As perguntas a que o chairman da TAP vai ter de responder na comissão de inquérito

Manuel Beja é ouvido esta terça-feira na comissão de inquérito à TAP, numa altura em que as polémicas em redor da companhia incendeiam o país político.

As polémicas que marcaram as presenças da CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, e de Alexandra Reis na comissão parlamentar de inquérito à companhia aérea, corroendo a imagem do Governo, vão reemergir esta terça-feira na audição do presidente do conselho de administração. Manuel Beja deverá repetir que seguiu indicações da tutela e contestar a demissão por justa causa anunciada pelo Governo.

O chairman assinou em conjunto com a CEO da TAP o acordo de cessação de funções da antiga administradora Alexandra Reis, que a Inspeção-Geral de Finanças (IGF) considerou ilegal, por violar o Estatuto do Gestor Público. A 6 de março o ministro das Finanças anunciou a sua demissão, que aguarda ainda pela conclusão formal do processo.

Será a segunda presença do chairman da TAP no Parlamento, depois de em junho de 2022 ter sido ouvido sobre o andamento do plano de reestruturação da companhia aérea na Comissão de Economia e Obras Públicas, Planeamento e Habitação.

Manuel Beja, que foi gestor da Novabase antes de entrar para a companhia aérea, deverá contestar a demissão por “justa causa” invocada pelas Finanças, argumentando que seguiu a determinação do Ministério das Infraestruturas e a avaliação legal de uma sociedade de advogados de “primeira linha”.

Estes são alguns temos sobre os quais o chairman deverá ser questionado:

A resposta da TAP preparada pelas infraestruturas e os voos de Marcelo

Na audição a Christine Oumières-Widener, na semana passada, Bernardo Blanco, da Iniciativa Liberal, revelou que os esclarecimentos da TAP pedidos pelas Infraestruturas e as Finanças, após a notícia da indemnização de 500 mil euros, foram elaborados em conjunto com o secretário de Estado… das Infraestruturas. Segundo explicou o deputado ao ECO, Manuel Beja fez a ponte entre a TAP e Hugo Mendes, pelo que será questionado acerca deste tema.

A Iniciativa Liberal quer saber também mais pormenores sobre a alteração de voos da companhia aérea em que seguia o Presidente da República, outro dos tópicos que tem suscitado polémica. Na audição à CEO da TAP, Bernardo Blanco afirma que nos e-mails trocados com o secretário de Estado das Infraestruturas é dito que esse expediente já tinha usado, em janeiro, mas o voo terá sido cancelado devido à variante Ómicron. O chairman também estava em cópia nas missivas. Christine Ourmières-Widener respondeu na terça-feira passada que não se recordava de outra situação além da já noticiada, referente a um voo em fevereiro, que acabou por não ser alterado.

Quando soube da intenção de demitir Alexandra Reis e qual o envolvimento no processo?

Na reunião que teve com a Inspeção-Geral de Finanças no âmbito do relatório desta entidade sobre a saída da antiga administradora, Manuel Beja disse que não tinha visibilidade da total amplitude dos desalinhamentos existentes entre a CEO e Alexandra Reis no seio da comissão executiva, porque não participava nas reuniões.

Identificou alguns pontos de diferença de opinião, já explanados por ambas, como a conversão em capital do empréstimo de 1,2 mil milhões de euros, uma peça essencial do plano de reestruturação e que mereceu o voto contra de Alexandra Reis, a mudança de sede ou a contratação de novos diretores, em particular estrangeiros.

Segundo a ata da reunião entre o chairman e a IGF, Manuel Beja declarou quefoi a CEO que, no final de janeiro de 2022, lhe comunicou que estava a ser negociada a saída da engenheira Alexandra Reis da empresa, não tendo o presidente do conselho de administração tido qualquer intervenção no processo”.

Na audição realizada a semana passada, a CEO da companhia aérea afirmou que quer o chairman quer o administrador financeiro (CFO) estiveram a par da intenção de afastar a futura secretária de Estado do Tesouro desde o início do processo. Christine Ourmière-Widener diz que comunicou no início de janeiro a vontade de reorganizar a comissão executiva criando a posição de chief strategy officer, referindo que entendia que Alexandra Reis não tinha o perfil adequado para a ocupar. Isso mesmo foi comunicado ao Ministério das Infraestruturas no dia 4 daquele mês. No dia 18, enviou uma proposta à tutela setorial com a reorganização e dia 19 ao chairman e ao CFO.

O momento em que teve conhecimento da vontade em afastar a CEO e o envolvimento no processo serão, por certo, alvo do escrutínio dos deputados.

Há motivo para justa causa?

À IGF, Manuel Beja disse que quando percebeu que se podia estar a caminhar para uma rutura entre Christine Ourimère-Widener e Alexandra Reis, procurou partilhar a sua visão com os responsáveis pela tutela setorial, nomeadamente o ex-secretário de Estado das Infraestruturas e o ex-ministro das Infraestruturas e Habitação, mas não teve recetividade. Não são conhecidos detalhes sobre esta iniciativa do chairman.

Ainda que o presidente do conselho de administração deva fazer a ponte com as duas tutelas da TAP – o Ministério das Infraestruturas e das Finanças –, o processo foi conduzido pela CEO com o então secretário de Estado das Infraestruturas, Hugo Mendes. Manuel Beja intervém na fase final, assinando com Christine Ourmières-Widener o acordo com Alexandra Reis, que inclui a indemnização de 500 mil euros brutos.

O chairman diz que se limitou a seguir a indicação do Governo. No contraditório, enviado à entidade de auditoria do Ministério das Finanças, sublinha a “essencialidade que para mim sempre revestiu a concordância por parte do acionista (…) em relação aos passos contratuais que estavam a ser dados no sentido de fazer cessar as relações contratuais com a Eng.ª Alexandra Reis”.

Num comunicado divulgado após o anúncio da sua demissão, através da rede social LinkedIn, Manuel Beja já referira que “foi de boa-fé e segundo a instrução da tutela” que cumpriu o seu “dever de lealdade na implementação de uma decisão (a composição do CA) que é legitimamente tomada pelo acionista“.

O comunicado aos investidores com a renúncia de Alexandra Reis

O administrador financeiro, Gonçalo Pires, referiu na sua audição que o texto do comunicado ao mercado a dar conta da “renúncia” de Alexandra Reis, assinado por si, foi-lhe remetido por Manuel Beja. A informação aos investidores acabaria por ser corrigida por exigência da CMVM, para deixar claro que a saída da antiga administradora partiu de uma iniciativa da TAP e foi negociada. O presidente do regulador é ouvido na quinta-feira.

Como funcionava a articulação entre a TAP e o Governo

Manuel Beja também será questionado sobre a articulação entre a administração da TAP e os ministérios que tutelam a companhia. Este é um dos pontos em que o PSD irá procurar mais esclarecimentos, segundo indicou ao ECO o deputado Hugo Carneiro. Christine Ourmières-Widener afirmou, na resposta à Direção-Geral do Tesouro e Finanças sobre o projeto para a sua demissão, que recebeu indicações para o canal de comunicação ser unicamente o Ministério das Infraestruturas (MIH), como noticiou o Observador. “Segundo a prática, a comunicação entre a TAP e os representantes do acionista, na maior parte dos temas, acontecia entre a TAP e o MIH”, disse Manuel Beja à IGF.

Os problemas de governança na TAP e o Estatuto do Gestor Público

Na publicação no LinkedIn mencionada acima, o presidente do conselho de administração da companhia aérea sublinha também que a saída de Alexandra Reis “reflete problemas de governança na empresa”. Nem a intenção da CEO de reorganizar a equipa de gestão nem o processo de saída de Alexandra Reis passaram pelo conselho de administração ou a comissão executiva. Além disso, a autorização de Hugo Mendes ao valor da indemnização foi dada por Whatsapp.

Manuel Beja poderá ser questionado também sobre a inobservância do Estatuto do Gestor Público, seja no processo de saída de Alexandra Reis, seja na ausência de contratos de gestão celebrados com os administradores. Este tem sido um tema recorrente nas audições.

Plano de reestruturação e encerramento da ME Brasil

A presença do presidente do conselho de administração será aproveitada para colocar também questões sobre o plano de reestruturação da transportadora aérea. Um dos pontos que o PSD quer esclarecer é o encerramento da Manutenção e Engenharia Brasil, que obrigou a TAP a reconhecer perdas de mil milhões de euros nos resultados de 2021.

Qual o teor das reuniões com Alexandra Reis, já como Secretária de Estado?

Depois de sair da TAP, Alexandra Reis foi presidente da NAV Portugal e foi convidada por Fernando Medina para Secretária de Estado do Tesouro, tomando posse a 2 de dezembro de 2022. Durante o seu curto mandato teve duas reuniões com Manuel Beja, a 14 e 16 de dezembro, segundo noticiou esta segunda-feira o Jornal de Negócios. Os deputados poderão querer conhecer os temas que foram abordados nestes encontros, um deles com a presença também do CFO, Gonçalo Pires.

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As 5 razões económicas de Marcelo para segurar Costa

Crise económica, crise financeira, inflação elevada, prestação da casa a disparar e PRR a acelerar: são 5 as razões para o Presidente não deixar cair o Parlamento e atirar o país para novas eleições.

O Presidente da República voltou a afastar a dissolução da Assembleia da República e a queda do Governo, mais uma vez chamuscado por um novo caso relacionado com a TAP. O caso é político, mas Marcelo Rebelo de Sousa deu cinco razões económicas para não acionar a “bomba atómica”. O que disse?

“Temos uma guerra, crise financeira e económica agravada pela guerra, temos inflação ainda muito alta, temos os juros dos empréstimos para habitação muito altos, com a prestação quase a dobrar para muitas famílias e uma situação complicada. O PRR a começar a acelerar execução e Portugal tem direito a mais dinheiro e mais obrigação de o gastar”, afirmou o Presidente. Mas o que está mesmo em causa?

Crise económica

A guerra da Rússia na Ucrânia – e o aumento da confrontação entre os dois grandes blocos mundiais, os EUA e a China – continua a criar enorme incerteza a nível global.

Apesar das nuvens, não se pode falar propriamente de uma crise económica. Embora afastem um cenário de recessão, as previsões do Fundo Monetário Internacional (FMI) apontam para um travão no andamento da atividade económica global. O PIB mundial deverá avançar 2,9% este ano, abaixo dos 4,3% do ano passado e dos 6% em 2021. Por cá, o Banco de Portugal antecipa um crescimento de 1,8% este ano, acima da anterior projeção.

A boa notícia é que as perspetivas já foram piores do que são agora. A má é que ainda há uma grande dose de indefinição sobre o que pode acontecer no futuro.

Crise financeira

Março trouxe à memória de todos a grave crise financeira mundial de 2008, com a queda do americano Silicon Valley Bank e do suíço Credit Suisse a deixar os mercados em sobressalto e os bancos centrais em reflexão sobre a escalada das taxas de juro para controlar a inflação. Os investidores parecem ter ultrapassado a instabilidade, mas o recente episódio de turbulência envolvendo outro banco, o alemão Deutsche Bank, mostra como tudo pode mudar num instante.

A subida dos juros dos bancos centrais está a afetar famílias, empresas e Governos. Sobretudo aqueles mais endividados. Para os Estados, este ciclo de normalização da política monetária reforça a necessidade de ter as contas públicas equilibradas, apesar dos esforços para apoiar as famílias face ao aumento do custo de vida. Para Portugal – que já paga 3,5% pela nova dívida – isto significa que tem de continuar a reduzir o défice e a dívida pública.

Inflação ainda muito alta

Também aqui as notícias já foram piores, mas isso não significa que sejam boas: a subida dos preços está a aliviar paulatinamente, mas a taxa mantém-se em níveis elevados e a levar a que os bancos centrais continuem a apertar o cinto a todos.

Em Portugal, a taxa de inflação baixou para 7,4% no mês passado, no quinto mês de alívio no aumento dos preços. Chegou a superar os 10% em setembro. Também a inflação subjacente abrandou.

Na Zona Euro, a inflação registou uma queda para 6,9%, acima do objetivo do BCE de 2%.

Inflação cede pelo quinto mês

Fonte: INE

Euribor afetam mais de 1 milhão de famílias

Mais de um milhão de famílias portuguesas têm crédito da casa com taxa variável. São estas que estão mais expostas às subidas das taxas Euribor, que servem de base para o cálculo da prestação da casa.

No último ano, estas taxas deixaram os valores negativos e subiram de forma acelerada, superando já os 3% nos três principais prazos. O agravamento das Euribor está a refletir-se num aumento expressivo da prestação paga ao banco. Para o mês de abril, os contratos de empréstimo de 150 mil euros com spread de 1% tiveram um aumento de 300 euros.

Mário Centeno deixou o aviso na semana passada: as Euribor só vão atingir o pico no verão.

Euribor disparam

Fonte: Reuters

“PRR a começar a acelerar”

Como o ECO noticiou esta segunda-feira, o Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) português vai ter um reforço de verbas superior a quatro mil milhões de euros. Portugal vai receber mais 1,6 mil milhões de euros de subvenções adicionais.

O país conta já com dois cheques do PRR, o último dos quais feito em fevereiro. Mas agora só poderá pedir o terceiro em julho ou agosto, depois de o Governo submeter a proposta de revisão de programação do PRR, o que está previsto para final do mês.

De acordo com a plataforma Recuperar Portugal, Portugal é o quarto país com maior taxa de execução (17%) e o sexto com mais dinheiro recebido (cerca de 5,14 mil milhões).

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Dissolução da Assembleia ou demissão do Governo? Cenários são “prematuros”, dizem politólogos

O Presidente da República já afastou a possibilidade de uma dissolução da Assembleia da República. Politólogos ouvidos pelo ECO concordam com a manutenção do Governo em funções por agora.

Não é a primeira nem a segunda vez que durante esta legislatura surgem apelos ou considerações de que o Presidente da República devia dissolver a Assembleia ou demitir o Governo. Desta vez, o que despoletou a polémica foi a comissão de inquérito à TAP, mas Marcelo Rebelo de Sousa recusa a necessidade de uma dissolução, especialmente neste ano “decisivo em termos de fundos europeus”. Politólogos ouvidos pelo ECO salientam que, pelo menos por agora, as circunstâncias podem não motivar uma ação tão decisiva, em particular com eleições realizadas há pouco mais de um ano.

“Formalmente há sempre a hipótese da dissolução da Assembleia da República e poderá haver a situação do Presidente da República demitir o Governo e são coisas diferentes”, sustenta Paula Espírito Santo, investigadora e docente no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), ao ECO. “Se há circunstâncias suficientemente relevantes que comprometam o regular funcionamento, isso é uma decisão e apreciação que o Presidente deve fazer”, completa.

Para Hugo Ferrinho Lopes, investigador de Doutoramento do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, o apelo à saída do Governo é “perfeitamente natural, não apenas devido ao escândalo recente que envolve a TAP, mas também na sequência dos vários escândalos mediáticos que envolvem atuais ou antigos membros do governo”, como diz ao ECO.

Mas o que se observa, sobretudo a propósito da TAP, é “um processo longe de estar suficientemente esclarecido”, defende por sua vez a politóloga, já que as “audições começaram em janeiro e ainda faltam mais pessoas”. Assim, considera que se deve esperar pelo desenrolar do processo e, aí, “verificar se há substância e elementos suficientemente fortes para colocar em causa a idoneidade dos membros do Governo”, nomeadamente aqueles mais importantes para o “funcionamento das instituições, como o ministro das Finanças”.

Assim, vê como “prematuro” este apelo para uma dissolução, ainda que saliente que “há já algumas inconsistências que têm no mínimo de ser explicadas”.

O primeiro-ministro não tem feito muitos comentários sobre o assunto, ainda que tenha dito que tem de ser apurada a verdade, “doa a quem doer”. Além disso, afirmou, esta segunda-feira, que considera “gravíssimo” o e-mail que o ex-secretário de Estado Hugo Mendes enviou à presidente executiva da TAP sobre a viagem do Presidente da República — e que teria obrigado à sua demissão na hora. Há menos de um ano, o ex-governante, já com a pasta das Infraestruturas, também assinou o despacho que lançou a localização do novo aeroporto – uma decisão abortada por António Costa – em outra crise que obrigou o então ministro Pedro Nuno Santos a um ato de contrição.

Luís Montenegro já acusou António Costa de fugir às responsabilidades. “Só acha isto gravíssimo? Então fazer reunião entre CEO, PS e Governo para preparar audição, ter ministro e ex-ministro a faltar à verdade, ser o Governo a preparar as respostas da TAP, isso é tudo normal? Isto não é habilidade, é fuga às responsabilidades”, escreveu esta segunda-feira o líder da oposição no Twitter.

As críticas têm vindo de vários partidos e por parte de analistas políticos a questão também tem sido levantada, sendo que Luís Marques Mendes afirmou, no comentário semanal na Sic, que “se vivêssemos tempos normais” o “Governo tinha sido demitido esta semana e estaríamos a caminho da dissolução”. O antigo presidente do PSD defende mesmo que “episódios [relacionados com a TAP] são mais graves do que os que levaram Jorge Sampaio a demitir Santana Lopes”.

"No momento presente não me parece que se coloque o quadro de novas eleições. Tivemos eleições há um ano, na sequência de dissolução do Parlamento”

Paula Espírito Santo

Politóloga

Paula Espírito Santo salienta que já tivemos uma antecipação de eleições, no ano passado, no que foi “uma espécie de um aviso posto em prática por parte do Presidente caso não se aprovasse o Orçamento do Estado”, o que por si só não obrigava a novas eleições. “No momento presente não me parece que se coloque o quadro de novas eleições”, até porque “tivemos há um ano, na sequência de dissolução do Parlamento”, afiança a politóloga.

O investigador do ICS-ULisboa concorda que “o facto de as últimas eleições legislativas terem ocorrido há pouco mais de um ano acaba, naturalmente, por ter um peso significativo na decisão sobre a dissolução da Assembleia da República”. “Mas também a forma como o Presidente lê o potencial eleitoral de cada partido, porque convocar eleições antecipadas também representa um risco para o Presidente: se o faz e não resulta dessas eleições uma alteração significativa da composição do parlamento, é o Chefe de Estado que fica em causa”, explica.

O politólogo José Adelino Maltez também aponta ao ECO que a situação “podia levar à criação de outro Governo com a mesma maioria”, tão pouco tempo depois das últimas eleições, em janeiro do ano passado.

Esta é uma questão também presente na mente de Marcelo Rebelo de Sousa, que falou sobre a ausência de uma “alternativa” na oposição caso avançassem eleições antecipadas. “Neste momento não há uma alternativa óbvia em termos políticos”, disse, desafiando também a oposição a “transformar aquilo que é somatório dos números” nas sondagens numa alternativa política para os portugueses.

Adelino Maltez considera ainda que estão em causa declarações que “depois sofrem o tiroteio verbal da oposição, e o Presidente lava as mãos como Pilatos“. Atualmente, não há “muita turbulência” fora do comum, sendo a “manutenção de um discurso da oposição viva”, diz.

“Se fosse irregular o funcionamento das instituições, como vem na Constituição, esse seria o único motivo para a demissão do Governo”, salienta o politólogo, pela parte do Presidente, sendo que o resto diz respeito à dissolução. De facto, na Constituição da República, está previsto que “o Presidente da República só pode demitir o Governo quando tal se torne necessário para assegurar o regular funcionamento das instituições democráticas, ouvido o Conselho de Estado”.

Os outros fatores que implicam a demissão do Governo prendem-se com a morte ou a impossibilidade física duradoura do primeiro-ministro, a rejeição do programa do Governo, como aconteceu com Passos Coelho (e José Sócrates, mas no caso do chumbo o PEC IV), a não aprovação de uma moção de confiança ou a aprovação de uma moção de censura por maioria absoluta dos Deputados em efetividade de funções.

Hugo Ferrinho Lopes explica também que “a dissolução do parlamento e a demissão do governo fazem sentido quando a) o Presidente da República entende que está em causa o regular funcionamento das instituições democráticas, e b) o Governo não tem apoio parlamentar para prosseguir o seu mandato”. “Ora, o atual Governo tem maioria absoluta do parlamento, pelo que a única forma de o mandato terminar antes de 2026 é se Marcelo Rebelo de Sousa resolver dissolver a Assembleia da República“, conclui.

O Chega já apelou ao PSD que apresente “com urgência” uma moção de censura ao Governo liderado por António Costa, prometendo que, se os social-democratas não o fizerem, apresentará “nos primeiros dias de setembro” uma moção de censura ao Executivo, se este continuar em funções. O PSD é o único partido que ainda pode apresentar uma moção de censura à direita, visto que o Chega e a Iniciativa Liberal já o fizeram na atual sessão legislativa.

“É mais grave a ameaça de demissão do Governo do que a dissolução”, considera Adelino Maltez, já que implica uma situação grave e seria “mais complicado”. “Usamos com muita facilidade a aplicação do conceito de não regular funcionamento das instituições democráticas, o que é gravíssimo”, reforça.

Ainda assim, o Presidente da República reiterou que “não faz sentido neste ambiente falar periodicamente de dissolução”, dado o atual contexto e uma vez que este é “um ano decisivo em termos de fundos europeus“.

O chefe de Estado fez questão de “recordar” a atual conjuntura económica, nomeadamente “a crise económica agravada pela guerra”, a “inflação em alta” e “os juros dos empréstimos para a habitação ainda muito altos”, bem como o facto de a execução do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR) já estar em execução e de Portugal ter “direito a mais dinheiro” do que o inicialmente previsto para afastar a possibilidade de dissolver o Parlamento e marcar eleições antecipadas.

Adelino Maltez também admite que é “natural que a oposição vá galgando sucessivamente as declarações”, ainda que estes “nem motivem a dissolução, só se for outra a opinião do Presidente.

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Empresários “censuram” Governo, mas (ainda) seguram Costa

Novos episódios “chocantes” de interferência política na TAP voltam a minar a confiança dos donos e gestores das empresas portuguesas no Executivo socialista liderado por António Costa.

Os empresários e gestores portugueses não gostaram nada de assistir aos episódios mais recentes da “novela” TAP, com novas provas de interferência do Governo socialista na gestão da companhia aérea a serem disponibilizadas na comissão parlamentar de inquérito. Ainda assim, face ao ciclo económico e à falta de alternativas na política partidária, os responsáveis empresariais ouvidos pelo ECO alinham com os argumentos do Presidente da República de que o atual contexto não é (ainda) o mais propício para a abertura de uma crise política.

Recusando imiscuir-se nas prerrogativas constitucionais do Presidente da República, Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do Porto, faz uma “leitura profundamente negativa” dos acontecimentos mais recentes. Notando que a informação partilhada pela CEO da TAP é “chocante”, mas “só veio caucionar” as críticas feitas desde o início à renacionalização de uma empresa “instrumentalizada politicamente em todo este processo, servindo uma estratégia de poder e uma agenda ideológica que só poderiam dar mau resultado”.

Nuno Botelho, presidente da Associação Comercial do PortoHugo Amaral / ECO

“A gestão operacional, como já se percecionava e agora ficámos a saber, é fortemente condicionada por membros do Governo, que não hesitam em interferir diretamente nas decisões da administração e impor critérios políticos e partidários no dia-a-dia da empresa. Este comportamento seria totalmente inaceitável em qualquer circunstância. Numa empresa que acumulou décadas de prejuízo e custou aos contribuintes mais de 3.000 milhões nos últimos dois anos, é uma ofensa e uma indignidade”, frisa Botelho. Por outro lado, espera que estas revelações “contribuam para um maior escrutínio da sociedade civil sobre certas escolhas políticas, impedindo que novas TAP’s apareçam no futuro”.

Também para Francisco Almada Lobo, CEO da Critical Manufacturing, ficou “claro que o Governo se imiscuiu na gestão da empresa, com decisões a serem tomadas com base em critérios políticos, em vez de económicos ou de gestão”. E concorda que a gravidade é “ainda maior” dado os custos envolvidos. O líder desta tecnológica criada por ex-quadros da extinta Qimonda, que este ano conta recrutar mais 200 pessoas, diz que é a Marcelo que cabe “avaliar a extensão do prejuízo total causado e a real possibilidade deste mesmo Governo inverter a forma como lida com as empresas do setor empresarial do Estado”. “Caso não obtenha garantias dessa inversão, não me parece que restem muitas alternativas à demissão do Governo”, acrescenta.

Cabe ao Presidente avaliar a real possibilidade deste mesmo Governo inverter a forma como lida com as empresas do Estado. Caso não obtenha garantias dessa inversão, não me parece que restem muitas alternativas à demissão do Governo.

Francisco Almada Lobo

CEO da Critical Manufacturing

Miguel Goulão, presidente da Assimagra – Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais, considera igualmente “preocupante” a interferência governamental na TAP, sublinhando que a participação do Estado “não lhe confere o direito de fazer tudo o que bem entender”. Quanto às consequências políticas, não crê que estes novos casos seja “razão suficiente” para o Presidente da República equacionar a demissão do Governo. No entanto, o porta-voz deste setor faz questão de realçar “o tique de prepotência que este Governo está a demonstrar, mostrando não ser merecedor desta maioria absoluta que obteve nas urnas”.

Não posso deixar de realçar o tique de prepotência que este Governo está a demonstrar, mostrando não ser merecedor desta maioria absoluta que obteve nas urnas.

Miguel Goulão

Presidente da Assimagra

“Quem te manda a ti, sapateiro, tocar rabecão?” É com recurso a esta expressão popular que o líder dos industriais portugueses do vestuário e confeção (ANIVEC) descreve mais esta tentativa “terceiro-mundista” de os governantes se “imiscuírem na gestão” da TAP e “instrumentalizarem” uma empresa que deve ser comandada por gestores profissionais. “Esquecem-se que estão a destruir em lume brando uma companhia que compete com as maiores a nível global e não pode estar a discutir com os ministros o que fazer no dia-a-dia. Tem de meter os aviões no ar e, de preferência, cheios”, concretiza.

Advocatus Summit Porto 2022 - 11OUT22
César Araújo, CEO da Calvelex e presidente da ANIVECRicardo Castelo/ECO

Em conversa telefónica com o ECO, a partir dos Estados Unidos da América, César Araújo, que é também dono da Calvelex, uma das maiores empresas deste setor, aproveita para pedir “sentido de Estado e responsabilidade” aos dois maiores partidos. Contrapondo que a eventual demissão do Executivo liderado por António Costa “não leva a lado nenhum”. “Portugal precisa de paz, de estar concentrado em pôr a economia a crescer. Não precisamos destas crises existenciais”, sublinha o empresário.

Foi também antes da intervenção de Marcelo Rebelo de Sousa a afastar a dissolução da Assembleia da República, lembrando que a marcação de eleições antecipadas significaria “quatro meses de paragem”, que o líder da Associação Empresarial do Minho (AEMinho) começou por afirmar que “por princípio” é favorável à estabilidade e a que os Governos cumpram os mandatos para os quais foram eleitos pelos portugueses. “Ainda mais nesta fase de execução do PRR e do PT2030, entrarmos num cenário de eleições antecipadas traria custos enormes para o país”, corrobora Ricardo Costa.

Vivemos um clima quase diário de suspeição, tumulto político institucional e, consequentemente, social e económico. Se o caminho for devolver a palavra aos portugueses, seja. Sendo que qualquer cenário terá de envolver um enorme compromisso partidário de estabilidade.

Ricardo Costa

Presidente da Associação Empresarial do Minho

Porém, adverte o empresário bracarense, CEO do Grupo Bernardo Costa, é preciso “urgentemente estabilizar e credibilizar as instituições” e terminar com o atual “clima quase diário de suspeição, tumulto político institucional e, consequentemente, social e económico”. “Se o caminho for devolver a palavra aos portugueses, seja. Sendo que qualquer cenário terá de envolver um enorme compromisso partidário de estabilidade”, detalha. Isto é, envolver, pelo menos, os dois maiores partidos, e “não apenas dos vencedores de eventuais eleições antecipadas”.

Celso Lascasas, fundador e CEO do grupo Laskasas

“São demasiados casos de incompetência, mas não temos alternativa neste momento para uma mudança”, sentencia o líder do grupo Laskasas, composto por três unidades industriais (mobiliário, estofos e artigos metálicos) e que fatura perto de 30 milhões de euros e emprega 500 pessoas. Para a TAP, “sorvedouro de dinheiros públicos há muitos anos”, Celso Lascasas pede que o dossiê da reprivatização seja “encerrado de uma vez por todas, de forma a travar a hemorragia financeira”, concluindo que “Portugal nunca será um país competitivo enquanto tiver este tipo de ineficiências estruturais”.

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A fuga de documentos classificados que preocupam os EUA

  • Lusa
  • 10 Abril 2023

Os documentos incluem avaliações e relatórios das agências de informações norte-americanas relacionados com a guerra na Ucrânia, mas também com os aliados dos EUA.

A fuga de documentos classificados norte-americanos, em particular associados à Ucrânia e que parecem ser autênticos, representa “um risco muito sério” para a segurança nacional dos Estados Unidos, alertou esta segunda-feira o Pentágono.

Os documentos, divulgados na semana passada por meios de comunicação social como o jornal New York Times, incluem avaliações e relatórios das agências de informações norte-americanas relacionados com a guerra na Ucrânia, mas também com os aliados dos EUA.

O facto de estes documentos estarem a circular na internet implica “um risco muito grave para a segurança nacional e podem potencialmente alimentar a desinformação”, indicou aos media Chris Meagher, um porta-voz do ministério da Defesa norte-americano. “Prosseguimos a investigação sobre a forma como tudo isto aconteceu, e ainda a amplitude do problema. Foram adotadas medidas para analisar a forma como este género de informação foi distribuída e a quem”, acrescentou.

Divulgados em redes sociais, os documentos podem mostrar-se valiosos para Moscovo, ao permitirem saber até que ponto os serviços secretos norte-americanos penetraram em partes do aparelho militar russo, de acordo com meios de comunicação social norte-americanos.

As fotos parecem mostrar documentos de formato semelhante ao utilizado para fornecer atualizações diárias aos nossos altos responsáveis das operações relacionadas com a Ucrânia e a Rússia, e ainda outras atualizações de informações”, disse Meagher, mas algumas “parecem ter sido alteradas”.

O Departamento de Justiça dos EUA, que abriu uma investigação no sábado, está a tentar identificar a fonte da fuga e ainda a examinar a validade dos documentos divulgados. Por seu lado, o jornal Washington Post citou responsáveis para avançar que alguns documentos aparentam ter sido falsificados.

Estes são, de acordo com a agência France-Presse (AFP), alguns dos pontos essenciais sobre a fuga de informação que apenas recentemente atraiu a atenção dos ‘media’:

Documentos abordam guerra na Ucrânia e aliados dos EUA

Muitos estão relacionados com a guerra na Ucrânia. Um faz um balanço do conflito no início de março, incluindo o número de perdas russas e ucranianas, enquanto outros discutem a situação em frentes específicas, como Bakhmut. As defesas antiaéreas de Kiev, cruciais contra os ataques russos, bem como a ajuda internacional às forças ucranianas estão entre os tópicos abordados.

Alguns documentos também parecem indicar que os EUA estão a espiar alguns dos seus aliados: um menciona que líderes do Mossad, o serviço de inteligência israelita, teriam defendido as manifestações contra a polémica reforma do sistema judiciário de Israel.

Qual a sua veracidade?

O Pentágono referiu este domingo que está a trabalhar para “avaliar a validade dos documentos fotografados que circulam nas redes sociais”, mas reconheceu que estes “parecem conter informações confidenciais e altamente classificadas”.

Pelo menos um dos documentos parece ter sido alterado para sugerir que a Ucrânia sofreu perdas maiores do que a Rússia, quando o alegado original dizia o contrário. Mas, de acordo com os órgãos de comunicação social, as autoridades norte-americanas consideram muitos dos documentos genuínos.

Autoridades norte-americanas estão a investigar

O Departamento de Justiça abriu uma investigação criminal enquanto o Departamento de Defesa avalia as possíveis consequências para a segurança nacional americana.

As autoridades norte-americanas também estão em contacto com os aliados de Washington sobre o assunto, e os comités parlamentares relevantes foram informados, adiantou o Pentágono.

Risco sério de segurança nacional e desinformação

O facto de estes documentos estarem a circular online representa “um risco muito sério para a segurança nacional e tem o potencial de alimentar a desinformação”, realçou esta segunda-feira o porta-voz do Departamento de Defesa, Chris Meagher.

A fuga de informação pode colocar em risco as fontes de inteligência dos EUA, além de fornecer à Rússia informações valiosas sobre o estado das tropas ucranianas. Os documentos que evocam os países parceiros dos Estados Unidos podem colocar pressão sobre Washington, em particular sobre uma possível espionagem de aliados próximos.

Divulgados em várias redes sociais

Os documentos foram divulgados em várias redes e plataformas sociais, incluindo Twitter, 4Chan e Discord. Mas muitos destes deixaram de estar disponíveis nos sites onde apareceram originalmente, e os EUA estão a trabalhar para removê-los.

O reputado ‘site’ de investigação Bellingcat informou que alguns podem ter estado na Internet já em janeiro de 2023. Alguns foram publicados no Discord – uma plataforma popular entre os gamers [jogadores de videojogos] –, incluindo em canais de fãs do YouTuber e jogadores do Minecraft, acrescentou o Bellingcat.

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Aeroflot envia aviões para reparação no Irão devido a sanções

  • Lusa
  • 10 Abril 2023

No passado dia 5 terá sido enviado um Airbus A330-300 a Teerão para receber manutenção técnica da maior companhia aérea iraniana, Mahan Air, de acordo com media.

A principal companhia aérea russa, Aeroflot, enviou pela primeira vez um dos seus aviões para reparação no Irão devido às sanções ocidentais impostas após o início da ofensiva militar da Rússia na Ucrânia, indicou esta segunda-feira o jornal RBK.

No passado dia 5, foi enviado um Airbus A330-300 para Teerão para receber manutenção técnica da maior companhia aérea iraniana, Mahan Air, disseram ao diário fontes próximas da Aeroflot e confirmou um representante da companhia russa.

Segundo fontes do RBK, a Aeroflot abordou a possibilidade de contratar a manutenção da sua frota no Irão durante vários meses. O envio do primeiro A330 deve-se à necessidade de manutenção no trem de aterragem do aparelho.

Previamente, a Aeroflot recorreu aos serviços de outras empresas para estes fins, como a HAECO, com sede em Hong Kong. No verão de 2021, a companhia assinou um acordo de longo prazo para manutenção e revisão de componentes de aeronaves com esta empresa.

Mas, as sanções internacionais, adotadas em resposta à ofensiva militar russa na Ucrânia, lançada em fevereiro de 2022, afetaram também os serviços de reparação e fornecimento de peças às companhias aéreas russas, refere o RBK. Um representante da Aeroflot indicou ao jornal russo que a Mahan Air “tem a base material necessária, certificados e uma vasta experiência” para efetuar a manutenção da frota da companhia.

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Preocupação dos gestores com taxas de juro está a aumentar

  • Lusa
  • 10 Abril 2023

A principal preocupação dos gestores, no entanto, manteve-se no item "Governo e política", tendo-se acentuado em março.

Os gestores estão cada vez mais preocupados com as taxas de juro, ainda que o seu principal foco de apreensão continue a ser o “Governo e política”, segundo o barómetro de março do Fórum dos Administradores e Gestores de Empresas.

Tal como já tinha sucedido em fevereiro, a principal preocupação dos gestores manteve-se no item “Governo e política”, tendo-se acentuado em março, mês em que ostenta “valores percentuais mais elevados” por comparação com o mês anterior.

Os resultados do Barómetro dos Gestores, divulgados esta segunda-feira, revelam, por outro lado, que em março a preocupação com a “Taxa de juro” aumentou, ascendendo à segunda posição, algo que sucede pela primeira vez desde que existe este barómetro. Já a apreensão com a “Taxa de inflação” diminuiu, mantendo a tendência de redução, com março a revelar o nível de preocupação mais baixo desde o início do ano.

Uma evolução que, refere a mesma informação, acompanha a tendência de redução do índice de preços no consumidor. O barómetro de março revela que o otimismo dos gestores se mantém negativo com 2,69 pontos, face aos 2,85 pontos registados em fevereiro, mantendo-se com pontuação negativa desde maio de 2022.

O FAE é, desde 1979, a associação representativa dos gestores portugueses, afirmando contar entre os seus associados com “os administradores e gestores das maiores empresas portuguesas, incluindo 12 CEO [presidentes executivos] do atual PSI”, o principal índice da bolsa de Lisboa.

O Barómetro Mensal dos Gestores Portugueses baseia-se num inquérito mensal aos associados do fórum sobre o que mais preocupa os gestores e administradores de empresas para os 12 meses seguintes, incluindo também o nível de otimismo e pessimismo para esse período.

Com as respostas – numa média entre 170 a 210 –, o Fórum dos Administradores e Gestores de Empresas (FAE) constrói um barómetro mensal que indica, mensalmente e numa série longa, a evolução das preocupações e do otimismo dos gestores portugueses.

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Aumento de queixas no setor privado é motivo de preocupação, diz ministro da Saúde

  • Lusa
  • 10 Abril 2023

Um estudo indicou que, no primeiro trimestre de 2023, foram registadas no Portal da Queixa 1.298 reclamações relacionadas com a área da Saúde, um aumento de 62% face a igual período de 2019.

O ministro da Saúde, Manuel Pizarro, considerou esta segunda-feira que o aumento do número de queixas dos utentes, sobretudo no setor privado, é motivo de preocupação, pois ele não tutela apenas o serviço público de saúde.

“Limito-me a constatar que as queixas, como disse, aumentaram, sobretudo, no setor privado. Mas isso, para mim, não é um motivo de satisfação, é um motivo de preocupação: sou ministro da Saúde, não sou apenas ministro do serviço público de saúde”, alegou.

No final de uma reunião com a Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP), que decorreu esta tarde em Coimbra, Manuel Pizarro foi questionado pelos jornalistas sobre o aumento das queixas dos utentes, noticiado esta segunda-feira pela comunicação social, tendo por base dados do Portal da Queixa.

“As pessoas são mais exigentes e acho que uma grande parte disto resulta das dificuldades dos anos da pandemia. Foram anos em que o sistema de saúde, o público e o privado foram submetidos a um grande stress e precisamos agora, deste ano de 2023, para ver se conseguimos reequilibrar a nossa capacidade de resposta às pessoas”, alegou.

Um estudo divulgado a semana passada indicou que, no primeiro trimestre de 2023, foram registadas no Portal da Queixa “1.298 reclamações relacionadas com a área da Saúde, um crescimento na ordem dos 62% em comparação com o mesmo período de 2019, ano de pré-pandemia, onde se registaram 806 queixas contra o setor da saúde”.

“Os dados analisados aos serviços prestados por hospitais públicos e privados, centros de saúde e clínicas médicas revelam que o sistema privado é o mais visado, ao ser alvo de 480 reclamações durante o primeiro trimestre, registando uma variação de crescimento de 220%, em relação ao mesmo período de 2019, onde registou apenas 150 queixas”, referiu.

Segundo aquela plataforma dirigida aos consumidores, no sistema público, “observa-se a mesma tendência”, com uma subida “na ordem dos 28,41%, com 352 reclamações em 2019 e, este ano, a recolher 452 queixas”.

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Swiss Life organiza sucessão da Divisão de Clientes Corporativos

  • ECO Seguros
  • 10 Abril 2023

A seguradora suíça colocou a gestão da Divisão de Clientes Corporativos em novas mãos. O novo líder ingressa ainda no Conselho Executivo Suíço.

Danilo Zweifel assumirá a responsabilidade global pela Divisão de Clientes Empresariais a 1 de julho. Ao mesmo tempo, tornar-se-á membro do Conselho Executivo da Swiss Life Switzerland, de acordo com declarações emitidas na passada quinta-feira.

Danilo Zweifel irá acumular as novas responsabilidades pela Divisão de Clientes Empresariais da Swiss Life com o papel de membro do Conselho Executivo da Swiss Life Switzerland.

Zweifel sucede a Hans-Jakob Stahel, que está a ceder o cargo, a seu pedido, após 14 anos. Após abandonar o Conselho Executivo, permanecerá ativo como Conselheiro Sénior para a Swiss Life Switzerland.

Com a empresa durante 30 anos

Antes da sua nomeação, Zweifel tinha sido Chefe de Serviços ao Cliente & Consultoria no negócio de fundos de pensões na Swiss Life Switzerland desde 2007.

De acordo com as informações fornecidas, a unidade cuida dos principais clientes, das fundações e associações da própria empresa, bem como do desempenho de vendas na área dos grandes corretores e geriu diretamente os principais clientes. Zweifel iniciou a sua carreira na Swiss Life em 1993.

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Serviço Caixadirecta foi reposto mas ainda regista alguma lentidão

  • Lusa
  • 10 Abril 2023

Depois de um dia "inoperacional", a CGD explica que o serviço "dado o elevado afluxo de clientes" existe "ainda alguma lentidão, que será ultrapassada nas próximas horas”.

O serviço Caixadirecta, que esteve esta segunda-feira inoperacional devido a uma “questão técnica”, foi gradualmente reposto ao longo da tarde, mas ainda se verifica alguma lentidão, disse fonte oficial do banco público à Lusa.

O serviço Caixadirecta foi gradualmente reposto ao longo da tarde. Dado o elevado afluxo de Clientes, verifica-se ainda alguma lentidão, que será ultrapassada nas próximas horas”, afirmou a mesma fonte.

Esta manhã, a plataforma de serviços digitais da Caixa Geral de Depósitos (CGD) esteve inoperacional devido a uma “questão técnica”, afirmou fonte oficial do banco, garantindo que não se tratar de um ataque e que não havia comprometimento de dados.

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Acionistas Zurich aprovam todas as propostas do Conselho

  • ECO Seguros
  • 10 Abril 2023

Michel Liès é Presidente do Conselho de Administração Zurich. Direcção confirmou novos membros e avança com dividendo de CHF 24 bruto por acção.

Os acionistas do Zurich Insurance Group confirmaram que Michel M. Liès é o
Presidente do Conselho de Administração na Assembleia Geral Anual (AGM) na quinta-feira passada. O coletivo elegeu ainda todos os membros atuais do Conselho de Administração. Este é composto por 12 elementos, com igual representação de género.

Michel M. Liès afirmou: “2022 foi um ano de grande sucesso para a Zurich”.

Em declarações aos acionistas, Michel M. Liès afirmou: “2022 foi um ano de grande sucesso para a Zurich. O nosso desempenho empresarial confirma a nossa estratégia, que temos vindo a implementar com sucesso durante seis anos sob a liderança do CEO, Mario Greco. Nos últimos anos, concentrámo-nos na mobilização do capital o mais eficientemente possível e em reduzir a volatilidade – enquanto os nossos clientes estiveram sempre no centro de tudo o que fizemos. É por isso que olhamos para o futuro com confiança”.

O Diretor Executivo do Grupo, Mario Greco, disse: “o sucesso da Zurich é apoiado numa estratégia consistente com um foco claro e singular: estar perto dos nossos clientes. Esta estratégia provou ser muito bem-sucedida novamente no ano passado, o que se revelou ser o nosso melhor ano nos últimos 15 anos. Conseguimos isso, apesar de um ambiente muito desafiante”.

Os acionistas também aprovaram o dividendo de CHF 24 bruto por ação, que será pago a partir de 14 de abril de 2023. Numa votação consultiva, não vinculativa, os representados aprovaram o Relatório de Remuneração 2022.

Além disso, os acionistas aprovaram a introdução de uma banda de capital e uma série de outras alterações aos Artigos de Associação, que a Direção propôs em ligação, entre outros, com a recentemente promulgada, reforma do direito das sociedades suíças. Todas as outras propostas do Conselho foram também aprovadas. Os resultados detalhados da votação foram publicados no website da empresa.

O Conselho de Administração e o Comité de Remunerações são compostos pelos membros: Michel M. Liès, Presidente; Joan Amble, Catherine Bessant, Dama Alison Carnwath, Christoph Franz, Michael Halbherr, Sabine Keller-Busse, Monica Mächler, Kishore Mahbubani, Peter Maurer, Jasmin Staiblin e Barry Stowe.

O Comité de Remuneração é composto por Christoph Franz, Presidente; Catherine Bessant, Sabine Keller-Busse, Michel M. Liès, Kishore Mahbubani e Jasmin Staiblin.

Os CV de todos os membros do Conselho, bem como a composição dos comités do Conselho também foram publicados no website do Grupo.

Mais informações sobre a estrutura de Governação Corporativa da Zurich podem ser encontradas online. O webcast da AGM deste ano pode ser assistido online durante os próximos três meses.

 

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Impacto das alterações climáticas “está a tornar-se mais pronunciado”

  • ECO Seguros
  • 10 Abril 2023

O relatório da consultora norte-americana Milliman nomeia as alterações climáticas como fator principal nas perdas seguradas de 2022. Clima é preocupação crescente.

Um relatório da empresa norte-americana de consultoria e atuariado Milliman sobre Condições Meteorológicas Extremas na Europa demonstra a ligação entre as alterações climáticas e os danos que levaram a perdas avultadas para seguradoras e resseguradoras na Europa. As temperaturas na Europa aumentaram o dobro da média global, o aumento mais elevado de todos os continentes, causando graves incêndios florestais, secas e ondas de calor.

A Europa foi, em 2022, afetada por condições climatéricas extremas recorde que resultaram em pedidos de seguros acima da média para as seguradoras e resseguradoras europeias. Fevereiro de 2022 trouxe ventos ciclónicos, chuvas fortes e inundações locais, que foram estimadas em 3,3 mil milhões de euros em perdas re/seguradas.

De acordo com o relatório, a catástrofe mais dispendiosa de 2022 foi a seca, tratando-se, estatisticamente, da pior seca que o continente conheceu em 500 anos. Só esta catástrofe foi estimada em 19 mil milhões de euros em perdas de resseguro para os setores da agricultura, pecuária e energia europeus. A seca foi classificada em segundo lugar na lista da Christian Aid de 2022 de desastres climáticos multibilionários mais caros, situando-se o furacão Ian em primeiro lugar, que causou uma perda estimada em 93 mil milhões de euros em termos de resseguro.

Para além de secas, ondas de calor e temperaturas elevadas na UE causaram incêndios florestais que queimaram uma área total que é o dobro da média entre 2006 e 2021. O risco de incêndios é uma preocupação crescente para os mercados de seguros e resseguros e tem levado alguns resseguradores a limitar a sua exposição como resultado.

A imagem abaixo, incluída no relatório e proveniente da RTL Today, demonstra as condições extremas de seca no Luxemburgo em 2022, em comparação com o ano anterior.

O relatório menciona a Munich Re. A resseguradora aponta que o impacto das alterações climáticas “está a tornar-se mais pronunciado e os resseguradores precisam de adaptar os seus modelos de perdas em conformidade“.

Segundo a companhia da Baviera, “a prevenção de perdas é uma componente fundamental para mitigar os efeitos económicos das alterações climáticas”. Menciona ainda como as seguradoras e resseguradoras europeias estão numa posição única para tirar partido dos seus conhecimentos e capacidades analíticas de dados para gerir os riscos financeiros associados a eventos climáticos extremos e às alterações climáticas e ajudar a mitigar os impactos. Em última análise, indicam a importância de “assumir um papel de liderança não só na gestão dos riscos, mas também no apoio à adaptação e prevenção”.

O relatório também resume as perdas climáticas ocorridas em 2021, em quatro grandes perigos naturais: tempestades em toda a Europa Ocidental, o verão mais quente de que há registo, a pior seca vista em séculos e incêndios florestais.

Comparativamente, olhando para o impacto nas resseguradoras devido aos perigos naturais de 2021, as perdas sofridas foram significativamente mais elevadas do que quaisquer calamidades na última década.

O acontecimento mais dispendioso foram as inundações de julho de 2021 na Alemanha, Bélgica e países vizinhos. A catástrofe causou perdas de até 12 mil milhões de euros, em comparação com mais de 37 mil milhões de euros de perdas económicas, o que indica uma elevada lacuna de proteção.

Além disso, as trovoadas, granizo e tornados que causaram danos materiais em toda a Europa foram estimados como um fator nos 4,1 mil milhões de euros de perdas seguradas.

O relatório da Milliman apresenta medidas que as seguradoras podem tomar face aos riscos crescentes. O relatório sugere que as resseguradoras devem poder aceder a dados para compreender melhor o risco climático. Por exemplo, ao subscrever ‘open data‘ permitiria às seguradoras ajustar as ofertas com base nos diferentes riscos colocados a uma escala geográfica mais detalhada. A análise do cenário das alterações climáticas é outra forma de as seguradoras compreenderem o impacto das alterações climáticas nos seus negócios e investir em conformidade.

O relatório conclui que uma modelização casual pode ser utilizada para considerar o risco climático e o retorno dos ativos. A modelização casual faz uso do julgamento de peritos sobre a composição de um problema para desenvolver uma imagem potencial do risco colocado utilizando dados estruturados e não estruturados, sugere o relatório. Isto permitirá às seguradoras captar a ligação causal entre os elementos de causa e o efeito que eles criam num modelo não linear do problema.

O Eurostat aponta as alterações climáticas como responsáveis causa de perdas para a UE de cerca de 145 mil milhões de euros entre 2010 e 2020, e com as ondas de calor, secas, inundações e incêndios florestais prestes a intensificar-se em resultado das alterações climáticas, juntamente com os efeitos da urbanização e do crescimento da população, as perdas seguradas poderão aumentar.

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