo tempo, fomentar um maior equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal dos seus colaboradores:

1. Fornecer algumas regalias

“Não há nenhum profissional que não gostasse de receber benefícios da empresa, tais como inscrição em ginásios, massagens, dias de folga como prémio de desempenho, bilhetes de cinema… Iniciativas simples, que sejam ajustadas às características das pessoas.”

2. Oferecer trabalho remoto ou flexibilidade

Ter um ambiente de trabalho remoto ou flexível é um fator cada vez mais valorizados pelos profissionais, e até mesmo já uma das exigências de muitos candidatos a uma nova posição, em particular entre os mais jovens. “Esperam que o empregador tenha a confiança de que vão desenvolver o seu trabalho, independentemente de onde e quando o fazem”, esclarece a Adecco Portugal.

3. Criar uma política de tempo livre pendente

“Querer tirar algum tempo livre, uma tarde de folga, sair uma hora mais cedo, por exemplo, não significa que uma pessoa seja preguiçosa. Pode apenas precisar de ‘respirar’ e fazer uma pausa não programada em calendário de férias. Na realidade, os profissionais que tiram férias com mais frequência estão mais satisfeitos com o seu trabalho. O tempo livre é um indicador importante do nosso bem-estar, incluindo o empenho no trabalho, criatividade e satisfação conjugal.”

4. Encorajar pausas obrigatórias

Para além das férias, os recursos humanos devem assegurar-se de que todos fazem pausas obrigatórias, pelo menos dois intervalos de 15 minutos por dia e uma pausa para almoço. É saudável encorajar os empregados a encontrar uma forma de trabalhar diferente, ou a mudar-se para uma parte diferente do escritório, uma vez que uma mudança de ritmo pode levar a uma maior produtividade.

5. Aumentar o apoio aos pais

É comum as empresas perderem grandes talentos porque não conseguem satisfazer as suas necessidades de prestação de cuidados aos filhos. “Tanto as mães como os pais querem passar mais tempo com os seus filhos, mas isso nem sempre é fácil quando são obrigados a fazer horas extraordinárias. É essencial ser flexível no que toca à parentalidade, pois é uma das formas mais bem-sucedidas de promover o equilíbrio trabalho-vida”, aponta a recrutadora.

6. Encorajar a inclusão

Se os colaboradores virem os seus colegas, gestores e equipas de recursos humanos a trabalhar fora de horas, é muito provável que se sintam pressionados a fazer o mesmo. Por isso mesmo, os líderes devem liderar pelo exemplo, abstendo-se de abordar os seus colaboradores após o horário de trabalho. Regra de ouro: nada de e-mails, sugere a recrutadora.

7. Arranjar tempo para o voluntariado

Ações de voluntariado podem ser, também, uma forma de fomentar o bem-estar e a motivação entre os colaboradores. “Os valores de uma empresa são um dos tópicos mais atrativos para millennials e geração Z. A remuneração é um fator importante, mas se a empresa não oferece mais do que um ordenado, desinteressam-se e não se revêm nos valores da organização”, esclarece.

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“Estados Unidos estão a descobrir Portugal” e batem recorde de turistas

Segurança, qualidade de vida e hospitalidade estão a conquistar turistas dos Estados Unidos para Portugal e a confirmá-los como maior mercado não-europeu.

Nunca houve tantos turistas dos Estados Unidos a visitarem Portugal como em julho. No sétimo mês do ano entraram no país 183.215 hóspedes com passaporte norte-americano, superando o recorde registado em junho (181.869 hóspedes) e que já correspondia ao máximo da série do Instituto Nacional de Estatística (INE), iniciada em 2013.

“Os Estados Unidos estão a descobrir Portugal. Até há poucos anos, era um país desconhecido e não havia muita noção de ser um país europeu. A realidade alterou-se profundamente e agora Portugal está no mapa dos norte-americanos. É identificado como país seguro, com boa qualidade de vida e também para viver e para trabalhar”, justifica ao ECO Graça Didier, secretária-geral da Câmara do Comércio Americana em Portugal (AmCham Portugal).

A tendência de crescimento de turistas norte-americanos em Portugal “já estava a acontecer antes da covid”. Em 2019, houve 1.202.247 hóspedes dos Estados Unidos, que praticamente ultrapassaram o mercado brasileiro (1.281.675). Em 2022, primeiro ano de normalidade pré-pandemia, os Estados Unidos deverão ficar à frente do Brasil como primeiro mercado turístico não-europeu: até julho, houve 766.335 norte-americanos a visitarem Portugal – contra 495.880 do Brasil.

Os Estados Unidos estão a descobrir Portugal. Até há poucos anos, era um país desconhecido e não havia muita noção de ser um país europeu. A realidade alterou-se profundamente e agora Portugal está no mapa dos norte-americanos. É identificado como país seguro, com boa qualidade de vida e também para viver e para trabalhar

Graça Didier

Secretária-geral da Câmara do Comércio Americana em Portugal

Ao ultrapassarem o Brasil, os Estados Unidos também passarão a ser o quinto país com mais turistas em Portugal, apenas atrás do Reino Unido, Espanha, Alemanha e França.

Nos primeiros sete meses do ano, o Reino Unido teve mais hóspedes (1.196.174), seguido de Espanha (1.086.137), França (825.003) e Alemanha (794.772).

Em 2019, os Estados Unidos eram a “quinta maior fonte de receita do turismo por país de origem, com uma percentagem de 7%”, segundo o Barómetro das Empresas Americanas em Portugal, publicado em outubro de 2020.

Paisagens virgens conquistam

O recorde de turistas dos Estados Unidos em Portugal ocorre numa altura em que o dólar e o euro têm estado praticamente em paridade, ajudando os norte-americanos a gastarem mais dinheiro em Portugal. Mas esse fator não é um dos principais motivos para tantos norte-americanos visitarem o país.

“Os americanos gostam do que veem. Portugal tem história e cultura, condições privilegiadas de clima, hospitalidade e os portugueses em geral falam inglês. Também há muitos locais que ainda são virgens, como a Costa Alentejana e o Douro”, salienta a secretária-geral da AmCham Portugal.

Portugal também atrai norte-americanos por causa do turismo de cruzeiros e dos voos diretos, proporcionados pela TAP, United e Delta. A distância física de Portugal para a guerra na Ucrânia também favorece a captação de turistas norte-americanos, acrescenta a mesma responsável.

Os americanos gostam do que veem. Portugal tem história e cultura, condições privilegiadas de clima, hospitalidade e os portugueses em geral falam inglês. Também há muitos locais que ainda são virgens, como a Costa Alentejana e o Douro

Graça Didier

Secretária-geral da Câmara do Comércio Americana em Portugal

Graça Didier acredita que o mercado norte-americano “não vai parar de crescer” e antecipa mais recordes de turistas nos próximos meses. “A pandemia adiou muitos planos de viagem, que agora estão a ser retomados de forma muito rápida e concentrada.”

Mais países batem recordes

Entre os 17 países com mais turistas em Portugal, houve mais seis casos com recorde de hóspedes: Bélgica, Irlanda, Suíça, Dinamarca, Chéquia e Roménia registaram máximos de sempre no mês de julho. Com 52.009 hóspedes, a Bélgica superou o recorde de julho de 2018 (50.639 turistas).

A Irlanda (61.279 visitantes) bateu o máximo de turistas pelo segundo mês consecutivo, depois de em junho ter tido em Portugal um total de 59.481 nacionais. Na Suíça (48.033 hóspedes), o anterior máximo datava de julho de 2019 (39.811 visitantes). Na Dinamarca (24.546 turistas), o anterior recorde era de julho de 2017 (20.921). A Chéquia teve 14.591 visitantes em Portugal em julho, superando os 11.623 hóspedes de maio de 2022. A Roménia chegou pela primeira vez aos cinco dígitos (10.053 nacionais), ultrapassando o recorde de agosto de 2017 (9.771).

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Alívio na inflação? Só a partir do próximo ano, preveem economistas

Os economistas apontam que a inflação deverá persistir elevada nos próximos meses, apesar do alívio em agosto. Quando vai a subida dos preços dar tréguas aos consumidores?

O panorama da inflação mudou de forma drástica no último ano. Se no verão do ano passado rondava os 1,8%, agora está nos 9%, provocando um rombo no bolso dos portugueses. A estimativa rápida do INE dá conta, no entanto, de uma ligeiríssima descida em agosto. Será que chegámos ao pico e a tendência vai inverter-se ou estamos perante uma mera pausa antes de uma nova subida?

As taxas de variação homólogas já vinham a subir desde o outono do ano passado, mas foi depois da guerra na Ucrânia que o paradigma se alterou por completo. A inflação acelerou até aos 9,1% em julho, o nível mais elevado desde novembro de 1992, há praticamente três décadas, puxada sobretudo pelos produtos energéticos e bens alimentares, os setores onde a oferta foi mais constrangida pelo conflito.

Os 9% indicados pela estimativa rápida do INE para agosto e a variação mensal de -0,3% alimentam a expectativa de que se esteja a atingir um pico e que a tendência se poderá inverter. Os economistas consultados pelo ECO consideram, no entanto, que o alívio ainda poderá demorar alguns meses.

A inflação deverá manter-se pressionada em torno dos valores atuais pelo menos até final do ano, inícios de 2023. Este comportamento deriva não só das perspetivas para os preços da energia como também dos alimentares, afetados pela seca e reduzidas colheitas”, aponta Paula Carvalho, economista-chefe do BPI.

“O abrandamento da inflação em termos homólogos foi muito ligeiro, de apenas 0,1 ponto percentual, e os efeitos de base vão continuar a ser pouco favoráveis nos próximos dois a três meses”, afirma também Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa.

É provável que a inflação esteja em redor do seu pico, mas pode permanecer elevada durante alguns meses mais, ainda por inércia de algumas classes, e muito dependente da evolução dos preços da energia.

Rui Constantino

Economista-chefe do Santander

É provável que a inflação esteja em redor do seu pico, mas pode permanecer elevada durante alguns meses mais, ainda por inércia de algumas classes, e muito dependente da evolução dos preços da energia”, considera Rui Constantino, economista-chefe do Santander. “Temos assistido a uma descida dos preços do petróleo, mas menor dos derivados (gasóleo e gasolina), enquanto os preços da eletricidade e gás natural ainda estão sujeitos a riscos relacionados com o fornecimento de gás russo, apesar da dependência marginal dessa fonte em Portugal”, acrescenta.

Gás natural, medidas do Governo e rendas

A energia promete continuar a puxar pela inflação. A partir de outubro entram em vigor aumentos significativos no gás natural. Na EDP, a fatura das famílias aumentará, em média, 30 euros, a que acrescem 5 a 7 euros em taxas e impostos. A Galp estima um agravamento de oito euros no segmento mais representativo de clientes (o terceiro este ano), sem impostos.

As cerca de 200 mil famílias que estão no mercado regulado (uma minoria entre os 1,2 milhões clientes domésticos) terão uma atualização de 3,9% em outubro, ainda assim mais suave do que no mercado liberalizado. O Governo vai, de resto, permitir que os clientes passem temporariamente para o regulado para atenuar o impacto.

Em termos mensais, o número que mais interessa para aferir a tendência, a variação foi negativa de -0,3%, (…) mas a aproximação do inverno e a crise energética na Europa, nomeadamente do gás natural, poderá reverter novamente esta tendência.

Paulo Rosa

Economista sénior do Banco Carregosa

“Em termos mensais, o número que mais interessa para aferir a tendência, a variação foi negativa de -0,3%, a beneficiar da queda dos preços do produtos energéticos de 4,93% em agosto, mas a aproximação do inverno e a crise energética na Europa, nomeadamente do gás natural, poderá reverter novamente esta tendência“, assinala Paulo Rosa.

Na eletricidade ainda poderá haver surpresas. A Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) poderá realizar uma revisão extraordinária das tarifas reguladas da eletricidade para o quarto trimestre, de forma a refletir a subida do preço no mercado. Até 15 de outubro serão anunciadas as tarifas para 2023.

Este mês ficou também a saber-se que a partir de janeiro as rendas poderão ser atualizadas em 5,43%. Paula Carvalho considera, no entanto, que será “sobretudo um elemento de persistência pois esta é uma das rubricas tipicamente menos voláteis. O seu peso direto é moderado, 4,2% do Índice de Preços no Consumidor, segundo o INE”.

Existe ainda o receio de que as medidas que o Governo vai anunciar ou o próximo Orçamento do Estado contribuam para sustentar a inflação. É já na próxima segunda-feira que o Conselho de Ministros irá aprovar o pacote de apoio ao rendimento das famílias. A preocupação foi expressa pelo governador do Banco de Portugal na quinta-feira: “Volto a apelar para que não sejam promovidas medidas pró-cíclicas que depois possam vir a ser corrigidas com outras medidas”, avisou Mário Centeno, pedindo “paciência” em relação à inflação.

Se o Índice de Preços no Consumidor (IPC) total terá registado uma ligeiríssima descida em agosto (o valor definitivo só deverá ser conhecido no dia 12), o indicador de inflação subjacente, que excluiu produtos alimentares não transformados e energéticos, voltou a subir, atingindo os 6,5%. Um sinal de que a inflação continua a passar para outras categorias de bens e serviços. Temos assistido a fortes contributos dos transportes (por efeitos indiretos dos preços da energia), mas também no setor de restaurantes e hotéis, com a recuperação no turismo a refletir-se na subida de preços. Em julho (último mês com detalhes disponíveis) os preços nesta classe subiram 14,8% em termos homólogos, com um contributo de 1,2 pontos percentuais para a inflação”, assinala Rui Constantino.

Outro fator a ter em conta é a evolução dos salários. “Os assalariados têm sido dos mais penalizados e pretendem reposição do poder de compra, sendo provável nos restantes meses do ano negociações visíveis, pelo menos no setor público, entre sindicatos e patrões, pelo que uma subida dos salários será mais um custo acrescido para as empresas e a espiral inflação/salários é cada vez mais uma realidade”, destaca Paulo Rosa. “Sendo assim, é de esperar que a subida dos preços, que tem sido mais visível nos bens, se estenda também aos serviços que respondem pela maioria dos assalariados portugueses“, acrescenta.

O economista-chefe do Santander também refere “os riscos associados a efeitos de segunda ordem, como os decorrentes da evolução dos salários”.

Todavia, admitindo que os preços destas ‘commodities’ – sobretudo gás e petróleo – nos mercados internacionais registem pelo menos alguma estabilização em 2023, admitimos que será de antecipar uma redução mais expressiva da inflação em Portugal nos primeiros meses de 2023.

Paula Carvalho

Economista-chefe do BPI

Quando vai a subida dos preços dar tréguas aos consumidores?

Com a ressalva de que a guerra e os seus impactos são uma variável impossível de prever, os economistas acreditam que o próximo ano trará o tão desejado alívio na inflação.

“Existe uma incerteza significativa em relação ao comportamento futuro da inflação sobretudo pela incerteza e pressão que rodeia os fornecimentos de energia na Europa”, começa por assinalar Paula Carvalho. “Todavia, admitindo que os preços destas commodities – sobretudo gás e petróleo – nos mercados internacionais registem pelo menos alguma estabilização em 2023, admitimos que será de antecipar uma redução mais expressiva da inflação em Portugal nos primeiros meses de 2023“.

Em termos homólogos, os efeitos base começam a ter um contributo positivo mais visível a partir do início do próximo ano e poderemos assistir ao alívio a partir desta altura, mas sempre dependente da evolução da guerra na Ucrânia, diz também Paulo Rosa.

Rui Constantino atira o calendário mais para a frente. “Considerando a dinâmica sazonal dos preços, assim como a atual curva de futuros para o petróleo, a inflação deverá desacelerar de forma mais percetível a partir do segundo trimestre de 2023“, afirma o economista-chefe do Santander.

A travagem da atividade também contribuirá para estabilizar os preços. “Uma desaceleração económica, ou potencial recessão, abrandaria a procura e o seu reequilíbrio em relação à atual oferta mais escassa poderia refrear a inflação”, aponta Paulo Rosa. A subida dos juros pelo BCE, aumentando o preço do crédito, terá também esse impacto.

“A inflação aumenta sempre que a procura agregada seja superior à oferta agregada, sendo talvez a maior ineficiência económica”, sublinha o economista do Banco Carregosa. Pelas más razões, a procura terá tendência para diminuir nos próximos meses. A última projeção do Banco de Portugal, atualizada em junho, aponta para uma taxa média de 2,6% em 2023, bem abaixo dos 6,3% estimados para este ano.

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